sexta-feira, 25 de junho de 2021

 

“SEGURANÇA” (“SECURITY”), 2021, Itália, 1h58m, produção original Netflix, direção do cineasta inglês Peter Chelsom, que também assina o roteiro com a colaboração de Tinker Lindsay. Trata-se de uma adaptação do livro de 2009 do escritor norte-americano Stephen Amidon. No livro, a história é ambientada numa pequena cidade de Massachusetss (EUA). Na adaptação para o cinema italiano, a trama tem como cenário a cidade de Forte Dei Marmi, um pequeno balneário no litoral. A história começa quando uma jovem é encontrada à noite toda machucada e com marcas de violência física e abuso sexual. Ela também parecia estar bêbada ou drogada.  Embora a moça negue, o seu próprio pai é o principal suspeito. Quem descobrirá toda a verdade será o proprietário de uma empresa de vigilância, utilizando as imagens de dezenas de câmeras instaladas nas casas e nas ruas da pequena cidade. Embora o pano de fundo seja a violência contra a jovem, há vários subtramas para sustentar e reforçar a história. Roberto Santini (Marco D’Amore), o dono da firma de segurança, é casado com Claudia (Maya Sansa), candidata a prefeita do balneário. Eles são pais de uma adolescente (Ludovica Martino) que transa com seu professor Stefano. Santini é amante de Elena (Valeria Bilelo), cujo filho é um adolescente problemático. Uma figura importante na história é o poderoso empresário Curzio Pilati (Fabrizio Bentivoglio), principal financiador da campanha de Claudia. Como dá pra perceber, tudo junto e misturado constrói um enredo bem novelesco e até certo ponto complexo, mas não tão complicado a ponto de prejudicar o entendimento do espectador. O que fica evidente é o poder da vigilância por câmeras, tanto nas ruas como no interior das casas. Pois é um desses equipamentos que ajudará a desvendar os verdadeiros responsáveis pelas agressões à moça. Trocando em miúdos, “Segurança” é um filme bastante interessante e merece ser conferido.            

        

quarta-feira, 23 de junho de 2021

 

“ESQUADRÃO SEM LIMITES” (“THE SWEENEY”), 2012, Inglaterra, 1h52m, direção de Nick Love, que também assina o roteiro com a colaboração de John Hodge. Mais um ótimo filme policial inglês desencavado da plataforma Netflix. Na verdade, é uma versão adaptada da série televisiva inglesa “The Sweeney”, de grande sucesso na década de 70. Toda a história é centrada em um esquadrão de elite da polícia de Londres, famoso pelos métodos violentos que utiliza para prender bandidos, muitas vezes na base do taco de beisebol. Quem comanda essa turma é o truculento detetive Jack Regan (o ótimo Ray Winstone), sempre na mira da corregedoria da polícia por suas ações nada convencionais. Quem segura as pontas de Regan é seu chefe direto, o inspetor Frank Haskins (Damian Lews). Da parte da corregedoria, quem está sempre no pé de Regan é o detetive Ivan Lewis (Steven Mackintosh), que tem um motivo a mais para azucriná-lo: sua mulher, a policial Nancy Lewis (Hayley Atwell), é amante dele. Regan também uma relação especial com outro integrante de sua equipe, o agente George Carter (o rapper Plan B, nome artístico de Benjamin Paul Ballance-Drew), um delinquente que Regan tirou da vida do crime e transformou num excelente policial. Desde o começo até o desfecho, a história se concentra na caçada a uma quadrilha de assaltantes de bancos que aterroriza a capital inglesa. As cenas de ação são ótimas, com muita violência, tiros, pancadarias e perseguições, tudo que um bom filme policial precisa ter. O tiroteio no centro de Londres, depois de um assalto a uma joalheria, é de tirar o fôlego. Além da história em si, o trunfo principal é realmente a atuação do ator Ray Winstone. Mesmo com sua truculência, você simpatiza na hora com o sujeito, principalmente pelo fato dele tratar os bandidos como devem ser tratados, sem tolerância. Filmaço!         

        

terça-feira, 22 de junho de 2021

“CITY OF TINY LIGHTS” é um filme policial inglês que estreou em 2016 na Seção “Apresentações Especiais” do Festival Internacional de Cinema de Toronto e só mais tarde chegou à plataforma Netflix. Como não foi exibido em nosso circuito comercial, não recebeu tradução. Traduzi por conta própria, o que resultou em “Cidade das Pequenas Luzes”. É um filme bem ao estilo “noir”, com direito a detetive particular, mulheres fatais e, claro, quase todo ambientado em cenas noturnas iluminadas pelas pequenas luzes do título. Na verdade, a cidade é Londres. Embora sem sobretudo e chapéu, o personagem principal é o detetive particular Tommy Akhtar (Riz Ahmed) que passa o filme inteiro de calça jeans, casaco de couro, barba por fazer e com um cigarro sempre colado na boca. Ou seja, um detetive desleixado demais se comparado com outros que costumamos ver em filmes “noir”. Ao ser procurado e contratado por Melody (Cush Jumbo), uma prostituta de luxo, para encontrar sua colega de trabalho Natasha, sumida depois de um programa, Tommy jamais imaginou que entraria num turbilhão de confusões. Ele começou rastreando os passos da prostituta russa desaparecida, que culminaram com a descoberta do cadáver do cliente que a moça levara para um hotel. Aí a coisa complica de vez. A começar pela vítima estirada na cama, um poderoso empresário paquistanês. Na sequência de sua investigação, Tommy terá pela frente o pessoal da agência secreta do governo inglês (SO15), terroristas islâmicos, a própria polícia londrina, chefões de uma rede de prostituição e até agentes do FBI. Não bastasse essa gente toda, Tommy reviverá fatos obscuros do seu passado ao reencontrar uma ex-namorada, a exuberante Shelley (Billie Piper), e um grande amigo de juventude, o agora importante empresário Hafiz “Lovely” Ansari (James Floyd). O filme é dirigido por Pete Travis e o roteiro assinado por Patrick Neate, que o adaptou de seu livro “City of Tiny Lights”, de 2005. Não li o livro, mas posso afirmar que sua adaptação para o cinema resultou em um ótimo filme policial. Recomendo!          

segunda-feira, 21 de junho de 2021

 

“MÃE” (“MOTHER”), 2017, Estados Unidos, 2h02m, roteiro e direção de Darren Aronofsky (“Cisne Negro”), disponível na plataforma Netflix. É um misto de suspense e terror psicológico, com direito a alguns sustos. Um poeta (o ator espanhol Javier Bardem) e sua mulher Veronica (Jennifer Lawrence) resolvem mudar para um casarão isolado na zona rural. Em crise criativa, ele precisa de paz para escrever, enquanto ela se dedica a fazer reformas na casa. Tudo vai bem até a chegada de um sujeito misterioso (Ed Harris), que se diz médico e fã da obra do poeta, e sua esposa esquisita (Michelle Pfeiffer). Para desespero de Verônica, o estranho casal é convidado pelo poeta a ocupar um dos aposentos da casa, o que será motivo de uma grande dor de cabeça para os anfitriões. O pior estava por vir. Os dois filhos do casal visitante aparecem de repente e arrumam uma grande confusão por causa do testamento do pai. O conflito terminará com uma tragédia: a morte de um dos filhos do casal visitante. Para desespero ainda maior de Veronica, começa a chegar um monte de gente estranha para o velório na sua casa. Enquanto isso, o poeta faz de conta que nada está acontecendo, ou seja, assume o comportamento de um verdadeiro idiota. As homenagens ao defunto terminam e todo mundo vai embora. Finalmente teremos paz, imagina Veronica. Ledo engano. Depois que um poema de seu marido é divulgado, dezenas de pessoas invadem a casa como uma horda de vândalos, destruindo tudo à frente, não respeitando nem mesmo a gravidez de Veronica, que até o desfecho viverá um verdadeiro inferno. Também estão no elenco os irmãos Domhnall e Brian Gleeson, Jovan Adepo, Kristen Wiig, Emily Hampshire e Steven McHattie. O filme é sufocante e perturbador, com certeza fruto de um delírio momentâneo do roteirista e diretor Aronofsky, quem sabe motivado por alguma substância alucinógena. E não convence muito menos a explicação de que a história utiliza simbolismos que se referem a fatos e personagens da Bíblia. Por exemplo, os anfitriões são Deus e a Mãe Natureza e o casal visitante Adão e Eva, e seus filhos Abel e Caim. E por aí vai essa história mirabolante e totalmente inverossímil. Citando a Bíblia, o “Mãe” é um verdadeiro pecado cinematográfico. VADE RETRO!