sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

 

Uma das principais atrações do Festival Varilux de Cinema Francês em 2022, chega à Netflix o drama “O DESTINO DE HAFFMANN” (“ADIEU MONSIEUR HAFFMANN”), 2021, coprodução França/Bélgica, direção de Fred Cavayé (“À Queima-Roupa”, “Tudo Por Ela”), que também assina o roteiro com Sarah Kaminsky. Trata-se da adaptação para o cinema da peça homônima escrita em 2016 pelo ator e dramaturgo Jean-Philippe Daguerre. No início da ocupação de Paris pelos alemães, o joalheiro judeu Joseph Haffmann (Daniel Auteuil) envia sua esposa e filhos para a então zona livre da França. Ele fica na capital para resolver a questão da joalheria. Resolve “vendê-la” para o seu assistente François Mercier (Gilles Lellouche). O negócio ficou acertado de forma que, quando a guerra acabasse, Haffmann voltaria para assumir de novo a joalheria. Dessa forma, Mercier e a esposa Blanche (Sara Giraudeau) mudam-se para a casa de Haffmann, em cima da joalheria. Diante do cerco dos nazistas a Paris, Haffmann não consegue fugir e volta para a joalheria, já com o nome do assistente na placa da fachada. Mercier entra em acordo com Haffman sobre sua permanência na casa, obrigando-o a cumprir determinadas tarefas, uma delas envolvendo a própria esposa. Nesse meio tempo, a joalheria passa a ser frequentada por oficiais nazistas, que compram joias para dar de presente às suas amantes francesas. O filme segue em ritmo lento, mas longe do entediente, já que a história reserva uma boa dose de suspense e algumas surpreendentes reviravoltas. Não bastasse isso, o filme conta com dois dos melhores atores do cinema francês da atualidade, Daniel Auteuil e Gilles Lellouche, além da ótima atriz Sara Giraudau. No Festival Du Film de Sarlat (França) 2021, “O Destino de Haffmann” conquistou os prêmios de Melhor Filme e de Melhor Atriz (Giraudeau). Sem dúvida, um dos melhores lançamentos da Netflix este ano.  

segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

 

“RUÍDO” (“RUIDO”), 2022, coprodução México/Argentina, 1h45m, em cartaz na Netflix, que assina a produção original, direção de Natalia Beristáin, seguindo roteiro assinado por Alo Valenzuela e Diego Enrique Osorno, este último jornalista investigativo muito conceituado e respeitado no México. Mais do que um drama bastante sensível, “Ruído” é um poderoso filme-denúncia sobre o desaparecimento de milhares de mulheres e homens atingidos pela violência proveniente dos poderosos cartéis de drogas e tráfico humano. Enfim, uma violência que impera há anos no México, com a omissão/colaboração dos governantes e da própria polícia. O foco central, porém, é o sofrimento dos familiares dos desaparecidos e sua incessante busca por uma notícia do ente querido. Julia (Julieta Egurrola), artista plástica de renome, procura a filha Gertrudes há 9 meses. Ela é a principal protagonista da história. Cansada de ouvir respostas vazias das autoridades, Julia junta-se a grupos de mães que se ajudam psicologicamente e que ainda têm esperanças de encontrar o ente querido vivo, nem que para isso tenham que subornar os policiais e outras autoridades. Para divulgar o seu drama, Julia conta ainda com a colaboração da jornalista Abril Escobedo (Teresa Ruiz). O filme acompanha o drama de Julia e de familiares que tiveram seus maridos, filhos e filhas desaparecidos, provavelmente vítimas de poderosos traficantes. Também destaca os protestos do movimento “Nenhuma a Menos”, que exige ação das autoridades e que, para isso, precisam fazer o máximo “ruído” possível, razão do título. Trata-se, portanto, de um drama bastante pesado e comovente, valorizado pelo ótimo desempenho da veterana atriz mexicana Julieta Egurrola (ela é mãe da própria diretora Natalia Beristáin, que emplaca seu terceiro longa-metragem). Importante destacar ainda a participação, no elenco, de inúmeras mulheres que sofrem o dilema de ter entes queridos desaparecidos. Ao lado dos créditos finais aparecem fotos de dezenas de desaparecidos. Trocando em miúdos, “Ruído” é um filme triste, mas poderoso como denúncia.