sábado, 14 de abril de 2018


O drama sueco “FlUG PARKEN” (no inglês, “Blowfly Park” - como não chegou ao nosso circuito comercial, não há tradução para o português), 2014, roteiro e direção de Jens Östberg (seu primeiro longa-metragem), conta a história de Kille (Skerrir Gudnadson) um jovem trintão totalmente perdido, sem eira nem beira, psicologicamente abalado e altamente depressivo. O motivo: a morte do amigo Alex (Leonard Terfelt), um bêbado crônico casado com a bela Diana (Malin Busca). Aos poucos, acabamos entendendo que Kille, Alex e Diana viviam um triângulo amoroso, sem ficar definido quem transava com quem, embora fique claro que Elias (Joar Hennix Raukola) pode ser filho de Kille – talvez a principal razão das constantes tentativas de suicídio de Alex. Enfim, o filme nos leva a acompanhar a trajetória histérica de Kille e no desfecho o enfrentamento com o pai de Alex (o veterano ator Peter Andersson). Trata-se de um filme bastante depressivo, difícil de recomendar.  

sexta-feira, 13 de abril de 2018


Mais do que um filme muito interessante e sensível, “LUCKY”, 2017, EUA, homenageia um dos atores mais importantes do cinema e da TV norte-americanos: Harry Dean Stanton. Sua longa carreira começou em 1954 e partir de então deslanchou com participações marcantes em séries como Bat Masterson, O Fugitivo, Paladino do Oeste etc. No cinema, também marcou presença em clássicos como “No Calor da Noite”, “O Poderoso Chefão 2”, “Paris, Texas” e “À Espera de um Milagre”, entre tantos outros. Em “Lucky”, Stanton faz o papel principal, o velho Lucky, de 91 anos, solitário, preso a uma rotina que inclui fazer alguns alongamentos logo que acorda ao som de um tango, tomar café da manhã na lanchonete do Joe (Barry Shabaka Henley), onde resolve palavras cruzadas, e no final da tarde curtir um Bloody Mary no bar de Elaine (Beth Grant). Nos dois lugares, Stanton conversa com todo mundo e sempre tem na ponta da língua um sarcasmo implacável. Aliás, o que mais gostei no filme foram os diálogos. “Lucky” também seus momentos bem-humorados e sensíveis, como quando ele canta, durante uma festa, uma bela canção mariach em espanhol. O filme ficou com cara de homenagem póstuma a Stanton, que faleceu no mesmo mês (setembro de 2017) em que foi lançado nos cinemas dos Estados Unidos. “Lucky” foi o primeiro filme dirigido pelo conhecido ator John Carroll Lynch, com roteiro de Logan Sparks e Drago Sumonja. Do elenco, também participam Ron Livingston, David Linch, Tom Skerritt e James Darren. Enfim, um filme para quem curte cinema de qualidade, digno de um ator que ficou conhecido como uma lenda do cinema independente norte-americano. Não perca!       

segunda-feira, 9 de abril de 2018


“DEPOIS DAQUELA MONTANHA” (“THE MOUNTAIN BETWEEN US”), EUA, 2017, estrelando Kate Winslet, Idris Alba, Beau Bridges e Dermot Mulroney. Não se engane com o bom elenco. O filme é um ABACAXI com letra maiúscula. A fotojornalista Alex (Winslet) e o neurocirurgião Ben (Alba) estão num aeroporto aguardando o mesmo vôo. Não se conhecem. Ela está a caminho da cidade onde casará com Mark (Mulroney). Ben está voltando de um congresso médico.  Como o vôo é cancelado, os dois resolvem alugar um pequeno avião, com um piloto (Bridges) que não oferece a mínima confiança. Tava na cara que algo trágico estava prestes a acontecer. E não dá outra: o avião cai numa região montanhosa (fiquei sem saber onde fica essa região; o filme não explica; só fiquei sabendo que as gravações aconteceram no Canadá). Alex e Ben, além do cão labrador órfão do piloto, tentam sobreviver ao frio intenso, tempestades de neve, quedas e nenhuma comida. E dá-lhe papo furado, num ritmo arrastado e monótono. Os dois acabam tendo um romance que parece ter ficado para trás depois que conseguem voltar à civilização. O desfecho é constrangedor. Consegue ser pior do que aqueles finais horríveis daqueles  filmes românticos da pior qualidade. A grande surpresa foi constatar que o diretor é o israelense Hany Abu-Assad, que havia dirigido dois filmes excelentes, “Paradise Now”, indicado ao Oscar 2006, e “Omar”, também indicado ao Oscar, desta vez em 2014. O roteiro ficou a cargo de J. Mills Goodloe e Chris Weitz, que adaptaram a história do livro “The Mountain Between Us”, de Charles Martin. Difícil acreditar que ótimos atores como Kate Winslet e Idris Alba tenham concordado em participar de tamanha bomba. Se eles correram risco durante as filmagens, isso eu não sei, mas o perigo maior sobrou para o espectador: perigo de um sono profundo.       

domingo, 8 de abril de 2018


“NA FLOR DA IDADE” (título original “GRZELI NATELI DGEEBI”; em inglês, ficou “IN BLOOM”), 2013, roteiro e direção de Nana Ekvtimishvili e Simon Grob. O filme foi selecionado para representar a ex-república soviética da Geórgia na disputa do Oscar 2014 de Melhor Filme Estrangeiro (vencido pelo italiano “La Grande Bellezza”). A história, ambientada no início dos anos 90 em Tbilisi, capital da Geórgia, é centrada na amizade entre as adolescentes Eka (Lika Babluani) e Natia (Mariam Bokeria), mas o pano de fundo é o momento dramático vivido pelo país. Na época, a Geórgia tinha acabado de proclamar sua independência, logo após o colapso da União Soviética. A situação no país era de caos: guerra civil, desabastecimento de comida e constantes apagões de energia elétrica. Filas imensas para conseguir um pedaço de pão terminavam sempre em confusão. Dentro desse clima sombrio, Eka e Natia viviam às turras com suas respectivas famílias: o pai de uma era um bêbado crônico e o da outra estava preso já há algum tempo. Mas elas seguiam sua vida em frente, se comportando como todos os jovens da sua idade. Aliás, o enredo reserva um bom espaço para explorar o comportamento da juventude georgiana. A amizade entre Eka e Natia sempre esteve acima dos problemas e algumas desavenças. O mais interessante do filme, porém, é o destaque dado ao modo de vida dos georgianos, suas tradições, cultura e folclore. O melhor momento do filme, inclusive, é justamente uma festa de casamento onde todo mundo dança ao som de uma música típica do país. O filme não chegou a ser exibido por aqui no circuito comercial, apenas durante a 41ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em outubro/novembro de 2017.