sexta-feira, 3 de setembro de 2021

 

“FÚRIA INCONTROLÁVEL” (“UNHINGED”), 2020, Estados Unidos, distribuição Amazon Prime Vídeo, 1h30m, direção de Derrick Borte, seguindo roteiro de Carl Ellsworth. É um ótimo suspense, levado num ritmo alucinante, de prender a atenção o tempo inteiro e de tirar o fôlego. O pano de fundo da história é o estresse que atinge a população das grandes cidades. Às vezes, uma simples discussão de trânsito, por exemplo, pode provocar uma fúria incontrolável e levar a consequências trágicas. Vamos à história. Rachel (Caren Pistorius) perde a hora para levar Kyle (Gabriel Bateman), seu filho adolescente, para o colégio. Além disso, tinha um compromisso de trabalho agendado. Quando ela para o carro atrás de uma perua, em meio ao trânsito totalmente congestionado, o sinal abre e ela ultrapassa o outro veículo e buzina como protesto. Deu azar, pois o motorista (Russell Crowe) é um psicopata em seus piores dias. Daí para a frente, ela será perseguida pelo maluco, enfrentará situações de alto risco que colocarão não só a sua vida em perigo, mas como também a de sua família. As cenas de perseguição são muito bem executadas, recheadas de trombadas e capotamentos. É tensão do começo ao fim. Cabe destacar a ótima performance de Russell Crowe, que está assustador como o vilão da história. “Fúria Incontrolável” é filme para grudar o espectador na poltrona. Suspense dos bons. Não perca!                 

 

“MEU NOME É SARA” (“MY NAME IS SARA”), 2019, Estados Unidos, distribuição Amazon Prime Vídeo, 1h51m, direção de Steven Oritt (é o seu primeiro longa), seguindo roteiro assinado por David Himmelstein. Embora seja uma produção norte-americana, o elenco é formado, em sua maioria, por artistas poloneses. Além disso, as filmagens aconteceram no interior da Polônia. Embora conte a história de uma judia polonesa que foge para a Ucrânia durante a Segunda Grande Guerra, o filme é falado em inglês, o que ficou esquisito, pois a língua não combina com o contexto em que estão envolvidos, além da jovem polonesa, ucranianos, russos e alemães. Enfim... A história é mais uma daquelas trágicas, tristes e melancólicas ocorridas durante a Segunda Guerra Mundial, ainda mais baseada em fatos reais, acompanhando a trajetória de sofrimento da judia polonesa Sara Góralnik Shapiro (1930/2018). Em 1942, aos 12 anos, Sara fugiu da Polônia depois que sua família foi morta pelos nazistas. Um ano depois, conseguiu chegar a um pequeno vilarejo da Ucrânia, onde foi acolhida por um casal de fazendeiros, em troca de comida e abrigo, sendo obrigada a ajudar nos afazeres da fazenda e ainda cuidar dos dois filhos pequenos do casal. Para conseguir sobreviver, ela escondeu o fato de ser judia e até mudou de nome para Mania Romanchuk, uma antiga amiga de infância. Antes de dormir, colocava um pano na boca para não falar íidiche durante o sono. Fora isso, aprendeu a fazer o sinal da cruz, comungar e rezar como os católicos, além de comer carne de porco, o que os judeus são proibidos. Além do relacionamento nem sempre pacífico de Sara com o casal de fazendeiros, o filme destaca ainda o sofrimento do povo ucraniano durante o conflito, tendo que se submeter à insanidade dos soldados alemães e à violência dos russos, que estupravam as mulheres e roubavam toda a comida da população. O maior destaque do elenco fica por conta da estreante Zuzanna Surowy no papel de Sara. Uma atuação magistral, demonstrando que está quase pronta para se destacar no cinema. Zuzanna foi selecionada para o papel entre 650 jovens candidatas polonesas. Também ocupam papel de destaque Michalina Olszanka e Eryk Lubos. “Meu  Nome é Sara” não é um entretenimento leve, mas de muita qualidade e que merece ser visto (nos créditos finais aparece a foto da verdadeira Sara).                  

quinta-feira, 2 de setembro de 2021

 

“O QUINTO SET” (“CINQUIÈME SET”), 2020, França, produção original Netflix, 1h53m, roteiro e direção de Quentin Reynaud (ele também atua; é o técnico do tenista). Quem gosta de tênis, como eu, vai adorar. E mesmo quem não gosta também pode curtir a história (fictícia) do tenista francês Thomas Edison (Alex Lutz), que, aos 37 anos de idade, tenta voltar a disputar torneios em alto nível. Thomas foi um tenista prodígio. Aos 17 anos, em 2001, chegou à semifinal do Torneio Roland Garros. Ele acabou derrotado e, nos anos seguintes, tentou voltar a disputar os principais torneios, mas sofreu com as lesões. Só o joelho direito ele operou três vezes. Agora, vinte anos depois, sem uma condição física ideal, ele resolve disputar as rodadas classificatórias do tradicional torneio francês. O filme não dá muito destaque às partidas, a não ser no desfecho, quando apresenta uma partida eletrizante. “O Quinto Set” prioriza o lado psicológico do tenista – o que certamente vale para os demais atletas das quadras. Thomas terá de enfrentar as queixas da sua esposa Eve (Ana Girardot), uma ex-tenista que, depois de casar, abandonou as quadras para se dedicar  exclusivamente ao marido e ao filho. “Só no ano passado você ficou nove meses fora de casa disputando torneios, me deixando sozinha”, diz ela. “Chegou a hora de você parar e me ajudar em casa”. Thomas também possui um relacionamento problemático com a mãe Judith (a envelhecida mas ainda charmosa e competente atriz inglesa Kristin Scott Thomas), que nunca acreditou no talento do filho e ainda agora continua pressionando-o para melhorar. O filme mostra como esses problemas pessoais prejudicam o tenista, que precisa estar com o psicológico em dia para enfrentar os desafios das quadras. Destaque para a magistral atuação do ator Alex Lutz, que realmente parece um tenista profissional – como não o conhecia, pensei que fosse. “O Quinto Set” tem todos os ingredientes para agradar o público que gosta de esporte, principalmente os adeptos do tênis, para os quais também indico “Borg vs. McEnroe” e “Guerra dos Sexos”. Imperdível!               

quarta-feira, 1 de setembro de 2021

 

“MA”, 2019, Estados Unidos, distribuição Amazon Prime Vídeo, 1h40m, direção de Tate Taylor, que também assina o roteiro juntamente com Scotty Landes. Trata-se de um misto de suspense e terror psicológico protagonizado pela ótima Octavia Spencer. Ela é Sue Ann, uma mulher de meia idade que vive isolada num casarão na periferia de alguma cidade norte-americana e trabalha como funcionária de uma clínica veterinária.  Depois de comprar bebidas alcóolicas para um grupo de adolescentes, ela oferece o porão de sua casa para que eles curtam seus prazeres, que incluem também fumar um baseado. Aos poucos, o casarão vira ponto de encontro de estudantes para muitas festas. E assim Sue Ann sai de seu isolamento e acaba participando também das baladas juvenis. O que ninguém imagina, porém, que ela tem outras intenções, a principal delas relativas ao bullying que sofria no tempo em que era estudante. Bullying que envolvia, principalmente, racismo e rejeição social. Na verdade, Sue Ann planejou uma vingança macabra, com cenas de fazer virar o rosto. Além de Octavia, estão no elenco Diana Silvers (guardem bem o nome dessa jovem atriz), Luke Evans, Corey Fogelmanis, Juliette Lewis, McKaley Miller e Kyanna Simone. A atuação mais marcante, como não poderia deixar de ser, é de Octavia, atriz que já ganhou um Oscar e um Globo de Ouro por “Histórias Cruzadas” (2012). Também foi indicada ao Oscar mais duas vezes, por “Estrelas Além do Tempo” (2017) e por “A Forma da Água” (2018). Em “Ma”, Spencer está como protagonista, mas sua atuação, ainda que excelente, não é daquelas que merece premiação. O clima de tensão em “Ma” segue num ritmo crescente até desaguar numa verdadeira carnificina. Suspense dos melhores. Não perca!                

segunda-feira, 30 de agosto de 2021

 

“TERROR NA SÍRIA” (“BE VAGHTE SHAM” – nos países de língua inglesa, “Damascus Time”), 2018, Irã, distribuição Amazon Prime Video, 1h52m, roteiro e direção de Ebrahim Hatamikia. Este é, sem dúvida, o filme mais poderoso e impactante que já assisti sobre terrorismo, pois apresenta, de forma muito realista, a essência do mal que motiva os integrantes do Estado Islâmico (ISIS). A história de “Terror na Síria” é centrada em dois pilotos da força aérea iraniana encarregados de uma missão muito arriscada em plena guerra civil na Síria: resgatar alguns habitantes de Palmira, cidade cercada pelos terroristas do EI. A missão também envolve o resgate de um avião que havia sido tomado pelo EI. Os pilotos iranianos são Ali (Babak Hamidfan) e Younes (Hadi Hejazifar), pai e filho. A missão começa bem, pois eles conseguem chegar ao avião com o grupo de pessoas resgatadas. Os pilotos também teriam que transportar terroristas do EI feitos prisioneiros pelo exército sírio. Quando o avião se prepara para decolar, surgem no aeroporto milícias terroristas que tentarão impedir a decolagem. Aí começa um verdadeiro derramamento de sangue, que continuará durante toda a história. As imagens são violentas e certamente incomodarão os estômagos mais sensíveis. Mas são muito bem feitas e realistas. Não tenho dúvida em afirmar que seriam censuradas pela mídia de tão fortes. “Terror na Síria” é um filme de muito suspense e ação, o que difere do estilo da maioria dos filmes iranianos. Resumindo, é um filmaço de tirar o fôlego.                 

domingo, 29 de agosto de 2021

 

“SEM REMORSO” (“WITHOUT REMORSE”), 2021, Estados Unidos, produção original e distribuição Amazon Prime Video, 1h49m, roteiro e direção do cineasta italiano Stefano Sollima. Mais uma ótima adaptação de um livro do consagrado escritor norte-americano Tom Clancy (1947/2013), “Without Remorse”, de 1993. Como se sabe, as histórias de Clancy envolvem espionagem, teias intrincadas, conspirações, reviravoltas, suspense e muita ação, geralmente ligadas aos bastidores da Guerra Fria. “Sem Remorso” se encaixa perfeitamente nesse contexto. Numa missão secreta na Síria, John Kelly (Michael B. Jordan), oficial de elite da Marinha, acaba executando mercenários russos. Em retaliação, sua esposa Pam Kelly (Lauren London), grávida de oito meses, é assassinada dentro de casa. Com a ajuda de sua colega, a oficial Karen Greer (Jodie Turner-Smith), e outros fuzileiros, Kelly vai atrás dos responsáveis pela morte e sua esposa. Nessa caçada, ele descobrirá que pode haver mais gente envolvida e passa a desconfiar de Robert Ritter (Jamie Bell), agente da CIA, e até do secretário de Defesa (Guy Pearce). Durante essa verdadeira caçada, que levará a equipe de Kelly até a Rússia, muito sangue vai jorrar – as cenas de ação são ótimas, com destaque para a atuação de Michael B. Jordan, que já havia demonstrado sua versatilidade em filmes como “Quarteto Fantástico”, “Creed – Nascido para Lutar” e “Pantera Negra”. A assinatura de Tom Clancy também é um bom aval para a qualidade da história. Só para lembrar, ele foi o autor de best-sellers como “Jogos Patrióticos”, “Caçada ao Outubro Vermelho”, “Perigo Real e Imediato” e “A Soma de Todos os Medos”, entre outros romances adaptados com sucesso para o cinema. O roteiro e a direção do italiano Stefano Sollima, de “Sicário: Dia do Soldado” e “Suburra”, também colaboram com a qualidade de “Sem Remorso”, pois sabe, como poucos, desenvolver e contar uma história tão intrincada como é normal nos livros de Clancy. Um lembrete importante: após os créditos finais há uma cena que deixa evidente a realização de uma continuação. Trocando em miúdos, “Sem Remorso” vale o ingresso. Não perca!