sexta-feira, 14 de outubro de 2016
“JANE GOT A GUN” (deve chegar por aqui com o
título “JANE TEM UMA ARMA”), 2015, EUA, direção de Gavin O’Connor, com roteiro
de Brian Duffield – dizem que inspirado no filme “Hannie Caulder”, de 1971, com
Rachel Welch. Jane Hammond (Natalie Portman) é casada com o pistoleiro Bill
(Noah Emmerich), um dos integrantes da gangue chefiada por John Bishop (Ewan
McGregor, irreconhecível). Um dia, Bill volta para casa gravemente ferido,
depois de ter sido baleado pelos próprios companheiros de gangue. Enquanto é
medicado por Jane, ele avisa: eles vêm se vingar. Para se proteger, Jane pede a
ajuda de Dan Frost (o ator australiano Joel Edgerton), um ex-soldado beberrão
que foi seu noivo. Até o confronto final, muita água vai rolar, ou seja, muito
blá-blá-blá, recordações românticas e flashbacks
que contarão a história da ligação de Jane e Bill com a quadrilha de Bishop. Sim, Jane foi uma pistoleira (no bom sentido). E dá-lhe clichês dos velhos filmes de faroeste. Nada de inovador. O diretor
exagera em explorar a beleza de Portman (realmente muito bonita na medida em
que amadurece). A cada cena, Portman parece que vai ser fotografada para um
editorial de moda country. A tensão aumentando, os pistoleiros chegando e o
marido morrendo e lá está ela, toda bonitona, sem um grão de areia no rosto ou nas roupas. O
ator brasileiro Rodrigo Santoro aparece numa ponta, aliás, uma pontinha. Que
saudades dos filmes de John Ford, de Randolph Scott, John Wayne, Gary Cooper,
Clint Eastwood, Giuliano Gemma e até de Rachel Welch.
quinta-feira, 13 de outubro de 2016
“OS COWBOYS” (“Les Cowboys”), 2015,
França, roteiro e direção de Thomas Bidegain. Parece esquisito um filme francês
com esse título. A referência aparece logo
no começo, quando os principais protagonistas participam de um festival country
em alguma cidade do interior da França. Tipo Festa do Peão de Boiadeiro de
Barretos, todo mundo vestido de cowboy e muita música country. Alain Balland
(François Damiens) está lá com a família – a esposa Nicole (Agathe Dronne), a
filha Kelly (Iliana Zabeth), de 16 anos, e o filho Kid (Maxim Driesen).
Percebe-se logo que Alain é muito querido e influente na comunidade. No meio da
festa, como num passe de mágica, Kelly desaparece. Sequestrada, assassinada?
Demora para Alain, em sua busca alucinada pela filha, descobrir que ela, na
verdade, fugiu com um rapaz muçulmano e foi viver em lugar incerto e não sabido.
Quem sabe tenha sido cooptada por alguma facção islamita radical. Tudo isso
passou pela cabeça de Alain. Depois de muitos anos, já separado da esposa,
Alain continua em busca da filha. Obcecado, percorre outros países, visitando,
principalmente, as comunidades islâmicas. Essa peregrinação incessante terá
continuidade com o filho Kid, já adulto, interpretado pelo ator inglês Finnegan
Oldfield. O desfecho revela o misterioso destino de Kelly. Ótima estreia de
Thomas Bidegain como diretor. Ele era mais conhecido como roteirista de filmes
excelentes, entre os quais “O Profeta” e “Ferrugem e Osso”. “Os Cowboys” teve
sua primeira exibição na Mostra “Quinzena dos Realizadores” do Festival de
Cannes 2015 e foi uma das atrações principais do Festival Varilux do Cinema
Francês/2016, em São Paulo. Tensão do começo ao fim. Filmaço!
quarta-feira, 12 de outubro de 2016
Sempre
gostei de assistir a filmes que têm como pano de fundo histórias ambientadas em
períodos de ditadura militar, seja aqui no Brasil, na Argentina, Chile, Grécia,
Espanha ou qualquer outro país. Por isso, quando li a sinopse do nacional “O OUTRO LADO DO PARAÍSO”, 2014, direção de André Ristum, fiz questão de
assistí-lo. A história é baseada no livro autobiográfico do jornalista e
escritor Luiz Fernando Imediato. O filme é ambientado nos primeiros anos da
década de 60 e acompanha a saga de Antônio (Eduardo Moscovis) e de sua família,
que saem do interior de Minas Gerais e vão para Brasília, onde havia maior
oferta de empregos – era época da construção da Capital. Só que os sonhos de
Antônio viram pesadelo quando acontece o golpe militar de 1964. Envolvido na
militância sindical, Antônio é preso e vai deixar a família na penúria. A
história é narrada in off por Nando
(Davi Galdeano), filho do meio e obcecado por livros políticos. Os destaques do
elenco, porém, ficam para as mulheres: Simone Iliescu, que interpreta a esposa
de Antônio, e Camila Márdila, a filha do meio. As duas dão show. Para
representar Taguatinga, cidade-satélite onde moravam os operários que
trabalharam na construção de Brasília, a produção do filme providenciou a montagem
de uma cidade cenográfica de 20 mil m². O filme é bastante interessante por
abordar um período importante de nossa história e ainda mais por exibir imagens
de arquivo feitas pelo lendário Jean Manzon. Na trilha sonora, Milton Nascimento dá um toque todo especial.
“TRÊS LEMBRANÇAS DA MINHA JUVENTUDE” (“TROIS SOUVENIRS
DE MA JEUNESSE”), 2014, França, roteiro e direção de Arnaud
Desplechin. O filme começa ao estilo dos contos infantis: “Era uma vez...”. O
antropólogo Paul Dédalus (Mathieu Amalric) está deitado na cama com sua namorada
russa e no meio do papo decide recordar alguns fatos que marcaram sua vida: “Eu
me lembro...”. Dédalus relembra três episódios, começando com sua infância ao lado
dos dois irmãos e o horror que tinha pela mãe problemática, que se suicidou quando
ele tinha 11 anos. O segundo episódio conta sua passagem pela Rússia, quando
emprestava sua identidade para seus amigos judeus fugirem do regime comunista.
O terceiro episódio – o mais longo – é dedicado a um grande amor da juventude,
Esther (Lou Roy Lecollinet). O relacionamento é bastante conturbado, com muitos
encontros e desencontros, muito sexo em meio a brigas, traições e separações.
Quando jovem, Dédalus é interpretado pelo ator estreante Quentin Dolmaire (o
filme também marca a estreia da bela Lou Lecollinet). O filme tem um roteiro meio complicado, que dificulta a compreensão da história em certos momentos. É
verborrágico demais, além de apresentar algumas situações forçadas e cenas que
se arrastam sem uma conclusão convincente. Gostei apenas da recriação de época
e do recurso utilizado pelo diretor para situar a ação em determinadas épocas,
como a queda do Muro de Berlim, em 1989. De qualquer forma, é importante
ressaltar que o filme recebeu o prêmio de Melhor Direção de Arte do Festival Internacional
de Cinema de Chicago e o prêmio SACD da Quinzena dos Diretores do Festival de
Cannes 2015.
segunda-feira, 10 de outubro de 2016
A comédia
dramática “MINHA MÃE” (“Mia Madre”), 2015,
Itália, consagra Nanni Moretti como um dos mais importantes diretores do cinema
europeu e mundial. A história do filme é centrada na quarentona Margherita
(Margherita Buy), famosa diretora de cinema que passa por uma fase bastante
estressante, literalmente à beira de um ataque de nervos. Além de estar às
voltas com a produção do seu novo filme e amargurada por uma recente separação,
ela ainda enfrenta problemas com a filha adolescente e as intermináveis rusgas
com o astro norte-americano Barry Hughins (John Turturro), que ela contratou
para ser o ator principal do filme. O problema maior, porém, é com a mãe Ada
(Giulia Lazzarini), internada num hospital e gravemente doente, o que justifica
o título. O único apoio psicológico ela encontra no irmão Giovanni (Nanni
Moretti), que está sempre ao seu lado para o que der e vier. Como já havia
feito em “O Quarto do Filho”, Moretti volta o luto como um dos temas principais
do filme. Assim como sua mãe, falecida em 2010, a personagem Ada também é uma
professora de latim aposentada. Apesar desse contexto dramático, Moretti cria
situações bastante bem-humoradas, principalmente quando Turturro está em cena
como o ator canastrão, irascível e egocêntrico. Enfim, um filme de altíssima
qualidade, com uma atriz espetacular (Margherita Buy) e uma história bastante
interessante. O filme estreou no 68º Festival de Cannes (maio/2015),
emocionando público e críticos. Ainda de Moretti, recomendo “Habemus Papam”.
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