sábado, 21 de janeiro de 2017

“ALWAYS SHINE” (a tradução literal é “Sempre Brilhe”, mas não sei como chamará por aqui, se chegar), 2016, EUA, 85 minutos. Trata-se de um filme com a pretensão de ser suspense, mas não passa de um drama dos mais medíocres. Beth (Caitlin Fitzgerald) e Anna (Mackenzie Davis) são grandes amigas e atrizes em busca de bons papéis no cinema. Beth é mais bem sucedida, o que faz com que Anna morra de inveja. O clima entre as duas fica ruim e então elas resolvem aparar as arestas num final de semana numa casa de campo nas montanhas de Big Sur, na Califórnia. O que era para ser uma reconciliação da amizade vira uma verdadeira guerra psicológica, aumentando o clima de tensão entre as duas. É o segundo filme dirigido pela atriz Sophia Takal, com roteiro assinado por Lawrence Michael Levine, seu marido. A história é fraca, mal contada, o filme se arrasta sem nada acontecer até perto do desfecho, os diálogos são de uma profundidade milimétrica, coroando um filme de mediocridade quilométrica. Nada mais a acrescentar, a não ser um conselho: passe longe!                                          

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

“O PIROMANÍACO” (“PYROMANEN”), 2016, Noruega, roteiro e direção de Erik Skjoldbjaerg, é um suspense inspirado no romance policial “Far Jeg Brenner Ned”, escrito por Gaute Heivoll. Numa região rural ao sul da Noruega, várias casas são incendiadas durante a noite, o que mobiliza a brigada de bombeiros formada por cidadãos voluntários e comandada por Ingemann (Per Frisch), cujo filho, Dag (Trond Nilssen) também faz parte. A polícia local começa a investigar as ocorrências e as primeiras suspeitas dão conta de que pode ser obra de algum piromaníaco vindo de fora. O maluco começa a ficar mais ousado. De início, só incendiava casas vazias. Depois, com gente dentro. A caçada ao autor dos incêndios aumenta cada vez mais e você acha que o mistério só será resolvido no final. Ledo engano. Já na metade do filme, o espectador fica sabendo quem é o verdadeiro culpado, o que de fato acaba amenizando o clima de suspense. A partir daí, o diretor explora o aspecto psicopatológico do piromaníaco, tentando explicar porque está agindo dessa forma. Para mim, a explicação não acabou muito convincente. O desfecho enigmático também não me agradou. Por esse, não ponho minha mão no fogo. A estreia do filme aconteceu durante a mostra Contemporary World Cinema do Festival Internacional de Cinema de Toronto/2016, sem provocar muito entusiasmo tanto nos críticos quanto no público. Do mesmo diretor norueguês, recomendo “Mergulho Profundo” (2013), este sim um ótimo suspense.                                      

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

“A QUALQUER CUSTO” (“Hell or High Water”), EUA, foi exibido pela primeira vez em maio do ano passado no Festival de Cannes 2016. Recebeu muitos elogios da crítica especializada, que o considerou o melhor “neo-western” (faroeste moderno) dos últimos anos. O roteiro é assinado por Taylor Sheridan (“Sicario: Terra de Ninguém”) e a direção é do cineasta escocês David Mackenzie (“Encarcerado” e “Sentidos do Amor”). Ambientada no interior do Texas, a história é centrada nos irmãos Howard, Toby (Chris Pine) e Tanner (Ben Foster), que começam a praticar assaltos a bancos. Tanner, recém-saído da prisão, onde cumpriu pena de 10 anos, quer dinheiro para gastar em cassinos e com mulheres. Ou seja, tirar o atraso do tempo em que ficou trancafiado. Toby, o mais contido, quer juntar dinheiro para saldar dívidas do rancho da família e garantir o pagamento de pensão aos dois filhos, que moram com a ex-mulher. Quem vai atrás da dupla é o policial Marcus Hamilton (Jeff Bridges), à beira da aposentadoria, e seu assistente de origem mexicana Alberto (Gil Birmingham). A perseguição se transforma num verdadeiro road-movie pelas estradas empoeiradas do Texas, que parecem não ter mudado muito em comparação com aquelas que eram mostradas nos antigos faroestes. Só que agora não são mais os cavalos que levam os bandidos e os mocinhos e sim potentes veículos off-road. Além de ação, o filme ainda tem bom humor, principalmente nos diálogos entre Marcus e seu auxiliar mexicano, recheados de comentários preconceituosos. Embora tenha gostado do filme, achei o desfecho um tanto forçado. Assista e veja se não tenho razão.        
 

                                   

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Aos 80 anos de idade, autor de 48 filmes, devidamente consagrado como um dos maiores cineastas da atualidade e ainda em grande forma, Woody Allen acerta mais uma vez em “CAFÉ SOCIETY”, 2016, talvez seu melhor filme dos últimos anos. Além de ter escrito o roteiro e dirigido, Allen também é o narrador da história, ambientada nos anos 30 do século passado. O jovem Bobby (Jesse Eisenberg), de família judia, resolve sair de Nova Iorque rumo a Los Angeles acalentando o sonho de trabalhar como escritor em Hollywood. Ele tem um trunfo para isso: seu tio, Phil Stern (Steve Carrell), é um poderoso agenciador de artistas. Para começar, Bobby aceita o trabalho de mensageiro do escritório de Phil. Aqui, trabalha como secretária a jovem Vonnie (Kristen Stewart), pela qual Bobby se apaixona. Está formada a confusão, pois Vonnie tem um namorado famoso que quer casar com ela. A situação acaba sendo não muito favorável a Bobby, que volta para Nova Iorque e vai trabalhar na boate de luxo dirigida pelo irmão Ben, ligado a uma turma de gângsters. Com seu trabalho na boate, Bobby acaba conhecendo Veronica (a loiraça Blake Lively), por quem também se apaixona. A chegada de Vonnie a Nova Iorque, alguns anos depois, vai perturbar a cabeça de Bobby. O estilo verborrágico do diretor, com diálogos inteligentes e irônicos, continua marcante no estilo do diretor. O filme apresenta ainda uma primorosa recriação de época no que diz respeito a cenários e figurinos, com muita classe e glamour, tudo isso valorizado pela fotografia do mestre italiano Vittorio Scoraro. Como já é hábito em quase todos os filmes de Allen, a trilha sonora é repleta de jazz tradicional, o que torna o filme ainda mais delicioso.  


                                                                                  

 

domingo, 15 de janeiro de 2017

Vencedor do Globo de Ouro/2017 como Melhor Filme Estrangeiro, o drama francês “ELLE” desponta como o principal favorito a conquistar o Oscar na mesma categoria. Além disso, Isabelle Huppert, que interpreta a principal protagonista, recebeu o prêmio como Melhor Atriz em Drama. Dirigido pelo veterano cineasta holandês Paul Verhoevan (“A Espiã”, “Instinto Selvagem”), o filme é centrado na empresária Michèle Leblanc (Huppert), executiva de uma empresa de videogames. Ela mora sozinha num casarão, que um dia é invadido por um sinistro homem com máscara de esqui. Michèle é agredida e estuprada, mas não vai à polícia denunciar o fato. Ela relata o ocorrido num jantar íntimo com o ex-marido e amigos. Para surpresa de todos, Michèle conta o que aconteceu de forma natural, como se contasse uma visita ao supermercado. Michèle é assim, uma personagem controversa, fria, neurótica e, de certa forma, malévola, personalidade de alta complexidade moldada por uma terrível tragédia ocorrida quando era apenas uma adolescente. O roteiro do filme, assinado por David Birke, foi inspirado no romance “OH...”, escrito por Phillippe Djian, e reúne situações de vários gêneros cinematográficos, como suspense, sedução e pitadas bem dosadas de humor negro. Mas o grande trunfo do filme realmente é o desempenho magistral de Isabelle Huppert. Ainda estão no elenco Laurent Lafitte, Anne Consigny, Virginie Efira, Jonas Bloquet, Alice Isaaz, Christian Berkel e Charles Berlin. Um filme sem dúvida desconcertante e,
ao mesmo tempo, espetacular. Cinema da melhor qualidade. Simplesmente imperdível!