quarta-feira, 9 de novembro de 2022

 

“5 DIAS SEM NORA” (“5 DÍAS SIN NORA”), México, 1h32m, roteiro e direção de Mariana Chenillo. Quem procura, acha. Pois eu procurei e achei uma pequena pérola do sempre surpreendente cinema mexicano. O filme foi produzido em 2008 e só chegou aos cinemas brasileiros em 2011, passando praticamente – e injustamente – despercebido. Só recentemente chegou à Netflix, o que dá uma excelente oportunidade de descobri-lo. É uma comédia intimista sensível e divertida na medida certa, que tem como ponto de partida o suicídio de Nora (Silvia Mariscal), que vive sozinha em seu apartamento de alta classe média. Seu corpo é descoberto pelo ex-marido José Kurtz (Fernando Luján) que mora em um apartamento vizinho e que de vez em quando leva a correspondência de Nora. Como Nora e o filho Ruben (Ari Brickman) obedeciam aos preceitos da lei judaica, José foi obrigado a aceitar o fato de que os preparativos para a cerimônia do velório e enterro sejam organizados pelo rabino Kolatch (Martin La Salle) e seus auxiliares da sinagoga. Aceitar em termos, pois José se revolta quando fica sabendo que a ex-esposa teria que ser enterrada numa ala do cemitério judeu destinada a criminosos e suicidas. A confusão está formada. Começa no apartamento da falecida um incessante entre-e-sai de familiares, amigos, vizinhos e religiosos. José, o viúvo, apronta das suas para se livrar principalmente dos religiosos, pois é ateu convicto. A confusão fica maior ainda depois que José descobre uma foto comprometedora da falecida. “5 Dias sem Nora” foi premiado em vários festivais mundo afora, como em Havana, Mar Del Plata, Miami, Moscou e Biarritz. Realmente, um filmaço. Não perca!         

terça-feira, 8 de novembro de 2022

 

“OVERDOSE”, 2022, França, 1h59m, em cartaz na Amazon Prime Video – desde 4 de novembro de 2022 – direção de Olivier Marchal. Colaboraram no roteiro Christophe Gavat e Pierre Pouchairet, este último autor do livro que inspirou a história, “Mortels Trafics: Prix Du Quai Des Orfèvres”, de 2016. Mais um excelente policial com a assinatura do cineasta francês Olivier Marchal. Hollywood que me desculpe, mas o cinema francês está produzindo, atualmente, os melhores filmes do gênero. Marchal está à frente de vários deles, como “Pacto de Sangue”, “MR 73, A Última Missão”, “Bronx” e “Carbono”, só para citar alguns. Em “Overdose”, a trama segue o trabalho da polícia de Toulouse para desvendar os misteriosos assassinatos de dois jovens dentro de um hospital. A capitã Sara Bellaiche (Sofia Essaïdi), encarregada das investigações, descobre que os crimes têm ligação com um poderoso cartel de drogas espanhol comandado por Alfonso Castroviejo (Carlos Barden, irmão do Javier). E dá-lhe muita ação do começo ao fim, com destaque às perseguições pelas estradas da Espanha e da França. Tudo muito bem feito, cenas de suspense, violência na medida certa e personagens que têm tudo a ver com o submundo do crime, como o sanguinário Eduardo Gracia (Alberto Ammann), braço direito de Castroviejo. Completam o elenco Zoé Marchal (filha do diretor), Kenza Fortas, Bruno Lopes e Simon Abkarian. Nos créditos finais, Marchal dedica o filme ao seu amigo e ator Jean Paul Belmondo, falecido em setembro de 2021. Trocando em miúdos, “Overdose” é imperdível.       

 

domingo, 6 de novembro de 2022

 

“A HORA DO DESESPERO” (“THE DESPERATE HOUR”), 2021, Estados Unidos, em cartaz na Amazon Prime Video, 1h24m, direção do cineasta australiano Phillip Noyce, seguindo roteiro assinado por Chris Sparling. Trata-se de um suspense com praticamente um único personagem em cena do começo ao fim, Amy Carr (Naomi Watts), uma mulher que recentemente ficou viúva. Ela acorda os filhos, a pequena Emily (Sierra Maltby) e o adolescente Noah (Colton Gobbo), e sai para sua corrida matinal. Claro, com os fones de ouvido ligados no celular. E não para ouvir música, mas para fazer chamadas telefônicas e escrever mensagens de texto. Correndo, imaginem. De repente ela recebe a notícia de que uma das escolas da cidade está sendo alvo de um atirador. Aí começa de verdade o desespero da mulher, primeiro querendo saber se a escola é a mesma dos seus filhos. De tão atordoada, Amy perde o senso de direção e acaba literalmente perdida no meio de uma floresta. E dá-lhe mensagens e telefonemas até o desfecho. Lançado no Festival de Toronto 2021, o filme dividiu a opinião dos críticos. Só houve unanimidade nos elogios ao desempenho da veterana atriz Naomi Watts, que realmente carrega o filme nas costas. Resumo da ópera: fico em dúvida em afirmar se a “A Hora do Desespero” é só da mãe em questão ou então dos espectadores que ficaram em frente da tela aguentando suas irritantes conversas e chamadas pelo celular. Ao invés de entreter, o filme realmente irrita.