quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

 

“ACREDITE EM MIM: O RAPTO DE LISA MCVEY” (“BELIEVE ME: THE ABDUCTION OF LISA MCVEY”), 2018, Canadá, disponível na plataforma Netflix, 1h27m, direção de Jim Donovan, seguindo roteiro assinado por Christina Welsh. É a história de um famoso caso policial ocorrido em 1984. Lisa McVey (Katie Douglas) é uma adolescente de 17 anos que trabalha como garçonete em uma lanchonete em Tampa (Flórida). Uma noite, quando voltava para casa depois do trabalho, ela é sequestrada por um homem que a manterá em cárcere privado durante 26 horas, período em que ela foi torturada e estuprada. Leitora de livros policiais e fã de filmes do gênero, Lisa tenta usar a psicologia para tentar sobreviver. Conta histórias tristes ao sequestrador, inclusive que cuida do pai doente e que precisa de seus cuidados. Mentira. Ela vive com a avó. Aos poucos, Lisa começa a sensibilizar o sequestrador, a ponto de ser libertada. Quando volta para casa e conta para a avó, esta não acredita nela, dizendo que tudo é invenção. Lisa então resolve ir à polícia e é também desacreditada. Somente o detetive Larry Pinkerton (David James Elliott) acredita em sua história e começa a desconfiar que o sequestrador de Lisa pode ser o mesmo serial killer procurado por pelo menos 11 mortes e mais de 50 estupros. Os detalhes descritos por Lisa ajudam os policiais nas investigações, culminando com a prisão de Bobby Joe Long (Rossif Sutherland), julgado, condenado e executado em maio de 2019, pouco depois da estreia do filme. A história é envolvente e chocante, muito bem adaptada para o cinema, com um excelente elenco. No desfecho, pouco antes dos créditos finais, a verdadeira Lisa McVey, agora aos 54 anos, aparece como a vice-xerife do Condado de Hillsborough, especializada no combate a crimes sexuais. Um filme muito interessante que merece ser conferido.                                                                                   

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

 

“A PEDREIRA” (“THE QUARRY”), 2020, Estados Unidos, disponível na plataforma Amazon Prime Video, 1h38m, direção de Scott Teems, que também assina o roteiro com a colaboração de Andrew Brotzman. Trata-se de um suspense policial com uma história bastante interessante, inspirada no livro homônimo de 1995 do escritor sul-africano Damon Galgut. Mas o filme tem o inconveniente de ser arrastado demais, perto da sonolência. Começa o filme e o pastor David Martin (Bruno Bichir) está na estrada a caminho de uma pequena cidade do Texas para assumir a igreja local. Ele vê um homem caído no acostamento e lhe presta socorro. Mal sabe ele que o homem que está socorrendo é um fugitivo da justiça, acusado de matar a esposa em um incêndio. Você logo imagina: o fugitivo (Shea Whigham) vai aprontar. E não dá outra. Ele mata o pastor, esconde o corpo em uma pedreira e assume a identidade da vítima, tornando-se reverendo, o que nos faz lembrar aquele dito popular “O hábito não faz o monge”. Logo que chega ao pequeno vilarejo, cuja população é de imigrantes mexicanos, ele é recebido por Cecília (Catalina Santino Moreno), responsável por cuidar da igreja e da casa do padre. Alguns dias depois, porém, dois irmãos ladrões acham o corpo na pedreira e roubam suas roupas, mas são detidos como suspeitos de terem cometido o assassinato. Enquanto isso, o falso reverendo até que consegue convencer os fiéis com seus sermões baseados na Bíblia - traduzidos por uma paroquiana. Mas o chefe de polícia local, xerife Moore (Michael Shannon), amante de Cecília, não confia muito no religioso recém-chegado e é essa desconfiança que assumirá a tônica da história até o seu desfecho. Desfecho, aliás, dos mais fracos, prejudicando o resultado final, que já não é dos melhores, mesmo com a presença do bom ator Michael Shannon.  


                                                      

 

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

 

“TE AMO ATÉ A MORTE” (“LOVE YOU TO DEATH”), 2019, Estados Unidos, filme feito para a TV, produção da Sony Pictures Television, 1h27m, disponível na plataforma Amazon Prime Video, direção da cineasta inglesa Alex Kalymnios, seguindo roteiro de Anthony Jaswinski. Drama pesado, de embrulhar o estômago, baseado em uma história real chocante e macabra ocorrida em 2015 na cidade de Springfield (Missouri), envolvendo um crime que chocou os Estados Unidos. As personagens reais são Dee Dee Blanchard e sua filha Gypsy Rose. Dee Dee foi assassinada pelo namorado da filha. O assassinato abriu as portas para uma verdade tétrica: Dee Dee praticava abuso infantil na filha. Para ganhar ajuda financeira do governo e viver da caridade da vizinhança, Dee Dee obrigava Gypsy a passar por uma doente terminal, paraplégica e com câncer, além de outras doenças. Gypsy, na verdade, era sadia. Na verdade, a doente era Dee Dee, que sofria de uma tal de "Síndrome de Münchhausen por Procuração". No filme, os principais personagens ganharam outros nomes: Dee Dee é Camile Stoller (Marcia Gay Harden) e Gypsy Rose passou a ser chamada de Esme Stoller (Emily Skeggs). De uma forma realista, o filme acompanha a rotina sufocante de mãe e filha, esta última obrigada a participar das mentiras da mãe e agir como se não tivesse muito tempo de vida. A situação começa a mudar depois que Esme conhece Scott (Brennan Keel Cook), que logo vira seu namorado. Também estão no elenco Tate Donovan, Alison Araya e Garfield Wilson. A atuação impressionante da veterana atriz Marcia Gay Harden, quase irreconhecível como a mãe gorda e dominadora, é um dos trunfos do filme, assim como o desempenho da jovem atriz Emily Skeggs. “Te Amo Até a Morte” é muito bom, merece ser conferido.                                                                              

 

“RÉDEAS DA REDENÇÃO” (“THE MUSTANG”), 2020, disponível na plataforma Netflix, coprodução França/Estados Unidos/Bélgica, 1h36m, direção da cineasta francesa Laure De Clermont-Tonerre, que também assina o roteiro com a colaboração de Mona Fastvold e Brock Norman Brock. Premiado no Festival de Sundance, trata-se de um dos filmes mais interessantes da Netflix. Mais pela história, baseada em fatos reais. Importante contextualizar. Pouca gente sabe – eu não sabia – que nos Estados Unidos existe um programa de reabilitação social de presos chamado “Cavalo Selvagem Recluso”, que ainda existe atualmente no Arizona, Califórnia, Colorado, Kansas, Nevada e Wyoming. Funciona da seguinte forma: cavalos selvagens (os Mustangs) que habitam as planícies inóspitas dos Estados Unidos são capturados e levados para “fazendas” ao lado das penitenciárias. Cada preso é responsável por adestrar um cavalo, que depois é levado a leilão. A maioria deles é utilizada pelas forças policiais de fronteiras. Em “Rédeas de Redenção”, a história é centrada no prisioneiro Roman Coleman (Matthias Schoenaerts), um homicida violento que cumpre pena em uma penitenciária rural do norte de Nevada. Por recomendação de uma psicóloga da penitenciária (Connie Britton), Coleman é inscrito no programa e torna-se responsável pelo cavalo mais selvagem do haras, ao qual ele chama de “Marquis”. Ao mesmo tempo em que encara o desafio de domar “Marquis”, Coleman tem de enfrentar a raiva de sua filha Martha (Gideon Adlon), que não o perdoa por tê-la abandonado. É com “Marquis”, porém, que Coleman testará os limites de sua incontrolável raiva, até fazer amizade com o animal. O elenco conta ainda com Jason Mitchell, Bruce Dern, Angel Alvarado, Glen Spillman, Jack Waggon, John Logsdon, Josh Stewart, Kelly Richardson e Santina Muha. Mas é realmente o ator belga Matthias Schoenaerts quem brilha. Um dos principais nomes do cinema europeu da atualidade, Schoenaerts já tem um currículo respeitável, que inclui excelentes filmes como “Inimigos Íntimos”, “Ferrugem e Osso” e “Operação Red Sparrow”, entre tantos outros. Palmas também para a atriz e agora diretora Laure de Clermont-Tonerre em sua estreia atrás das câmeras, realizando um filme poderoso e, ao mesmo tempo, bastante sensível. Não perca!