sábado, 21 de fevereiro de 2015

“UM SANTO VIZINHO” (“St. Vincent”), EUA, 2014, direção de Theodore Melfi. O ator Bill Murray arrasa nesta comédia. Ele faz o papel de Vin, um veterano da Guerra do Vietnam rabugento, jogador inveterado e alcoólatra. Mas tem um coração enorme, a ponto de se disfarçar de médico para visitar sua mulher, que está “fora do ar” num hospital, só para transmitir boas notícias sobre a sua saúde. Ele mora sozinho e, de vez em quando, recebe a visita da prostituta Daka (Naomi Watts), que está grávida. Essa rotina é quebrada quando chegam seus novos vizinhos, Maggie (Melissa McCarthy) e seu filho Oliver (Jaeden Lieberher), um garoto esperto de 12 anos. Maggie é enfermeira numa clínica radiológica e luta com o ex-marido na justiça pela guarda do filho. Um dia, Maggie pede a Vin que fique de babá de Oliver enquanto trabalha. Como está devendo uma grana preta para um agiota (dívida de jogo), Vin topa o serviço desde que seja pago. E assim ele e Oliver começam uma grande amizade, o que inclui levar o menino para as corridas de cavalo e a bares pouco recomendados, além de ensiná-lo a brigar. Essa amizade resultará no momento mais comovente do filme, quando o menino resolve fazer uma homenagem a Vin no trabalho de Religião da escola. É realmente muito emocionante, de lacrimejar. Além da história bem contada, divertida e sensível, o filme tem o trunfo do desempenho dos atores. Além de Murray, Naomi Watts está ótima como a prostituta grávida, assim como o garoto Jaeden Lieberher e a comediante Melissa MacCarthy, esta um pouco mais contida do que em outros filmes, provando que é boa atriz também em papeis mais dramáticos. Mas o destaque maior é mesmo Murray, em estado de graça, combinando com o título do filme. Entretenimento garantido!

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

“LIVRAI-NOS DO MAL” (“Deliver us From Devil”), 2014, reúne dois gêneros de filme: policial e terror. Foi concebido com todos os ingredientes de ambos: mistério, ação, suspense, mortes violentas, possessão demoníaca, exorcismo e sustos à vontade, incluindo o famoso clichê de bonecos ganhando vida no quarto de uma criança. Pior de tudo é que a história é baseada em fatos reais, narrados no livro escrito pelo policial Ralph Sarchie, que garante ter visto e vivido todas as situações mostradas no filme. Tudo começa em 2010, quando soldados norte-americanos no Iraque entram numa espécie de tumba e dão de cara com ele, o demo. O filme pula para 2013, em Nova Iorque. Um bebê é achado morto numa lixeira e logo depois uma mãe descontrolada joga o filho de três anos no fosso dos leões do zoológico. O policial Ralph Sarchie (Eric Bana) é encarregado de investigar os crimes. Em meio às investigações, Ralph é procurado pelo padre Mendoza (o ator venezuelano Édigar Ramírez), especialista em demonologia e exorcismo. Juntos, eles saem a campo para tentar encontrar os culpados e, quando encontram, não será nada fácil enfrentá-los. Vai sobrar também para a esposa Jen (Olivia Munn) e a filha do policial. Como terror é a praia do diretor Scott Derrickson (de “A Entidade” e “O Exorcismo de Emily Rose”), não deu outra: o filme é muito bom. E, melhor, sem aqueles efeitos especiais ridículos que estragam qualquer filme, principalmente os de terror. Um ótimo entretenimento para quem tem estômago forte.                                                                                                      

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

“O AMOR É ESTRANHO” (“Love is Strange”), 2014, é um drama norte-americano independente centrado na história do casal George (Alfred Molina) e Ben (John Lithgow). Pelos nomes já deu pra perceber: trata-se de um casal gay da terceira idade. Apesar de não ter cenas de sexo ou nudez (beijo gay já não choca mais), o filme teve problemas com a rigorosa censura dos EUA e só foi liberado para maiores de 17 anos, o que prejudicou sua distribuição e restringiu o número das salas de cinema. Voltando à história: George e Ben vivem juntos há 39 anos e, com o incentivo de amigos e familiares, resolvem se casar. Só que George coloca as fotos do casamento no Facebook . A diretoria da escola onde George ensina música fica sabendo da história, vê as fotos e o demite. A situação financeira do casal fica difícil - Ben vive de aposentadoria - e eles são obrigados a deixar o apartamento onde moram. Como alternativa provisória, George vai morar com um casal de amigos policiais gays e Ben se hospeda na casa de um sobrinho casado com a escritora Kate (Marisa Tomei). Esta vive se queixando que Ben quer conversar toda hora e tira sua concentração do trabalho. Por seu lado, George não se sente à vontade na casa dos policiais. Fica se achando um estranho. De qualquer forma, mesmo separados, George e Ben continuam se amando. A distância e a saudade acabam reforçando esse amor, dando margem a algumas - poucas - cenas comoventes. O filme até que é sensível, mas é lento demais, chegando a ser monótono em alguns momentos. O roteiro e a direção são de Ira Sachs, que já havia feito um filme com temática gay, aliás, muito bom, “Deixe a Luz Acesa”, de 2012. O brasileiro Maurício Zacharias, que vive há anos nos EUA, ajudou a escrever o roteiro. Além deste e de “Deixe a Luz Acesa”, Maurício escreveu também os roteiros dos nacionais “O Céu de Suely”, “Trinta” e “Madame Satã”.                                             

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

“PRESERVATION” é um filme norte-americano de terror e suspense produzido em 2014 e dirigido por Christopher Denham. Os irmãos Mike (Aaron Staton) e Sean Neary (Pablo Schreiber), acompanhados de Wit (Wrenn Schmidt), esposa de Mike, viajam para uma reserva florestal abandonada com o objetivo de passar o final de semana caçando cervos. Logo na primeira noite eles são roubados: alguém furtou sua barraca, suas armas, suas roupas, praticamente tudo o que levaram para o acampamento. Além disso, na testa de cada um está desenhado um X. Quando saem em busca do responsável ou dos responsáveis pelo roubo, os três acabam sendo literalmente caçados. Aí vão se arrepender amargamente de terem inventado o programa. Nem a reviravolta final salva esse filme, que marca a estreia na direção de Christopher Denham, um ator que já participou de muitos filmes, inclusive “Argo”. Péssimo começo, pois o filme é fraco, o suspense é mínimo e termina sem explicar qual a motivação que levou os agressores a fazer o que fizeram. Fica difícil encontrar alguma qualidade que motive uma recomendação. Na verdade, fica mais difícil ainda dizer se o filme é de horror ou se o próprio filme é um horror. Fico com a segunda opção.                                                                                             

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015


Alexandre, de 11 anos, acorda com um chiclete grudado nos cabelos. Prenúncio de um dia ruim? Ruim não. Péssimo. Para Alexandre e toda a família Cooper, será um dia inesquecível. Melhor, para esquecer. “ALEXANDRE E O DIA TERRÍVEL, HORRÍVEL, ESPANTOSO E HORROROSO” (“Alexander and the Terrible, Horrible, no Good, Very Bad Day”), 2014, direção de Miguel Arteta, é uma comédia da Disney muito divertida e movimentada. O título enorme já dá uma ideia do tamanho da encrenca que envolverá toda a família Cooper. O pai (Steve Carell), desempregado há 7 meses, recebe um convite para uma entrevista de trabalho; a mãe (Jennifer Garner) tem uma reunião importante na editora em que trabalha cujo resultado poderá alçá-la ao cargo de vice-presidente; Anthony (Dylan Minnette), o filho mais velho, tem exame de habilitação para motorista; Emily (Kerri Dorsey) vai representar Peter Pan no teatro da escola. Sem contar que neste mesmo dia Alexandre faz 12 anos. Ainda tem o bebê de colo, que, apesar de não ter nenhum compromisso, vai participar da bagunça. Como o título deixa antever, tudo sairá errado, o que garante situações hilariantes e cenas muito engraçadas, tudo num ritmo alucinante, digno das melhores comédias. O filme, embora feito para agradar a todas as idades, foi inspirado numa história de um livro infantil escrito por Judith Viorst. Outro destaque do filme é a participação numa ponta do veterano comediante Dick Van Dyke no papel do próprio. Um programão!   
É raro assistir a um filme e, ao final, aclamar: “Que filmaço!”. É o caso desse fabuloso e contundente drama “WHIPLASH – EM BUSCA DA PERFEIÇÃO” (“Whiplash”), 2014, EUA, cuja história é centrada numa verdadeira guerra psicológica entre um jovem baterista, Andrew (Miles Teller), e Terence Fletcher (J.K. Simmons), um exigente regente da orquestra de jazz do Conservatório Shaffer, considerada a melhor escola de música dos EUA. Andrew quer seguir os passos de seu grande ídolo, o baterista de jazz Buddy Rich. Na verdade, ele quer ser ainda melhor e, para isso, não se importa em se submeter a um exaustivo e quase sobre-humano treinamento particular que costuma lhe tirar sangue das mãos (o ator Miles Teller, de 27 anos, toca bateria desde os 15). Quando se inscreve no Conservatório Shaffer, Andrew terá Fletcher como seu professor. Aí a coisa vai pegar. Fletcher encarna no baterista, humilhando-o durante os ensaios e exigindo que treine ainda mais. Andrew encara de frente o desafio do professor e nem se importa até mesmo quando este o esbofeteia na frente da orquestra. Pelo contrário, a tortura psicológica e física vai incentivá-lo ainda mais a superar seus limites e topar o enfrentamento com Fletcher. Sua obsessão de ser o melhor baterista faz com que ele deixe tudo de lado, inclusive a namorada que tanto gosta, Nicole (Melissa Benoist). Mas é no embate entre Andrew e Fletcher que o filme ganha em força e dramaticidade. Mesmo quem não gosta de música, bateria ou jazz, vai curtir esse grande filme, escrito e dirigido pelo jovem Damien Chazelle, um talento já comprovado pelo ótimo suspense “Toque de Mestre”. “WHIPLASH" foi indicado a cinco categorias no Oscar de 2015, incluindo Melhor Filme e Melhor Ator Coadjuvante (o veterano Simmons). Repito: filmaço! 

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

"ESCOBAR: PARAÍSO PERDIDO” (“Paradise Lost”) é uma co-produção França/Espanha de 2014 que conta uma história baseada em fatos reais ocorridos no início da década de 90. Os irmãos canadenses Nick (Josh Hutcherson, de “Jogos Vorazes”) e Dylon (Brady Corbet) chegam a uma praia da Colômbia para surfar. Gostam tanto que resolvem morar por lá mesmo. Nick vai conhecer a jovem Maria (a atriz espanhola Claudia Traisa), que nada mais é do que a sobrinha querida do poderoso traficante Pablo Escobar (Benício Del Toro). Nick é muito bem recebido por Escobar. “Você é como se fosse meu filho”, diz o traficante, recebendo-o como mais um integrante da família, a ponto de eliminar sumariamente uma gangue de marginais que um dia maltratou o novo afilhado. Nick vai perceber, com o tempo, que pertencer à família de Escobar significa também participar dos negócios. Nick vai sofrer na própria pele o que Escobar destina aos seus piores inimigos. O ator espanhol Carlos Bardem, irmão na vida real de Javier, interpreta o braço direito e o dedo no gatilho de Escobar. Um capanga sanguinário que adora ver sangue jorrar. Totalmente filmado em locações no Panamá, o filme marca a estreia na direção do ator e roteirista italiano Andre Di Stefano. Será difícil, para quem viu Benício Del Toro na pele de Guevara no filme biográfico “Che”, dissociá-lo da imagem do guerrilheiro, ainda mais quando deixa crescer a barba. O mais interessante do filme é como Escobar se auto-idolatrava, o que fica bem claro na conversa que tem com um padre no final, quando dá a entender que está acima de Deus. Teve o fim que merecia, embora tardio.   
“FOXCATCHER – Uma História que chocou o Mundo”, 2014, EUA, é mais um drama baseado em fatos reais. Conta a história do envolvimento do campeão olímpico de luta greco-romana Mark Schultz (Channing Tatum) e de seu irmão e treinador David (Mark Ruffalo) com o excêntrico milionário John du Pont (Steve Carell), herdeiro de uma grande indústria de armamentos. O filme começa ambientado em 1987, quando Mark e David treinam para disputar o campeonato mundial da modalidade e com vistas também às Olimpíadas de Seul, em 1988. Foi nessa época que du Pont entra em contato com Mark e o convida para treinar em sua enorme fazenda chamada Foxcatcher, onde o milionário construiu um centro de treinamento, alojamento para atletas e formou uma equipe própria. Mark aceita o convite, mas seu irmão não. A convivência com du Pont não será muito boa para Mark – o filme insinua um assédio sexual por parte de du Pont. Ao perceber que seu irmão está com problemas, David decide ir para Foxcatcher e participar dos treinamentos. A convivência entre os três será bastante conflituosa, terminando em tragédia alguns anos depois. O filme, embora indicado ao Oscar 2015 em cinco categorias, não deve agradar a todo tipo de público, principalmente o feminino, já que o tema é essencialmente masculino. Os atores estão muito bem, especialmente Channing Tatoom fazendo papel de lutador grandalhão meio bobalhão, tanto no jeito de andar como no de se expressar. Steve Carrel, completamente irreconhecível como du Pont, também está ótimo. A direção é de Bennett Miller (de “Capote” e “O Homem que mudou o Jogo”).                                                                            

domingo, 15 de fevereiro de 2015

O dia não poderia ser pior para Judd Altman (Jason Bateman). É o dia do aniversário de sua esposa Quinn (Abigail Spencer) e ele resolve sair do emprego mais cedo para fazer uma surpresa, levando um bolo de presente. Na verdade, quem vai ter a surpresa é ele: Quinn está na cama com outro homem. Ainda abalado, Judd recebe um telefone minutos depois do flagrante: seu pai acaba de falecer. Assim, de forma agitada, começa a comédia “SETE DIAS SEM FIM” (“This is Where I Leave You”), 2014, EUA. No velório, Judd reencontra, depois de muito tempo sem se ver, os três irmãos Paul (Corey Stoll), Wendy (Tina Fey) e Phillip (Adam Driver), além da mãe Hillary (Jane Fonda), uma coroa metida a periguete. Segundo Hillary, o desejo do falecido é que a família participe da Shivah, uma cerimônia fúnebre tradicional do judaísmo. Dessa forma, eles ficarão sete dias juntos na casa da mãe, recebendo convidados. É claro que muitas confusões vão acontecer, desde uma cunhada que assedia Judd sexualmente até o encontro de cigarros de maconha num paletó do falecido. Conflitos entre os irmãos são inevitáveis e a mãe tentará manter o controle. Aliás, a melhor reviravolta está reservada para o final, quando Hillary será responsável por uma notícia que vai chocar a todos – de uma maneira bem-humorada, claro. A comédia, dirigida por Shawn Levy (de “Uma Noite no Museu”), mantém o ritmo do começo ao fim. A cada momento está acontecendo um fato novo. Trata-se de uma ótima opção de entretenimento. Diversão garantida!
Mesmo no auge de sua carreira, quando fazia bons filmes de ação e estava em evidência, Nicolas Cage sempre ficou muito longe de ser um bom ator. Essa distância aumentou ainda mais nos últimos tempos. Cage envelheceu e ficou mais canastrão, o que pode ser comprovado no recente “O Imperador” e neste “DYING OF THE LIGHT” (ainda sem tradução por aqui, embora alguns sites tenham traduzido por conta própria, um por “Morrendo da Luz” e outro por “Vingança ao Anoitecer”). Trata-se de uma produção de 2014, direção de Paul Schrader (“Gigolô Americano” e “O Acompanhante”). É um filme pretensamente de ação e suspense, com Cage fazendo o veterano agente da CIA Evan Lake. Há mais de 20 anos, Lake foi preso e torturado pelo terrorista muçulmano Muhammad Banir (Alexander Karim). A tortura foi violenta e Lake carrega sequelas até hoje. Ele quer vingança. Só que é diagnosticado com demência e obrigado a se aposentar por invalidez. Em meio a esse dilema, Milton Shultz (Anton Yelchin), seu colega de CIA, descobre o paradeiro de Banir. Como talvez sua última missão, Lake resolve viajar para o Quênia, onde se esconde o muçulmano, e Milton vai junto. Antes, os dois passam por Bucarest (Romênia), onde trabalha o médico responsável pelo tratamento de Karim, que também está muito doente. Aliás, a cena em que os dois doentes se encontram é nada menos do que constrangedora. A atriz francesa Irène Jacob também está no elenco como uma espiã que teve um antigo caso com Lake. Harrison Ford estava certo para fazer o papel de Lake, mas desistiu no último momento. Quem sabe, com ele, o resultado teria sido um pouco melhor.