“UM SANTO
VIZINHO” (“St. Vincent”), EUA, 2014,
direção de Theodore Melfi. O ator Bill Murray arrasa nesta comédia. Ele faz o
papel de Vin, um veterano da Guerra do Vietnam rabugento, jogador inveterado e
alcoólatra. Mas tem um coração enorme, a ponto de se disfarçar de médico para
visitar sua mulher, que está “fora do ar” num hospital, só para transmitir boas
notícias sobre a sua saúde. Ele mora sozinho e, de vez em quando, recebe a
visita da prostituta Daka (Naomi Watts), que está grávida. Essa rotina é
quebrada quando chegam seus novos vizinhos, Maggie (Melissa McCarthy) e seu
filho Oliver (Jaeden Lieberher), um garoto esperto de 12 anos. Maggie é
enfermeira numa clínica radiológica e luta com o ex-marido na justiça pela
guarda do filho. Um dia, Maggie pede a Vin que fique de babá de Oliver enquanto
trabalha. Como está devendo uma grana preta para um agiota (dívida de jogo), Vin topa o serviço
desde que seja pago. E assim ele e Oliver começam uma grande amizade, o que
inclui levar o menino para as corridas de cavalo e a bares pouco recomendados,
além de ensiná-lo a brigar. Essa amizade resultará no momento mais comovente do
filme, quando o menino resolve fazer uma homenagem a Vin no trabalho de Religião
da escola. É realmente muito emocionante, de lacrimejar. Além da história bem
contada, divertida e sensível, o filme tem o trunfo do desempenho dos atores.
Além de Murray, Naomi Watts está ótima como a prostituta grávida, assim como o
garoto Jaeden Lieberher e a comediante Melissa MacCarthy, esta um pouco mais
contida do que em outros filmes, provando que é boa atriz também em
papeis mais dramáticos. Mas o destaque maior é mesmo Murray, em estado de graça,
combinando com o título do filme. Entretenimento garantido!
sábado, 21 de fevereiro de 2015
sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015
“LIVRAI-NOS DO MAL” (“Deliver us From Devil”), 2014, reúne dois gêneros de filme:
policial e terror. Foi concebido com todos os ingredientes de ambos: mistério,
ação, suspense, mortes violentas, possessão demoníaca, exorcismo e sustos à
vontade, incluindo o famoso clichê de bonecos ganhando vida no quarto de uma
criança. Pior de tudo é que a história é baseada em fatos reais, narrados no livro
escrito pelo policial Ralph Sarchie, que garante ter visto e vivido todas as
situações mostradas no filme. Tudo começa em 2010, quando soldados
norte-americanos no Iraque entram numa espécie de tumba e dão de cara com ele,
o demo. O filme pula para 2013, em Nova Iorque. Um bebê é achado morto numa
lixeira e logo depois uma mãe descontrolada joga o filho de três anos no fosso
dos leões do zoológico. O policial Ralph Sarchie (Eric Bana) é encarregado de
investigar os crimes. Em meio às investigações, Ralph é procurado pelo padre Mendoza
(o ator venezuelano Édigar Ramírez), especialista em demonologia e exorcismo. Juntos,
eles saem a campo para tentar encontrar os culpados e, quando encontram, não
será nada fácil enfrentá-los. Vai sobrar também para a esposa Jen (Olivia Munn) e a filha do policial. Como terror é a praia do diretor Scott Derrickson
(de “A Entidade” e “O Exorcismo de Emily Rose”), não deu outra: o filme é muito
bom. E, melhor, sem aqueles efeitos especiais ridículos que estragam qualquer
filme, principalmente os de terror. Um ótimo entretenimento para quem tem
estômago forte.
quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015
“O AMOR É ESTRANHO” (“Love is Strange”), 2014, é um drama norte-americano independente
centrado na história do casal George (Alfred Molina) e Ben (John Lithgow).
Pelos nomes já deu pra perceber: trata-se de um casal gay da terceira idade. Apesar
de não ter cenas de sexo ou nudez (beijo gay já não choca mais), o filme teve problemas com a rigorosa censura dos EUA e só foi liberado para maiores de 17 anos, o que prejudicou sua distribuição e restringiu o número das salas de cinema. Voltando à história: George e Ben vivem juntos há 39
anos e, com o incentivo de amigos e familiares, resolvem se casar. Só que
George coloca as fotos do casamento no Facebook . A diretoria da escola onde
George ensina música fica sabendo da história, vê as fotos e o
demite. A situação financeira do casal fica difícil - Ben vive de aposentadoria - e eles são obrigados a
deixar o apartamento onde moram. Como alternativa provisória, George vai morar
com um casal de amigos policiais gays e Ben se hospeda na casa de um sobrinho
casado com a escritora Kate (Marisa Tomei). Esta vive se queixando que Ben quer
conversar toda hora e tira sua concentração do trabalho. Por seu lado, George
não se sente à vontade na casa dos policiais. Fica se achando um estranho. De qualquer forma, mesmo
separados, George e Ben continuam se amando. A distância e a saudade acabam
reforçando esse amor, dando margem a algumas - poucas - cenas comoventes. O filme até que
é sensível, mas é lento demais, chegando a ser monótono em alguns momentos. O roteiro e a direção são de Ira Sachs, que já havia feito um
filme com temática gay, aliás, muito bom, “Deixe a Luz Acesa”, de 2012. O
brasileiro Maurício Zacharias, que vive há anos nos EUA, ajudou a escrever o roteiro. Além deste e de “Deixe
a Luz Acesa”, Maurício escreveu também os roteiros dos nacionais “O Céu de
Suely”, “Trinta” e “Madame Satã”.
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015
“PRESERVATION”
é um filme norte-americano de terror e suspense produzido em 2014 e dirigido
por Christopher Denham. Os irmãos Mike (Aaron Staton) e Sean Neary (Pablo
Schreiber), acompanhados de Wit (Wrenn Schmidt), esposa de Mike, viajam para
uma reserva florestal abandonada com o objetivo de passar o final de semana
caçando cervos. Logo na primeira noite eles são roubados: alguém furtou sua
barraca, suas armas, suas roupas, praticamente tudo o que levaram para o
acampamento. Além disso, na testa de cada um está desenhado um X. Quando saem em busca do responsável ou dos responsáveis pelo roubo,
os três acabam sendo literalmente caçados. Aí vão se arrepender amargamente de
terem inventado o programa. Nem a reviravolta final salva esse filme, que marca
a estreia na direção de Christopher Denham, um ator que já participou de muitos
filmes, inclusive “Argo”. Péssimo começo, pois o filme é fraco, o suspense é
mínimo e termina sem explicar qual a motivação que levou os agressores a fazer
o que fizeram. Fica difícil encontrar alguma qualidade que motive uma
recomendação. Na verdade, fica mais difícil ainda dizer se o filme é de horror ou se o
próprio filme é um horror. Fico com a segunda opção.
terça-feira, 17 de fevereiro de 2015
Alexandre,
de 11 anos, acorda com um chiclete grudado nos cabelos. Prenúncio de um dia
ruim? Ruim não. Péssimo. Para Alexandre e toda a família Cooper, será um dia
inesquecível. Melhor, para esquecer. “ALEXANDRE E O DIA
TERRÍVEL, HORRÍVEL, ESPANTOSO E HORROROSO” (“Alexander and the Terrible,
Horrible, no Good, Very Bad Day”), 2014, direção de Miguel Arteta, é uma
comédia da Disney muito divertida e movimentada. O título enorme já dá uma ideia do tamanho da encrenca que envolverá toda a família Cooper. O pai (Steve Carell), desempregado há 7 meses, recebe um
convite para uma entrevista de trabalho; a mãe (Jennifer Garner) tem uma
reunião importante na editora em que trabalha cujo resultado poderá alçá-la ao
cargo de vice-presidente; Anthony (Dylan Minnette), o filho mais velho, tem exame de
habilitação para motorista; Emily (Kerri Dorsey) vai representar Peter Pan no
teatro da escola. Sem contar que neste mesmo dia Alexandre faz 12 anos. Ainda
tem o bebê de colo, que, apesar de não ter nenhum compromisso, vai participar
da bagunça. Como o título deixa antever, tudo sairá errado, o que garante situações
hilariantes e cenas muito engraçadas, tudo num ritmo alucinante, digno das
melhores comédias. O filme, embora feito para agradar a todas as idades, foi
inspirado numa história de um livro infantil escrito por Judith Viorst. Outro destaque do filme é a participação numa ponta do veterano comediante Dick Van Dyke no papel do próprio. Um
programão!
É
raro assistir a um filme e, ao final, aclamar: “Que filmaço!”. É o caso desse
fabuloso e contundente drama “WHIPLASH – EM BUSCA DA PERFEIÇÃO” (“Whiplash”), 2014, EUA, cuja história é centrada numa
verdadeira guerra psicológica entre um jovem baterista, Andrew (Miles Teller),
e Terence Fletcher (J.K. Simmons), um exigente regente da orquestra de jazz do
Conservatório Shaffer, considerada a melhor escola de música dos EUA. Andrew
quer seguir os passos de seu grande ídolo, o baterista de jazz Buddy Rich. Na
verdade, ele quer ser ainda melhor e, para isso, não se importa em se submeter
a um exaustivo e quase sobre-humano treinamento particular que costuma lhe
tirar sangue das mãos (o ator Miles Teller, de 27 anos, toca bateria desde os
15). Quando se inscreve no Conservatório
Shaffer, Andrew terá Fletcher como seu professor. Aí a coisa vai pegar.
Fletcher encarna no baterista, humilhando-o durante os ensaios e exigindo que
treine ainda mais. Andrew encara de frente o desafio do professor e nem se
importa até mesmo quando este o esbofeteia na frente da orquestra. Pelo contrário, a tortura
psicológica e física vai incentivá-lo ainda mais a superar seus limites e topar o enfrentamento com Fletcher. Sua obsessão
de ser o melhor baterista faz com que ele deixe tudo de lado, inclusive a
namorada que tanto gosta, Nicole (Melissa Benoist). Mas é no embate entre
Andrew e Fletcher que o filme ganha em força e dramaticidade. Mesmo quem não
gosta de música, bateria ou jazz, vai curtir esse grande filme, escrito e
dirigido pelo jovem Damien Chazelle, um talento já comprovado pelo ótimo suspense
“Toque de Mestre”. “WHIPLASH" foi indicado a cinco categorias no Oscar de 2015,
incluindo Melhor Filme e Melhor Ator Coadjuvante (o veterano Simmons). Repito: filmaço!
segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015
"ESCOBAR: PARAÍSO PERDIDO” (“Paradise Lost”) é uma co-produção França/Espanha de 2014
que conta uma história baseada em fatos reais ocorridos no início da década de
90. Os irmãos canadenses Nick (Josh Hutcherson, de “Jogos Vorazes”) e Dylon
(Brady Corbet) chegam a uma praia da Colômbia para surfar. Gostam tanto que
resolvem morar por lá mesmo. Nick vai conhecer a jovem Maria (a atriz espanhola
Claudia Traisa), que nada mais é do que a sobrinha querida do poderoso
traficante Pablo Escobar (Benício Del Toro). Nick é muito bem recebido por Escobar.
“Você é como se fosse meu filho”, diz o traficante, recebendo-o como mais um
integrante da família, a ponto de eliminar sumariamente uma gangue de marginais
que um dia maltratou o novo afilhado. Nick vai perceber, com o tempo, que
pertencer à família de Escobar significa também participar dos negócios. Nick
vai sofrer na própria pele o que Escobar destina aos seus piores inimigos. O ator
espanhol Carlos Bardem, irmão na vida real de Javier, interpreta o braço
direito e o dedo no gatilho de Escobar. Um capanga sanguinário que adora ver
sangue jorrar. Totalmente filmado em locações no Panamá, o filme marca a
estreia na direção do ator e roteirista italiano Andre Di Stefano. Será
difícil, para quem viu Benício Del Toro na pele de Guevara no filme biográfico “Che”,
dissociá-lo da imagem do guerrilheiro, ainda mais quando deixa crescer a barba. O mais interessante do filme é como
Escobar se auto-idolatrava, o que fica bem claro na conversa que tem com um
padre no final, quando dá a entender que está acima de Deus. Teve o fim que
merecia, embora tardio.
“FOXCATCHER – Uma História que chocou o Mundo”, 2014, EUA, é mais um drama baseado em fatos
reais. Conta a história do envolvimento do campeão olímpico de luta greco-romana
Mark Schultz (Channing Tatum) e de seu irmão e treinador David (Mark Ruffalo) com
o excêntrico milionário John du Pont (Steve Carell), herdeiro de uma grande
indústria de armamentos. O filme começa ambientado em 1987, quando Mark e David
treinam para disputar o campeonato mundial da modalidade e com vistas também às
Olimpíadas de Seul, em 1988. Foi nessa época que du Pont entra em contato com
Mark e o convida para treinar em sua enorme fazenda chamada Foxcatcher, onde o
milionário construiu um centro de treinamento, alojamento para atletas e formou
uma equipe própria. Mark aceita o convite, mas seu irmão não. A convivência com
du Pont não será muito boa para Mark – o filme insinua um assédio sexual por
parte de du Pont. Ao perceber que seu irmão está com problemas, David decide ir
para Foxcatcher e participar dos treinamentos. A convivência entre os três será
bastante conflituosa, terminando em tragédia alguns anos depois. O filme,
embora indicado ao Oscar 2015 em cinco categorias, não deve agradar a todo tipo
de público, principalmente o feminino, já que o tema é essencialmente
masculino. Os atores estão muito bem, especialmente Channing Tatoom fazendo
papel de lutador grandalhão meio bobalhão, tanto no jeito de andar como no de
se expressar. Steve Carrel, completamente irreconhecível como du Pont, também
está ótimo. A direção é de Bennett Miller (de “Capote” e “O Homem que mudou o
Jogo”).
domingo, 15 de fevereiro de 2015
O
dia não poderia ser pior para Judd Altman (Jason Bateman). É o dia do
aniversário de sua esposa Quinn (Abigail Spencer) e ele resolve sair do emprego
mais cedo para fazer uma surpresa, levando um bolo de presente. Na verdade, quem vai ter a
surpresa é ele: Quinn está na cama com outro homem. Ainda abalado, Judd recebe
um telefone minutos depois do flagrante: seu pai acaba de falecer. Assim, de forma agitada, começa a comédia “SETE DIAS SEM FIM” (“This is Where I Leave You”), 2014, EUA. No
velório, Judd reencontra, depois de muito tempo sem se ver, os três irmãos Paul
(Corey Stoll), Wendy (Tina Fey) e Phillip (Adam Driver), além da mãe Hillary
(Jane Fonda), uma coroa metida a periguete. Segundo Hillary, o desejo do falecido
é que a família participe da Shivah, uma cerimônia fúnebre tradicional do
judaísmo. Dessa forma, eles ficarão sete dias juntos na casa da mãe, recebendo
convidados. É claro que muitas confusões vão acontecer, desde uma cunhada que assedia Judd sexualmente até o encontro de cigarros de maconha num paletó do falecido. Conflitos
entre os irmãos são inevitáveis e a mãe tentará manter o controle. Aliás, a
melhor reviravolta está reservada para o final, quando Hillary será responsável
por uma notícia que vai chocar a todos – de uma maneira bem-humorada, claro. A
comédia, dirigida por Shawn Levy (de “Uma Noite no Museu”), mantém o ritmo do
começo ao fim. A cada momento está acontecendo um fato novo. Trata-se de uma
ótima opção de entretenimento. Diversão garantida!
Mesmo
no auge de sua carreira, quando fazia bons filmes de ação e estava em
evidência, Nicolas Cage sempre ficou muito longe de ser um bom ator. Essa
distância aumentou ainda mais nos últimos tempos. Cage envelheceu e ficou mais
canastrão, o que pode ser comprovado no recente “O Imperador” e neste “DYING
OF THE LIGHT” (ainda sem tradução por
aqui, embora alguns sites tenham traduzido por conta própria, um por “Morrendo
da Luz” e outro por “Vingança ao Anoitecer”). Trata-se de uma produção de 2014,
direção de Paul Schrader (“Gigolô Americano” e “O Acompanhante”). É um filme
pretensamente de ação e suspense, com Cage fazendo o veterano agente da CIA Evan Lake. Há
mais de 20 anos, Lake foi preso e torturado pelo terrorista muçulmano Muhammad
Banir (Alexander Karim). A tortura foi violenta e Lake carrega sequelas até
hoje. Ele quer vingança. Só que é diagnosticado com demência e obrigado a se
aposentar por invalidez. Em meio a esse dilema, Milton Shultz (Anton Yelchin),
seu colega de CIA, descobre o paradeiro de Banir. Como talvez sua última
missão, Lake resolve viajar para o Quênia, onde se esconde o muçulmano, e
Milton vai junto. Antes, os dois passam por Bucarest (Romênia), onde trabalha o
médico responsável pelo tratamento de Karim, que também está muito doente.
Aliás, a cena em que os dois doentes se encontram é nada menos do que
constrangedora. A atriz francesa Irène Jacob também está no elenco como uma
espiã que teve um antigo caso com Lake. Harrison Ford estava certo para fazer o papel de Lake, mas desistiu no último momento. Quem sabe, com ele, o
resultado teria sido um pouco melhor.
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