domingo, 4 de agosto de 2019


“O CAPITÃO” (“Der Hauptmann”), 2017, Alemanha, 1h59m, roteiro e direção de Robert Schwentke. Baseado em fatos reais, o filme é ambientado durante as duas semanas antes do final da Segunda Guerra Mundial, em abril de 1945. Já prevendo a derrota para os Aliados, milhares de soldados do exército alemão resolvem desertar. Para sobreviver, eles praticam saques em vilarejos e fazendas do interior da Alemanha. “O Capitão” conta a história de um desses desertores, o soldado raso Willi Herald (Max Hubacher), de apenas 21 anos, personagem que existiu de verdade. Fugindo para não ser preso, passando frio, fome e sede, Herald encontra um carro abandonado numa estrada deserta. Dentro, ele encontra o uniforme e os documentos de um capitão, que talvez tenha também desertado ou sido preso. Herald veste o uniforme de oficial e se abriga do frio dentro do veículo. Nisso aparece um soldado dizendo que havia se desgarrado da tropa, mas na verdade era outro desertor. O “capitão” Herald enquadra o soldado e o obriga a fazer reverência a um oficial. Outros desertores aparecem acreditando que Herald realmente é um capitão e passam a obedecê-lo, praticando saques pelo caminho, até chegarem a um campo de prisioneiros destinado a desertores. Às autoridades do campo, Herald afirma que recebeu ordens do próprio Hitler para eliminar esses prisioneiros. Até ser desmascarado, Herald cometerá inúmeras atrocidades, contrariando as autoridades do campo, que receberam a orientação de não executar prisioneiros. Todo esse contexto sugere um drama pesado, com muita violência e assassinatos. Confere, mas não é só. O roteirista e diretor alemão Robert Schwentuke recheou o filme com momentos de muito humor e cenas hilariantes, principalmente aquelas em que Herald tenta se impor na base de gritos e dos “Heil Hitler!”. Todo esse humor é, na verdade, uma sátira mordaz ao nazismo e ao poder exercido por uma farda. O grande trunfo do filme é a atuação do jovem ator suíço Max Hubacher, sensacional. O diretor Schwentke também acertou em cheio quando optou pela fotografia em preto e branco (do fotógrato Florian Ballhaus). Depois de uma passagem por Hollywood, onde fez filmes de qualidade duvidosa, como os dois da série “Divergente” e ainda “R.I.P.D – Agentes do Além” e “Red – Aposentados e Perigosos”, o diretor alemão retorna ao seu país de origem realizando um filme excelente, surpreendente e inteligente. “O Capitão” é um filmaço! (Não deixem de assistir aos créditos finais, durante os quais está reservada uma ótima surpresa).