“O CAPITÃO” (“Der
Hauptmann”), 2017, Alemanha, 1h59m, roteiro e direção de Robert Schwentke.
Baseado em fatos reais, o filme é ambientado durante as duas semanas antes do
final da Segunda Guerra Mundial, em abril de 1945. Já prevendo a derrota para
os Aliados, milhares de soldados do exército alemão resolvem desertar. Para
sobreviver, eles praticam saques em vilarejos e fazendas do interior da
Alemanha. “O Capitão” conta a história de um desses desertores, o soldado raso
Willi Herald (Max Hubacher), de apenas 21 anos, personagem que existiu de
verdade. Fugindo para não ser preso, passando frio, fome e sede, Herald encontra
um carro abandonado numa estrada deserta. Dentro, ele encontra o uniforme e os
documentos de um capitão, que talvez tenha também desertado ou sido preso. Herald
veste o uniforme de oficial e se abriga do frio dentro do veículo. Nisso
aparece um soldado dizendo que havia se desgarrado da tropa, mas na verdade era
outro desertor. O “capitão” Herald enquadra o soldado e o obriga a fazer
reverência a um oficial. Outros desertores aparecem acreditando que Herald realmente
é um capitão e passam a obedecê-lo, praticando saques pelo caminho, até chegarem
a um campo de prisioneiros destinado a desertores. Às autoridades do campo,
Herald afirma que recebeu ordens do próprio Hitler para eliminar esses
prisioneiros. Até ser desmascarado, Herald cometerá inúmeras atrocidades,
contrariando as autoridades do campo, que receberam a orientação de não
executar prisioneiros. Todo esse contexto sugere um drama pesado, com muita violência
e assassinatos. Confere, mas não é só. O roteirista e diretor alemão Robert
Schwentuke recheou o filme com momentos de muito humor e cenas hilariantes, principalmente
aquelas em que Herald tenta se impor na base de gritos e dos “Heil Hitler!”. Todo
esse humor é, na verdade, uma sátira mordaz ao nazismo e ao poder exercido por
uma farda. O grande trunfo do filme é a atuação do jovem ator suíço Max Hubacher,
sensacional. O diretor Schwentke também acertou em cheio quando optou pela
fotografia em preto e branco (do fotógrato Florian Ballhaus). Depois de uma
passagem por Hollywood, onde fez filmes de qualidade duvidosa, como os dois da série
“Divergente” e ainda “R.I.P.D – Agentes do Além” e “Red – Aposentados e
Perigosos”, o diretor alemão retorna ao seu país de origem realizando um filme excelente,
surpreendente e inteligente. “O Capitão” é um filmaço! (Não deixem de assistir aos créditos finais, durante os quais está reservada uma ótima surpresa).