“PARTIDA FRIA” (“THE COLDEST
GAME”), 2019, Polônia, produção da Netflix (estreou dia 8 de fevereiro
de 2020), 1h40m, roteiro e direção de Lukasz Kosmicki – é o seu primeiro longa-metragem;
eu seu país, Kosmicki é mais conhecido como diretor de séries televisivas. O pano
de fundo da história é a crise dos mísseis em Cuba, em 1962, no auge da guerra
fria que colocou em cada lado do ringue mundial os EUA e a União Soviética. Nesse
contexto, o professor norte-americano de matemática Joshua Mansky (Bill
Pullman), um gênio no xadrez, é cooptado – “obrigado” seria a palavra mais
correta – pela CIA para disputar uma série de partidas com o campeão russo
Gavrylow em Varsóvia. O objetivo da inteligência norte-americana é utilizar Mansky
para tentar identificar um espião russo de codinome Gift, capaz de confirmar se
os russos têm ogivas nucleares em Cuba. Só que a turma da KGB, chefiada pelo
General Krutov (Aleksey Serebryakov), descobre a intenção dos norte-americanos e
parte para o ataque, implementando ações que podem colocar em perigo a vida de
Mansky. Como quase todo filme de espionagem, o roteiro demora a engrenar, ou
seja, esclarecer o que está acontecendo, dificultando o entendimento por parte
do espectador. O filme é todo falado em inglês, com alguns diálogos em polonês
e russo. Também estão no elenco a atriz holandesa Lotte Verbeek e os atores James
Bloor e Robert Wieckicewicz, este último do polonês “Clero”. Como informação
adicional, este foi o último filme produzido por Piotr Wozniak-Starak, que
morreu antes da exibição de estreia. Resumo da ópera: indicado apenas para aqueles
que curtem filmes de espionagem.
sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020
“ELISA
E MARCELA”, 2019, roteiro e direção de Isabel Coixet, 1h58m,
roteiro e direção de Isabel Coixet. Produção espanhola da Netflix, cuja
primeira exibição ocorreu em fevereiro de 2019 no Festival de Cinema de Berlim e
lançada em maio no circuito comercial da Espanha. A história é verídica,
baseada em acontecimentos ocorridos entre o fim do século 19 e começo do 20.
Para escrever o roteiro, Coixet se baseou no livro biográfico “Elisa e Marcela –
Más Allá de Los Hombres” (“Elisa e Marcela – Além dos Homens”, escrito por
Narciso de Gabriel. Elisa Sanchez Loriga (Natalia de Molina) e Marcela Gracia
Ibeas (Greta Fernández) se conhecem ainda jovens quando cursavam a Escola de
Formação de Professores e o amor foi à primeira vista. Daí para a cama foi um
passo. Em 1901, elas resolveram se casar e, para isso, Elisa se travestiu de homem,
intitulando-se Mario e utilizando os documentos de um tio falecido. Casaram-se
na Igreja de San Jorge, na região de Coruña, na Galícia. Embora o padre tenha
sido enganado, o casamento foi legalmente oficial, tendo sido considerado mais
tarde a primeira união homossexual da Europa. Não demora muito para que a verdadeira
identidade de Mario seja revelada, culminando com a prisão das duas amantes,
que depois são obrigadas a fugir para Portugal e depois para a Argentina.
Rodado em preto e branco, o filme contém cenas ardentes de sexo entre as protagonistas,
mas sem chocar, tudo filmado com bom gosto erótico e nada explícito. Como aval
de qualidade, lembro que a roteirista e diretora espanhola Isabel Coixet tem no
currículo alguns bons filmes, como “Minha Vida Sem Mim”, “Confissões de um
Apaixonado” e “A Vida Secreta das Palavras”. A bela e excelente atriz Natalia
de Molina eu já conhecia de outros filmes. Recomendo!
terça-feira, 25 de fevereiro de 2020
“CLERO” (“KLER”), 2018, Polônia,
2h13m, roteiro e direção de Wojciech Smarzowski (“Wolyn”). Inacreditável
que um filme tão bom não tenha sido exibido por aqui. Trata-se de um drama com
uma contundente, corrosiva e impiedosa crítica à Igreja Católica, em especial
aos padres poloneses. A história é centrada em três padres pilantras ao
extremo. Um é pedófilo, abusa sexualmente de um menino órfão cego. O outro é alcoólatra e tem
amante e filho; o terceiro faz negociatas com licitações de obras das igrejas,
trabalhando em favor de um mafioso. Além dos pecados citados, os três têm em
comum também rotineiras bebedeiras homéricas, nas quais a vodka é ingerida
como água - não a santa. As maracutaias também envolvem o arcebispo da Cracóvia,
cidade ao sul da Polônia. Enfim, mais uma cutucada – eu diria um violento chute
- nas feridas da Igreja Católica, com ênfase na pedofilia – no filme, o diretor
Smarzowski coloca várias pessoas que foram abusadas por padres poloneses dando os
seus dramáticos depoimentos, numa sequência de cenas bastante chocantes. Quando estreou na Polônia, um país onde 85% da
população é católica, o filme causou grande impacto e repercussão, levando às
salas de cinema mais de um milhão de espectadores nas primeiras semanas de
exibição, batendo recordes de bilheteria, assim como aconteceu na Islândia,
Noruega e Irlanda. Infelizmente, não foi exibido por aqui. Alguém sabe por quê? Pela sua
abordagem denunciando os podres da Igreja e dos padres poloneses, o filme chocou
políticos conservadores daquele país e levou o vice-ministro da Cultura a afirmar
que “Kler” utilizou “estereótipos negativos” e tratou a Igreja Católica
injustamente. Do ótimo elenco, conhecia apenas dois atores: Arkadiusz Jakubik (“Noite
Silenciosa”, I’m a Killer” e “A Arte de Amar”) e a bela Joanna Kulig (“Guerra
Fria” e “Agnus Dei”). IMPERDÍVEL com maiúscula!
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