terça-feira, 25 de fevereiro de 2020


“CLERO” (“KLER”), 2018, Polônia, 2h13m, roteiro e direção de Wojciech Smarzowski (“Wolyn”). Inacreditável que um filme tão bom não tenha sido exibido por aqui. Trata-se de um drama com uma contundente, corrosiva e impiedosa crítica à Igreja Católica, em especial aos padres poloneses. A história é centrada em três padres pilantras ao extremo. Um é pedófilo, abusa sexualmente de um menino órfão cego. O outro é alcoólatra e tem amante e filho; o terceiro faz negociatas com licitações de obras das igrejas, trabalhando em favor de um mafioso. Além dos pecados citados, os três têm em comum também rotineiras bebedeiras homéricas, nas quais a vodka é ingerida como água - não a santa. As maracutaias também envolvem o arcebispo da Cracóvia, cidade ao sul da Polônia. Enfim, mais uma cutucada – eu diria um violento chute - nas feridas da Igreja Católica, com ênfase na pedofilia – no filme, o diretor Smarzowski coloca várias pessoas que foram abusadas por padres poloneses dando os seus dramáticos depoimentos, numa sequência de cenas bastante chocantes.  Quando estreou na Polônia, um país onde 85% da população é católica, o filme causou grande impacto e repercussão, levando às salas de cinema mais de um milhão de espectadores nas primeiras semanas de exibição, batendo recordes de bilheteria, assim como aconteceu na Islândia, Noruega e Irlanda. Infelizmente, não foi exibido por aqui. Alguém sabe por quê? Pela sua abordagem denunciando os podres da Igreja e dos padres poloneses, o filme chocou políticos conservadores daquele país e levou o vice-ministro da Cultura a afirmar que “Kler” utilizou “estereótipos negativos” e tratou a Igreja Católica injustamente. Do ótimo elenco, conhecia apenas dois atores: Arkadiusz Jakubik (“Noite Silenciosa”, I’m a Killer” e “A Arte de Amar”) e a bela Joanna Kulig (“Guerra Fria” e “Agnus Dei”). IMPERDÍVEL com maiúscula!      

Nenhum comentário: