“CLERO” (“KLER”), 2018, Polônia,
2h13m, roteiro e direção de Wojciech Smarzowski (“Wolyn”). Inacreditável
que um filme tão bom não tenha sido exibido por aqui. Trata-se de um drama com
uma contundente, corrosiva e impiedosa crítica à Igreja Católica, em especial
aos padres poloneses. A história é centrada em três padres pilantras ao
extremo. Um é pedófilo, abusa sexualmente de um menino órfão cego. O outro é alcoólatra e tem
amante e filho; o terceiro faz negociatas com licitações de obras das igrejas,
trabalhando em favor de um mafioso. Além dos pecados citados, os três têm em
comum também rotineiras bebedeiras homéricas, nas quais a vodka é ingerida
como água - não a santa. As maracutaias também envolvem o arcebispo da Cracóvia,
cidade ao sul da Polônia. Enfim, mais uma cutucada – eu diria um violento chute
- nas feridas da Igreja Católica, com ênfase na pedofilia – no filme, o diretor
Smarzowski coloca várias pessoas que foram abusadas por padres poloneses dando os
seus dramáticos depoimentos, numa sequência de cenas bastante chocantes. Quando estreou na Polônia, um país onde 85% da
população é católica, o filme causou grande impacto e repercussão, levando às
salas de cinema mais de um milhão de espectadores nas primeiras semanas de
exibição, batendo recordes de bilheteria, assim como aconteceu na Islândia,
Noruega e Irlanda. Infelizmente, não foi exibido por aqui. Alguém sabe por quê? Pela sua
abordagem denunciando os podres da Igreja e dos padres poloneses, o filme chocou
políticos conservadores daquele país e levou o vice-ministro da Cultura a afirmar
que “Kler” utilizou “estereótipos negativos” e tratou a Igreja Católica
injustamente. Do ótimo elenco, conhecia apenas dois atores: Arkadiusz Jakubik (“Noite
Silenciosa”, I’m a Killer” e “A Arte de Amar”) e a bela Joanna Kulig (“Guerra
Fria” e “Agnus Dei”). IMPERDÍVEL com maiúscula!
Nenhum comentário:
Postar um comentário