sábado, 17 de fevereiro de 2018

Sempre gostei de filmes sobre jornalismo, principalmente aqueles que envolvem os bastidores da política. Se for dos Estados Unidos, então, melhor ainda. É o caso do ótimo “THE POST – A GUERRA SECRETA” (“THE POST”), dirigido pelo grande Steven Spielberg, com roteiro de Liz Hannah e Josh Singer. O filme aborda um caso ocorrido em 1971, envolvendo a revelação, por parte dos jornais New York Times e The Washington Post, de um estudo sobre a Guerra do Vietnã encomendado por Robert McNamara, ex-Secretário de Defesa dos governos Kennedy e Lyndon Johnson. A revelação é fantástica e bombástica, pois revela que os governos dos EUA, desde Eisenhower, sabiam que a entrada nos EUA na Guerra do Vietnã seria um engano terrível (como realmente foi), colocando em risco a vida de milhares de jovens soldados norte-americanos. O New York Times revelou uma parte da história, sem muitos detalhes. O governo Nixon processou o jornal e proibiu que novas reportagens sobre o assunto fossem publicadas. Logo depois o The Washington Post conseguiria a íntegra desse documento secreto, num trabalho investigativo de um dos seus melhores repórteres. A decisão de publicá-lo ou não é a grande questão levantada pelo filme. A ordem teria que ser dada pelo editor-chefe Ben Bradlee (Tom Hanks), com o aval da proprietária do jornal, Kat Ghraham (Meryl Streep). O suspense domina o filme totalmente a partir da sua metade, garantindo um ótimo entretenimento. O filme foi indicado para disputar duas categorias no Oscar 2018: Melhor Filme e Melhor Atriz (Meryl Streep). 

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Ao receber 13 indicações, incluindo Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Atriz, além de ter vencido o Festival de Veneza, “A FORMA DA ÁGUA” (“The Shape of Water”), com roteiro e direção de Guillermo Del Toro (Vanessa Taylor ajudou no roteiro), é o grande favorito para vencer nas principais categorias do Oscar 2018. O filme tem tudo para agradar os fãs de cinema: ação, romance, fantasia, mocinho e bandido (no caso mocinha), suspense, humor e algumas pitadas de erotismo (sexo e masturbação), mas sem nenhuma apelação, além de um show de cenografia, fotografia e recriação de época. A história é ambientada no início dos anos 60 do século passado, quando a Guerra Fria estava no seu ponto mais crítico. Foi quando cientistas ligados ao Exército norte-americano capturam na Amazônia uma criatura estranha, um homem anfíbio. Os militares acreditavam que a descoberta poderia ser um trunfo para derrotar a União Soviética numa possível guerra. Dessa forma, o ser estranho é aprisionado para estudos num laboratório experimental secreto do governo dos EUA, onde trabalham como faxineiras Elisa Esposito (Sally Hawkins) e Zelda (Octavia Spencer). Elisa é muda, vive uma vida solitária e infeliz. Ela é quem vai conseguir se comunicar com o homem anfíbio, iniciando um improvável romance. A história também tem um vilão de qualidade, Richard Strickland, interpretado com maestria por Michael Shannon. O destaque principal vai para a atriz inglesa Sally Hawkins, que dá um show de interpretação sem falar uma palavra. “A Forma da Água” é, sem dúvida, um dos melhores filmes feitos nos últimos anos por Hollywood, graças, principalmente, ao diretor mexicano Guillermo Del Toro. Trump deve estar se remoendo... IMPERDÍVEL!

domingo, 11 de fevereiro de 2018

“FUKUSHIMA, MEU AMOR” (“Grüsse Aus Fukushima”), 2016, Alemanha, roteiro e direção de Doris Dörrie (do maravilhoso "Hamami: Cerejeiras em Floor”). A relação do título com o filme “Hiroshima, Mon Amour”, de Alain Resnais, de 1959, não é gratuita. No filme do grande diretor francês, o tema era a cidade devastada de Hiroshima. No caso da diretora alemã, o assunto é a destruição quase que total da cidade de Fukushima, atingida por um terremoto, um tsunami e um acidente nuclear em 2011, transformando-se numa verdadeira “cidade-fantasma”. O filme começa com a desilusão amorosa da jovem alemã Marie (Rosalie Thomass), abandonada pelo noivo às vésperas do casamento. Tomada pelo desespero, ela resolve ingressar na organização “Clowns4 Help” (ONG semelhante aos “Palhaços sem Fronteira”), criada pela prefeitura de Fukushima para entreter os poucos habitantes que restaram na cidade. O filme, inteiramente em preto e branco (uma excelente escolha estética da diretora), dá destaque à amizade da jovem alemã com Satomi (Kaori Momoi), uma mulher de meia idade que perdeu toda a família na tragédia. Apesar do contexto dramático, o filme tem muitos momentos sensíveis e outros bastante bem-humorados, como a dificuldade da alemã em assimilar alguns ensinamentos da filosofia de vida dos japoneses. Entre as cenas de maior sensibilidade, destaco aquelas em que Satomi ensina Marie os rituais para fazer e tomar chá. “Fukushima, Meu Amor” é um belo filme, um ótimo entretenimento e cinema de alta qualidade. Não deixe de ver!       
“DÓLARES DE AREIA” (“DÓLARES DE ARENA”), 2014, República Dominicana/México/Argentina, roteiro e direção do casal Laura Amelia Guzmán e Israel Cárdenas, ela dominicana e ele mexicano. Um dos raros filmes feitos no país caribenho e muito elogiado pela crítica especializada, além de premiado nos festivais do Cairo, Chicago, Havana e Ceará. Vários críticos trataram o filme como “uma preciosidade do Cinema Latino-Americano”. A história é baseada no livro “Les Dollars des Sables”, escrito pelo francês Jean-Noël Pancrazi e lançado em 2006. O roteiro tem como pano de fundo o turismo sexual, prática muito em voga em cidades de praia do Caribe e do Brasil. O título do filme já explica o contexto da história. Na pequena cidade litorânea de Samana (República Dominicana), a jovem Noeli (Yanet Mojica) vive de aplicar golpes em turistas, principalmente italianos, franceses e alemães. O sexo, evidentemente, faz parte da programação. 0 cúmplice de Noeli é seu namorado e cafetão Toríbio (Ricardo Ariel). Uma de suas “vítimas” é a francesa Anne (Geraldine Chaplin, a filha do Charles). Embora de início Noeli tente enganar Anne, aos poucos uma relação muito forte de afetividade cresce entre as duas, apesar da enorme diferença de idade. Anne até promete a Noeli levá-la para viver em Paris, onde teria oportunidade de mudar de vida. Os acontecimentos futuros, porém, dificultarão esse plano. Com uma fotografia deslumbrante, o filme realmente é uma preciosidade que precisa ser conhecida, mesmo que não tenha sido exibido por aqui no circuito  comercial, o que foi uma pena. Somente foi exibido durante a 38ª Mostra de Cinema de São Paulo e no Festival do Ceará. Imperdível!