Sempre gostei de filmes sobre jornalismo, principalmente
aqueles que envolvem os bastidores da política. Se for dos Estados Unidos,
então, melhor ainda. É o caso do ótimo “THE
POST – A GUERRA SECRETA” (“THE POST”),
dirigido pelo grande Steven Spielberg, com roteiro de Liz Hannah e Josh Singer.
O filme aborda um caso ocorrido em 1971, envolvendo a revelação, por parte dos
jornais New York Times e The Washington Post, de um estudo sobre a Guerra do
Vietnã encomendado por Robert McNamara, ex-Secretário de Defesa dos governos
Kennedy e Lyndon Johnson. A revelação é fantástica e bombástica, pois revela que
os governos dos EUA, desde Eisenhower, sabiam que a entrada nos EUA na Guerra
do Vietnã seria um engano terrível (como realmente foi), colocando em risco a
vida de milhares de jovens soldados norte-americanos. O New York Times revelou uma
parte da história, sem muitos detalhes. O governo Nixon processou o jornal e
proibiu que novas reportagens sobre o assunto fossem publicadas. Logo depois o The
Washington Post conseguiria a íntegra desse documento secreto, num trabalho
investigativo de um dos seus melhores repórteres. A decisão de publicá-lo ou
não é a grande questão levantada pelo filme. A ordem teria que ser dada pelo
editor-chefe Ben Bradlee (Tom Hanks), com o aval da proprietária do jornal, Kat Ghraham
(Meryl Streep). O suspense domina o filme totalmente a partir da sua metade,
garantindo um ótimo entretenimento. O filme foi indicado para disputar duas
categorias no Oscar 2018: Melhor Filme e Melhor Atriz (Meryl Streep).
sábado, 17 de fevereiro de 2018
sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018
Ao receber 13 indicações, incluindo Melhor
Filme, Melhor Diretor e Melhor Atriz, além de ter vencido o Festival de Veneza, “A
FORMA DA ÁGUA” (“The Shape of Water”), com roteiro e direção de Guillermo
Del Toro (Vanessa Taylor ajudou no roteiro), é o grande favorito para vencer
nas principais categorias do Oscar 2018. O filme tem tudo para agradar os fãs de cinema:
ação, romance, fantasia, mocinho e bandido (no caso mocinha), suspense, humor e
algumas pitadas de erotismo (sexo e masturbação), mas sem nenhuma apelação,
além de um show de cenografia, fotografia e recriação de época. A história é
ambientada no início dos anos 60 do século passado, quando a Guerra Fria estava
no seu ponto mais crítico. Foi quando cientistas ligados ao Exército
norte-americano capturam na Amazônia uma criatura estranha, um homem anfíbio. Os
militares acreditavam que a descoberta poderia ser um trunfo para derrotar a União
Soviética numa possível guerra. Dessa forma, o ser estranho é aprisionado para
estudos num laboratório experimental secreto do governo dos EUA, onde trabalham
como faxineiras Elisa Esposito (Sally Hawkins) e Zelda (Octavia Spencer). Elisa
é muda, vive uma vida solitária e infeliz. Ela é quem vai conseguir se comunicar
com o homem anfíbio, iniciando um improvável romance. A história também tem um
vilão de qualidade, Richard Strickland, interpretado com maestria por Michael Shannon.
O destaque principal vai para a atriz inglesa Sally Hawkins, que dá um show de
interpretação sem falar uma palavra. “A Forma da Água” é, sem dúvida, um dos
melhores filmes feitos nos últimos anos por Hollywood, graças, principalmente,
ao diretor mexicano Guillermo Del Toro. Trump deve estar se remoendo... IMPERDÍVEL!
domingo, 11 de fevereiro de 2018
“FUKUSHIMA, MEU AMOR” (“Grüsse
Aus Fukushima”),
2016, Alemanha, roteiro e direção de Doris Dörrie (do maravilhoso "Hamami:
Cerejeiras em Floor”). A relação do título com o filme “Hiroshima, Mon Amour”,
de Alain Resnais, de 1959, não é gratuita. No filme do grande diretor francês,
o tema era a cidade devastada de Hiroshima. No caso da diretora alemã, o
assunto é a destruição quase que total da cidade de Fukushima, atingida por um
terremoto, um tsunami e um acidente nuclear em 2011, transformando-se numa
verdadeira “cidade-fantasma”. O filme começa com a desilusão amorosa da jovem
alemã Marie (Rosalie Thomass), abandonada pelo noivo às vésperas do casamento.
Tomada pelo desespero, ela resolve ingressar na organização “Clowns4 Help” (ONG
semelhante aos “Palhaços sem Fronteira”), criada pela prefeitura de Fukushima
para entreter os poucos habitantes que restaram na cidade. O filme, inteiramente
em preto e branco (uma excelente escolha estética da diretora), dá destaque à
amizade da jovem alemã com Satomi (Kaori Momoi), uma mulher de meia idade que perdeu toda a
família na tragédia. Apesar do contexto dramático, o filme tem muitos momentos
sensíveis e outros bastante bem-humorados, como a dificuldade da alemã em assimilar alguns ensinamentos da filosofia de vida dos japoneses. Entre as cenas de maior sensibilidade, destaco aquelas em que Satomi ensina Marie os rituais para fazer e tomar chá. “Fukushima, Meu Amor” é um belo filme, um ótimo entretenimento e cinema de alta qualidade. Não deixe de ver!
“DÓLARES DE AREIA” (“DÓLARES
DE ARENA”), 2014,
República Dominicana/México/Argentina, roteiro e direção do casal Laura Amelia
Guzmán e Israel Cárdenas, ela dominicana e ele mexicano. Um dos raros filmes
feitos no país caribenho e muito elogiado pela crítica especializada, além de
premiado nos festivais do Cairo, Chicago, Havana e Ceará. Vários críticos trataram
o filme como “uma preciosidade do Cinema Latino-Americano”. A história é
baseada no livro “Les Dollars des Sables”, escrito pelo francês Jean-Noël
Pancrazi e lançado em 2006. O roteiro tem como pano de fundo o turismo sexual,
prática muito em voga em cidades de praia do Caribe e do Brasil. O título do
filme já explica o contexto da história. Na pequena cidade litorânea de Samana
(República Dominicana), a jovem Noeli (Yanet Mojica) vive de aplicar golpes em
turistas, principalmente italianos, franceses e alemães. O sexo, evidentemente,
faz parte da programação. 0 cúmplice de Noeli é seu namorado e cafetão Toríbio (Ricardo
Ariel). Uma de suas “vítimas” é a francesa Anne (Geraldine Chaplin, a filha do
Charles). Embora de início Noeli tente enganar Anne, aos poucos uma relação
muito forte de afetividade cresce entre as duas, apesar da enorme diferença de
idade. Anne até promete a Noeli levá-la para viver em Paris, onde teria
oportunidade de mudar de vida. Os acontecimentos futuros, porém, dificultarão
esse plano. Com uma fotografia deslumbrante, o filme realmente é uma preciosidade
que precisa ser conhecida, mesmo que não tenha sido exibido por aqui no
circuito comercial, o que foi uma pena. Somente foi exibido durante a 38ª Mostra de Cinema de São Paulo e no Festival do Ceará. Imperdível!
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