sábado, 25 de novembro de 2017

Mais um filme daqueles para dar inveja do cinema argentino. Mesmo que não seja dos melhores, mas é muito bom. Estou falando de “O CIDADÃO ILUSTRE” (“EL CIUDADANO ILUSTRE”), 2016, direção da dupla Gaston Duprat/Mariano Cohn (“O Homem do Lado”), com roteiro de Andrés Duprat. A história é centrada no escritor argentino Daniel Mantovani (Oscar Martinez), que acaba de receber o Prêmio Nobel de Literatura. Rico, famoso, vaidoso, egocêntrico e um tanto arrogante, ele vive numa bela casa em Barcelona. Depois do Nobel, ele passa a receber inúmeros convites para palestras, homenagens e entrevistas, rejeitando a todos, menos um: o convite para receber o título de “Cidadão Ilustre” em sua pequena cidade natal, Salas, no interior da Argentina. Foi de lá que, há quarenta anos, Daniel saiu para tentar a vida como escritor na Europa. Deu certo. Publicou dezenas de livros, muitos deles sucesso de vendas e de crítica. Daí o Nobel. Ao chegar a Salas, Daniel é homenageado com um busto na praça principal, recebe o convite para presidir um júri de um concurso de pinturas e para proferir palestras sobre a arte em geral. A levada do filme é de comédia, com muitas situações bastante hilariantes. Ao mesmo tempo, motiva reflexões acerca do choque cultural evidente entre o escritor famoso, culto e bem sucedido, e as pessoas de origem simples, que não evoluíram culturalmente e nem por isso deixaram de ser importantes na vida do escritor, haja vista que muitos de seus livros foram baseados em histórias e personagens de sua antiga cidade. O filme estreou no Festival de Veneza 2016, de onde saiu com o Prêmio de Melhor Ator para Oscar Martinez, também conhecido por ter atuado em “Ninho Vazio”, “Inseparáveis”, “Kóblic”, “Relatos Selvagens” e “Paulina”. Sem dúvida, um dos melhores atores argentinos da atualidade, ao lado de Ricardo Darín. “O Cidadão Ilustre” foi o filme de maior bilheteria na Argentina em 2016. Além de Oscar Martinez, estão no elenco Belén Chavanne, Andrea Frigerio, Gustavo Garzón e Dady Brieva.   

terça-feira, 21 de novembro de 2017

Em abril de 1980, terroristas ligados à Frente Nacional do Khuzistão invadiram a Embaixada do Irã em Londres fazendo 26 reféns. A exigência dos terroristas: que o governo iraniano libertasse 91 militantes da FNK que estavam presos no Irã. “6 DIAS” (“6 DAYS”), produção da Netflix que estreou no dia 9 de setembro de 2017, conta os detalhes desse episódio, a tomada da embaixada, os bastidores das negociações, o trabalho da imprensa, o planejamento do grupo especial do SAS (Special Air Service) encarregado de invadir o prédio e soltar os reféns, além do desfecho violento. Nos papéis principais, o ator Jamie Bell (quem se lembra dele, adolescente, na pele de “Billy Elliot”, de 2000?) como o soldado líder do grupo SAS, Mark Strong, como o negociador, e Abbie Cornish como a repórter televisiva que ganhou fama depois de um excelente trabalho de cobertura. O filme também destaca a firme posição de Margaret Tatcher, que assumira recentemente o cargo de primeira-ministra do Reino Unido. Ela não admitiu, em nenhum momento, qualquer tipo de negociação com os sequestradores. Toa Fraser assina a direção e Glenn Standring o roteiro. Vale assistir apenas para relembrar o que aconteceu, mas, como cinema, deixa muito a desejar. Faltou tensão e ação. Ficou parecendo um filme-reportagem.  

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

“ATRÁS DAS NUVENS” (“Achter De Wolken”), 2016, Bélgica, é o primeiro longa-metragem dirigido por Cecília Verheyden, com roteiro de Michael DeCock. Trata-se de um drama que explora a paixão ardente entre uma mulher e um homem na terceira idade. O filme começa mostrando o velório do marido de Emma (Chris Lomme). Um dos presentes é Gerard (Jo De Meyere), muito amigo do falecido e antigo admirador de Emma. Ele não a via há 50 anos e, ao reencontrá-la, reavivou a antiga paixão. Dessa forma, passou a assediá-la, utilizando as mais elementares armas da conquista, a começar com um buquê de flores – a cena em que ele vai entregar o buquê é hilariante. Conversa vai, conversa vem, acabam se apaixonando ardentemente. Eles, porém, encontrarão a forte resistência de Jacky (Katelijne Verbeke), a filha infeliz e mal-amada de Emma, que não se conforma com o repentino romance. A única a dar força a Emma é sua neta, Evelien (a graciosa Charlotte de Bruyne). Aqui, o tema da paixão na terceira idade é tratado com rara sensibilidade, inclusive nas cenas de sexo. Sim, tem sexo! A atriz Chris Lomme e o ator Jo De Meyere, ambos de 78 anos, dão um show de interpretação, tornando o filme ainda mais irresistível. Pena que não tenha chegado por aqui. Imperdível!    

domingo, 19 de novembro de 2017

“MONSIEUR & MADAME ADELMAN”, França, 2016, primeiro filme dirigido pelo ator e roteirista Nicolas Bedos. A história: logo depois da morte do escritor de grande sucesso Victor Adelman (Bedos, o diretor), sua viúva Sarah (Doria Tillier) resolve contar a um jornalista – que pretende escrever uma biografia do falecido tudo sobre o seu relacionamento de 45 anos com o escritor. A trajetória do casal é acompanhada desde 1971, quando se conhecem, até a morte dele, em 2016. Como pano de fundo, alguns dos fatos marcantes da vida cultural e política da França. Uma verdadeira e conturbada história de amor, pontuada por momentos dramáticos e outros de muito bom humor. Os diálogos são muito inteligentes, pontuados por certa erudição e engraçados, resultando em cenas bastante hilariantes, como as consultas do escritor com seu psicanalista e os jantares durante os quais um apresenta a família para o outro. Para fechar a história com chave de ouro, esse maravilhoso filme francês ainda reserva para o seu desfecho revelações surpreendentes acerca da vida do casal. A atriz Doria Tillier faz sua estreia no cinema – é mais conhecida por sua participação em séries da TV francesa. E que atriz maravilhosa. É a alma do filme, embora Bedos também esteja ótimo. Um trabalho primoroso, duas horas de puro prazer cinematográfico, um filme para ficar na memória de quem curte cinema de qualidade. Simplesmente imperdível!