sexta-feira, 3 de julho de 2020


“BALA PERDIDA” (“Balle Perdue”), 2020, França, 1h32m, disponível na Netflix desde o dia 19 de junho de 2020, direção de Guillaume Pierret (é o seu primeiro longa-metragem), que também assina o roteiro com a colaboração do ator Alban Lenoir (principal protagonista). É um filme policial com muita ação e violência. Alguns críticos profissionais o comparam à série “Velozes e Furiosos”, o que não concordo, pois “Bala Perdida” é muito melhor e mais inteligente, enquanto o outro é mais uma bobagem do cinema de ação. A história de “Bala Perdida” é toda centrada no mecânico de automóveis Lino (Alban Lenoir), um gênio na turbinagem de motores e equipamentos de proteção capazes de tornar o veículo tão forte a ponto de derrubar paredes de concreto. Foi numa tentativa de assaltar uma joalheria que Lino acabou sendo preso. Por causa de sua habilidade com carros e motores, Lino foi recrutado pelo detetive Charas (Ramzy Bedia) para transformar as viaturas policiais em veículos mais potentes. Em meses de trabalho, Lino ganhou a confiança do pessoal da delegacia e ainda teve um caso com a policial novata Julia (Stéfi Celma). Porém, a vida de Lino se transforma num inferno a partir do assassinato de Charas, seu mentor e protetor. Lino testemunha a tragédia e logo é considerado suspeito pelo detetive Areski (Nicolas Duvauchele), um policial corrupto que tem responsabilidade no crime. Enfim, “Bala Perdida” tem tudo para agradar aos fãs de filmes de ação, ou seja, uma história legal, muita pancadaria, tiros e cenas de perseguição muito bem feitas. Com justiça, é, atualmente, um dos filmes mais vistos da Netflix. Entretenimento garantido!    

quinta-feira, 2 de julho de 2020


“ADÚ”, 2020, Espanha, distribuição dfa Netflix (estreou no dia 30 de junho de 2020), 1h49m, com roteiro de Alejandro Hernandes e direção de Salvador Calvo. O pano de fundo é a questão dos imigrantes africanos que querem fugir de seus países para tentar uma vida melhor na Europa, a matança indiscriminada de animais na África e a violência policial nas fronteiras. O roteiro transcorre em três frentes. A principal delas no Congo, envolvendo Adú (Moustapha Oumarou), um garoto de seis anos que, ao lado da irmã, testemunha um crime num parque de preservação animal. Adú e a irmã ficam com medo de represálias e resolvem fugir, iniciando uma grande aventura. A segunda frente diz respeito a três policiais de fronteira que atuam no extremo norte da África, acusados de praticar atos violentos contra refugiados que tentavam atravessar o Estreito de Gibraltar. E, por fim, o roteiro destaca o difícil trabalho de Gonzalo (Luis Tosar), que preside uma Ong que luta pela sobrevivência dos elefantes na África. Como se não bastasse, ainda recebe a visita da filha Sandra (a ótima Anna Castillo), uma jovem rebelde e irresponsável. Das três histórias, a que é melhor desenvolvida é, sem dúvida, a do garoto Adú. Por terra, pelo mar e até pelo ar, o menino enfrentará muitos desafios, que tentará superar ao lado da irmã e de outro refugiado e novo amigo de andanças, o somaliano Massar (Adam Nourou). “Adú” é muito realista e impactante, mostrando a triste realidade que assola a África, num cenário de muita pobreza e desesperança. Um filme que, apesar do contexto dramático, consegue ao mesmo tempo ser bastante sensível e comovente. Em seu primeiro longa-metragem como diretor, Salvador Calvo acertou em cheio. E que descoberta ele fez ao encontrar o garoto Moustapha Oumarou para representar Adú. Ele é a alma do filme.

quarta-feira, 1 de julho de 2020


“SONI”, 2018, Índia, produção e distribuição Netflix, 1h37m, roteiro e direção de Ivan Ayr. O pano de fundo da história é a questão da violência sexual contra as mulheres no país de Mahatma Gandhi. Segundo especialistas da Thomson Reuters Foudation, a Índia é o país mais perigoso do mundo para as mulheres. Partindo desse contexto, o cineasta Iva Ayr resolveu explorar o assunto através do cotidiano de duas policiais da capital Nova Délhi. Kaldana Ummat (Saloni Batra) é a inspetora-chefe da Delegacia Especializada em Crimes Sexuais. Soni (a ótima Geetika Vidya Ohlyan) é sua subordinada. Temperamental, explosiva e com um pavio curtíssimo, Soni encara uma briga com marmanjos numa boa, e este seu comportamento só atrai problemas. Ela não suporta o tratamento que os homens dão às mulheres indianas. Ela vive revoltada com o machismo reinante e sai na porrada com o primeiro abusado que aparecer na frente. Com muita conversa, Kaldana tenta controlar os ímpetos de sua subordinada e é esta relação entre as duas que será explorada pelo roteiro. “Soni” foi premiado em vários festivais de cinema pelo mundo afora. Logo na sua estreia, na Seção “Horizons” do 75º Festival Internacional de Cinema de Veneza/2018, o filme foi aplaudido de pé, assim como aconteceu na Asía Pacific Screen Awards, Mami Film Festival, BFI London Filme Festival e Pingyao International Film Festival (China), onde ganhou o Prêmio de Melhor Filme. Sem dúvida, o filme é muito bom, um retrato bem atual do machismo vigente na Índia. E com uma enorme vantagem: não tem aquelas cenas de cantorias e coreografias chatérrimas que costumam inundar as produções comerciais de Bollywood.    

terça-feira, 30 de junho de 2020


“O JULGAMENTO DE TÓQUIO” (“TOKYO TRIAL”), 2017, minissérie da Netflix em quatro capítulos, coprodução Holanda/Japão/Canadá, roteiro e direção da Pieter Verhoeff e Rob W. King. Trata-se da adaptação cinematográfica de um dos fatos históricos mais importantes do século 20. Em 1946, com o objetivo de julgar os crimes de guerra, de agressão e contra a humanidade praticados pelo Japão durante a Segunda Guerra Mundial, foi instituído o Tribunal Militar Internacional para o Extremo Oriente. Dele, fizeram parte 11 juízes especializados em Direito Internacional Público, cada qual representando um país aliado, para julgar 28 políticos e oficiais japoneses. A minissérie acompanha os bastidores do julgamento, que demorou mais de dois anos, destacando as reuniões entre os juízes, as reflexões sobre a situação política mundial, aspectos jurídicos do direito internacional e as muitas diferenças de interpretação dos juízes com relação às leis. A ideia do Tribunal era fazer justiça seguindo o que foi feito no Julgamento de Nuremberg, que julgou os crimes praticados pelos nazistas. Durante as reuniões, os juízes citavam, como referência jurídica, o Tratado de Versalhes (Pacto da Sociedade das Nações), de 1919, o Pacto de Paris, de 1928, e a Conferência do Cairo, de 1943. Paralelamente às cenas do julgamento original, o filme apresenta ainda imagens documentais da guerra, cenas de combate e cidades destruídas. Estão no elenco Tim Ahern, Paul Freeman, Serge Hazanvicius, David Tse, Michael Ironside, Jonahan Hide e Irrfan Khan (ator indiano falecido em 2019). A minissérie “O Julgamento de Tóquio” foi indicada ao Prêmio Emmy International 2017 na categoria Melhor Filme para TV ou Minissérie. Uma verdadeira aula de História. Imperdível!     


domingo, 28 de junho de 2020


“MEU IRMÃO TERRORISTA” (“Arrest Letter”, título original escolhido provavelmente para facilitar a entrada do filme nos mercados de língua inglesa), 2017, Egito, 1h39m, roteiro e direção de Mahammad Sami. A história é centrada em Khalid El Degwy (Mohamede Ramadan), chefe radical de um grupo jihadista no Cairo ligado ao Estado Islâmico. Em sua trajetória como integrante da organização, Khalid sempre recebia conselho e orientações de alguns sheiks e líderes religiosos, uns mais radicais outros mais moderados. Mas Khalid nunca quis saber de moderação. Seu negócio é a violência, planejando e executando atentatos na capital egípcia. Ele só começa a rever seus conceitos quando se apaixona por Fatima (Dina El Sherbiny) e quando seu irmão caçula decide ingressar no grupo extremista, contra a vontade de Khalid. Mas, até lá, sua trajetória de violência continuará mobilizando a polícia e as forças de segurança do Egito, que há muito tempo tentam prender o terrorista. Entre traições que enfrentará, não só de seus comandados, como as de alguns sheiks, Khalid será obrigado a fugir para sobreviver e, depois, voltar para se vingar. O filme tem bastante ação e suspense, além de destacar discussões ideológicas sobre religião, política e a prática de terrorismo. No final, quem manda mesmo é “A Vontade de Alá”. O filme é mais interessante do que bom, mas sem dúvida vale assistir.