“SONI”, 2018, Índia, produção e distribuição Netflix, 1h37m,
roteiro e direção de Ivan Ayr. O pano de fundo da história é a questão da
violência sexual contra as mulheres no país de Mahatma Gandhi. Segundo
especialistas da Thomson Reuters Foudation, a Índia é o país mais perigoso do
mundo para as mulheres. Partindo desse contexto, o cineasta Iva Ayr resolveu
explorar o assunto através do cotidiano de duas policiais da capital Nova Délhi.
Kaldana Ummat (Saloni Batra) é a inspetora-chefe da Delegacia Especializada em Crimes
Sexuais. Soni (a ótima Geetika Vidya Ohlyan) é sua subordinada. Temperamental,
explosiva e com um pavio curtíssimo, Soni encara uma briga com marmanjos numa
boa, e este seu comportamento só atrai problemas. Ela não suporta o tratamento
que os homens dão às mulheres indianas. Ela vive revoltada com o machismo
reinante e sai na porrada com o primeiro abusado que aparecer na frente. Com
muita conversa, Kaldana tenta controlar os ímpetos de sua subordinada e é esta
relação entre as duas que será explorada pelo roteiro. “Soni” foi premiado em vários
festivais de cinema pelo mundo afora. Logo na sua estreia, na Seção “Horizons”
do 75º Festival Internacional de Cinema de Veneza/2018, o filme foi aplaudido
de pé, assim como aconteceu na Asía Pacific Screen Awards, Mami Film Festival,
BFI London Filme Festival e Pingyao International Film Festival (China), onde
ganhou o Prêmio de Melhor Filme. Sem dúvida, o filme é muito bom, um retrato
bem atual do machismo vigente na Índia. E com uma enorme vantagem: não tem aquelas cenas de cantorias e coreografias chatérrimas que costumam inundar as produções comerciais de Bollywood.
Nenhum comentário:
Postar um comentário