quinta-feira, 12 de dezembro de 2019


“BACURAU”, 2019, Brasil, 2h10m, roteiro e direção de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles. Ou seja, feito a quatro mãos. Ou, melhor, dois cérebros. O que não quer dizer nada, pois o filme é sem pé nem cabeça. A história é dividida em três atos. Primeiro, a apresentação do pessoal do povoado de Bacurau, nos cafundós do sertão, durante o velório e enterro da matriarca do lugar, dona Carmelita. Tem a antiga moradora que volta para as exéquias, a médica do lugar, o professor e outros personagens. Logo no início, o pessoal descobre que Bacurau não está no mapa. Um lugar fictício? No segundo ato, aparece um grupo de turistas norte-americanos que veio ao sertão do Brasil para participar de um tipo de gincana, durante a qual ganha ponto a cada pessoa que matam. As vítimas, claro, são moradoras de Bacurau e arredores. Para localizá-las e depois matá-las, o grupo utiliza drones disfarçados de discos voadores (Vão vendo!). No terceiro e último capítulo, os assassinos finalmente encontram a resistência do povoado, que vai se defender com a ajuda de um cangaceiro sanguinário nascido no vilarejo. A guerra está lançada! “Bacurau” é um filme meio surreal, que mistura gêneros como drama, faroeste caboclo, fantasia e ficção científica. No fundo, no fundo, é um filme trash, daqueles tipo invasão de zumbis, terror sanguinolento e outros congêneres. As filmagens aconteceram na cidade de Barra, no Rio Grande do Norte. No elenco, destaque para as presenças de Sônia Braga, do ator alemão Udo Kier, Bárbara Colen, Thomás Aquino, Silvero Pereira, Karine Teles, Lia de Itamaracá e Wilson Rabelo. Apesar dos pesares, o filme dividiu o Prêmio do Júri no 72º Festival de Cannes/2019 com "Les Misérables". Momento cultural: Bacurau é o nome de uma ave de hábitos noturnos que vive no sertão brasileiro e também apelido do último ônibus da madrugada no Recibe. Quer embarcar nessa arriscada aventura? Fique à vontade.                  

terça-feira, 10 de dezembro de 2019


“AD ASTRA – RUMO ÀS ESTRELAS” (“AD ASTRA”), 2019, Estados Unidos, 2h01m, roteiro e direção de James Gray. Trata-se de uma ficção científica bem arrojada, com uma história pra lá de mirabolante, maluca mesmo, indicada para quem curte filmes com naves espaciais e viagens interplanetárias. Estamos num futuro bastante distante, quando o mundo inteiro de repente é afetado por ondas elétricas vindas não se sabe de onde e que estão ocasionando apagões em todo nosso planeta. O major Roy McBride (Brad Pitt), engenheiro e astronauta, é enviado para espaço com o objetivo de descobrir o que está acontecendo. Ele chega primeiro à Lua e depois a Marte. Em ambos estão instaladas bases militares espaciais norte-americanas. No meio da missão, os superiores entram em contato com Roy e dizem ter evidências de que seu pai, o também astronauta Clifford McBride (Tommy Lee Jones), que se perdeu no espaço há 20 anos no caminho para Netuno, pode estar vivo. Segundo foi apurado, Clifford abandonou sua missão inicial e partiu para outras galáxias tentando provar que existe vida inteligente em outros planetas, ao contrário das versões oficiais que já comprovaram não existir vida além da Terra (a afirmação é do filme). Perturbado pela notícia sobre a possibilidade de seu pai estar vivo, Roy desobedece a seus superiores, sequestra uma nave e parte para encontrar seu pai, se é que realmente está vivo. Se há algo que deve ser elogiado no filme de Gray (“Uma Vez em Nova Iorque”, “Z: A Cidade Perdida”) é o design de produção, com cenários deslumbrantes e uma fotografia das mais competentes, além de algumas cenas de ação muito bem realizadas. O que me irritou foi a utilização demasiada da narração em off, na qual Roy exprime seus pensamentos. Uma chatice que lembra os filmes abomináveis do intragável cineasta norte-americano Terrence Malick. No mais, “Ad Astra” (momento cultural: do latim traduzido para o português, “Rumo às Estrelas”) não merece muitos elogios e poucos motivos para recomendá-lo. Mas sou suspeito em dizer isso, pois nunca fui muito fã de filmes de ficção científica, principalmente aqueles com naves, astronautas, viagens interplanetárias e alienígenas. Completam o elenco Liv Tyler, Ruth Nega e Donald Sutherland. O filme estreou durante a programação oficial do Festival de Veneza no dia 29 de agosto de 2019. Indicado para aqueles que vivem no mundo da Lua.                   

domingo, 8 de dezembro de 2019


“CONEXÃO DE ELITE” (“THE PREPPIE CONNECTION”), 2016, EUA, 95 minutos, feito originalmente para TV, roteiro e direção de Joseph Castelo (é o seu 3º longa-metragem). A história é baseada em fatos reais e inspirada na vida de Derek Oatis, um estudante de família pobre que na década de 80, por intermédio de uma bolsa, conseguiu se matricular numa renomada escola preparatória particular. Para se enturmar com um grupo de jovens estudantes ricos e bagunceiros, Derek ingressou na turma para ficar perto de uma menina que ele adorava, mas que namorava um outro cara. Na convivência com os ricaços da faculdade, Derek percebeu que podia ganhar dinheiro vendendo cocaína e, assim, ajudar os pais financeiramente. Com a colaboração de um aluno colombiano cujo pai era embaixador, Derek conseguiu viajar para a Colômbia e lá entrar em contato com um traficante, arranjar a droga e depois comercializá-la na faculdade. Fez isso várias vezes, mas abusou da sorte e acabou preso (o verdadeiro Derek aparece dando um depoimento durante os créditos finais). O caso foi um escândalo nacional, pois envolveu filhos de políticos e empresários importantes. No filme, Derek ganhou o nome de Tobias Hammel (Thomas Mann), assim como os outros personagens tiveram os nomes alterados, provavelmente por questões judiciais, como Alexis Hayes (Lucy Fry), Ellis Tynes (Logan Huffman) e Ingrid (Amy Hargreaves), entre outros. Aos 28 anos, o bom ator Thomas Mann já tem um currículo extenso no cinema, com 5 séries de TV e 26 filmes, entre os quais “João e Maria: Caçadores de Bruxas” (2013), “Escola de Espiões” (2015), “Herança de Sangue” (2016) e “Estrada Sem Lei” (2018).