“NEVOEIRO
EM AGOSTO” (“Nebel im August”), 2016, direção
de Kai Wessel, é um ótimo drama alemão que relembra um dos mais escabrosos
crimes praticados pelos nazistas: a eutanásia. No caso, o assassinato de mais
de 200 mil pessoas consideradas impuras pelo conceito ariano de raça pura. Ou seja,
deficientes físicos e mentais, esquizofrênicos, mutilados, surdos-mudos etc. A
história, baseada em fatos reais, foi contada no livro do escritor alemão
Robert Domes lançado em 2008 “Nebel im August”. Domes também é o autor do
roteiro, em conjunto com Holger Karsten Schmidt. A narrativa é centrada no
garoto Ernest Lossa (Ivo Pietzcker), que, aos 12 anos, depois de passar
praticamente toda a infância em orfanatos, acaba internado num hospital
psiquiátrico comandado pelo dr. Werner Veithausen (Sebastian Koch). Seguindo
ordens do governo nazista, dr. Werner inicia um programa de eutanásia no seu
hospital, eliminando os mais doentes, além de realizar pesquisas médicas
utilizando seus internos como cobaias. O esperto Ernest Lossa e alguns
funcionários do hospital, como a Irmã Sophia (Fritzi Haberlandt), descobrem o
plano e se rebelam. Tudo muito sórdido, chocante e, acima de tudo, revoltante. O
desfecho, então, é de uma tristeza de dar nó na garganta. O elenco é ótimo, com
destaque para o garoto Pietzcker em seu segundo filme como ator, além de
Sebastian Koch, dos aclamados “A Vida dos Outros” (Oscar de Melhor Filme Estrangeiro
em 2007), “A Espiã” e “Ponte dos Espiões”. Embora rápida, também merece
destaque a presença de Karl Markovics (“Os Falsários”) como o pai ausente de
Lossa. Apesar do tema impactante e trágico, trata-se de um ótimo filme que merece ser visto. Os alemães merecem um crédito todo especial por terem a coragem de tocar numa ferida que jamais será cicatrizada.
sábado, 2 de setembro de 2017
quinta-feira, 31 de agosto de 2017
Vocês já devem ter visto Daniela Escobar na tela da
Globo, seja em novelas, minisséries ou até mesmo no insuportável “Dança dos
Famosos” do Faustão. No cinema, participou de alguns bons filmes, como, por
exemplo, “400 contra 1 – Uma História do Crime Organizado”. No drama “PARA
SEMPRE” (“ANOTHER FOREVER”), 2016, coprodução Brasil/EUA/Holanda, ela assina
a produção, o roteiro, juntamente com o diretor colombiano Juan Zapata, e faz a
protagonista principal, Alice, uma mulher amargurada, desamparada e em fase
depressiva depois da morte do seu marido John (Marlon Moreno). Nove meses
depois, ela continua ligada ao seu grande amor e resolve viajar para os lugares
onde o casal viveu alguns dos seus melhores momentos de romance. Amsterdam, por
exemplo - o filme teve locações na Holanda, Áustria e Alemanha. Durante essa viagem, Alice chega a deixar o luto de lado ao conhecer o
fotógrafo Tom (o ator alemão Peter Ketnath, de "Cinema, Aspirinas e Urubus), um caso fortuito que ela acaba não levando
muito a sério. Falado em inglês, o filme apresenta momentos bastante sensíveis
ao explorar a dor de uma perda irreparável. Daniela passa esse sentimento com delicadeza e grande competência. O filme participou da mostra “Marché Du Film” no Festival
de Cannes 2016 e, no Los Angeles Independent Film Festival, foi eleito o “Melhor
Filme Estrangeiro”.
segunda-feira, 28 de agosto de 2017
Mesmo com a presença de ótimas atrizes como Laura
Dern, Michelle Williams, Kristen Stewart e Lily Gladstone, o drama independente “CERTAS
MULHERES” (“Certain Women”), 2016, é uma grande decepção. O filme é
dividido em três histórias sem ligação uma com a outra, a não ser o fato de
serem ambientadas na cidade de Livingston, Estado de Montana. Na primeira, a advogada
Laura Wells (Laura Dern) se vê às voltas com um cliente desequilibrado, Will
Fuller (Jared Harris). Na segunda, Gina Lewis (Michelle Williams) passa por cima
da indiferença do marido e do mau-humor da filha adolescente e resolve se
dedicar à construção de uma nova casa. Na terceira, Jamie (Lily Gladstone) é
uma jovem que trabalha numa fazenda cuidando dos cavalos. Um dia, ela vê algumas
pessoas entrarem num lugar e vai conferir o que se passa lá dentro. Trata-se
de uma aula de Direitos dos Alunos e a professora é a advogada Beth Travis
(Kristen Stewart). Jamie fica obcecada por Beth e
começa a assediá-la. O filme foi escrito e dirigido pela diretora norte-americana
Kelly Reichardt (“Movimentos Noturnos” e “Wendy and Lucy”), que adaptou as histórias
de três contos escritos por Maile Meloy. O filme estreou no Festival de
Sundance/2016 e foi lançado no Brasil, depois de exibido no Festival de Cinema
do Rio de Janeiro/2016, diretamente em Home Vídeo, DVD e Blu–Ray. Resumo da
ópera: uma bomba que nem Kim Jong-un, o maluco ditador da Coreia da Norte,
seria capaz de inventar.
“BORBOLETA
NEGRA” (“Black Butterfly”), 2017, EUA, roteiro de
Justin Stanley e Marc Frydman, direção de Briam Goodman (é o seu segundo
longa). Trata-se da refilmagem do suspense francês “Papillon Noir”, de 2008. O
filme começa com o noticiário informando que três mulheres estão desaparecidas
e que, provavelmente, tenham sido assassinadas, e que a polícia prossegue as
investigações. A partir daí, a narrativa passa a acompanhar o escritor Paul
(Antonio Banderas), que há anos comprou uma casa na montanha para se isolar e
buscar inspiração para um novo livro ou para um roteiro de cinema. Só que a
inspiração não vem e ele se entrega à bebida. Numa ida à cidade para se encontrar
com Laura (Piper Perabo), uma corretora imobiliária – ele quer vender a casa,
pois está sem dinheiro -, Paul se desentende com um motorista de caminhão. Os
dois se reencontram pouco depois, e quem salva Paul de levar uma surra do
motorista é Jack (Jonathan Rhys Meyers), um sujeito misterioso que está na
estrada sem eira nem beira. Em agradecimento, Paul convida Jack para se hospedar
em sua casa. O comportamento de Jack, porém, é muito estranho e logo leva o
espectador a suspeitar que ele é o responsável pelos assassinatos anunciados no
começo. E Paul irá se arrepender amargamente de tê-lo acolhido em sua casa. A surpreendente
reviravolta perto do desfecho dá uma boa
aliviada na história, que caminhava num ritmo bastante morno e quase
entediante. Resumo da ópera: como suspense, não decepciona, embora esteja longe de ser um ótimo filme. Ao contrário do fraco Banderas, o ator
irlandês Jonathan Rhys Meyers dá conta do recado no papel de vilão. Curiosa é a
pequena ponta como ator do polêmico diretor Abel Ferrara (“Napoli, Napoli,
Napoli” e “Pasolini"). Vamos esperar que Banderas tenha melhor sorte em seu próximo
filme, ainda em fase de produção: “Lamborghini: The Legend”, ao lado de Alec
Baldwin e sob a direção de Michael Radford (”O Carteiro e o Poeta”).
domingo, 27 de agosto de 2017
“MAIS UMA
VEZ” (“One More Time”), 2015, EUA, roteiro e
direção de Robert Edwards (“Terra de Ninguém”). Simpático e agradável filme
independente cuja história é centrada no ex-astro da música romântica Paul
Lombard (Christopher Walken), que à beira dos 70 anos de idade ainda tem
esperança de voltar aos holofotes. Ele ganhou muito dinheiro em sua carreira e
mora numa ampla casa em Hamptons com a atual mulher Lucille (Ann Magnuson), a
filha Corinne (Kelly Garner) e o genro Tim (Hamish Linklater). Jude (Amber
Heard), a outra filha de Paul, é despejada do apartamento onde morava no
Brooklyn e volta para a casa do pai. Jude é uma aspirante a estrela do rock,
mas ainda não conseguiu nem ao menos gravar um disco. Por causa da música, ela
e o pai sempre tiveram uma relação especial, o que provoca ciúmes na outra
filha, Corinne. O filme se baseia no
cotidiano da família desde a chegada de Jude, as conversas à mesa de jantar e
os saraus musicais. Christopher Walken dá mais um show de interpretação,
provando que é um dos melhores atores ainda em atividade – é um dos meus
preferidos. Amber Heard, além de bonita, é boa atriz e dá conta do recado,
embora não tenha voz para ter sucesso na música. As histórias de bastidores de
Paul são deliciosas, principalmente quando relembra sua convivência, segredos
de bastidores e sua convivência com antigos astros da música, como John Lennon
e Paul McCartney. Os diálogos também são bem elaborados e divertidos. Enfim, um
programa bastante agradável, ideal para uma sessão pipoca.
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