quinta-feira, 27 de abril de 2017

“TE VEJO AMANHÃ EM HONG KONG” (“Already Tomorrow in Hong Kong”), 2015, EUA/Hong Kong, roteiro e direção de Emily Ting. Quando o filme terminou, fiquei com a nítida impressão de que um dos seus patrocinadores foi a Secretaria de Turismo de Hong Kong. E, para disfarçar, colocou dois atores em cena para perambular pela cidade, tendo como cenário sua iluminação intensamente feérica. Eles vão pra lá, vem pra cá, sobem e descem escadas, percorrem mercados, ruas e alguns pontos turísticos conhecidos, além de passear de barco. Tudo à noite, para valorizar a iluminação. Será que de dia a cidade também é tão bonita? Duvido. Josh Goldenberg (Bryan Greenberg, que lembra o jovem Mel Gibson) está fumando na calçada, dando um tempo na festa da namorada. Nisso surge Ruby (Jamie Chung) e eles acabam conversando. Saem andando pela cidade (e a festa???), num passeio com muito blá-blá-blá, um papo furado vazio e de uma profundidade milimétrica. Um ano depois, eles voltam a se encontrar e começa tudo de novo. Andam pela cidade, conversam o tempo inteiro e nada de chegar aos finalmente. O desfecho é abrupto e sem graça, o que certamente deve desagradar os espectadores mais românticos. A estrutura do filme lembra muito a trilogia “Antes do Amanhecer”, “Antes do Pôr-do-Sol” e “Antes da Meia-Noite”, nos quais Ethan Hawke e Julie Delpy desfilam sua chatice verborrágica o tempo inteiro. Como curiosidade, vale dizer que Bryan Greenberg e Jamie Chung são casados na vida real.      ong Kong”)HonHongho              
O pano de fundo é político, envolvendo a repressão violenta da Rússia contra uma república fictícia chamada Karadjistan. Nada muito fora da realidade que a gente conhece muito bem. O filme espanhol “KAMIKAZE”, 2014, aborda essa temática com muito bom humor e sensibilidade, abrindo espaço também para o romance. Slatan (Álex García) é recrutado como homem-bomba por um grupo terrorista do Kardjistan para explodir um avião de passageiros que faria a rota Moscou-Madri. Só que uma violenta tempestade de neve impede o voo. Os passageiros, de várias nacionalidades, são hospedados num hotel até a tempestade passar. O misterioso Slatan acaba fazendo amizade com um grupo de espanhóis e argentinos. Durante os três dias em que os passageiros são obrigados a permanecer no hotel - a temperatura lá fora é de -32º -, muita coisa acontece e Slatan começa a rever os seus conceitos. Será que ele realmente explodirá o avião? Além do humor, o roteirista e diretor Álex Pina adiciona muita ação e suspense, principalmente no desfecho, o que torna essa produção espanhola um ótimo entretenimento. Pena que não tenha sido exibido comercialmente por aqui. Além de Álex García, estão no elenco Verónica Echegui, Carmen Machi, Leticia Dolera, Eduardo Blanco e Héctor Alterio, estes dois últimos argentinos.                 


quarta-feira, 26 de abril de 2017

“BELAS FAMÍLIAS” (“Belles Famílles”), França, 2016, roteiro e direção de Jean-Paul Rappeneau. Trata-se de uma comédia de poucas risadas – alguns sorrisos, talvez. Depois da metade, vira uma comédia romântica, na medida em que os dois personagens principais se apaixonam. O empresário francês Jérôme Varenne (Mathieu Amalric) reside na China, de onde comanda seus negócios e se prepara para casar com a bela Chen-Li (Gemma Chan), seu braço direito na empresa. Ao viajar para Londres com o objetivo de participar de uma importante reunião, Jérôme fica sabendo que seu irmão colocou à venda, sem consultá-lo, o casarão na cidade de Ambray (arredores de Paris), onde a família Varenne morou durante muitos anos. Jérôme vai a Paris e aí começa a confusão, que envolve um corretor imobiliário ganancioso, uma antiga amante do pai de Jérome e as principais autoridades da cidade, incluindo o prefeito Pierre Cotteret (André Dussollier) - eterno apaixonado por Suzanne Varenne (Nicole Garcia), a matriarca da família.  Jérôme fica encantado com a jovem Louise (Marine Vacth), filha de Florence (Karin Viard), que teria sido amante do patriarca da família Varenne. Só para esclarecer: a tradução literal de “Belles Famílles” para “Belas Famílias” não condiz com o significado correto do título francês, que na verdade exprime a ideia de “parentes agregados”. Apesar do ótimo elenco, o filme não convence como comédia, mas tem seus atrativos, como os cenários, a mansão e a beleza das atrizes Marine Vacth e Gemma Chan. Se fosse dar uma nota de 0 a 10, com muito boa vontade cravaria um 5.              

terça-feira, 25 de abril de 2017

Vou logo dizendo: “A ESPERA” (“L’ATTESA”), 2016, Itália/França, direção de Piero Messina, não é um filme para principiantes. Ou seja, o público normal. Destina-se ao espectador acostumado a frequentar sessões do chamado cinema de arte. A história, baseada na peça “La Vita Che Ti Diedi”, de Luigi Pirandello, é toda ambientada num casarão do interior da Sicília, na Itália. O filme começa com o velório de Giusepee, o filho de Anna (Juliette Binoche). Durante a recepção que se segue ao enterro, com convidados espalhados pelo casarão, chega a jovem Jeanne (Lou de Laâge), a namorada francesa do falecido. Anna diz a ela que foi seu irmão que morreu e que Giusepee prometeu chegar para os festejos da Páscoa, dali a uns dias. Jeanne fica hospedada na casa e, por incrível que pareça, acredita na versão da mãe enlutada. Roteiro pra lá de inverossímil. O filme é entediante, sensação ampliada pelo silêncio sepulcral que habita o casarão. A presença de Pietro (Giorgio Colangeli), soturno e misterioso, lembra um filme de terror. Se por um lado o filme é lento, chegando a ser cansativo, por outro lado é plasticamente muito bonito, com imagens do mais puro refinamento e uma belíssima fotografia. Com certeza, esse apuro visual o jovem diretor italiano Messina adquiriu ao trabalhar com o diretor Paolo Sorrentino, do qual foi assistente de direção nos filmes “A Grande Beleza” e "Aqui é o meu Lugar". Para os fãs do cinema de arte pode ser um grande filme, mas para os espectadores comuns pode servir como um eficiente sonífero. De qualquer forma, trata-se de um filme que merece ser conferido.                

domingo, 23 de abril de 2017

“INSEPARÁVEIS” (“Inseparables”), 2016, é a versão argentina da comédia francesa “Intocáveis”, cuja história é bastante conhecida - no caso argentino, os créditos dão conta de que a história é baseada em fatos reais, informação comprovada nos créditos finais. Um milionário tetraplégico procura um assistente terapêutico em tempo integral. Quem acaba contratado é alguém sem nenhuma qualificação para o cargo, mas cai nas graças do deficiente pela maneira de ser, autêntico, alegre e sem medo de dizer as verdades. E, o principal, não trata o patrão com compaixão. Com a convivência, surge uma grande amizade entre os dois. No caso do filme argentino, o tetraplégico é Felipe (Oscar Martinez) e o seu assistente é Tito (Rodrigo de La Serna), até então ajudante do jardineiro da mansão. Como o francês original, o filme argentino prioriza o humor. Os dois filmes são ótimos e muito divertidos. Se na versão francesa, de 2011, o forte é o carisma da dupla principal – Omar Sy e François Cluzet –, na versão argentina o trunfo maior é o veterano ator Oscar Martinez no papel do milionário deficiente. Um show. O ator Rodrigo de La Serna talvez seja histriônico em demasia, embora com isso não prejudique o resultado final. O roteiro e a direção ficaram a cargo de Marcos Carnevale, que já nos presentou com filmes maravilhosos como “Elza & Fred”, “Viúvas” e “Coração de Leão – O Amor não tem Tamanho”. Este último, aliás, ganhou recentemente uma versão francesa, “Um Amor à Altura”. Mais um trunfo da versão argentina: a presença da bela e sensual Carla Peterson como Verônica, uma das secretárias de Felipe.