sábado, 22 de novembro de 2014

O drama “HISTÓRIA DE GUERRA” (“War Story”), 2013, dirigido por Mark Jackson, termina como começou: extremamente chato. Pior: depressivo e melancólico. A fotógrafa norte-americana Lee (Catherine Keener) está passando uns dias na Sicília (Itália), antes de voltar para Nova Iorque, recuperando-se de um trauma violento: ela estava a serviço na Líbia quando viu seu companheiro e amigo Mark ser assassinado com um tiro na cabeça. Lee perambula pra cá e pra lá, totalmente catatônica. Em meio à sua depressão, ela conhece Hafsia (Hafsia Herzi), uma imigrante tunisiana que lembra uma jovem que ela fotografou ao lado do irmão morto na Líbia. As duas ficam amigas e passam a se ajudar. É um filme de poucos diálogos, a maioria dos quais sem nexo e fora do contexto da história – se é que há alguma história nesse filme. Anunciado com destaque nos materiais de divulgação, o ator Ben Kingsley faz apenas uma rápida aparição como Albert, antigo amante e mentor de Lee. A trilha sonora, então, é de doer. Na verdade, é apenas um som intermitente que mais parece um teste de audição ou de labirintite. Nem a boa atriz Catherine Keener se salva, fora o fato de estar cada vez mais parecida com a falecida cantora argentina Mercedes Sosa. Enfim, um filme daqueles pra passar bem longe.

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Escrito e dirigido por Jon Favreau, que também atua como o protagonista principal, CHEF A DOMICÍLIO” (“Chef”), 2013, é entretenimento da melhor qualidade, uma comédia divertida, leve e alto astral. Favreau é o chef Carl Casper, responsável pelo cardápio e pela cozinha de um dos restaurantes mais badalados de Los Angeles. Mas foi só entrar em atrito com o conceituado crítico culinário Ramsey Michel (Oliver Platt), em cena filmada e divulgada na internet, que sua promissora carreira parece ter chegado ao fim. Ele simplesmente é demitido pelo dono do restaurante, o empresário Riva (Dustin Hoffman). Casper aproveita as férias forçadas para viajar com o filho Percy (Emjay Anthony), um garoto esperto de 10 anos de idade, e com a ex-mulher Inez (Sofia Vergara) para Miami. É na cidade mais latina dos EUA que Casper tem uma ideia luminosa, ou seja, montar um trailer itinerante de comida cubana. Para isso, ele contará com ajuda de Martin (John Leguizamo), seu fiel sub-chef no restaurante de Los Angeles. Juntos, eles vão viajar por várias cidades e fazer do trailer “Cubanos” um grande sucesso. Tudo funciona muito bem nesse filme, a história em si, o elenco, a trilha sonora, mas seu grande trunfo é destacar a gastronomia como tema principal, com muitas cenas mostrando a feitura dos mais variados pratos, descrição das receitas etc., o que resultou num banquete visual dos mais deliciosos, no qual se inclui, é claro, as “cerejas do bolo” Sofia Vergara e Scarlett Johansson. Imperdível!

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

O drama romântico “UMA NOVA CHANCE PARA AMAR” (“The Face of Love”), 2013, EUA, escrito e dirigido por Arie Posin, tem todos os ingredientes para agradar as plateias mais sensíveis. Começa o filme e vemos Nikki (Annette Bening) e Garret (Ed Harris) felizes da vida numa praia mexicana comemorando os 30 anos de casamento. Pelos momentos mostrados em flashback, eles se amavam muito e tinham uma relação bastante estável. Só que um trágico acidente tira a vida de Garret. O filme dá um pulo de cinco anos e lá está a viúva Nikki trabalhando com muito empenho e sucesso na atividade de designer de interiores. Quando está em casa, porém, vive com tristeza as lembranças do marido que tanto amava. De vez em quando ela recebe a visita do vizinho Roger (Robin Williams, num de seus últimos papeis), um amigo de muitos anos. A vida de Nikki dá uma reviravolta quando ela conhece Tom, um professor de artes que é um sósia perfeito do falecido. Eles começam um relacionamento e se apaixonam. Nikki, temendo uma reação negativa de Tom, mantém o segredo sobre a semelhança dele com Garrett. Até quando ela conseguirá esconder a verdade? E se Tom descobrir, será que continuará com ela? Você terá as respostas depois de assistir ao filme. A presença de Annette Bening e Ed Harris é mais um trunfo desse belo drama que merece ser visto por quem curte cinema de qualidade.  

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

O drama turco “ERA UMA VEZ NA ANATÓLIA” (“Bir Zamanlar Anadolu’da”), 2011, leva a assinatura do premiado diretor Nuri Bilge Ceylan. Quem viu alguns de seus filmes, como “Climas”, de 2006, ou “3 Macacos”, de 2008, já sabe que ele tem uma maneira diferente de filmar e de contar uma história, o que encanta os críticos. Em Cannes, por exemplo, já foi premiado várias vezes. Este último também, recebendo o Prêmio de Júri do tradicional festival de cinema francês. A história começa com três carros saindo da cidade de Kelskin, na região da Anatólia. Neles estão policiais, um promotor, um médico-legista, um soldado do exército e dois coveiros, além de dois prisioneiros acusados de um assassinato. O motivo da caravana é encontrar o local onde a vítima foi enterrada, mas os prisioneiros alegam que estavam bêbados e não se lembram. É noite fechada e esse verdadeiro road movie  entra madrugada adentro, acompanhado de uma série de diálogos dentro e fora dos carros, muita divagação e praticamente nada acontece durante um bom tempo. O filme é arrastado, contemplativo, com muitas cenas longas, muitas delas silenciosas. O desfecho dá uma pista, mas não explica com clareza tudo o que aconteceu. Cabe ao espectador tirar suas próprias deduções. Definitivamente, não é um filme fácil de digerir e entender. Uma coisa é líquida e certa: não dá para ficar indiferente diante da telinha. Assista e comprove.   
Esqueça aquela Shailene Woodley que estreou no cinema como uma adolescente rebelde no filme “Os Descendentes” (2010), onde fez o papel de filha de George Clooney. Esqueça também a jovem romântica de “A Culpa é das Estrelas”, no qual representa uma doente terminal apaixonada. Em “PÁSSARO BRANCO NA NEVASCA” (“White Bird in a Blizzard”), 2014, direção de Gregg Araki, ela vive Katrina, uma jovem sensual, fogosa e doida por sexo. Como o nome da personagem dá a entender, um verdadeiro furacão. E não economiza nas cenas de nudez, sem qualquer constrangimento. O filme, baseado no livro da escritora norte-americana Laura Kasischke, é ambientado nos anos 80. Aos 17 anos (na vida real, Shailene tem 23), Katrina vive o drama do desaparecimento da mãe Eve (a atriz francesa Eva Green). A polícia investiga o caso e a suspeita recai sobre uma possível fuga de Eve com um amante, já que o casamento com o pai de Katrina, Brock Connors (Christopher Meloni), vivia uma crise crônica. O filme é uma mistura de drama com suspense policial, com direito a uma reviravolta surpreendente e chocante no final. Participam ainda do elenco Ângela Bassett, Shiloh Fernandez e Thomas Jane. Trata-se de entretenimento garantido, não só pela história em si, mas também pela presença de duas ótimas atrizes como Shailene e Eva Green.               

terça-feira, 18 de novembro de 2014

O estranhamento quanto ao drama canadense “MIRACULUM” (ainda sem tradução por aqui, mas significa “milagre” em latim), 2014, já começa nos créditos. Está lá: filme dirigido por Podz. Quem??? Pois é, trata-se do pseudônimo do diretor Daniel Grou (“O Caso Dumont”). Na literatura, é normal um escritor escrever um livro sob pseudônimo, mas num filme? Não lembro de caso semelhante. Vi a foto do cara: tem pinta de excêntrico. Mas vamos ao filme (falado em francês). Trata-se de várias histórias correndo em paralelo: uma enfermeira adepta da seita Testemunhas de Jeová, cujo marido tem leucemia e precisa de uma transfusão de sangue; um homem e uma mulher da terceira idade que são amantes (as cenas de sexo entre os dois são bastante fortes); um homem que transporta drogas no próprio corpo e precisa se acertar com a filha; e, por último, um casal em crise no casamento, ela se entregando ao álcool e ele à jogatina. Todas essas histórias entremeiam um acidente de avião em que haverá apenas um sobrevivente. O filme adota um tom bastante depressivo e praticamente não cria nenhum momento tocante ou sensível. Ou seja, o filme está bem longe de oferecer um entretenimento leve. Também não dá para dizer que é ruim. Apenas interessante. O elenco: Xavier Dolan (também cineasta, talvez o nome mais conhecido), Julien Poulin, Anne Dorval, Marilyn Castonguay, Xavier Dolan e Robin Aubert.    

domingo, 16 de novembro de 2014

“CODE BLUE”, de 2011, direção de Urszula Antoniak, é um drama psicológico holandês pra lá de pesado. O filme, com poucos diálogos e povoado de muitos silêncios, acompanha o dia-a-dia da enfermeira Marian (Bien de Moor), que trabalha na ala dos pacientes terminais de um hospital. Ela é eficiente, atenciosa e carinhosa com a maioria dos doentes, em geral idosos, embora extrapole em casos mais extremos, agindo como um “anjo da morte”. Em sua vida particular, Marian - uma mulher de meia idade - é solitária, reclusa e triste. Suas únicas diversões é olhar um vizinho por um buraco na cortina – o que se tornará uma prática obsessiva – e assistir a programas de TV (numa ocasião, o filme mostra Marian assistindo a novela “A Escrava Isaura”, aquela mesma, com Lucélia Santos). Quando vai a uma festa, convidada por uma colega de trabalho, Marian é apresentada justamente para o vizinho que ela vigia da janela, Konrad (Lars Eidinger), e pelo qual está obcecada. Pelo tom depressivo do filme, você até adivinha que a relação dos dois não deve acabar bem. O desfecho é violento, trágico, e deve incomodar o espectador mais sensível. Não poderia ser diferente para um filme que é todo desagradável. Louve-se apenas o trabalho corajoso da atriz belga Bien de Moor. Só para ilustrar: a tradução literal do título é "Código Azul", o que, na linguagem dos hospitais, significa uma emergência de parada cardiorrespiratória.  

O maior mérito do drama finlandês “SILÊNCIO” (“Hiljaisuus”), 2011, direção de Sakari Kirjavainen, consiste em contar uma história pouco conhecida. Durante a Segunda Grande Guerra, a Finlândia foi um dos únicos países envolvidos no conflito que criou batalhões especiais em seu exército para resgatar os corpos de soldados mortos em combate, preservá-los e arrumá-los para serem velados pelas respectivas famílias. O filme conta a história justamente de um desses batalhões, constituído por três soldados e três mulheres voluntárias, sob as ordens de um capelão do exército. O enredo do filme é todo ambientado durante o rigoroso inverno de 1944. Os soldados e as voluntárias ficavam alojados num acampamento próximo à frente de batalha. De vez em quando, um desses soldados era incumbido de resgatar um corpo próximo às trincheiras do inimigo, numa missão quase suicida. Na maioria das vezes, porém, os cadáveres eram enviados ao acampamento, onde eram descongelados, tratados, limpos e maquiados, sendo depois enviados às suas famílias para serem velados e enterrados como heróis de guerra. O filme mostra os bastidores desse trabalho, em meio a romances fugazes, conversas com fantasmas, insubordinações, roubo de dentes de ouro e, de vez em quando, uma "ressuscitação" inesperada. Apesar do contexto dramático, melancólico e até lúgubre, o filme é muito bom, valorizado por um elenco de ótima qualidade. Um filme interessante que merece ser visto.