quinta-feira, 2 de março de 2023

 

“TUDO EM TODO LUGAR AO MESMO TEMPO” (“EVERYTHING EVERYWHERE ALL AT ONCE”), 2022, Estados Unidos, 2h19m, em cartaz na Amazon Prime, roteiro e direção de Daniel Kwan e Daniel Scheinert, também conhecidos como “Os Danieis".  Com certeza, é um dos filmes mais malucos dos últimos anos, com uma história sem pé nem cabeça, tronco e membros. Tudo bem, é original e criativo, mas feito para tumultuar nossos neurônios. Inacreditável, pelo menos para mim, humilde cinéfilo amador, que o filme tenha sido indicado para o Oscar 2023 em nada menos do que 11 categorias (veja a lista no final deste comentário) – a Academia de Hollywood endoidou de vez! O filme mistura ficção científica, comédia, artes marciais, drama familiar e muita ação. Tudo num ritmo mais do que alucinante. O começo até que é normal. Evelyn Quan Wang (Michelle Yeoh) e Waymond (He Huy Quan), imigrantes chineses, vivem nos Estados Unidos e são proprietários de uma lavanderia. Em virtude de problemas com documentação e recibos, o casal é chamado a esclarecer a situação em um órgão da receita federal, onde são interrogados por Deirdre (Jamie Lee Curtis). Em determinado momento, Evelyn recebe um “chamado” interdimensional convocando-a para salvar todos os mundos e a partir daí começa uma aventura maluca por realidades paralelas. Isso mesmo, fica difícil até de explicar o contexto da história. A favor do filme, destaco apenas sua surpreendente estética visual, repleta de impressionantes efeitos especiais. Apesar de ter batido recordes de bilheteria nos Estados Unidos e ser elogiado por grande parte da crítica especializada, além das indicações ao Oscar, eu fiquei meio perdido com tantas cenas inexplicáveis e tantos absurdos. Vou citar apenas um de tantos: de repente, os dedos das mãos dos principais protagonistas se transformam em salsichas. E dá-lhe maluquice. Li vários comentários de críticos especializados tentando decifrar a história com argumentos patéticos e sem qualquer noção. Como dizia o nosso grande crítico de cinema Rubens Ewald Filho, “Os críticos adoram filmes que não entendem”. Como prometi, aqui estão as categorias do Oscar 2023 às quais o filme foi indicado: Filme, Direção, Atriz (Michelle Yeoh), Ator (Ke Huy Quan), Atriz Coadjuvante (Jamie Lee Curtis e Stephanie Hsu), Roteiro Original, Trilha Sonora, Figurino, Montagem, Canção Original e Edição.     


segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

 

“O HOMEM DE TORONTO” (“THE MAN FROM TORONTO”), 2022, Estados Unidos, em cartaz na Netflix, 1h52m, direção de Patrick Hughes (“Dupla Explosiva”, “Os Mercenários 3”) e roteiro por Robbie Fox, Chris Bremner e Jason Blumenthal. Passou meio despercebido por aqui esta comédia besteirol, bastante engraçada e com muita ação. O personagem central é Teddy (Kevin Hart), o funcionário trapalhão de uma academia de ginástica. É tão atrapalhado que confeccionou um folheto para divulgar a academia sem colocar o endereço nem o telefone. Mesmo prestes a ser demitido, ele resolve fazer uma surpresa para comemorar o aniversário de sua esposa Lori (Jasmine Mathews). Ele aluga um chalé para um final de semana romântico, mas confunde o endereço e vai parar em outro chalé cujos ocupantes esperam a chegada do “Homem de Toronto” (Woody Harrelson), um assassino profissional e torturador especialista em obter confissões na base da crueldade, além de ser mestre em 23 lutas marciais. Trocando em miúdos, o trapalhão Teddy é confundido com o “Homem de Toronto” e terá que fazer o impossível para garantir a fama do outro e não morrer. A confusão só aumenta quando o verdadeiro assassino aparece e acaba fazendo parceria com Teddy para enfrentar uma poderosa gangue - a química entre os atores é um dos trunfos do filme. O ritmo é alucinante do começo ao fim, ótimas cenas de ação e muito humor. Também estão no elenco Kaley Cuoco, Pierson Fodé, Ellen Barkin, Lela Loren, Kate Drummond e Tomohisa Yamashita. Enfim, diversão garantida!                      

domingo, 26 de fevereiro de 2023

 

“BEAUTY”, 2022, Estados Unidos, produção original e distribuição Netflix, 1h40m, direção do cineasta nigeriano radicado nos EUA Andrew Dosunmu (“Where Is Kira?”, “Mother of George”), seguindo roteiro assinado por Lena Waithe. Trata-se de um drama centrado na jovem aspirante a cantora Beauty (a estreante Gracie Marie Bradley), sua relação tumultuada com a família, sua dependência de drogas (maconha, cocaína e LSD) na juventude e o conturbado namoro com a jovem Jasmine (Aleyse Shannon), jamais aceita pelos seus pais e irmãos. Aos 15 anos, Beauty cantava no coral da igreja e logo obteve destaque com sua poderosa voz. Incentivada pelo pai (Giancarlo Esposito) e pela mãe (Niecy Nash), uma ex-cantora que só conseguiu se destacar como backing vocal em estúdios de gravação, Beauty acabou nas mãos de uma famosa empresária (Sharon Stone), que afirmava em entrevistas que “A garota tem o talento capaz de mudar os rumos da indústria musical norte-americana.” O filme acompanha os passos iniciais de Beauty até se transformar em um grande sucesso, a partir de 1983. Como constatado por fãs e críticos musicais, “Beauty” nada mais é do que a cinebiografia não-autorizada da cantora Whitney Houston (1963-2012), considerada por muitos como a melhor de todos os tempos. Não apenas por isso, “Beauty” é um projeto bastante ousado, inovador, a começar pelo fato de que os principais personagens – a cantora, a empresária, os pais – não serem identificados por nomes. Por se tratar de um drama musical, é estranho verificar também que Beauty não canta em nenhum momento do filme. Os números musicais são de vídeos antigos de cantoras consagradas, entre as quais Ella Fitzgerald, uma das grandes influências de Beauty. Um filme, sem dúvida, muito interessante que merece ser conferido.