quinta-feira, 30 de novembro de 2017

“JOÃO, O MAESTRO”, 117 minutos, nacional, 2017, roteiro e direção de Mauro Lima. Conta a história da emocionante trajetória de vida do maestro João Carlos Martins. Em sua primeira fase, o filme acompanha o menino pianista virtuoso, um verdadeiro gênio precoce, os primeiros professores e o início dos seus problemas de saúde. Ainda jovem segunda fase –, alcança fama internacional como especialista na obra de Bach, viaja pelo mundo realizando concertos e vai morar em Nova Iorque. É nesta cidade que Martins sofre um acidente que afetará, para sempre, os movimentos de sua mão direita. Já adulto, ele aprende a conviver com suas deficiências e se consagra como maestro, regendo orquestras em vários países. Enfim, um exemplo de superação que aprendemos a admirar nos últimos anos. O filme é muito interessante ao exaltar seu impressionante talento como pianista, reconhecido e exaltado pelos principais músicos, maestros e compositores do mundo inteiro. Além de gênio musical, Martins sempre foi um mulherengo convicto, um aspecto praticamente desconhecido de sua biografia. Até agora. Na adolescência, o maestro é interpretado pelo garoto Davi Campolongo; na juventude, pelo ator Rodrigo Pandolfo; e, na fase adulta, pelo ator Alexandre Nero. Ainda estão no elenco Aline Moraes e Caco Ciocler, entre outros bons atores. Mais um bom trabalho do diretor Mauro Lima, que se especializou em cinebiografias, como  “Meu Nome não é Johnny” e “Tim Maia” – seu próximo filme será “Casagrande e seus Demônios”, sobre o ex-jogador de futebol e atual comentarista global.    

terça-feira, 28 de novembro de 2017

“AS NOITES BRANCAS DO CARTEIRO” (“Belye Nochi Pochtalona Alekseya Tryapitsyna”), 2014, Rússia, 1h30min. Trata-se de um projeto arrojado e inusitado da roteirista Elena Kiseleva e do diretor Andrei Konchalovsky. Eles escolheram um vilarejo distante e isolado ao norte da Rússia, às margens do lago Kenozero, reuniram os moradores, formaram o elenco, cada qual representando a si mesmo, e montaram a história. O personagem principal é o carteiro (Alekseya Tryapitsyna), responsável pela entrega das correspondências e pagamento das aposentadorias. É o único elo com o mundo exterior. Como meio de transporte, ele utiliza um barco, pois os moradores residem em volta do lago. Eles vivem distantes de qualquer modernidade, talvez bem próximo de como viviam seus antepassados. Ele visita as famílias, entra nas casas, conversa com um ou com outro e ainda encontra tempo para se apaixonar por uma moradora (Irina Ermalova, a única atriz profissional do elenco). Para conseguir um melhor resultado com relação às interpretações, Konchalovsky utilizou câmeras escondidas em várias cenas. O resultado final é muito interessante, principalmente para os espectadores que gostam de cinema de arte e novidades estéticas. O filme valeu a Konchalovsky o Prêmio de Direção no Festival de Veneza 2014. Por aqui, foi exibido somente na 38ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.  

  

domingo, 26 de novembro de 2017



Com raríssimas exceções, como o ótimo “A Separação” (Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2012), os filmes iranianos são muito contemplativos e reflexivos. É o estilo reinante no cinema iraniano. Mais um exemplo desse estilo, adorado pelos críticos profissionais e pelos júris dos festivais, é o drama “QUE HORAS SÃO NO SEU MUNDO?” (“Dar Donyaye to Sa’at Chand Ast?”), 2014, que marcou a estreia no roteiro e direção de Safi Yazdanian. A história é centrada em Gizeh Gol (Leila Hatami, atriz de “A Separação”), que volta ao Irã para visitar sua cidade natal, Rasht, depois de vinte anos residindo em Paris. Logo que chega, ela é assediada por Farhad (Ali Mosaffa, marido de Leila na vida real), um fabricante de molduras que, sabe-se lá por que, conhece tudo sobre a vida de Gizeh e não larga do seu pé. Enquanto isso, Gizeh aproveita para visitar o túmulo da mãe, falecida cinco anos antes, e outras pessoas que, de alguma forma, tiveram relação com sua família. Gizeh também passa o tempo refletindo sobre o seu passado, relembrando fatos de sua infância e adolescência. O filme, exibido por aqui durante a 39ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, ainda apresenta uma versão interessante do bolerão “Quizas, Quizas, Quizas” em francês. Só para quem aprecia o cinema iraniano.     
“PRIMEIRO-MINISTRO” (“DER PREMIER”), 2016, Bélgica, roteiro e direção de Erik Van Looy. Prestes a receber a presidente dos EUA em Bruxelas para uma reunião sobre a Paz Mundial e o Meio Ambiente, o Primeiro-Ministro da Bélgica (Koen De Bouw) é envolvido numa trama bastante sinistra. Sua esposa e filhos são sequestrados por um grupo terrorista internacional e serão assassinados se ele não matar a presidente americana (Saskia Reeves). Eva (Charlotte Vandermeersch), assessora de Comunicação do Primeiro-Ministro, também será envolvida no caso e também correrá risco de morte. Sem dúvida, o filme garante muito suspense do começo ao fim e o espectador, com certeza, acompanhará tudo roendo as unhas. A tensão aumenta ainda mais a partir do momento em que o Primeiro-Ministro tenta contornar a situação não obedecendo às ordens dos vilões. Mas é preciso reconhecer que a história é inverossímil demais do começo ao fim, com muitos furos (cadê o pessoal da segurança do Primeiro-Ministro?) e situações fantasiosas, incluindo a improvável e surpreendente revelação da identidade do grupo criminoso, culminando com um desfecho pra lá de constrangedor. Sou obrigado a reconhecer: Hollywood faz muito melhor.