quinta-feira, 24 de março de 2022

 

“ÁGUAS PROFUNDAS” (“DEEP WATER”), 2020, Estados Unidos/Austrália, produção original Amazon Studios, 2h33m, direção de Adrian Lyne, seguindo roteiro de Zach Helm e Sam Levinson. Trata-se de mais uma adaptação para o cinema de um livro da escritora Patricia Highsmith (“Deep Water”, de 1957). A história é centrada no casal Vic Van Hallen (Ben Affleck) e Melinda (Ana de Armas). Em crise conjugal, eles resolvem adotar um casamento aberto para evitar o divórcio, ainda mais pela filhinha Trixie (Gracie Jenkins). Vic e Melinda convivem com um grupo de amigos acostumados a festas particulares regadas a muito champanhe. São todos ricos e bem sucedidos em suas profissões. Nessas festas, Melinda costuma levar algum amigo e não volta para casa com o marido. Isso acontece várias vezes. Vic engole quieto as puladas de cerca da esposa, mas sua paciência tem limite e o ciúme começa a perturbá-lo. Ao mesmo tempo, os namorados de Melinda começam a morrer ou desaparecer, um deles afogado na piscina, o que remete ao título. E dá-lhe suspense do começo ao fim. Destaque para o desempenho da cubana Ana de Armas, hoje uma das mais requisitadas atrizes de Hollywood, esbanjando competência, beleza e sensualidade, como exige o papel de uma libertina. Ana de Armas, aliás, estava namorando com Affleck durante as filmagens. Logo depois, dizem as revistas de fofocas, engatou um breve namoro com o brasileiro Wagner Moura quando protagonizaram “Sérgio”. Outro destaque merece ser dado à atriz mirim Gracie Jenkins, que atua com uma espontaneidade e segurança impressionantes para a idade. Tanto é que a menina ganhou um clipe especial nos créditos finais. Realmente, uma gracinha. Completam o elenco Jacob Elordi, Finn Wittrock, Brendan Miller, Rachel Blanchard, Tracy Letts, Jade Fernandez, Dash Mihok, Devyn A. Tyler e Lil Rel Howery. Das inúmeras adaptações para o cinema das histórias de Patricia Highsmith, esta é uma das mais fracas, principalmente se comparadas com os clássicos “Pacto Sinistro”, de 1951, “O Sol por Testemunha”, de 1960, ou “O Talentoso Ripley”, de 1999, entre tantos outros. “Águas Profundas” também marcou a volta do veterano diretor inglês Adrian Lyne, de 81 anos, depois de 20 anos longe dos estúdios. Só para recordar, Lyne dirigiu filmes de grande sucesso, como “Flashdance”, “Atração Fatal”, “9 ½ Semanas de Amor”, “Infidelidade” e “Proposta Indecente”. Seu retorno, porém, não foi muito satisfatório. Muito criticado pela imprensa especializada, “Águas Profundas” realmente apresenta um resultado decepcionante.                                 

terça-feira, 22 de março de 2022

 

“INFILTRADO” (“WRATH OF MAN”), 2021, coprodução Estados Unidos/Inglaterra, 1h58m, disponível na plataforma Amazon Prime Video, direção de Guy Ritchie, que também assina o roteiro juntamente com Eric Besnard. O cineasta inglês Guy Ritchie, que ficou famoso por ter sido casado com a diva do pop Madonna, volta a trabalhar com seu conterrâneo, o ator Jason Statham, neste filme de ação, depois de 15 anos. Ritchie levou o brucutu Statham ao estrelato depois de dirigí-lo em dois ótimos filmes policiais ingleses, “Snatch: Porcos e Diamantes” e "Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes”, ambos grandes sucessos de crítica e público. “Infiltrado” é uma refilmagem do filme francês “Assalto ao Carro-Forte” (“Le Convoyeur”), de 2004. Statham é Harry, ou “H”, um sujeito misterioso contratado para trabalhar em uma firma de segurança de valores, que mantém uma frota de carros-fortes que transportam milhões de dólares diariamente por Los Angeles. Em um de seus primeiros trabalhos, Harry elimina sozinho uma quadrilha de assaltantes, tornando-se um verdadeiro herói na empresa. Como outros assaltos se repetem, começam a desconfiar que há um informante infiltrado na equipe de seguranças. Harry é também um infiltrado, só que de outra maneira, ou seja, é o mocinho da história. Enquanto isso, os assaltantes planejam dar uma cartada final: um assalto dentro da própria empresa de segurança no final do dia do “Black Friday”, quando o montante a ser protegido chegaria a mais de 160 milhões de dólares. “Infiltrado” tem boas cenas de ação, tensão do começo ao fim e muitos, mas muitos tiros, bem ao estilo de Guy Ritchie. Também tem muita mentira, pois é impossível sobreviver depois de ser baleado tantas vezes, mas o herói sempre sobrevive. O que me incomodou bastante foi o jeito de falar do personagem de Statham, um cara grandão, com cara de mau, falando como se estivesse sussurrando, lembrando um asmático com enfisema pulmonar. Também estão no elenco Scott Eastwood (a cara do pai, Clint), Josh Hartnett, Niamh Algar, Holt McCallany, Andy Garcia, Eddie Marsan, Alex Ferns, Lyne Renée, Darrell D'Silva e Jeffrey Donovan. Somando os prós e os contras, o resultado final é um bom filme de ação, bastante movimentado e que não compromete nossa inteligência. Entretenimento garantido.                              

domingo, 20 de março de 2022

“EXORCISMOS E DEMÔNIOS” (“THE CRUCIFIXION”), 2018, coprodução Estados Unidos/Romênia/Inglaterra, 1h30m, disponível na plataforma Amazon Prime Video, direção do francês Xavier Gens, seguido roteiro assinado pelos irmãos gêmeos Chad e Carey Hayes, estes últimos responsáveis pelos filmes da franquia “Invocação do Mal”, entre outros. O título nacional “Exorcismos e Demônios” parece fazer referência a um documentário. Nada disso. Apenas uma escolha mal feita. A história é baseada em fatos reais ocorridos na Romênia em 2005. O padre Daniel Corogeanu foi preso acusado de assassinar a freira Maricica Irina Cornici, de apenas 23 anos, durante uma sessão de exorcismo no monastério Santa Trinidad, no pequeno vilarejo de Tanacu.  No filme, a jovem jornalista investigativa Nicole Hawlins (Sophie Cookson), de um jornal de Nova Iorque, se interessa pelo caso e recebe a aprovação do seu editor-chefe para viajar para a Romênia. Seu objetivo é entrevistar o padre Dimitru (Catalin Babliuc) na penitenciária e também todos os envolvidos na sessão de exorcismo que vitimou a freira Adelina Marinescu (Ada Lupu). Ateia radical e convicta, Nicole terá de enfrentar situações que a farão rever os seus conceitos. Sorte que ela terá ao seu lado o jovem padre Anton (Corneliu Ulici), por quem Nicole tem uma atração muito especial e quase sexual. O desfecho reserva como gran finale um exorcismo surpreendente e com uma cena muito bem feita e impactante. Dos últimos filmes que assisti sobre possessões demoníacas, este revela-se bem melhor, garantindo muitos sustos e um clima de tensão do começo ao fim. Uma das falhas que notei está relacionada com o fato de a jornalista norte-americana falar com todo mundo em inglês, inclusive as pessoas mais simples do vilarejo. Isso me incomodou. Em todo caso, o filme funciona perfeitamente como um bom entretenimento para quem curte histórias de exorcismo.