sábado, 2 de outubro de 2021

 

“O ÚLTIMO RESGATE” (“WE GO IN AT DAWN”), 2020, Inglaterra, disponível na plataforma Amazon Prime, 1h25m, roteiro e direção de Ben Mole. Quem vê a foto de divulgação (ao lado) pensa que vem aí mais um filme de guerra recheado de tiros, tanques, trincheiras, aviões, artilharia pesada e exércitos se enfrentando no front. Propaganda enganosa. O filme é claramente de baixo orçamento, certamente feito para a TV, com um elenco de atores desconhecidos – pelo menos para nós. Tal qual “Atrás da Linha: Fuga para Dunkirk”, do mesmo diretor e comentado recentemente neste blog, este drama de guerra ambientado durante a Segunda Guerra Mundial é muito fraco, com inúmeras falhas de continuidade – exemplo: combatente da resistência francesa aparece com uma arma na mão e na mesma cena aparece com outra, como num passe de mágica, e tantas outras falhas bem perceptíveis. Bem, vamos à sinopse. Estamos em 1944, pouco antes do Dia D, quando as forças aliadas invadem a Normandia e afugentam o exército alemão, dando um grande passo para o final do conflito. Victor Lawrence (Christos Lawton), oficial inglês de alta patente, é capturado pelos alemães em solo francês e enclausurado numa prisão de segurança máxima. Com receio de que ele seja torturado e entregue os planos do Dia D, o governo inglês envia à França John Seabourne (Kelvin Fletcher), oficial das forças especiais, para tentar resgatar o prisioneiro. Para essa missão, Seabourne contará com a ajuda de uma combatente da resistência francesa, Ellie (Audrey L’Ebrellec), cujo irmão também é prisioneiro dos alemães. A missão é quase impossível, mas sabe como é o cinema. Quem gosta de filmes de guerra certamente vai se decepcionar, principalmente com a falta de ação e com o roteiro de extrema pobreza. Ainda bem que só dura 1h25m e, mesmo assim, dá para lamentar esse tempo perdido.         

sexta-feira, 1 de outubro de 2021

 

“SERVOS DA GUERRA” (“SLUGI WOJNY”), 2020, Polônia, 1h50m, disponível na plataforma Amazon Prime Video, roteiro e direção de Mariusz Gawrys. Trata-se de um filme policial com muito suspense e boas, mas não muitas, cenas de ação - a melhor delas é a perseguição nos telhados. A história é centrada na investigação do assassinato do professor Marek Abramski (Daiusz Jakubowski), médico especialista em transplante de medula óssea e fundador da organização “Helping Hand”. O caso é entregue ao comissário Wojciech “Sambor” Samborski (Piotr Stramowski) e a uma policial novata, Marta (Maria Kania). Durante as investigações, os policiais encontram pistas que levam a crimes envolvendo um complicado caso de corrupção, comércio de órgãos humanos e venda de informações do DNA de soldados do exército polonês. Tudo leva a crer que Joop Holten (Michael Schiller), diretor da fundação, e uma ministra do governo polonês estão envolvidos em toda essa trama. O roteiro não facilita um rápido entendimento sobre o que está acontecendo na tela. São citados vários nomes de personagens que a gente demora a identificar na história. Grande parte do roteiro abre espaço para o relacionamento amoroso secreto entre o comissário Sambor e a policial Marta, protagonistas de várias cenas de sexo, uma delas beirando o explícito. Aliás, como é de praxe nos filmes poloneses, mulheres bonitas não faltam no elenco. Trocando em miúdos, “Servos da Guerra” tem todos os ingredientes para agradar quem curte o gênero policial, mesmo com o roteiro um tanto complicado.           

quarta-feira, 29 de setembro de 2021

 

“OS SEGREDOS QUE GUARDAMOS” (“THE SECRETS WE KEEP”), 2020, Estados Unidos, 1h37m, disponível na plataforma Amazon Prime Vídeo, direção do cineasta israelense Yuval Adler, que também assina o roteiro com a colaboração de Ryan Covington. A história é ambientada em meados dos anos 50 em uma pacata cidade do interior dos Estados Unidos, onde Maja (Noomi Rapace) vive com seu marido Lewis (Chris Messina) e um filho pequeno. Eles se conheceram na Europa pós-guerra, Lewis como médico do exército e Maja como uma refugiada romena. De volta aos Estados Unidos, Lewis levou Maja e se casaram. Quando já eram casados por alguns anos, Maja reconhece um homem como o soldado alemão que, durante a Segunda Grande Guerra, a estuprou e matou sua irmã. Maja resolve sequestrar o sujeito, que nega ter sido um soldado alemão e que se identifica como Thomas (Joel Kinnaman), um imigrante originário da Suíça e que agora trabalha como empregado em uma refinaria. Obcecada por vingança, Maja prende o suposto nazista no porão de sua casa. O marido exige uma explicação para o que está ocorrendo e Maja revela o segredo que escondeu durante todo o tempo em que se conhecem. Ela e sua família eram ciganos que foram perseguidos pelos nazistas e submetidos a torturas cruéis. Maja nunca mencionou esse fato ao marido. Mesmo diante da certeza dela de que Thomas foi seu estuprador, Lewis começa a desconfiar de que sua esposa está cometendo um grave erro. E essa dúvida permanecerá até o desfecho, mantendo a atenção do espectador para a expectativa do que vai acontecer, aumentando cada vez mais o suspense da história. Não há dúvida de que é atriz sueca Noomi Rapace quem leva o filme nas costas, com uma primorosa atuação. Ela demonstra mais uma vez que é uma atriz bastante versátil, principalmente quando a gente lembra dela como aquela garota punk masculinizada do filme “Os Homens que não Amavam as Mulheres” e em mais dois filmes da trilogia baseada nos livros do escritor sueco Stieg Larsson. Trocando em miúdos, “Os Segredos que Guardamos” é um bom suspense que merece ser conferido. Aproveito para recomendar mais um ótimo filme do diretor israelense Yuval Adler: “Belém: Zona de Conflito”, de 2013.             

segunda-feira, 27 de setembro de 2021

“7.500”, 2019, Alemanha/Áustria/EUA, 1h32m, produção Amazon Studios, disponível na plataforma desde o dia 18 de junho de 2020, direção de Patrick Vollrath, que também assina o roteiro com a colaboração de Senad Halilbasic. Conhecido como diretor de curtas – ele tem até um Oscar de Melhor Curta-Metragem, em 2016, por “Alles Wird Gut” -, com “7.500” Vollrath faz sua estreia na direção de um longa. E que estreia auspiciosa. O cineasta alemão consegue prender a atenção e manter um clima de tensão do começo ao fim, mesmo que toda a ação seja ambientada no pequeno espaço da cabine de comando do avião onde ficam o piloto e o copiloto. O avião com 85 passageiros está prestes a decolar de Berlim com destino a Paris. O piloto Michael Lutzmann (Carlo Kitzlinger) e o seu copiloto Tobias Ellis (Joseph Gordon-Levitt) iniciam os preparativos, tomando todas as providências para iniciar a contagem regressiva para o início do taxiamento. O diálogo entre piloto e copiloto é bastante realista, pois leva o espectador a conhecer os detalhes técnicos do procedimento. Logo depois da decolagem, quando a aeronave entra em ritmo de cruzeiro e com o piloto automático ligado, terroristas islâmicos anunciam que estão sequestrando o avião. Dois deles conseguem invadir a cabine de comando, assassinando o piloto. Caberá ao copiloto Tobias deter os terroristas e ainda pilotar o avião, mesmo com um grave ferimento no braço. Os demais terroristas tentam derrubar a porta da cabine, ameaçando matar os passageiros caso Tobias não os deixe entrar. A tensão aumenta a partir do primeiro passageiro assassinado. O desespero de Tobias aumenta ainda mais quando um dos terroristas ameaçam matar uma aeromoça, justamente sua namorada. A gente acompanha toda a ação como se estivesse na cabine, ou seja, quem for claustrofóbico vai passar mal. Até a metade do filme a ação e a tensão correm soltas e o suspense é de tirar o fôlego. Mas na segunda parte, quando o copiloto tenta convencer um jovem terrorista, também preso na cabine, a se entregar, o ritmo da ação diminui e dá lugar a um frustrante período de calmaria.  Não que isso prejudique o resultado final, graças, principalmente ao roteiro engenhoso e à atuação magistral de Joseph Gordon-Levitt. Ah, só para esclarecer, o “7.500” do título refere-se ao código do Transponder de Emergência para “Interferência Ilícita”. Pode encarar essa viagem. Garanto que você não vai se arrepender.       

 

“PÁSSAROS DA LIBERDADE” (“BIRDS OF PARADISE”), 2021, Estados Unidos, 1h54m, produção da Amazon Studios, disponível na plataforma desde o dia 24 de setembro de 2021, roteiro e direção de Sarah Adina Smith. A história é baseada no romance “Bright Burning Stars”, escrito por A.K. Small. O filme começa com a chegada em Paris da jovem norte-americana Kate Sanders (Diana Silvers), bailarina que ganhou uma bolsa de estudos para participar de uma seleção para a consagrada Companhia Balé da Ópera de Paris. Ela não é muito bem recebida pelas outras bailarinas e logo constata que o ambiente é muito traiçoeiro e competitivo. Uma de suas principais concorrentes é Marine Elise Durand (Kristine Froseth), filha da embaixadora dos EUA na França, Celine Durand (Caroline Goodall) e do rico empresário Lucien Durand (Roger Barclay). Marine carrega o trauma de ter sido responsável pelo suicídio do irmão gêmeo, que era também bailarino e seu par nos concursos de dança. No começo da relação entre Marine e Kate havia uma certa rivalidade, pois as duas eram consideradas as favoritas. Mas a aparente concorrência se transformou em amizade e as duas enfrentarão juntas o rigoroso treinamento ministrado por Madame Brunelleschi (Jacqueline Bisset). Até o desfecho, o filme acompanha a amizade entre as duas jovens, o ambiente competitivo, a inveja, o ciúme, o consumo de drogas, o sofrimento dos exaustivos e doloridos ensaios e os romances nos bastidores. Ou seja, o mundo do balé não é só charme e beleza. Nos bastidores há um mundo cruel e nada saudável. O excelente desempenho das jovens atrizes Kristine Froseth e Diana Silvers é fundamental para acentuar a carga dramática e sensual que acompanha toda a história. Destaque também para a participação da veterana Jacqueline Bisset, ainda em grande forma. Uma curiosidade é a presença do bailarino brasileiro Daniel Camargo, que também faz papel de garanhão do pedaço. Totalmente filmado em Budapeste (Hungria), “Pássaros da Liberdade” se destaca também pela primorosa fotografia, que valoriza ainda mais as apresentações de balé. Não é um baita filme, mas muito interessante e que merece ser conferido.