sábado, 2 de dezembro de 2023

 

“O ASSASSINO” (“THE KILLER”), 2023, Estados Unidos, 1h58m, em cartaz na Netflix, direção de David Fincher, seguindo roteiro assinado por Andrew Kevin Walker. Nos materiais de divulgação, os títulos foram grafados de forma esquisita, por exemplo “O Assass__.no” ou, no original, “The K__.ller”. O que isso quer dizer, não tenho a mínima ideia. Vamos ao filme. Trata-se de um policial neo-noir adaptado da série francesa de quadrinhos escrita por Alexis Nolent sob o pseudônimo de Matz. O personagem principal é um assassino profissional (Michael Fassbender) solitário, frio, impiedoso e meticuloso. A história começa e lá está ele em Paris tentando matar um bilionário. Sua missão fracassa e, a partir daí, ele é perseguido pela própria organização que o contratou. Depois que sua namorada Magdala (a brasileira Sophie Charlotte) é espancada e torturada, o assassino passa de perseguido a perseguidor, indo atrás dos responsáveis pela violência aplicada na sua namorada. Também estão no elenco Tilda Swinton, Monique Ganderton, Arliss Howard, Charles Parnell e Kerry O’Malley. Aviso que o filme não é muito fácil de digerir, começando pela narração em off durante a qual o assassino reflete sobre sua profissão, a maneira como gosta de agir e até explica ao espectador seus próximos passos. “O Assassino” é um filme sombrio, que mistura suspense com algumas (poucas) cenas de ação, mas não deixa de ser interessante pela estética adotada, embora um tanto cansativa e enfadonha. Cabe lembrar que o cineasta David Fincher é responsável por alguns clássicos do gênero suspense, tais como “Seven – Os Sete Pecados Capitais”, “Clube da Luta”, “Zodíaco” e “Garota Exemplar”.               

quinta-feira, 30 de novembro de 2023

 

“FILHOS DA DINAMARCA” (“DANMARKS SØNNER”), 2019, Dinamarca, 2h03m, em cartaz no Prime Vídeo, roteiro e direção de Ulaa Salim (é o primeiro longa do cineasta dinamarquês de origem iraquiana). Descobri este filme meio escondido no catálogo do Prime Vídeo, ao qual chegou em outubro de 2021. Grata surpresa, principalmente por tratar, com muita seriedade e competência, de temas importantes e atuais como a questão dos imigrantes e do terrorismo. A história é ambientada em 2025, um ano depois de um atentado à bomba no metrô da capital Copenhague, que matou 20 pessoas e feriu outras dezenas. Sem uma prova concreta sobre sua autoria, a opinião pública acusou os imigrantes árabes muçulmanos e, desde então, uma campanha contra eles foi iniciada, incentivada pelo candidato de extrema-direita Martin Nordahl, favorito para ocupar o cargo de primeiro-ministro. Com um poderoso discurso xenofóbico, Nordahl conseguiu um grande número de adeptos, muitos deles pertencentes a uma organização radical nacionalista intitulada “Filhos da Dinamarca”. Enquanto isso, um grupo pró-árabe começou a planejar um novo atentado, para o qual foi recrutado o jovem Zakaria (Mohammed Ismail Mohammed), de 19 anos. Zakaria foi submetido a um treinamento especial por um extremista veterano do grupo, Ali (Zaki Youssef). No meio da história, porém, há uma reviravolta que mudará o destino de todos os envolvidos. Muita tensão é reservada ao espectador até o desfecho, consagrando “Filhos da Dinamarca” como um filme dos mais interessantes e realistas do atual cinema dinamarquês. O filme estreou por aqui durante a 43ª Mostra Internacional do Cinema de São Paulo na categoria "Novos Diretores". Recomendo.              

segunda-feira, 27 de novembro de 2023

 

“RUSTIN”, 2023, Estados Unidos, 1h48m, em cartaz na Netflix, direção de George C. Wolfe (“A Voz Suprema do Blues”), seguindo roteiro assinado por Julian Breece e Dustin Lance Black. Trata-se da cinebiografia de Bayard Rustin, um dos mais importantes ativistas dos direitos civis nos Estados Unidos, que ficou famoso – não tão quanto Martin Luther King ou Malcolm X – por planejar a Marcha Sobre Washington por Trabalho e Liberdade, em 1963, evento que reuniu mais de 250 mil ativistas. Produzido, entre outros, pelo ex-presidente Barack Obama, o filme conta a incrível história dos bastidores dessa grande manifestação, organizada em apenas dois meses e que mobilizou todo o país. Rustin conseguiu agregar várias tendências da sociedade, incluindo pastores de diversas igrejas, políticos, policiais, mulheres influentes, contando ainda com a ajuda de Martin Luther King, que liderou a marcha. Não foi fácil convencer tanta gente a participar, principalmente pelo fato de que Bayard Rustin era homossexual assumido, numa época em que essa opção era bastante discriminada. O filme mostra todo o esforço de Rustin e de sua equipe na organização da marcha. O ator Colman Domingo, que interpreta o ativista, já é um dos favoritos à indicação ao Oscar 2024 de Melhor Ator. Também estão no elenco Chris Rock, Audra McDonald, Glynn Turman, Aml Ameen, Jeffrey Wright, Gus Halper e Johnny Ramey. O filme é um primor de roteiro e recriação de época, principalmente nas cenas urbanas. Trocando em miúdos, “Rustin” é excelente, sem dúvida um dos melhores lançamentos do ano da Netflix.