domingo, 31 de dezembro de 2023

 

“A BAILARINA” (“BALLERINA”), 2023, Coreia do Sul, 1h33m, em cartaz na Netflix, roteiro e direção de Lee Chung-Hyeon (“A Ligação”). Não é de hoje que o cinema sul-coreano tem produzido excelentes filmes, muitos deles premiados (vide “Parasita”). Os filmes de ação também são destaque, como este recente lançamento da Netflix. A história começa com o assassinato da bailarina clássica Min-Hee (Park Yu-Rim). O assassino é revelado no começo.  Trata-se de Choi (Kim Ji-Hun), um psicopata integrante de uma poderosa máfia que explora a prostituição e o tráfico de drogas. A bailarina era obrigada a se prostituir, mas quando quis abandonar o negócio virou alvo e vítima de Choi. É a partir daí que entra na história a melhor amiga da bailarina, Ok-Ju (Jeon Jong-Seo, esposa do diretor e que havia atuado sob sua direção em “A Ligação”), uma especialista em artes marciais e que trabalhava como guarda-costas. Embora franzina, ela briga como gente grande, batendo com vontade em qualquer marmanjo metido a valente. Disposta a vingar a morte da amiga, ela vai atrás de Choi e, então, muita pancadaria vai rolar até o final, sangue jorrando aos borbotões (que palavra mais antiga...). As cenas de ação são muito bem feitas, com destaque para as coreografias das lutas. Trata-se, portanto, de um filme de ação feito para quem gosta de pancadaria, mas tem lá seus momentos de reflexão e alguma sensibilidade. Vale para uma sessão da tarde com pipoca.

quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

 

“O NATAL DE COSTUME” (“SĂ VAR DED JOL IGJEN”), 2023, Noruega, 1h28m, em cartaz na Netflix (estreou dia 6 de dezembro), roteiro e direção de Petter Holmsen. Nunca fui muito fã desses filmes de Natal, em sua grande maioria açucarados e bobinhos. Mas esta comédia romântica norueguesa é bem divertida. Melhor ainda, baseada em fatos reais. Thea (a bela Ida Ursin-Holm) conhece o indiano Jashan (Kanan Gil) nos Estados Unidos. Os dois se apaixonam e pretendem se casar. Antes, porém, ela quer levá-lo para a Noruega e passar o Natal com sua família e, aí então, anunciar o noivado. Como já era previsível, as diferenças culturais acabam tumultuando o ambiente, principalmente pelo preconceito da mãe dela. A família de Thea, cristã, segue um ritual próprio para comemorar a data, algo que Jashan não compreende, mas pretende aceitar. Tentando ser simpático, Jashan resolve elaborar um cardápio especial de comida indiana para o jantar, surpreendendo a família de Thea com o exagero de pimenta. O jantar acaba caótico. Para piorar a situação, surge em cena um ex-namorado de Thea. Aí a coisa complica de vez. O filme é leve e muito divertido, valorizado por diálogos hilariantes, como este: “Os noruegueses já nascem com os esquis nos pés”, diz Thea. “Então os partos devem ser bem dolorosos”, devolve Jashan.  As situações engraçadas acontecem uma atrás da outra, ou seja, dá para rir o filme todo. No desfecho, Jasha revela o desejo de apresentar a família de Thea para seus parentes na Índia, o que dá a entender que haverá uma sequência. Vou assistir, com certeza.     

                       

segunda-feira, 25 de dezembro de 2023

 

“TOP GUN: MAVERICK”, 2022, Estados Unidos, 2h11m, em cartaz na Netflix, direção de Joseph Kosinski (“Oblivion”, “Tron: O Legado”), seguindo roteiro assinado por Christopher McQuarrie, Eric Warren Singer e Ehren Kruger. Antes tarde do que nunca, finalmente chega até nós a sequência tão aguardada de “Top Gun: Ases Indomáveis”, grande sucesso de 1986 no mundo inteiro. Aos 59 anos, Tom Cruise, ainda em ótima forma física, volta ao papel do piloto de caça Pete “Maverick” Mitchell, agora encarregado de treinar uma equipe de pilotos de elite para uma missão (quase) impossível, ou seja, ingressar em um país inimigo e destruir uma usina de enriquecimento de urânio localizada em um bunker subterrâneo (o país não é nomeado). Como já sabemos, missão impossível, ou quase, é com Tom Cruise. Durante o treinamento, realizado na base aeronaval de North Island, Maverick voltará a se encontrar com uma antiga namorada, Penny (Jennifer Connelly), e com seu antigo amigo e agora seu superior, o comandante Tom Kazanski (Val Kilmer). Aliás, Kilmer é o único ator de “Maverick” que esteve em “Ases Indomáveis”, além de Cruise, é claro. Completam o elenco Jon Hamm, Milles Teller, Monica Barbaro, Glen Powell e Ed Harris. O filme foi indicado ao Oscar 2023 em seis categorias, vencendo apenas na de Melhor Som, ou seja, muito pouco para um filme tão bom, o segundo de melhor bilheteria mundial em 2022, perdendo para “Avatar: O Caminho da Água”. A cereja do bolo de “Top Gun: Maverick” são as cenas de ação, que impressionam pelo realismo nas tomadas aéreas e acrobacias. Em algumas delas, o espectador é “convidado” a interagir com o piloto nas manobras mais ousadas. Aos de estômago mais sensível, recomendo tomar um dramin antes do filme começar. Em resumo, o filme é espetacular como entretenimento. Não perca!      

                       

sábado, 23 de dezembro de 2023

 

“MAESTRO”, 2023, Estados Unidos, 2h09m, em cartaz na Netflix, direção de Bradley Cooper, que também assina o roteiro com a colaboração de Josh Singer. Trata-se da cinebiografia do compositor e maestro Leonard Bernstein (1918-1990), um dos maiores gênios da música no Século XX. Para se ter uma ideia da importância desse projeto para o cinema, basta dizer que, além do próprio Bradley Cooper, são também produtores nomes como Steven Spielberg, Martin Scorsese e Todd Phillips. O filme acompanha a trajetória de Bernstein durante quatro décadas, a partir do início dos anos 40, quando ele inicia a carreira de maestro e compositor – ele compôs inúmeras trilhas sonoras para vários filmes e musicais da Broadway, entre as quais “West Side Story”, “Peter Pan” e “Candice”, além de ter sido maestro da Orquestra Filarmônica de Nova York durante 18 anos. A vida particular do maestro, interpretado por Bradley Cooper, também é bastante explorada, sua bissexualidade recheada de muita promiscuidade e seu casamento com a atriz costarriquenha Felicia Montealegre, seu grande amor. Este foi o segundo filme de Bradley como diretor - o primeiro foi o grande sucesso “Nasce uma Estrela”, de 2018. “Maestro” é um filme completo, primoroso em toda a sua concepção, direção de arte, roteiro, figurino, fotografia e maquiagem. Com certeza, já pode ser considerado um dos favoritos ao Oscar 2024 nessas categorias e mais na de Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Ator (Cooper) e Melhor Atriz (Carey Mulligan) – a lista dos indicados será divulgada no próximo dia 23 de janeiro. Também estão no elenco Mattew Bomer, Sara Silverman, Maya Hawke (filha de Ethan Hawke e Uma Thurman), Jeremy Strong e Sam Nivola. Enfim, “Maestro” é muito bom, irresistível e imperdível.   

 

quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

 

“GOLDA – A MULHER DE UMA NAÇÃO” (“GOLDA”), 2023, coprodução Estados Unidos/Inglaterra, 1h40m, em cartaz no Prime Vídeo, direção do cineasta israelense Guy Nattiv (em 2019, venceu o Oscar de Melhor Curta-Metragem com “Skin”), seguindo roteiro assinado por Nicholas Martin. Nascida na Ucrânia, Golda Meyer (1898-1978) emigrou para Israel em 1921 e foi primeira-ministra de 1969 a 1974. O filme é ambientado apenas durante o período em que durou a Guerra do Yom Kippur, em 1973, quando Israel sofreu um ataque-surpresa por parte de tropas do Egito, Síria e Jordânia. Juntamente com seus ministros de guerra, Golda administrou a situação, planejou uma contra-ofensiva e venceu o conflito. Golda, que ficou conhecida como a "Dama de Ferro de Israel", é interpretada pela maravilhosa atriz Helen Mirren, cuja impressionante maquiagem valorizou ainda mais sua performance (Oscar à vista?). O filme revela os bastidores dessa guerra, as reuniões de Golda com seus comandantes e sua vida particular, que destaca a relação de amizade com sua assistente Lou Kaddar (Camille Cottin) e seu vício de fumante. Também estão no elenco Lieve Schreiber (Henry Kissinger), Rami Heuberger (Moshe Dayan), Ohad Knoller (Ariel Sharon), Lior Ashkenazi (David Elazar) e a atriz Jaime Ray Newman, esposa do diretor. “Golda” estreou no 73º Festival Internacional de Cinema de Berlim, em fevereiro de 2023, com elogios da crítica e do público. Além da primorosa interpretação de Helen Mirren, vale destacar o contexto histórico do filme. Filmaço!  

segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

 

“ANÔNIMO” (“NOBODY”), 2021, Estados Unidos, 1h31m, em cartaz na Netflix, direção do diretor russo radicado nos EUA Ilya Naishuller (“Hardcore: Missão Extrema”), seguindo roteiro de Derek Kolstad, criador dos filmes da franquia John Wick. Quando foi lançado nos Estados Unidos, mesmo em plena pandemia do Covid, “Anônimo” foi um grande sucesso de bilheteria, faturando em poucas semanas US$ 57 milhões, lembrando que o investimento na produção foi de US$ 16 milhões. Depois de dois anos, chega agora à Netflix sem muito alarde, mas é um filmaço de ação, divertido, com muita pancadaria, tiros e tudo mais que se espera de um filme do gênero. O personagem principal da história é Hutch Mansell (Bob Odenkirk, das séries “Better Call Saul” e “Breaking Bad”), um pacato pai de família e funcionário exemplar de uma pequena metalúrgica. Sua rotina não passa de casa-família-trabalho. Certo dia, dois bandidos invadem sua casa para roubar e ele e o filho entram em luta corporal com a dupla. Em determinado momento da briga, Hutch tem a chance de golpear um dos marginais com um taco de golfe, mas deixa pra lá e os bandidos acabam fugindo. Sua atitude revela ou falta de coragem ou de preferência pela não-violência. Escolheu esta segundo opção para explicar à família e à polícia. Será que ele é um covarde? Calma, sem conclusões precipitadas. Revoltado pelo fato de a dupla de ladrões ter levado a pulseira de gatinhos da sua filha, ele resolve tomar uma atitude de macho e vai atrás dos bandidos. No caminho, dentro de um ônibus, ele vê cinco cafajestes perturbando uma jovem. É o suficiente para ele entrar finalmente em ação e bota ação nisso. Ele espanca sem dó um por um e todos - menos ele, é claro – vão parar em estado grave no hospital. Só que um dos cafajestes em estado de coma é o irmão mais novo de um poderoso chefão da máfia russa, Yulian Kusnetsov (Aleksey Serebryakov, de “Leviatã”). Claro que Hutch e sua família viram alvo dessa turma da pesada. E haja violência explícita, tiros e pancadarias, tudo levado com muito bom humor. Também estão no elenco Connie Nielsen, Michael Ironside e Christopher Lloyd (o cientista de “De Volta para o Futuro” e o mordomo de “A Família Adams”). Enfim, “Anônimo” é um dos melhores filmes de ação do ano. Imperdível!

sábado, 16 de dezembro de 2023

 

“AMSTERDAM”, 2022, Estados Unidos, 2h14m, em cartaz no Prime Vídeo, roteiro e direção de David O. Russell (“Trapaça”, “Três Reis”, “O Lado Bom da Vida”). Nem sempre um elenco com muitos astros garante a qualidade de um filme. “Amsterdam” chega para confirmar essa afirmação. Confiram o elenco (só para citar os mais conhecidos): Margot Robbie (a Barbie), Christian Bale, Anya Taylor-Joy, Zoë Saldana, Robert De Niro, Taylor Swift (ela mesma!), John David Washington, Rami Malek, Mike Myers, Andrea Riseboroughj, Chris Rock, Matthias Schoenaerts, Michael Shannon e Alessandro Nivola. Todos esses astros juntos não conseguem salvar o filme de uma chatice generalizada. Trata-se de um misto de comédia, drama, suspense e mistério. O roteiro é uma bagunça, diálogos sem pé nem cabeça e, para piorar, uma história pra lá de complicada, além de personagens excêntricos e caricaturais. O único elogio deve ser dado à qualidade estética do visual, com uma bela fotografia e primorosa direção de arte, na qual se destaca a recriação de época – Nova York dos anos 30 do século passado, época em que a história é ambientada. Os principais personagens são três amigos norte-americanos que se conheceram na Europa durante a Primeira Guerra Mundial, dois soldados e uma enfermeira. Após alguns anos, eles se reencontram em Nova York e acabam se envolvendo numa grande confusão, o que os levará a desvendar um plano elaborado por empresários da extrema-direita para derrubar o presidente Franklin Roosevelt (houve sim essa tentativa, o que levou o material de divulgação do filme a dizer que a história é baseada em fatos reais). O filme é muito verborrágico, repleto de diálogos sem o menor sentido. O roteiro também não ajuda, pois a cada momento entra um personagem novo na história, complicando ainda mais o entendimento do espectador. Resumo da ópera, “Amsterdam” poderia aproveitar melhor o excelente elenco, mas o resultado final é decepcionante, ou seja, mais uma grande bobagem cinematográfica.     

                       

terça-feira, 12 de dezembro de 2023

 

“MEU PAI É UM PERIGO” (“ABOUT MY FATHER”), 2023, Estados Unidos, 1h29m, em cartaz no Prime Vídeo, direção de Laura Terruso (“Dançarina Imperfeita” e a série “Dickenson”), seguindo roteiro assinado por Sebastian Maniscalco e Austen Earl. O comediante Sebastian Maniscalco escreveu o roteiro baseado em sua experiência pessoal e atua no filme como ele mesmo. Ele lembra o relacionamento difícil com o pai, o imigrante italiano Salbo Maniscalco (Robert De Niro), que só piorou depois que Sebastian resolve ficar noivo de Ellie Collins (Leslie Bibb), artista plástica filha de um empresário milionário dono de uma rede de hotéis “5 Estrelas”. Para pedir a mão da moça, ele foi convidado para um final de semana na mansão litorânea dos pais dela e, muito a contragosto, concordou em levar seu pai. Logo de cara fica claro ao espectador que a diferença cultural e social entre o “casca-grossa” italiano e a família Collins, sofisticada e chique, é gritante. Os Collins são aristocratas, moram num casarão de luxo, e Salbo terá que se adaptar ao ambiente. Torna-se previsível, portanto, uma grande confusão, com direito a situações hilariantes e diálogos idem até o desfecho. Enfim, uma boa comédia, que faz rir sem ofender nossa inteligência. Também estão no elenco Kim Cattrall (a Samantha Jones da série “Sex and the City), David Rasche, Brett Dier e Anders Holm. Embora seja fã de Robert De Niro, prefiro vê-lo em filmes de máfia, como “O Irlandês”, “O Poderoso Chefão” e “Os Bons Companheiros”, o melhor de todos, do que em comédias. Neste último gênero, gostei muito de De Niro apenas em “Entrando Numa Fria e “Máfia no Divã”. No caso específico de “Meu Pai é um Perigo”, De Niro faz o mesmo personagem de sempre nas comédias, um cara ranzinza, rabugento e grosso, com as mesmas caras e bocas. Mas ainda é o grande astro De Niro. Um ótimo programa para uma sessão da tarde com a família.                     

segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

 

“UMA FAMÍLIA QUASE PERFEITA” (“EN HELT VANLIG FAMILJ”), 2023, Suécia, em cartaz na Netflix, minissérie em seis episódios, direção de Per Hanefjord, com roteiro de Hans Jörnlind e Anna Platt. Trata-se da adaptação para a telinha do livro best-seller homônimo do escritor sueco Matthias Edvardsson. Começa a história e vemos Stella Sandell, de 15 anos, sendo estuprada por um homem durante o acampamento de férias. Quatro anos depois, Stella (Alexandra Karlsson Tyrefors) é presa como principal suspeita do assassinato de seu namorado, Christoffer Olsen (Christian Sundgren). Os efeitos colaterais dessa situação acabam atingindo o casamento dos pais, Adam Sandell (Björn Bengtsson), padre da igreja luterana da Suécia, e Ulrika Sandell (Lo Kauppi), advogada e professora universitária, ambos cidadãos muito respeitados na comunidade de Lund, pequena cidade do condado de Skane. Adam não se conforma com a prisão da filha e faz tudo para tentar inocentá-la, nem que para isso se utilize de recursos pouco religiosos. Como advogada experiente, Ulrika também age em favor da filha, escondendo provas e mentindo para a polícia, sem contar com suas puladas de cerca com o seu colega advogado. Enfim, como diz o título, uma família "quase" perfeita. A história prende a atenção do espectador do começo ao fim, com muita tensão e suspense. Sem dúvida, uma das melhores minisséries lançadas este ano pela Netflix.                   

sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

 

“DAVID CONTRA OS BANCOS” (“BANK OF DAVE”), 2023, Inglaterra, 1h47m, em cartaz na Netflix, direção de Chris Foggin (“Música A Bordo”), seguindo roteiro assinado por Piers Ashworth. A história é ótima, mais ainda por ser baseada em fatos reais. O título em português já dá a dica de que se trata de uma briga de David contra Golias. O empresário Dave Fishwick (Rory Kinnear), dono de uma concessionária de veículos (vans) na pequena cidade de Burnley, ao norte da Inglaterra, resolve abrir um banco. As dificuldades são enormes, pois a elite financeira de Londres não aprova um novo banco há 100 anos. Com a ajuda do advogado Hugh (Joel Fry), de um grande escritório de advocacia da capital inglesa, ele enfrentará todos os desafios pela frente para conseguir o seu objetivo. Como é destacado no filme, Dave é um empresário idealista, sempre disposto a ajudar os membros da comunidade de Burnley. Para se ter  uma ideia sobre o caráter do empresário, basta dizer que o lucro auferido pelo bando é destinado a instituições beneficentes da cidade. Também estão no elenco Phoebe Dynevor (de “Bridgerton”), Angus Wright e Jo Hartley. Trocando em miúdos, trata-se de um filme leve, divertido e com uma deliciosa trilha sonora. Enfim, muito agradável de assistir. Gol de placa da Netflix.               

terça-feira, 5 de dezembro de 2023

 

“PARALISIA” (“LOCKED IN”), 2023, Inglaterra, 1h37m, em cartaz na Netflix, direção da cineasta libanesa Nour Wazzi, seguindo roteiro assinado por Rowan Joffe. Trata-se de um suspense carregado de muita tensão. Começa com uma mulher em coma em um hospital, vítima de um suposto atropelamento. Ela é Katherine Carter (Famke Janssen), uma ex-atriz de sucesso em Hollywood que ficou viúva de um milionário, herdando uma mansão na Inglaterra. Com a pancada, ela adquiriu a Síndrome do Encarceramento, quando o paciente permanece tetraplégico, mas com a função cognitiva intacta. Quem cuida dela, no hospital, é a enfermeira Mackenzie (Anna Friel), que resolve dar uma de detetive. Ela desconfia de que algo está errado com a versão do atropelamento depois de acompanhar as visitas da filha adotada de Katherine, Lina (Rose Williams), e do médico da família, dr. Lawrence (Alex Hassell). Katherine também tinha um filho, Jamie (Fill Cole), um jovem que sempre foi doente e que era cuidado justamente pela enfermeira Mackenzie antes de morrer afogado. Tudo muito misterioso. Até a verdade ser finalmente revelada, muitos acontecimentos e reviravoltas acontecem, valorizando este bom suspense da Netflix.                 

sábado, 2 de dezembro de 2023

 

“O ASSASSINO” (“THE KILLER”), 2023, Estados Unidos, 1h58m, em cartaz na Netflix, direção de David Fincher, seguindo roteiro assinado por Andrew Kevin Walker. Nos materiais de divulgação, os títulos foram grafados de forma esquisita, por exemplo “O Assass__.no” ou, no original, “The K__.ller”. O que isso quer dizer, não tenho a mínima ideia. Vamos ao filme. Trata-se de um policial neo-noir adaptado da série francesa de quadrinhos escrita por Alexis Nolent sob o pseudônimo de Matz. O personagem principal é um assassino profissional (Michael Fassbender) solitário, frio, impiedoso e meticuloso. A história começa e lá está ele em Paris tentando matar um bilionário. Sua missão fracassa e, a partir daí, ele é perseguido pela própria organização que o contratou. Depois que sua namorada Magdala (a brasileira Sophie Charlotte) é espancada e torturada, o assassino passa de perseguido a perseguidor, indo atrás dos responsáveis pela violência aplicada na sua namorada. Também estão no elenco Tilda Swinton, Monique Ganderton, Arliss Howard, Charles Parnell e Kerry O’Malley. Aviso que o filme não é muito fácil de digerir, começando pela narração em off durante a qual o assassino reflete sobre sua profissão, a maneira como gosta de agir e até explica ao espectador seus próximos passos. “O Assassino” é um filme sombrio, que mistura suspense com algumas (poucas) cenas de ação, mas não deixa de ser interessante pela estética adotada, embora um tanto cansativa e enfadonha. Cabe lembrar que o cineasta David Fincher é responsável por alguns clássicos do gênero suspense, tais como “Seven – Os Sete Pecados Capitais”, “Clube da Luta”, “Zodíaco” e “Garota Exemplar”.               

quinta-feira, 30 de novembro de 2023

 

“FILHOS DA DINAMARCA” (“DANMARKS SØNNER”), 2019, Dinamarca, 2h03m, em cartaz no Prime Vídeo, roteiro e direção de Ulaa Salim (é o primeiro longa do cineasta dinamarquês de origem iraquiana). Descobri este filme meio escondido no catálogo do Prime Vídeo, ao qual chegou em outubro de 2021. Grata surpresa, principalmente por tratar, com muita seriedade e competência, de temas importantes e atuais como a questão dos imigrantes e do terrorismo. A história é ambientada em 2025, um ano depois de um atentado à bomba no metrô da capital Copenhague, que matou 20 pessoas e feriu outras dezenas. Sem uma prova concreta sobre sua autoria, a opinião pública acusou os imigrantes árabes muçulmanos e, desde então, uma campanha contra eles foi iniciada, incentivada pelo candidato de extrema-direita Martin Nordahl, favorito para ocupar o cargo de primeiro-ministro. Com um poderoso discurso xenofóbico, Nordahl conseguiu um grande número de adeptos, muitos deles pertencentes a uma organização radical nacionalista intitulada “Filhos da Dinamarca”. Enquanto isso, um grupo pró-árabe começou a planejar um novo atentado, para o qual foi recrutado o jovem Zakaria (Mohammed Ismail Mohammed), de 19 anos. Zakaria foi submetido a um treinamento especial por um extremista veterano do grupo, Ali (Zaki Youssef). No meio da história, porém, há uma reviravolta que mudará o destino de todos os envolvidos. Muita tensão é reservada ao espectador até o desfecho, consagrando “Filhos da Dinamarca” como um filme dos mais interessantes e realistas do atual cinema dinamarquês. O filme estreou por aqui durante a 43ª Mostra Internacional do Cinema de São Paulo na categoria "Novos Diretores". Recomendo.              

segunda-feira, 27 de novembro de 2023

 

“RUSTIN”, 2023, Estados Unidos, 1h48m, em cartaz na Netflix, direção de George C. Wolfe (“A Voz Suprema do Blues”), seguindo roteiro assinado por Julian Breece e Dustin Lance Black. Trata-se da cinebiografia de Bayard Rustin, um dos mais importantes ativistas dos direitos civis nos Estados Unidos, que ficou famoso – não tão quanto Martin Luther King ou Malcolm X – por planejar a Marcha Sobre Washington por Trabalho e Liberdade, em 1963, evento que reuniu mais de 250 mil ativistas. Produzido, entre outros, pelo ex-presidente Barack Obama, o filme conta a incrível história dos bastidores dessa grande manifestação, organizada em apenas dois meses e que mobilizou todo o país. Rustin conseguiu agregar várias tendências da sociedade, incluindo pastores de diversas igrejas, políticos, policiais, mulheres influentes, contando ainda com a ajuda de Martin Luther King, que liderou a marcha. Não foi fácil convencer tanta gente a participar, principalmente pelo fato de que Bayard Rustin era homossexual assumido, numa época em que essa opção era bastante discriminada. O filme mostra todo o esforço de Rustin e de sua equipe na organização da marcha. O ator Colman Domingo, que interpreta o ativista, já é um dos favoritos à indicação ao Oscar 2024 de Melhor Ator. Também estão no elenco Chris Rock, Audra McDonald, Glynn Turman, Aml Ameen, Jeffrey Wright, Gus Halper e Johnny Ramey. O filme é um primor de roteiro e recriação de época, principalmente nas cenas urbanas. Trocando em miúdos, “Rustin” é excelente, sem dúvida um dos melhores lançamentos do ano da Netflix.           

sexta-feira, 24 de novembro de 2023

 

“ASTÉRIX E OBÉLIX: O IMPÉRIO DO MEIO” (“ASTÉRIX ET OBÉLIX: L’EMPIRE DU MILIEU”), 2023, França, 1h52m, em cartaz na Netflix, direção de Guillaume Canet, que também assina o roteiro com Julien Hervé e Philippe Mechelen. Esta é a quinta adaptação cinematográfica da série em quadrinhos criada por Albert Uderzo e Rene Goscinny (as quatro primeiras foram "Astérix e Obélix Contra César", de 1999, “Missão Cleópatra, de 2002, Astérix nos Jogos Olímpicos, de 2008, e “A Serviço de Sua Majestade, de 2012). Nesta última versão, “O Império do Meio”, ambientada no ano 50 a.C., os heróis gauleses partem para uma aventura na China com o objetivo de ajudar a princesa Fu Yi a libertar a imperadora, sua mãe, das garras do golpista Deng Tsin Quin. Ao mesmo tempo, o imperador romano César vê a possibilidade de expandir seu império, e vai tentar conquistar justamente a China. A confusão está formada, e o solo chinês será sacudido por batalhas campais, muita pancadaria, romances inusitados e situações hilariantes, tudo isso ao som de uma deliciosa trilha sonora com músicas do Queen, ABBA, Lionel Richie e tantos outros astros da música contemporânea. O elenco é de primeira: Guilaume Canet (Astérix), Gilles Lellouche (Obélix), Marion Cotillard (Cleópatra), Vincente Cassel (César), Julie Chen (princesa Fu Yi), Leanna Chea (Tat Han), Pierre Richard (Panoramix), José Garcia (Biopix), Linh-Dan Pham (imperadora chinesa) e até o craque de futebol Zlatan Ibrahimovic como o oficial romano Caius Antivírus. A comédia corre solta durante todo o filme, com direito a personagens como Titanix, o comandante do navio, Lapsus, Plexus, Abdelmalix e por aí vai. Astro dos quatro primeiros filmes como o gordo e bonachão Obélix, Gérard Depardieu cede o seu lugar para Gilles Lellouche, que não é tão bom quanto Depardieu, mas está muito bem no papel. É tudo muito divertido, uma delícia de entretenimento, mesmo para aqueles que não curtiram os quadrinhos. Eu li quase todos e mesmo que não seja a mesma coisa, as adaptações feitas pelo cinema francês são excelentes. Diversão garantida.          

sábado, 18 de novembro de 2023

 

“O ÚLTIMO HERÓI” (“GEROY”), 2019, Rússia, 2h01m, em cartaz desde o último dia 6 de outubro no Prime Vídeo, direção do cineasta armênio Karen Oganesyan, seguindo roteiro assinado por Nikolay Kulikov. Ótima opção de entretenimento para quem curte filmes de espionagem, com cenas de ação de tirar o fôlego, cenários deslumbrantes, belas mulheres e muitas reviravoltas. A história é centrada no espião russo Andrey Rodin (Alexander Andrejewitsch), integrante da agência secreta intitulada Juventude. Assim como vários agentes da Juventude espalhados por vários países do mundo, Andrey foi treinado desde adolescente pelo seu próprio pai, coronel Oleg Rodin (Vladimir Mashkov). Depois que a agência foi extinta e seu pai dado como morto, Andrey resolve ficar na Alemanha, país onde ocorreu sua última missão. Em uma competição de balões na Polônia, ele conhece Masha Rakhmanova (Svetlana Khodchenkova), outra espiã que trabalhou para a Juventude. Quando eles iniciam um romance, a história apresenta uma surpreendente primeira grande reviravolta. Os dois são perseguidos por uma outra organização russa disposta a encontrar uma senha especial que só Andrey conhece e que servirá para revelar a identidade de todos os espiões recrutados pela Juventude. Outra surpresa acontece quando Andrey recebe o telefonema de seu pai, até então considerado morto e desaparecido. A perseguição prossegue em ritmo desenfreado até o desfecho, mas antes acontecem outras reviravoltas que dão um bom tempero ao roteiro. Uma ótima surpresa do cinema russo para quem aprecia filmes de ação.          

quinta-feira, 16 de novembro de 2023

 

“CAROS CAMARADAS - TRABALHADORES EM LUTA” (“DOROGIE TOVARISHCHI”), 2020, Rússia, em cartaz no Prime Vídeo, 2h01m, direção do veterano cineasta Andrei Konchalovsky (“Paraíso”), que também assina o roteiro com a colaboração de Elena Kiseleva. A história é centrada em um episódio ocorrido em 1962 na província de Novocherkassk, ou seja, a greve dos trabalhadores de uma fábrica de locomotivas, que protestavam contra o pesado aumentos nos preços dos alimentos. O exército e a KGB entraram em ação e atiraram contra os manifestantes, matando 26 e ferindo mais de 100. O então governo da União Soviética - leia-se KGB - escondeu o episódio, só revelado muitos anos depois e agora filmado por Konchalovsky. O roteiro coloca no meio de toda a ação Lyudmila (Yuliya Vysotskaya), uma mulher de meia-idade comunista fervorosa que trabalha como oficial do Comitê de Segurança da KGB em Novocherkassk e que lutou na Segunda Guerra Mundial pela ideologia de Stalin. Mesmo depois das atrocidades cometidas pelo ex-ditador reveladas por Nikita Kruschev, Lyudmila continuou fiel a Stalin. Ela só começou a rever os seus conceitos em relação ao regime comunista depois do massacre dos trabalhadores, pois talvez esteja entre as vítimas sua própria filha Svetka. Totalmente filmado em preto e branco (fotografia assinada por Andrey Naydenov), o filme concorreu ao Oscar 2021 de Melhor Filme Internacional, foi exibido como uma das atrações principais do Festival de Veneza e recebeu o Prêmio Nika de Melhor Filme concedido pela Academia Russa de Artes e Ciências Cinematográficas. O filme contém uma crítica contundente ao partido comunista e, principalmente, aos métodos adotados pela KGB. Trata-se de um filme que deve ser visto por aquelas pessoas que defendem regimes de esquerda sem o mínimo de conhecimento histórico. Assistir “Caros Camaradas: Trabalhadores em Luta” é uma ótima oportunidade de aprender um pouco sobre as verdadeiras faces do comunismo. Imperdível!

terça-feira, 14 de novembro de 2023

 

“MAIGRET E A JOVEM MORTA” (“MAIGRET”), 2022, coprodução França/Bélgica, 1h29m, lançamento do Prime Vídeo, direção de Patrice Leconte, que também assina o roteiro com a colaboração de Jérôme Tonnerre. Leconte adapta para o cinema mais uma história do detetive Jules Maigret, personagem principal dos romances policiais do escritor belga Georges Simenon. Em “Maigret e a Jovem Morta” – a história é ambientada em 1950 -, o lendário detetive parisiense, interpretado pelo grande Gérard Depardieu (grande nos dois sentidos, artístico e físico), investiga o assassinato de uma jovem cujo corpo foi encontrado em uma praça de Paris. De início, desconfia-se que ela havia sido assassinada com sete facadas, mas o legista acredita que a causa da morte tenha sido o pescoço quebrado, talvez em uma queda. Primeiro, Maigret tenta identificar a vítima e depois então encontrar alguma pista. Não é uma tarefa fácil, já que não há testemunhas e nenhum sinal da identidade da moça. Maigret, porém, é inteligente e conseguirá chegar até os assassinos. Completam o elenco Aurore Clément, Mélanie Bernier, Jade Labest, Clara Antoons e Pierre Moure. Como nos policiais noir de Hollywood nos anos 30/40/50, a fotografia dá um tom especial aos cenários, basicamente nas cenas noturnas. Não há perseguições, tiros ou pancadarias, mesmo porque Depardieu não tem a mínima mobilidade física para cenas de ação. Só há o lado psicológico utilizado pelo famoso detetive ao abordar as pessoas que podem levar à solução do mistério. Somente para quem curte o gênero policial noir e os livros de Simenon.          

segunda-feira, 13 de novembro de 2023

 

“UNCHARTED – FORA DO MAPA” (“UNCHARTED”), 2022, Estados Unidos, 1h56m, em cartaz no Prime Vídeo, direção de Ruben Fleischer (“Zumbilândia”), seguindo roteiro assinado por Rafe Judkins e Art Marcum. Trata-se do primeiro filme adaptado de um dos videogames de maior sucesso da atualidade. Uma aventura e tanto de caça ao tesouro, bem ao estilo de filmes como os de Indiana Jones. O jovem ladrão e bartender Nathan Drake (Tom Holland, ator do último Homem-Aranha) é recrutado pelo famoso caçador de tesouros Victor Sullivan (Mark Wahlberg). Juntos, viajarão pelo mundo em busca de um lendário tesouro supostamente escondido pelo navegador português Fernão de Magalhães há 500 anos. Para chegar ao seu objetivo, a dupla tentará desvendar vários enigmas a partir de um antigo mapa-múndi e de cartões postais enviados por Sam, irmão de Nathan e também um aventureiro. Em meio a essa busca, eles se confrontarão com os capangas de Santiago Moncada (Antonio Banderas), cuja família se diz proprietária do tesouro. A caça ao suposto tesouro começa em El Dorado, na América do Sul, e segue pela Espanha e Filipinas, entre outros lugares. Também estão no elenco Sophia Taylor Ali, Tati Gabrielle e Manoel de Blas. A história é ótima, o elenco idem, mas a principal atração do filme são as cenas de ação, realistas e impressionantes, um show de imagens e muita emoção. Um lembrete importante: não desligue antes de assistir as cenas extras durante e depois dos créditos, que deixam evidente que haverá uma sequência. IMPERDÍVEL!        

quinta-feira, 9 de novembro de 2023

 

“CRIME EM HOLLYWOOD” (“LAST LOOKS”), 2022, coprodução Inglaterra/EUA, em destaque na Netflix, 1h50m, direção do cineasta inglês Tim Kirkby, seguindo roteiro do escritor Howard Michael Gould, que o adaptou do seu próprio livro “Last Looks”, de 2019. A história, contada com muito humor, é centrada no detetive Charlie Waldo (Charlie Hunnam), que abandonou o Departamento de Polícia de Los Angeles depois que prendeu um sujeito que mais tarde foi considerado inocente. Waldo se transformou numa “persona non grata” no meio policial e resolveu se isolar na floresta, morando em um trailer imundo com seu bicho de estimação, uma galinha. Três anos depois ele é procurado por Lorena (a atriz brasileira Morena Baccarin), uma antiga namorada e detetive particular, que lhe oferece um trabalho especial, ou seja, investigar a morte da esposa de Alastair Pinch (Mel Gibson), um astro da TV que é acusado do assassinato. De início, Waldo recusou a tarefa, mas topou depois de ser espancado por uma turma da pesada que o ameaçou de morte caso aceite o caso. Waldo vai para Los Angeles e começa o seu trabalho, para o qual recebe a ajuda do principal suspeito, o astro Alastair Pinch. Para cercar todas as possibilidades, Waldo visita o estúdio de TV onde Pinch trabalha e ainda a escola onde sua filha estuda. Entre idas e vindas, além de algumas reviravoltas, o detetive finalmente esclarece o mistério. A estética do filme resgata o estilo noir dos filmes policiais de Hollywood nos anos 40 e 50. Claro que Hunnam não é e nem chega perto dos astros Robert Mitchum e Humphrey Bogart, só para citar dois dos atores que se consagraram no gênero, hoje chamado “neo noir” quando a história é ambientada nos dias atuais, como é o caso de “Crime em Hollywood”, que conta ainda no elenco com Clancy Brown, Rupert Friend, Dominic Monaghan e Lucy Fry. Para quem gosta do gênero, trata-se de um filme que pode agradar. Eu gostei.         

terça-feira, 7 de novembro de 2023

 

“NYAD”, 2023, Estados Unidos, 2h01m, produção original e distribuição Netflix, direção de Jimmy Chin e Elizabeth Chai Vasarhelyi (casal mais conhecido por dirigir documentários de esportes radicais), seguindo roteiro assinado por Julia Fox. Só a história vale o filme, ou seja, a incrível trajetória da norte-americana Diana Nyad como nadadora de longas distâncias no mar, que, aos 64 anos, em 2014, nadou cerca de 170 quilômetros entre Cuba e a Flórida, sendo a primeira atleta a vencer essa distância. A história de Nyad começa na infância, quando era uma promissora nadadora em piscinas. Mais tarde, resolveu participar de competições em mar aberto, cumprindo longas distâncias e batendo vários recordes mundiais, como as travessias do Lago Ontário, no Canadá, e da Baía de Nápoles, na Itália. Em 1978, aos 28 anos, ela tentaria vencer o seu mais sonhado desafio: nadar de Cuba até a Flórida. Não conseguiu. Ela então resolveu parar de nadar e passou a escrever livros, fazer reportagens e palestras motivacionais. Em 2010, aos 60 anos, ela voltou a tentar cumprir novamente o trajeto. Também não conseguiu. E assim foi ela tentando até concretizar o seu sonho na quinta tentativa, aos 64 anos, desafiando novamente o mar revolto, águas-vivas venenosas e tubarões, tudo isso sem a gaiola protetora contra tubarões. Ela nadou durante 53 horas. O filme mostra os bastidores dessa incrível jornada de coragem e persistência, com roteiro baseado no livro biográfico da nadadora, “Find a Way”. Como isso só não bastasse, “Nyad” ainda tem como trunfo o sensacional desempenho da atriz Annette Bening, já considerada a grande favorita para o Oscar 2024 de Melhor Atriz. Realmente, sua atuação é impressionante, notadamente quando assume os trejeitos masculinos de Nyad, homossexual assumida. Mas não é só. Ainda tem a seu lado a ótima Jodie Foster, voltando às telas no papel de Bonnie Stoll, a melhor amiga e treinadora de Nyad. Não ficaria surpreso se Jodie também acabe indicada ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante. Também estão no elenco Rhys Ifans, Anna Harriette Pittman, Luke Cosgrove e Karly Rothenberg. Trocando em miúdos, “Nyad” é sensacional, simplesmente imperdível!            

quinta-feira, 2 de novembro de 2023

 

“JOGO DO PODER” (“ADULTS IN THE ROOM”), 2021, coprodução França/Grécia, 2h04m, em cartaz na Netflix, roteiro e direção de Costa-Gavras, cineasta grego naturalizado francês. O veterano Gavras, hoje com 90 anos, é um mestre do cinema político, responsável por grandes clássicos do gênero, como “Z” (1969), “A Confissão” (1970), “Estado de Sítio” (1972), “Missing” (1982), “O Quarto Poder” (1997) e “O Capital" (2012), entre tantos outros. O mais recente, “Jogo do Poder”, é um drama político baseado nas memórias do ex-Ministro de Finanças grego Yanis Varoufakis, descritas no livro “Adultos na Sala: Minha Batalha Contra o Establishment”. Yanis relata o que aconteceu nos bastidores das negociações do governo grego, em 2015, para tirar a Grécia de sua maior crise econômica. À beira da falência, com o risco de fechamento dos bancos, a Grécia começou a negociar com representantes do Eurogrupo, conhecido também como a “Troika Europeia”, formado pelo Banco Central Europeu, Fundo Monetário Internacional (FMI) e a Comissão Europeia. Gavras centraliza seu filme mostrando como foram realizadas essas reuniões, enfatizando a tensão em cada uma delas. O então ministro Yanis Varoufakis estava no cargo há apenas quatro meses no governo de esquerda comandado pelo primeiro-ministro Aléxis Tsípras (Georges Corraface). Ou seja, não tinha muita experiência em negociações desse nível de importância, mas mostrou firmeza em todas as reuniões realizadas em várias capitais europeias. O filme é muito verborrágico, repleto de diálogos, não dá para piscar, é preciso prestar muita atenção. E tudo vale a pena, cada palavra, cada diálogo. Uma verdadeira aula de política econômica internacional. Dessa forma, vale alertar que “Jogo de Poder” não é um filme para iniciantes. Mas é um grande filme, mais uma pequena obra-prima de Costa-Gavras, ainda em ótima forma criativa apesar da idade. O filme foi exibido nos festivais de Veneza e Berlim, com ótima recepção por parte dos críticos e do público. IMPERDÍVEL!              

terça-feira, 31 de outubro de 2023

 

“MORTE A PINOCHET” (“MATAR A PINOCHET”), 2020, Chile, 1h21m, em cartaz no Prime Vídeo, direção de Juan Ignacio Sabatini (da minissérie “La Cacería: Las Niñas de Alto Hospício”), que também assina o roteiro com Enrique Videla e Pablo Paredes. Filmaço político que resgata um fato ocorrido em setembro de 1986 em plena ditadura chilena. Naquele ano, integrantes da Frente Patriótica Manoel Rodriguez, braço armado do partido comunista chileno, promoveram um atentado para matar o general Augusto Pinochet. O grupo terrorista era comandado por Cecilia Magno Camino, também conhecida como Comandante Tamara, que deixou a profissão de psicóloga para ingressar na luta armada. Como se sabe, o atentado não teve o sucesso esperado e muitos guerrilheiros acabaram presos ou mortos. O filme revela em detalhes como foi o planejamento do atentado, o recrutamento de novos militantes e, por fim, a sua frustrada execução. No filme, a comandante Tamara é interpretada por Daniela Ramírez, em grande atuação. Também fazem parte do elenco Julieta Zylberberg, Juan Martín Gravina, Mario Hortan, Gastón Salgado e Cristián Carvajal. Mais um ótimo drama para relembrar um dos fatos mais importantes da história do Chile. Cinema da melhor qualidade.          

domingo, 29 de outubro de 2023

 

“DESEJO PROIBIDO” (“HEAVEN IN HELL”), 2023, Polônia, 1h59m, em cartaz na Netflix, direção de Tomasz Mandes, que também assina o roteiro com Mojca Tirs. Drama romântico e erótico bem ao estilo da trilogia “365 Dias”. Aliás, o diretor é o mesmo, assim como parte do elenco – o casal central também é formado por um italiano e uma polonesa (no caso da trilogia “365 Dias”, Michele Morrone e Anna-Maria Sieklucka). As coincidências não acabam por aqui. “Desejo Proibido” exagera nas longas e frequentes cenas de sexo, bem perto do explícito, um tanto cansativas, na verdade. Mas o que mais iguala este aos outros três é que todos são muito fracos no que se refere às histórias e, principalmente, aos roteiros. Em “Desejo Proibido”, Olga (Magdalena Boczarska), uma respeitada juíza de meia idade, no auge da carreira, se apaixona por um homem bem mais jovem, Max (Simone Susinna), um “zé-ninguém” que mora na praia com um grupo de “zé-ninguéns” metidos a hippies. Viúva há anos, a juíza se entrega ao sexo sem nenhum pudor. Mal sabe ela, porém, que o garanhão era amante da sua filha Maya (Katarzyna Sawczuk). Olha que situação! Como curiosidade, o ator e modelo Simone Susinna foi namorado da cantora Anitta. Aliás, como ator, Susinna é um ótimo modelo, atuando mais com caras, bocas e poses. Enfim, “Desejo Proibido” é só apelação.       

sexta-feira, 27 de outubro de 2023

 

“SAYEN: A ROTA SECA” (“SAYEN: LA RUTA SECA”), 2023, Chile, 1h33m, em cartaz no Prime Vídeo, direção de Alexander Witt, seguindo roteiro assinado por Leticia Akel, Julio Rojas e Paula Del Fierro. Este é o segundo filme com a mesma heroína, a índia Sayen (Rallen Montenegro), da tribo Mapuche. No primeiro, também dirigido por Witt, ela resolve se vingar de um empresário que queria comprar as terras da família de Sayen e, diante da recusa, mataram a avó dela. Neste segundo, a índia, treinada para ser uma guerreira weichave, resolve lutar contra uma empresa multinacional que quer explorar o deserto de Atacama à procura de lítio, elemento químico de alto valor utilizado, principalmente, pelas indústrias farmacêuticas para a fabricação de remédios. Com a ajuda de Quimal (Katalina Sánchez) e de um traficante, Gaspar (Jorge López), Sayen tentará provar e denunciar o esquema de corrupção entre o empresário Máximo Torres (Enrique Arce), o vilão do primeiro filme, e o senador Salazar (Alfredo Castro, o grande astro chileno). Torres é o presidente de uma corporação internacional que está destruindo as terras e devastando os ecossistemas no Chile. Embora o pano de fundo seja político, o filme é repleto de cenas de ação, com muitas perseguições e pancadaria – Sayen é boa de briga. Somando os prós e os contras, o filme tem mais prós, principalmente por ser um inusitado filme de ação chileno, gênero não muito explorado pelo cinema daquele país.         

 

segunda-feira, 23 de outubro de 2023

 

“MISSÃO DE SOBREVIVÊNCIA” (“KANDAHAR”), 2023, lançamento Prime Vídeo, coprodução Estados Unidos/Arábia Saudita, 1h59m, direção de Ric Roman Waugh, com roteiro assinado por Mitchell Lafortune. Mais um filme de ação com o ator escocês Gerard Butler, que já havia trabalhado com o diretor Waugh em “Invasão ao Serviço Secreto” e “Destruição Final: O Último Refúgio”. Em “Missão de Sobrevivência”, Butler é o agente secreto Tom Harris, emprestado à CIA pelo serviço secreto inglês (MI6) para explodir uma fábrica de armas nucleares no Irã. Logo depois, o agente seria contratado para uma missão no Afeganistão, só que sua identidade foi descoberta e, a partir daí, ele passa a ser perseguido por talibãs, integrantes do Estado Islâmico, jihadistas paquistaneses e por um assassino contratado pelas autoridades iranianas. Para se livrar dos seus perseguidores, Tom precisa chegar rápido a uma base aérea de resgate em Kandahar. Para ajudá-lo, ele contrata um intérprete afegão, Mohammad “Mo” Doud (Navid Negahban). Daí pra frente é só perseguição pelo deserto e muita ação, explosões e tiroteios, tudo filmado com muita competência (as filmagens aconteceram no deserto e em cidades da Arábia Saudita). Completam o elenco Travis Fimmel, Ali Fazal, Tom Rhys Harries, Olivia-Mai Barrett e Nina Toussaint-White. Para escrever o roteiro, Mitchell Lafortune colocou no papel suas lembranças do tempo em que serviu em missões no Afeganistão como oficial da Inteligência de Defesa. Trocando em miúdos, este é mais um mais bom filme de ação para assistir comendo pipoca.           

domingo, 22 de outubro de 2023

 

“CIDADE PERDIDA” (“THE LOST CITY”), 2022, Estados Unidos, 1h52m, em cartaz na Netflix, direção dos irmãos Aaron e Adam Nee, seguindo roteiro escrito por Oren Uziel e Dana Fox. Comédia romântica e de aventura com um elenco de primeira (Sandra Bullock, Channing Tatum, Daniel Radcliffe e Brad Pitt, este último numa rápida participação especial). A escritora Loretta Sage (Bullock), especialista em romances de aventura na linha Indiana Jones, é sequestrada durante o lançamento do seu último livro. O responsável pelo sequestro é o bilionário excêntrico Abigail Fairfax (Radcliffe), que acredita ser de verdade a cidade perdida descrita no romance e que oculta preciosos tesouros. O aspirante a ator e modelo Dash McMahon (Tatum), que aparece com destaque nas capas dos livros de Loretta, resolve ir atrás da escritora e tentar libertá-la do bilionário maluco. Para isso, junta-se a um ex-soldado mercenário (Brad Pitt). Realmente a tal cidade perdida existe e para lá vão o bilionário e sua gangue, além de Loretta e Dash. Mesmo que Bullock tente ser engraçada, seu personagem não passa de uma figura patética. Pior é Channing Tatum, cujo papel é de um herói aparentemente com deficiência mental – papel certo para um péssimo ator. Completam o elenco Da'Vine Joy Randolph, Patti Harrison, Stephen Lang e Oscar Nuñez. Os diálogos são lamentáveis, para não dizer ridículos. A não ser pelas cenas de ação com Brad Pitt, o restante não colabora em nada com algo perto do bom senso. Desta vez, Hollywood pisou na bola, com um filme que ofende nossa inteligência e não traz nada de emocionante ou engraçado, como se espera de um filme de aventura. Se Ibrahim Sued fosse vivo e crítico de cinema, escreveria “Bomba, Bomba, Bomba!”. Eu acrescentaria: “Nuclear”.         

sexta-feira, 20 de outubro de 2023

 

“RASTOS DE SANGUE” (“DER SCHUTZENGEL”), 2022, Áustria, em cartaz no Prime Vídeo, 1h29m, roteiro e direção de Götz Spielmann (de “Revanchen”, filme indicado para disputar o Oscar 2009 de Melhor Filme Estrangeiro). Se você se surpreendeu com a palavras “Rastos”, ao invés de “Rastros”, saiba que ambos estão corretos. Trata-se de um filme policial que não faz muito jus ao gênero. O ritmo é morno, quase sem ação, suspense e nem mesmo reviravoltas, muito menos tiros e perseguições. O filme começa com o encontro de um cadáver de mulher boiando em um lago na zona rural não muito longe de Viena. O detetive Thomas Werner (Fritz Karl) assume o caso e inicia as investigações com a ajuda da polícia local. A vítima é identificada como Fanny Hofstatterr (Susi Stach), que trabalhava como empregada em um castelo da família Lanner, bastante conhecida na região. De início, parecia caso de afogamento, mas depois da autópsia chegou-se à conclusão de que foi assassinato. Na lista de suspeitos estão o próprio sobrinho da vítima, um fazendeiro em dificuldades financeiras, e um integrante da família Lanner, além de um policial novato que retorna ao vilarejo depois de 12 anos. Paralelamente a este caso, o detetive Thomas resolve investigar também o desaparecimento de uma jovem há mais de uma década. Completam o elenco Oliver Rosskopf, Michael Steinocher, Nicole Heesters e Henrietta Rauth. Não há muito mais a comentar sobre este filme, mas apenas afirmar que não há motivos suficientes para uma recomendação entusiasmada.       







quinta-feira, 19 de outubro de 2023

 

Da fonte inesgotável de histórias da Segunda Guerra Mundial chega mais uma: “A VOZ DA RESISTÊNCIA” (“BURNING AT BOTH ENDS”), 2022, Estados Unidos, 1h51m, em cartaz no Prime Vídeo, direção de Landon Johnson, que também assina o roteiro com Matthew Hill e Jonah M. Hirsch. Não se surpreenda se encontrar o mesmo filme com o título de “Sem Tempo a Perder” (“Resistance: 1942”). Não sei por que toda essa confusão, um verdadeiro samba do cinema doido. Vamos à história – que também não esclarecem se é baseada em fatos reais ou uma ficção, ou seja, mais um defeito. Em 1942, com a França ocupada pelos nazistas, um operador de rádio-amador transmite mensagens otimistas e motivacionais para a população de Paris. Tipo “Continuem lutando, Deus ajudará a nos libertar” etc. Os alemães não gostaram nada e acionaram a Gestapo para descobrir quem estava enviando as mensagens. O locutor é Jacques (Cary Elwes), que mora com a filha Juliet (Greer Grammer) e um casal de judeus, Agnes (Mira Furlan) e Bertrand (Judd Hirsch), escondidos em um sótão. O oficial alemão Klaus Jager (Sebastian Roché), chefe da Gestapo em Paris, resolveu investigar e chegar ao locutor misterioso que inflamava os franceses a lutar contra a ocupação nazista. Quando essa turma estava prestes a ser presa, entra na história Andre (Jason Patric), um milionário que, embora tenha ligações comerciais com os alemães, decide ajudar os fugitivos. Algumas cenas de suspense valorizam a história, como o jantar que Andre oferece a oficiais alemães e cuja comida e o serviço ficam a cargo dos seus protegidos. Na mesa, o papo é de estragar o apetite, com os oficiais alemães conversando sobre as experiências científicas com humanos para chegar à raça pura. De vomitar. Trocando em miúdos, o filme apresenta uma história interessante, que poderia render um filme mais emocionante e comovente. O resultado final, porém, é decepcionante.         

terça-feira, 17 de outubro de 2023

 

“O PRÓPRIO ENTERRO” (“THE BURIAL”), 2023, Estados Unidos, lançamento do Prime Vídeo, 2h06m, direção de Margaret Betts, que também assina o roteiro com Doug Wright. O filme relata os bastidores de um caso jurídico que ficou famoso nos Estados Unidos na década de 90. O empresário Jeremiah O’Keefe (Tommy Lee Jones), dono de 8 pequenas funerárias e uma empresa seguradora no estado do Mississippi, resolveu entrar na justiça contra um investidor bilionário. Prestes a entrar em falência, O’Keefe tenta vender parte de suas empresas ao poderoso empresário Ray Loewen (Bill Camp), que adia a concretização do negócio esperando conseguir um preço menor. Jogo sujo. Mas O’Keefe resolveu revidar. Contratou o advogado Willie Gary (Jamie Foxx), famoso por não perder um caso em 12 anos, e partiram para os tribunais. As empresas Loewen também contavam com uma excelente equipe de advogados, comandados por Mame Downes (Jurnee Smollett). Com todos esses ingredientes, a previsão é de que os embates no tribunal sejam acirrados e muito interessantes. E, de fato, são, contribuindo e valorizando ainda mais este ótimo drama de tribunal. Não espere muita seriedade, pois há muito humor acontecendo nos bastidores. Também estão no elenco Pamela Reede, Mamoudou Athie, Amanda Warren e Alan Ruck. Enfim, um filme delicioso de assistir. Recomendo.      

 

segunda-feira, 16 de outubro de 2023

 

“DESEJO OBSESSIVO” (“OBSESSION”), 2023, coprodução Inglaterra/Irlanda do Norte, minissérie Netflix em 4 episódios, direção de Glenn Leyburn e Lisa Barros D’Sa. O roteiro foi adaptado por Morgan Lloyd Malcolm e Benji Walters do livro “Perdas e Danos” (“Damage”, no original), da escritora irlandesa Josephine Hart (1942-2011). Trata-se de uma história de traição e obsessão sexual, com várias cenas eróticas bem perto do explícito, mesmo exibido pela TV inglesa. Histórias de traição já foram exploradas em inúmeras produções cinematográficas, mas desta vez o caso foge da normalidade. O conceituado médico-cirurgião William Farrow (Richard Armitage) começa a trair a esposa Ingrid (Indira Varma) com a misteriosa Anna Barton (Charlie Murphy), muitos anos mais jovem. Até aí tudo normal, pois não é segredo que a maioria dos homens pensa com a cabeça de baixo. Só que tem um detalhe pra lá de escabroso: a garota é noiva de Jay (Rish Shah), filho do médico. Já dá pra imaginar que a coisa não vai terminar bem, não só pelo lado familiar, mas também profissional, já que o médico está prestes a ocupar o cargo de Secretário de Saúde do governo inglês. A situação só piora a partir da obsessão doentia do médico pela jovem. A história mereceria um roteiro mais caprichado, incluindo algum suspense. Infelizmente, o tratamento é morno, com pouca tensão e muito blá blá blá. De qualquer forma, se você for assistir, tire as crianças da sala.      

sábado, 14 de outubro de 2023

 

“A MILHÕES DE QUILÔMETROS” (“A MILLION MILES AWAY”), 2023, coprodução México/Estados Unidos, em cartaz no Prime Vídeo, direção de Alejandra Márquez Abella (“Os Céus do Norte Sobre o Vazio”), seguindo roteiro assinado por Hernán Jiménez e Bettina Gilois. A história é baseada em fatos reais descritos no livro “Reaching for The Stars: The Inspiring Story of a Migrant Farmworker Turned Astronaut”, de José Hernández, o primeiro imigrante mexicano astronauta da NASA. A trajetória de Hernández é realmente incrível. Sua família imigrou para os Estados Unidos com o objetivo de trabalhar nas plantações de milho. Mesmo diante das dificuldades, o garoto José tinha como sonho um dia ser astronauta. Graças ao seu próprio esforço e inteligência, José cursou a faculdade de Engenharia e, desde então, enviava todos os anos pelo correio um formulário de inscrição para o programa espacial da NASA. Já casado e com cinco filhos, Hernández finalmente foi aceito, 12 anos depois da primeira inscrição, participando de um voo tripulado ao espaço. O filme conta com muitos momentos comoventes, como o reencontro de José com sua antiga professora e incentivadora miss Young, além do apoio de sua família mexicana e, principalmente, de sua esposa.  Outro destaque do filme são as cenas que mostram o difícil e exaustivo treinamento ao qual os astronautas são submetidos. Atuando como José Hernández está Michael Penã, ator que finalmente consegue ser o protagonista principal, depois de atuar em papéis secundários em inúmeros filmes de Hollywood, como “Homem-Formiga”, “Crash: No Limite” e “Trapaça”, entre tantos outros. Também estão no elenco Rosa Salazar, Julio Cesar Cedillo, Veronica Falcon, Sarayu Rad e Michelle Krusiec. O que vale mesmo é a história de perseverança e muitos sacrifícios de um homem simples que, vencendo inúmeros desafios, conseguiu realizar seu sonho.    

quinta-feira, 12 de outubro de 2023

  

“ÂNGELA”, 2023, Brasil, lançamento do Prime Vídeo, direção de Hugo Prata (do ótimo “Elis: Viver é Melhor que Sonhar”), seguindo roteiro assinado por Duda de Almeida. O filme relembra um dos casos de feminicídio mais famosos do País. Em 1976, Raul Fernando do Amaral Street, mais conhecido como “Doca Street”, assassinou a tiros sua amante, a socialite mineira Ângela Diniz. O crime ocorreu na Praia dos Ossos, na região de Búzios, e chocou a sociedade e a opinião pública em geral. O filme relembra como Ângela conheceu Doca Street e a relação conflituosa entre os dois, principalmente por causa do ciúme doentio do amante. Ficou famosa a frase dita por Doca a Ângela antes de matá-la, conforme destacou o testemunho da empregada da casa. Doca teria dito “Se você não vai ser minha, não será de mais ninguém”. Presença frequente nas colunas sociais e festeira assumida, Ângela era conhecida como “A Pantera de Minas”, como o colunista Ibrahim Sued a chamava. Aliás, Ibrahim foi um dos (muitos) namorados de Ângela, que foi casada com um rico empresário, com o qual teve três filhos e cuja guarda, depois da separação, ficou com o pai, em troca de uma rica pensão dada a Ângela, interpretada no filme por Isis Valverde. O papel de Doca Street ficou com Gabriel Braga Nunes. Também estão no elenco Bianca Bin, Chris Couto, Alice Carvalho, Gustavo Machado e Emílio Orciollo Netto. Fora a ótima atuação de Isis, pouco há o que se destacar no filme, que não se aprofundou, como deveria, na prisão e no julgamento de “Doca Street”, fatos que só foram mencionados em letreiros antes dos créditos finais. Enfim, fora a história, o filme nada acrescenta para justificar uma indicação entusiasmada.