sábado, 2 de março de 2024

 

FICÇÃO AMERICANA (AMERICAN FICTION), 2023, Estados Unidos, em cartaz no Prime Vídeo, roteiro e direção de Cord Jefferson. Sem muito alarde nem estreia nos cinemas, acaba de chegar (27/02) diretamente ao Prime Vídeo, marcando a estreia no cinema de Cord Jefferson, mais conhecido como diretor de séries televisivas (“The Good Place”, “Watchmen”, “Master of None”. E que estreia!  Basta dizer que o filme foi indicado para disputar o Oscar 2024 (dia 10 de março) em cinco categorias: Melhor Filme, Melhor Ator, Melhor Ator Coadjuvante, Trilha Sonora e Melhor Roteiro Adaptado (é baseado no livro “Erasure”, escrito por Percival Everett,  lançado em 2001). “Ficção Americana” é um filme bastante inteligente, sem ser pedante ou metido a erudito. Com muita sátira e humor, discute conceitos de arte, cultura – literatura, principalmente -, racismo e comportamento social. Conta a história do escritor Thelonious “Monk” Ellison (Jeffrey Wright, indicado para  Melhor Ator), cujos livros eruditos vendem muito pouco. Os editores acham que “Monk”, apesar de ser negro, não é “negro o suficiente”. Enquanto isso, livros como “Vivemos no Gueto”, da escritora afrodescendente Sintara Golden (Issa Era) são grandes sucessos de vendas. Desiludido e com problemas financeiros, “Monk” resolve adotar um novo estilo, inserindo em seu novo livro temas de apelo mais popular e de acordo com a condição dos afro-americanos nos Estados Unidos. Para isso, explora o tráfico de drogas, roubos, pobreza e assassinatos, utilizando a linguagem das periferias. Ele assina a autoria sob pseudônimo, vendendo a ideia de que se trata de um fugitivo da justiça e que, portanto, não pode se identificar. Ao mesmo tempo em que se envolve com o lançamento do livro, “Monk” é obrigado a administrar os problemas enfrentados por sua família, como a doença da mãe, a morte repentina da irmã, a “saída do armário” do irmão e o difícil relacionamento com a nova namorada. Completam o ótimo elenco Sterling K. Brown (indicado para Melhor Ator Coadjuvante), Trace Ellis Ross, John Ortiz, Adam Brody, Erika Alexander, Leslie Uggams, Keith David, Miriam Shor e Myra Lucretia Taylor. Resumindo, “Ficção Americana” é cinema de alta qualidade e muito inteligente. Difícil acreditar, portanto, que tenha sido indicado ao Oscar em categorias tão importantes, mas a Academia de Hollywood às vezes é imprevisível. Vamos aguardar.      

quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

 

ANTON – LAÇOS DE AMIZADE (ANTON), 2021, coprodução Ucrânia, Lituânia, Geórgia, Estados Unidos e Canadá, 1h42m, em cartaz na Prime Vídeo, direção de Zaza Urushadze, que também assina o roteiro com a colaboração de Dale Eisler. O cineasta Zaza, que eu já conhecia de “Tangerinas” (“Mandariinid”), indicado pela Estônia ao Oscar 2015 de Melhor Filme Estrangeiro, faleceu logo após o término das filmagens e, portanto, não viu a estreia do seu último filme. “Anton” é um drama ambientado em 1919, logo após o fim da 1ª Guerra Mundial. O cenário é uma pequena vila de camponeses na Ucrânia, perto do Mar Negro. A população é formada, em sua grande maioria, por migrantes alemães católicos e judeus. Embora de religiões diferentes, os habitantes se davam bem, as famílias eram amigas e solidárias. É o caso da grande amizade entre os garotos Anton (Nikita Shlanchak) e de Jacob (Mykyta Dziad), o primeiro católico e o segundo judeu. Desde crianças eles são amigos inseparáveis e a história do filme transcorre sob a perspectiva dos dois, principalmente de Anton, cuja família sofreu na pele as atrocidades dos soldados do exército vermelho de Leon Trótsky, que assassinaram sem piedade o pai e o irmão de Anton. Os meninos foram testemunhas dos crimes praticados pelo pelotão comandado pela sádica Dora (Tetiana Grachik), também amante de Trótsky, figura histórica que também é um dos personagens do filme, interpretado por Oleg Simonenko. Os laços de amizade referidos no título nacional referem-se a Anton e Jacob bem mais velhos, numa cena bastante comovente que encerra a história. O filme nos apresenta um retrato bastante realista do sofrimento ao qual os ucranianos foram submetidos pelo exército vermelho. Uma boa oportunidade para conhecer um contexto histórico lamentável, triste e trágico, apenas amenizado pela amizade dos garotos.       

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

 

FILHA DO PRISIONEIRO (PRISIONER’S DAUGHTER), 2023, EUA, 1h40m, lançamento da Prime Vídeo, direção de Catherine Hardwicke, que também assina o roteiro juntamente com Mark Bacci. Trata-se de um drama familiar conduzido com maestria pela cineasta Hardwicke, de filmes como “Crepúsculo”, “Aos Treze” e “Miss Bala”, entre outros. A história reúne em seu núcleo central o presidiário Max (Brian Cox), que, devido a um câncer terminal ganha uma libertação compassiva, sua filha Maxine (Kate Beckinsale) e o filho dela, Ezra (Christopher Convery), um adolescente esperto que sofre de epilepsia e de bullying no colégio. Resumindo, Max vai morar com Maxine e o neto, depois de muitos anos afastado da família. A princípio, Maxine não vê a situação com bons olhos, pois já tem problemas demais com a falta de dinheiro, com a saúde do filho e ainda é obrigada a aturar as tentativas do ex-marido Tyler (Tyson Ritter) de se aproximar do filho, ainda mais sendo um músico que vive drogado. A chegada de Max, porém, consegue colocar um pouco de ordem na casa. Fica amigo e conselheiro do neto, além de começar a se entender com a filha. Enfim, um filme que valoriza o perdão, a empatia e a resiliência. Destaco ainda o desempenho da atriz inglesa Kate Beckinsale, que comecei a admirar quando apareceu no filme “Pearl Harbor”, em 2001, e depois na franquia “Anjos da Noite”. Aos 50 anos, Beckinsale continua linda e em grande forma. Também merece elogios o veterano Brian Cox, que acaba de se consagrar como ator na série “Succession”. O jovem ator Christopher Convery merece um destaque especial no papel de um adolescente esperto e inteligente, mas ao mesmo tempo problemático e carente. Trocando em miúdos, “Filha do Prisioneiro” é um entretenimento bastante agradável de assistir.              

 

              

domingo, 25 de fevereiro de 2024

 

UM LOBO COMO EU (WOLF LIKE ME), 2023/2024, coprodução Austrália/Estados Unidos, série da Prime Vídeo que já teve duas temporadas e 13 episódios (a terceira temporada está prestes a chegar), roteiro e direção de Abe Forsythe. Elenco: Isla Fisher, Josh Gad, Ariel Donoghue, Emma Lung, Anthony Taufa e participação especial do ator venezuelano Edgar Ramirez. Trata-se de uma comédia romântica muito agradável de assistir, com humor inteligente, diálogos afiados e cenas de comédia hilariantes. A história é ambientada na cidade australiana de Adelaide, quando Gary (Josh), um viúvo pai de uma menina de 11 anos, conhece a maluquete Mary (Fisher), que guarda um segredo dos mais escabrosos. Aos poucos, e aos trancos e barrancos, eles se apaixonam e tornam-se cúmplices do misterioso segredo de Mary. Emma (Donoghue), a filha pré-adolescente de Gary, é uma garota problemática, convive com crises de pânico e ansiedade, tomando remédios e frequentando psiquiatras. É justamente Mary que consegue conciliar a família, aproximando-se da menina. Nos 13 episódios das 2 primeiras temporadas, o espectador tem a oportunidade de se divertir bastante e acompanhar as aventuras de uma família envolvida numa lenda fantasiosa. E, mérito principal, em nenhum momento deixa o espectador pensar que está assistindo a uma fantasia maluca e nem fica “enchendo linguiça”, como a maioria das séries. As duas primeiras temporadas foram tão bem recebidas que já foi anunciada a terceira. Vale a pena conferir. Eu me diverti muito até agora.