“GAROTA DE PROGRAMA” (“Call Girl”), 2012, é um filme sueco baseado em fatos
reais. A história é estarrecedora. “Havia algo de podre no reino da Suécia”
poderia ser a outra opção de título. Nos anos 70, uma rede de prostituição
chefiada por Dagmar Glans (Pernilla August) tinha como seus principais clientes
desde ministros do governo – inclusive o da Justiça – e políticos até
empresários e figuras importantes da alta sociedade de Estocolmo. Dagmar
promovia festas de luxo, verdadeiras orgias palacianas, além de aliciar jovens,
inclusive menores, para ingressar na profissão mais antiga do mundo. Foi o caso
de Íris (Sofia Karemyr) e Sonja (Josefin Asplund). É baseada no recrutamento e
na “atuação” dessas duas jovens que o diretor estreante Mikael Marcimain
desenvolve toda a história. Houve uma investigação e até uma tentativa de prender
Dagmar e denunciar os ilustres “clientes”, mas o caso foi abafado.
Inacreditável que esse tipo de impunidade possa ter acontecido num país tão sério como a Suécia. Se o filme já é bom
pela história em si, vale mais ainda pela primorosa ambientação de época.
Figurinos, cenários, trilha sonora, enfim, tudo foi feito com muito capricho. Para quem viveu essa época, trata-se de uma ótima viagem no tempo. Há ainda algumas cenas de sexo e nudismo, mas realizadas sem apelar para a vulgaridade. Destaque para as ótimas atuações da veterana atriz Pernilla August, que atuou na
obra-prima “Fanny and Alexander” (1982), de Ingmar Bergman, e da jovem estreante
Sofia Karemyr. Filme sério e de qualidade. Recomendo sem fazer figa.