sábado, 20 de agosto de 2022

 

“COSAS IMPOSIBLES”, 2021, México, disponível na plataforma Amazon Prime Video, 1h29m, direção de Ernesto Contreras, seguindo roteiro assinado por Fani Soto. Mais um daqueles filmes que a gente encontra escondidinho, sem muito alarde e quase nenhuma divulgação. E garanto: trata-se de mais uma pequena pérola. Um drama cativante e sensível, apresentando uma amizade improvável entre uma viúva solitária e um adolescente que trafica drogas para sobreviver. Eles moram em um conjunto de prédios populares na periferia de uma cidade, provavelmente a capital Cidade do México – acho uma falha não definir a cidade onde é ambientada a história, o que vale para outros tantos filmes. Matilde (Nora Velasquez) perdeu o marido Porfírio (Salvador Garcini) há pouco tempo e não lamenta a perda, já que ele a tratava abusivamente, incluindo agressões constantes. O grande problema, porém, é que Matilde é frequentemente assombrada pelo fantasma de Porfírio, que continua a azucriná-la mesmo morto. Por uma questão burocrática, ela encontra dificuldade para receber a pensão do falecido e começa a passar necessidades, não tendo dinheiro nem para comer, mas para o seu gato Fidel nunca falta comida. O adolescente Miguel (Bruno Coronel), seu vizinho no condomínio, sente pena e começa a ajudá-la, comprando comida para comer com ela. Daí nasce a tal amizade improvável de que falei no início do comentário, mas que, com o decorrer dos dias, consolida-se cada vez mais, a ponto de cada um desabafar com o outro seus problemas e segredos - a química entre os dois atores é o maior trunfo do filme. Miguel é o filho que Matilde nunca teve e ela é a mãe que ele não tem há tempos. Para minimizar a dose de dramaticidade, o roteiro inclui algumas pitadas de humor, a melhor delas quando Miguel ensina Matilde a fumar um baseado. Dessa forma, “Cosas Imposibles” consegue se impor como um entretenimento dos mais agradáveis. É, com certeza, mais uma joia do sempre surpreendente cinema mexicano. Imperdível!              

 

 

 

quarta-feira, 17 de agosto de 2022

 

 

“CÓDIGO: IMPERADOR” (“CÓDIGO EMPERADOR”), 2022, coprodução Espanha/França, 1h46m, disponível na plataforma Netflix, direção de Jorge Coira e roteiro assinado por Jorge Guerricaecheverria. Trata-se de um suspense que mistura política, espionagem, tráfico de drogas e contrabando. A história é centrada no agente especial Juan (Luis Tosar), que trabalha para os serviços de inteligência do governo espanhol. Apresentadas durante o filme, suas missões são as mais variadas possíveis. Na principal delas, precisa incriminar um político íntegro e, para tanto, recruta uma prostituta drogada. Outra missão é desbaratar uma quadrilha de neonazistas que contrabandeou material radioativo para a Espanha. Também é contratado para limpar a barra de um jogador de futebol que costuma espancar a esposa. Outra missão leva Juan ao Panamá para adulterar os indícios que poderiam incriminar um importante juiz envolvido num assassinato. Em meio a todo esse trabalho, Juan vive um romance tórrido com uma imigrante filipina (Alexandra Masangkay) com a idade para ser sua filha. Um romance muito forçado, sem nenhuma credibilidade. Também estão no elenco Georgina Amorós, Laura Dominguez, Fran Lareu, Denis Gomes, Juan Carlos Vellito, Miguel Rellán e Maria Botto. Trocando em miúdos, o roteiro é bastante confuso, prejudicando o entendimento da história e contribuindo para um resultado final bastante negativo. O grande Luis Tosar já fez filmes muito melhores, como, por exemplo, “Cela 211”, cujo roteiro, também assinado por Guerricaecheverria, conquistou o prêmio Goya (o Oscar espanhol).         

 

terça-feira, 16 de agosto de 2022

 

“RETORNO” (“PIPA”), 2022, Argentina, 1h55m, disponível na plataforma Netflix, direção de Alejandro Montiel, que também assina o roteiro com Mili Roque Pitt. Este é o terceiro thriller policial baseado na série “Os Crimes do Sul”, da jornalista Florencia Etcheves. Os dois primeiros filmes foram “Desaparecida” e “Presságio”, ambos comentados neste blog. Afirmo, sem qualquer dúvida, que “Retorno” é o mais fraco dos três. A atriz Luisana Lopilato atua como personagem principal nos três. Como curiosidade, ela é casada com o cantor canadense Michael Bublé desde 2011. Em “Retorno”, Luisana é a ex-policial Manuela “Pipa” Pelari, expulsa da corporação há 10 anos depois de se envolver com uma poderosa traficante. Mãe solteira do adolescente Tobías (Benjamín Del Cerro), ela vive isolada em uma fazenda na região desértica do vilarejo de La Quebrada, também conhecida como “Quebrada de Humauaca”, ao norte da Argentina. Seu único contato social é com a tia Alícia (a atriz chilena Paulina García, de “Glória”), que também é fazendeira. Quando uma jovem de ascendência indígena é assassinada, a polícia local faz tudo para encobrir os assassinos, mas Pipa descobre a verdade e acaba se envolvendo nas investigações, colocando em risco não só a sua vida como a de seu filho. Estão ainda no elenco Inés Estévez, Mauricio Paniagua, Malena Narvay, Laura González e Aquiles Casabella. Como pano de fundo, o filme também traz à luz a questão política que envolve a exploração das populações indígenas naquela região da Argentina por parte de poderosos empresários. Mesmo com a presença das excelentes atrizes Luisana Lopilato e Paulina García – o restante do elenco é muito fraco -, “Retorno” não faz jus a uma recomendação entusiasmada e muito menos parece fruto do excelente cinema argentino.