"A
VELHA GUARDA" (na Netflix, você encontrará como "THE OLD GUARD"), 2020, Estados Unidos,
2h5m, direção de Gina Prince-Bythewood. A história é baseada na HQ com o mesmo
título escrita por Greg Rucka e ilustrada por Leandro Fernández. O autor do
roteiro do filme é o próprio Rucka. A história é bem maluca. Reúne quatro
soldados imortais que percorrem o mundo fazendo o bem. Isso desde a época das
Cruzadas, passando por guerras, calamidades e outros fatos históricos importantes
da humanidade. Andy (Charlize Theron), a mais antiga, é a chefe do grupo que está junto há
séculos, do qual fazem parte ainda Sebastian Brooke (Matthias Schoenaerts), Joe
(Marwan Kenzari) e Nicky (Luca Marinelli). O filme começa nos dias atuais, quando
os quatro guerreiros, agora mercenários, recebem a missão de resgatar
crianças sequestradas no Sudão. Eles descobrem que é uma armadilha, planejada
justamente por aquele que os contratou, o ex-agente da CIA James Copley
(Chiwetel Ejiofor). Logo depois, uma grande surpresa chega ao conhecimento do
grupo. Eles descobrem que Nile Freeman (Kiki Layne), uma soldada do exército
norte-americano em missão no Afeganistão também é uma imortal. Andy vai até lá
para recrutá-la. E assim, agora com cinco integrantes, o grupo tentará
descobrir o que está por trás das intenções de Copley e chegam ao cientista Steven
Merrick (Harry Melling), proprietário de um famoso laboratório farmacêutico.
Quem não se importar com história tão fantasiosa pode curtir “The Old Guard”,
pelo menos com suas boas sequências de ação, sem contar com a presença de Charlise
Theron, a diva maior do cinema atual. Uma constatação interessante diz respeito
ao elenco, uma verdadeira ONU: Charlize é sul-africana; Luca Marinelli é
italiano; Schoenaertes é belga: Kenzari holandês; Kiki Layne é norte-americana;
Harry Melling inglês, assim como Ejiofor; e ainda Ngô Thanh Vân, vietnamita e
AnaMaria Marinca uma atriz romena. Voltando ao filme, trata-se, enfim, de uma
grande bobagem, mas dá para curtir sem compromisso com os neurônios, não ofende
nossa inteligência e combina perfeitamente com uma vasilha de pipoca.
sexta-feira, 21 de maio de 2021
quinta-feira, 20 de maio de 2021
FÉ DE
ETARRAS (FE DE ETARRAS), 2017, Espanha, 1h29m, produção original Netflix, direção
de Borja Cobeaga, que também assina o roteiro com a colaboração de Diego San
José. Trata-se de uma sátira com humor mordaz - e inteligente - envolvendo
militantes do ETA (Euskadi Ta Askatasuna, em basco; em português, Patria Basca
e Liberdade), principal organização do Movimento de Libertação Nacional Basco.
Depois de uma tentativa frustrada de um atentado terrorista anos antes, Martín
(Javier Cámara) agora é encarregado de treinar uma equipe e aguardar a ordem de
seus superiores para concretizar uma ação. Estamos em 2010, e toda a história transcorre
durante os jogos da Copa do Mundo de Futebol na África do Sul. Em um
apartamento alugado, Martín aguarda a chegada dos outros três militantes:
Pernando (Julián López), Álex (Gorka Otxoa) e Ainara (Miren Ibarguren). Enquanto
esperam a ordem, os quatro terão a oportunidade de discutir vários assuntos,
quase todos relacionados à luta do ETA, a situação política mundial e,
acreditem, receitas da culinária espanhola, isso tudo acompanhando pela TV os
jogos da copa do mundo, torcendo contra a Espanha – que no final seria a campeã.
Tentando viver discretamente no “esconderijo”, os quatro etarras (como são
chamados os militantes do ETA) abrirão a guarda para uma vizinha que lhes
oferece comida, um outro vizinho que quer fazer amizade e ainda um casal de
árabes. As situações vividas pelos quatro militantes trapalhões dão margem a sequências
hilariantes, além dos diálogos afiados. “Fé de Etarras” é aquele tipo de filme
que andava escondido na Netflix e que a gente tem o enorme prazer de descobrir.
Diversão garantida.
terça-feira, 18 de maio de 2021
A MULHER
NA JANELA (THE WOMAN IN THE WINDOW), 2020, Estados Unidos, 1h40m, direção de Joe
Wright, que também assina o roteiro com a colaboração de Tracy Letts. Recentemente integrado à plataforma Netflix, trata-se
de um suspense psicológico inspirado no livro “The Woman in the Window”, de A.
J. Finn – pseudônimo do romancista Dan Mallory. A história é toda centrada na
psicóloga infantil Anna Fox (Amy Adams), que depois de uma tragédia familiar se
enclausura dentro de casa, sofrendo de depressão e agorafobia (medo de lugares
públicos). Até as sessões com seu terapeuta, dr. Landy (Tracy Latts), acontecem
em sua casa. À base de remédios, Anna passa os dias e as noites na janela,
observando atentamente o que se passa na rua e na vizinhança – impossível não
comparar com “Janela Indiscreta” (1954), clássico de Alfred Hitchcock. Aí
acontece uma grande novidade: um casal, com um filho adolescente, muda para a
casa bem em frente. Gente nova para Anna observar. Certo dia ela recebe a
visita de uma mulher que se diz chamar Jane (Julianne Moore), a nova vizinha da
casa da frente. De uma forma ou de outra, ela acaba interagindo com o restante
da família, primeiro com Ethan (Fred Hechinger) e depois com o pai dele, Alistair
Russell (Gary Oldman). Mas o pior estava por vir. Com o zoom de sua maquina fotográfica,
Anna testemunha o assassinato de Jane dentro da casa, sendo que o assassino
está fora do enquadramento, sendo impossível identificá-lo. Anna chama a
polícia e aí começa a investigação sobre o crime. A conclusão inicial é de que
Anna estava tendo alucinações por causa dos remédios, mas uma reviravolta acontece
perto do final explicando tudo o que aconteceu. Claro que pelo excelente
elenco, que inclui ainda uma irreconhecível Jennifer Jason Leigh, a gente
poderia esperar um filme muito melhor, ainda mais que o diretor Joe Wright
apresenta no currículo bons filmes como “Anna Karenina”, “Desejo e Reparação”,
“Hanna” e o “Destino de Uma Nação”, entre outros. A crítica especializada
detonou “A Mulher na Janela”, principalmente o seu roteiro, o qual consideraram
fraco e confuso, mesma opinião da pesquisa realizada pelo exigente site Rotten
Tomatoes, cuja aprovação ao filme só chegou aos 24%. Não achei tão ruim assim.
E até recomendo, pois garante um bom entretenimento.
segunda-feira, 17 de maio de 2021
OTHER
PEOPLE
(título original como está na Netflix), 2016, Estados Unidos, 1h37m, roteiro e
direção de Chris Kelly. Ao estrear no Festival de Cinema de Sundance (EUA), em
2016, o filme arrancou elogios entusiasmados da crítica especializada, sendo
indicado ao Grande Prêmio do Júri. Trata-se de um exemplo clássico do gênero
comédia dramática, caracterizado por motivar risos e lágrimas. É justamente o
que este filme independente oferece com grande competência. É o primeiro longa-metragem
escrito e dirigido por Chris Kelly, mais conhecido como roteirista do programa
humorístico “Saturday Night Live”. Vamos à história de “Other People”, criada a
partir da própria experiência de vida do diretor Kelly. O jovem escritor gay
David Mulcahey (Jesse Plemons) resolve sair de Nova Iorque para voltar a morar
com a família em Sacramento (Califórnia). Por uma razão muito especial: sua mãe Joanne
(Molly Shannon) está sofrendo de um câncer terminal e tem poucos meses de vida.
Outro fator que contribuiu para a mudança foi o término do namoro com Paul (Zach
Woods), com quem morava na Big Apple. Junto com o pai conservador, que jamais
aceitou a sua opção sexual, e suas irmãs mais novas, David acompanhará o
sofrimento da mãe, fazendo com que seus últimos dias sejam recheados de alegria
e carinho. Como escrevi no início, o filme é muito triste, mas tem seus
momentos de humor. Humor sutil e inteligente, aliás. Os diálogos são muito bem
elaborados, constituindo-se em um dos trunfos desse ótimo drama. Em um deles, o
personagem de David diz a um amigo uma frase que motivou o título do filme: “A
gente vê isso tudo acontecer com outras pessoas”. É preciso destacar também a
atuação maravilhosa da veterana atriz Molly Shannon, que domina todas as cenas
em que aparece, além da interpretação primorosa do ator Jesse Plemons. Ainda
integram o elenco Maude Aptow, Bradley Whitford e Madisen Beaty. Um filme de
muita qualidade que deve ser conferido.