sábado, 24 de maio de 2014

No drama “Faro”, 2012, co-produção Suécia/Finlândia, direção de Fredrik Edfeldt,  um homem (Jakob Cedergren) é procurado pela polícia acusado de ter cometido um assassinato. Ele vive com a filha adolescente, Hella (Clara Chistiansson), numa casa isolada. Quando a polícia chega para prendê-lo, ele consegue fugir e leva a filha junto. Durante a fuga, ele conta a Hella que pretende chegar à cidade de Faro, em Portugal (daí o nome do filme), a qual conheceu durante uma de suas viagens num antigo emprego. O carro em que estão os fugitivos, porém, é visto numa estrada e a polícia inicia uma perseguição. O homem (o personagem não tem nome), chamado de Pappan pela filha, livra-se do carro e resolve embrenhar-se numa floresta. Pai e filha viverão meses escondidos num ambiente bastante selvagem e, durante esse tempo, terão a oportunidade de se conhecer melhor. Dá até para desconfiar, em determinados momentos, que há uma relação incestuosa latente. Em meio a tudo isso, a menina ainda vai encontrar uma casa habitada por uma senhora esquisita e o pai vai invadir uma casa, sentar e escutar música clássica. Como já é possível antever durante sua exibição, a aventura de pai e filha não acabará muito bem. "Faro" não é um filme muito comum, mas não tão ruim quanto parece nem tão bom quanto pretende ser. É ver para crer. Com uma recepção elogiosa, o filme estreou em janeiro de 2013 no Festival de Gotemburgo, o maior evento cinematográfico dos países nórdicos.

sexta-feira, 23 de maio de 2014

“Operação Sombra” (“Jack Ryan: Shadow Recruit”), 2013, é um ótimo filme de ação que traz de volta ao cinema o agente da CIA Jack Ryan, personagem criado pelo escritor Tom Clancy. Desta vez, o herói é interpretado pelo ator Chris Pine. Nos outros quatro filmes, foi vivido por Alec Baldwin, Harrison Ford (duas vezes) e Ben Affleck. Apesar da cara de bebê chorão, Pine faz um Jack Ryan à altura dos seus antecessores. A história começa em 2001, quando Ryan está estudando em Londres e vê pela TV os ataques às torres gêmeas do World Trade Center. Para ajudar seu país a enfrentar o terrorismo, Ryan ingressa no Exército dos EUA. Enviado ao Afeganistão, é ferido durante o ataque ao helicóptero em que estava em missão. Mesmo muito machucado, ele salva dois companheiros e vira herói. No hospital, conhece a Dra. Cathy (Keira Knightley), com quem casa alguns anos mais tarde. Também no hospital ele será recrutado para a CIA por Thomas Harper (Kevin Costner). Para investigar as contas bancárias de possíveis financiadores da causa terrorista contra os EUA, Ryan ingressa como analista numa empresa de Wall Street e acaba descobrindo um plano para provocar um caos na economia norte-americana. Um poderoso empresário russo está por trás desse plano: Viktor Cheverin (Kenneth Branagh, que também é o diretor do filme). Ryan vai para Moscou e, a partir de sua chegada, a ação não para mais. Entretenimento de sobra, daqueles que você não sente o tempo passar. Um filmaço!           

 

quinta-feira, 22 de maio de 2014

“Solo”, 2013, é um suspense/terror psicológico canadense dirigido por Isaac Cravit. Conta a história da joven Gillian (Annie Clark), que se inscreve para trabalhar como   orientadora num acampamento de verão no meio de uma floresta. Ao chegar, como teste para sua contratação, ela deve passar pelo teste “Solo” (daí o nome do filme), ou seja, ficar dois dias isolada numa ilha próxima, que dizem ser habitada por um fantasma. Devidamente instalada na tal ilha, ela recebe a visita de um homem estranho, que se oferece para ajudá-la. Na verdade, como Gillian descobrirá mais tarde, o homem nada mais é do que um psicopata assassino. Embora capaz de dar alguns sustos, o filme é bastante medíocre, digno para figurar naquela lista que fazem de "O Pior do Ano". Os atores, então, são muito ruins, principalmente o vilão da história, cujo desempenho chega a ser constrangedor. Um filme para passar, literalmente, bem longe.       

 

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Com raríssimas exceções, como por exemplo “Caçada ao Outubro Vermelho”, filmes com submarinos são geralmente muito chatos. Pior, claustrofóbicos e escuros, com um monte de homens andando agachados pra lá e pra cá. “Phantom – A Última Missão” (“Phantom”), EUA, 2013, dirigido por Todd Robinson, não foge a essa regra. A história é baseada em fatos reais ocorridos em 1968, em plena Guerra Fria. O capitão Dmitri Zubov (Ed Harris) recebe ordens de comandar um submarino nuclear russo numa missão secreta. Muito a contragosto, Dmitri é obrigado a aceitar como membros da tripulação dois agentes da KGB, um deles Bruni (David Duchovny). Somente durante a viagem é que Dmitri é informado que a missão envolve o lançamento de um míssel nuclear contra os EUA. Com a recusa de Dmitri, Bruni assume à força o comando do submarino, prendendo o capitão, seus oficiais e parte da tripulação. Daí para a frente, o suspense só aumenta. Será que Bruni conseguirá lançar o míssel? Como Dmitri e seus homens farão para evitar essa aventura maluca? Como todos nós sabemos, não caiu nenhum míssel nuclear nos EUA em 1968. O que torna o filme ainda mais chato é que, de 10 frases pronunciadas pelos protagonistas, 9 referem-se a termos técnicos para nós indecifráveis. Um exercício de paciência elevado a dois. Como vilão, David Duchovny revela-se um verdadeiro canastrão: não muda a expressão do começo ao fim. Para o espectador, na verdade, o grande suspense fica restrito à seguinte pergunta: “Quando surgirá o The End? 
Tal qual seu diretor, o francês Jean-Claude Brisseau, o filme “A Garota de Lugar Nenhum” (“La Fille de Nulle Part”), 2012, é bastante excêntrico. O roteiro mistura diálogos de alta erudição, envolvendo assuntos como filosofia, política, arte e religião, com aparições de fantasmas, visões surreais e sessões mediúnicas. O professor de matemática aposentado Michel Deviliers (interpretado pelo próprio diretor) ouve um barulho do lado de fora do seu apartamento e vai verificar o que está acontecendo. Ele vê uma moça sendo agredida e a socorre. Deviliers cuida dos seus ferimentos e a convida para ficar em seu apartamento até que os ferimentos estejam curados. Solitário e viúvo há mais de 20 anos, o professor vê na garota, Dora (Virginie Legeay), uma companhia interessante para conversar e até opinar sobre o livro que está escrevendo. Mas a presença de Dora começa a despertar fantasmas e forças sobrenaturais. Deviliers, inclusive, passa a acreditar que Dora pode ser a reencarnação de sua esposa, falecida há mais de 20 anos. As filmagens aconteceram no próprio apartamento onde o diretor mora, em Paris. É o primeiro filme de Virginie Legeay como atriz (ela atuou como assistente em outros filmes do diretor). Segundo Brisseau, a ideia do filme surgiu porque estava nostálgico pelos filmes da Nouvelle Vague feitos na década de 60. O filme ganhou o Leopardo de Ouro no Festival de Lucarno/2012.    

terça-feira, 20 de maio de 2014

 “Uma Viagem Extraordinária” (“L’Extravagant Voyage du Jeune et Prodigieux T.S. Spivet”), 2013, é mais uma criação de Jean-Pierre Jeunet, o mesmo diretor de “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain”. Desta vez, Jeunet foi aos EUA realizar o filme, que conta a história de T.S. Spivet (Kyle Catlett), um garoto de 10 anos superdotado que mora num rancho isolado de Montana. O pai (Callum Keith Rennie) não lhe dá a mínima. A mãe (Helena Bonham Carter) está mais preocupada com suas experiências com insetos. Sem ninguém saber, Spivet se inscreve no concurso promovido pela Universidade Smithsonian, de Washington, destinado a premiar o cientista que inventar a máquina do movimento perpétuo. Na ficha de inscrição, Spivet utiliza seu nome mas fornece os dados do pai. Dessa forma, não sabem que ele é apenas um garoto. Ele ganha o prêmio e, sem avisar os pais, inicia uma viagem cheia de aventuras até Washington para receber seu “Baird Award” num grande jantar de gala. Como é do seu estilo, Jeunet utiliza efeitos especiais de animação em várias cenas, o que contribui para dar um toque de fantasia ao filme e comprovar que o diretor francês é um dos mais criativos do cinema atual. Além de Kyle e Bonham Carter, destaque especial para a atriz Judy Davis, que está ótima como a hilariante G.H. Jibsen, responsável pela realização da premiação. Embora o personagem principal seja um garoto de 10 anos de idade, o público adulto também vai se deleitar com essa deliciosa e divertida aventura. O filme foi exibido como a grande atração do Festival Varilux de Cinema Francês/2014 realizado em São Paulo. 
"Nas Mãos da Justiça" (“Présumé Coupaple”) 2011, é um drama francês que relata o caso “Outreau”, que ficou marcado como um dos maiores escândalos judiciais da França. Em 2001, no subúrbio de Outreau (Boulogne-Sur-Mer), Alain Marécaux, sua esposa Edith e mais 12 pessoas foram denunciados por estupro e pedofilia pelos filhos e pais de dois casais. O inquérito ficou nas mãos do juiz Fabrice Burgaud (Raphaël Ferret), que desde o início ignorou as evidências de defesa dos réus e conduziu os interrogatórios de forma arbitrária e arrogante. No filme, o diretor Vincent Garenq foca o martírio vivido pelos acusados apenas em Alain Marécaux (Philippe Torreton, ótimo). Mesmo com os inúmeros recursos impetrados pelo advogado Hubert (Wladimir Yordanoff) e sem um julgamento, Marécaux fica preso por quatro anos, durante os quais sofrerá um declínio físico e psicológico que o levará a várias tentativas de suicídio e a uma greve de fome. O espectador vai acompanhar essa trajetória angustiante durante todo o filme. Nem mesmo o desfecho positivo para os acusados fará diminuir o clima tenso que acompanha todo o filme, que recebeu o Prêmio do Cinema Europeu do Festival de Veneza de 2011. Impossível ficar indiferente a esse ótimo drama francês.  

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Um Brilho de Arco-Íris (“A Shine of Rainbows”), 2009, co-produção Canadá/Irlanda, é um drama baseado no livro do mesmo nome escrito pela inglesa Lillian Beckwith. É dirigido pelo diretor indiano Vic Sarin (“Entre Dois Mundos”), radicado no Canadá. O filme conta a história do garoto Tomás (John Bell), de 8 anos, que no orfanato, por causa de sua gagueira e do seu jeito tímido, é maltratado pelos outros internos. Até que um dia surge em sua vida Maire (a bela atriz dinamarquesa Connie Nielsen), que o adota e leva para morar na cidade de Corrie, na Ilha de Arran (litoral da Escócia), onde vive com o marido Alec (Aidan Quinn). Maire é uma mulher fantástica, alto astral, carinhosa e divertida, que logo cativa o menino, que passa a chamá-la de mãe. Alec, porém, fica enciumado com a atenção que Maire dedica a Tomás e não o aceita como filho e nem mesmo como integrante da casa. Mesmo assim, Tomás admite que nunca foi tão feliz, principalmente por ter uma “mãe” tão afetuosa. Ao mesmo tempo, ele cuida de um filhote de foca abandonado na areia da praia. Infelizmente para Tomás, todo esse mar de rosas não vai durar muito. O menino vai ter que amadurecer muito para enfrentar a nova situação. Embora possua os ingredientes para uma sessão da tarde infantil, o filme tem tudo para agradar o público adulto. Quem for muito sensível deve colocar no braço da poltrona uma caixa de lenços, pois vai precisar usar alguns em determinados momentos. Além disso, os cenários da ilha são deslumbrantes.      

domingo, 18 de maio de 2014

O detetive John Washington (Mark Strong) é designado para investigar o caso de uma jovem de 16 anos bastante problemática, Anna (Taissa Farmiga). Suspeita-se que ela seja uma sociopata perigosa e manipuladora. Washington é especialista em ingressar na mente das pessoas e revelar suas memórias. Assim começa o suspense “Mindscape”, EUA, 2013, dirigido pelo espanhol Jorge Dorado. Washington começa as sessões com Anna e vê, nas memórias da menina, uma série de acontecimentos que o levam a crer que os culpados são o padrasto da moça, um de seus professores e até o próprio chefe de Washington, Sebastian (Brian Cox). Graças a todos esses indícios obtidos durante as sessões e a uma certa aproximação afetiva, Washington defende a inocência de Maria e impede que ela seja internada, novamente, numa instituição psiquiátrica, como é o desejo do seu padrasto. Como é típico num bom suspense, haverá uma interessante reviravolta no desfecho. A cena final, porém, ficou devendo uma explicação mais razoável, o que não tira o mérito do filme. Taissa é a irmã mais nova da também atriz Vera Farmiga. 
Em 2006, quando passou um período de seis meses de estudos na Universidade del Cine, em Buenos Aires, o diretor israelense Florian Cossen ouviu muitas histórias referentes ao desaparecimento de milhares de bebês cujos pais foram presos ou assassinados pela ditadura argentina. Daí surgiu a ideia de escrever o roteiro para um filme. Em 2010, finalmente, Florian realizou o belíssimo drama “O Dia em que eu não Nasci” (“Das Lied in Mir”), co-produção Alemanha/Argentina. A história começa com Maria (Jessica Schwarz) saindo de viagem da Alemanha para o Chile. No aeroporto de Buenos Aires, enquanto espera o vôo que fará a conexão para Santiago, Maria ouve uma mulher ao lado cantando uma canção de ninar para a filha. Sem saber uma palavra de castelhano, de repente Maria começa a entoar a música com a letra original. Maria fica assustada com essa estranha e inesperada lembrança. Ela perde o avião para Santiago e resolve se hospedar num hotel da capital argentina. Com a ajuda de Alejandro (Rafael Ferro), um policial argentino, Maria vai desenterrar fatos do seu passado e descobrir que, na verdade, é filha biológica de militantes políticos executados pela ditadura argentina. Ela vai passar a limpo essa história com o pai que a criou, Anton Falkenmayer (Michael Gwidek), que chega inesperadamente à capital argentina. O filme tem muitos momentos comoventes - de arrepiar mesmo -, como o reencontro de Maria com a família de Estela (Beatriz Spelzini), irmã de sua mãe. O filme ganhou o principal prêmio do Festival de Zurich 2010 e, no mesmo ano, conquistou o Prêmio de Crítica e Público no Festival de Montreal. É realmente um grande film, imperdível!