“HANNAH”, 2016,
coprodução Itália/França, é o segundo longa-metragem escrito e dirigido pelo
diretor italiano Andrea Pallaoro – o primeiro foi “Medeas”, de 2013. Hannah
(Charlotte Rampling) é uma mulher na terceira idade que enfrenta uma fase
bastante difícil. Seu marido foi para a prisão, o filho a rejeita e a velhice
está chegando para acabar com qualquer sonho futuro. Hannah é o retrato da
infelicidade. Parece que nada deu certo em sua vida. Para sobreviver, ela
trabalha como faxineira em casas de alto luxo e suas únicas distrações são
nadar de vez em quando na piscina de um clube e participar de aulas de
interpretação teatral. Em nenhuma dessas atividades ela procura se socializar,
fazer amizades. Sua atitude é de uma solitária crônica. O diretor preferiu o
silêncio como forma de aumentar a dramaticidade da história. Há poucos diálogos,
cenas muito longas e praticamente nenhuma resposta para perguntas evidentes: Por
que o marido foi preso? Por que o filho a rejeita? Nada disso, porém, prejudica
o desenrolar da trama. O filme é todo da inglesa Charlotte Rampling. Ela
aparece praticamente em todas as cenas, comprovando que é uma senhora atriz –
agora atriz senhora – na vida real, tem 72 anos. Seu desempenho é espetacular, trabalhando
apenas com a expressão facial e entregando-se totalmente ao papel, incluindo
algumas cenas de nudez que ela encara sem o menor pudor. Esse trabalho lhe
garantiu o Prêmio de Melhor Atriz no 74º Festival Internacional de Veneza, em
2017.
quinta-feira, 8 de novembro de 2018
terça-feira, 6 de novembro de 2018
“ACROSS
THE WATERS” (“Fuglene over sundet”), 2016, Dinamarca, roteiro e
direção de Nicolo Donato – é o seu segundo longa-metragem. Conservei o título
em inglês, pois ainda não há tradução em português, já que o filme não chegou
por aqui - e nem deve chegar. Trata-se
de mais uma história terrível e muito triste ambientada durante a Segunda
Guerra Mundial. Em 1943, rompendo um acordo que havia feito com o governo
dinamarquês, Hitler ordenou que suas tropas de ocupação na Dinamarca prendessem
todos os judeus para depois enviá-los para os campos de concentração. Muitos
conseguiram fugir para a Suécia, país neutro, mas os que não conseguiram foram
assassinados ali mesmo na Dinamarca. O filme é centrado na família do
guitarrista de jazz Arne Itkin (David Dencik), que fugiu às pressas de Copenhague
para tentar pegar um barco na vila de pescadores Gilleleje. Como milhares de
outros dinamarqueses, Arne, a esposa Miriam (Danica Curcic) e o filho Jacob, de
5 anos, foram surpreendidos pelos agentes da Gestapo quando tentavam embarcar. E
daí para a frente, só desgraça e tristeza. Para escrever o roteiro, o diretor Nicolo Donato se inspirou nas memórias do seu avô, um dos barqueiros de Gilleleje que ajudaram muitos judeus a fugir para a Suécia. Mais um capítulo lamentável das atrocidades dos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. O filme é ótimo, tão bom que ganhou o prêmio de Melhor Filme no Festival Internacional de Rügen (Alemanha). Mais um episódio da história mundial que merece ser conhecido.
segunda-feira, 5 de novembro de 2018
“SICARIO
2: DIA DO SOLDADO” (“SICARIO: DAY OF THE SOLDIER”), 2018,
EUA, direção do italiano Stefano Sollima (“Suburra”) e roteiro de Taylor
Sheridan, o mesmo que escreveu a história do primeiro filme “Sicario: Terra de
Ninguém”, de 2015. Nesta segunda sequência, a trama também se desenvolve na
fronteira do México com os Estados Unidos, mas o foco não é mais o tráfico de
drogas, e sim a entrada de terroristas iemenitas – a cena inicial, quando
homens-bomba se matam num supermercado, é bastante impactante. Claro que os
traficantes mexicanos estão envolvidos, além de piratas somalianos. Para dar um
fim à situação, o agente federal Matt Gravers (Josh Brolin) propõe uma
estratégia de jogo sujo, ou seja, provocar uma guerra entre os principais
cartéis mexicanos. Para isso, contrata uma equipe de mercenários (sicários) chefiada
por Alejandro Gillick (Benício Del Toro), sedento por vingança, pois um dos
chefões das drogas, anos antes, assassinou toda a sua família. Para jogar um
cartel contra o outro, Gravers e Alejandro sequestram a filha caçula de um dos
chefões das drogas, Isabela Reyes (Isabela Moner), fornecendo indícios para que
um outro cartel seja acusado. Josh Brolin é um bom ator, mas quem leva o filme nas costas é Benício Del Toro. Quem gosta de filmes do gênero vai curtir
bastante, pois tem ação do começo ao fim.
domingo, 4 de novembro de 2018
O velho ditado já
dizia: “Família feliz só no álbum de retratos”. Dentro desse contexto, o cinema
produziu inúmeros filmes, alguns excelentes, como “Festa em Família”, de Thomas
Vintenberg, “Álbum de Família”, de John Wells, com Meryl Streep e Julia
Roberts, e o melhor de todos, “Parente é Serpente”, do grande diretor italiano
Mario Monicelli. Descobri agora mais um excelente filme que também explora o
tema: o drama polonês “NOITE SILENCIOSA”
(“CICHA NOC”), 2017, escrito e dirigido por Piotr Domalewski. Como aqueles
citados no começo deste comentário, o filme polonês começa na melhor das
intenções: reunir a família para a ceia de Natal. Só que, como previsto, acaba
na maior baixaria, lavagem de roupa suja, agressões, revelações bombásticas e desunião
generalizada. Um resumo: o filho mais velho, Adam (Dawid Ogrodnik), que reside na Holanda com a esposa, vai passar o Natal com a família, numa zona
rural da Polônia. Com o passar do tempo, descobrimos que sua intenção não era
rever ou saudar a família, e sim tentar herdar a casa do avô, fazer dinheiro e
investir no próprio negócio. Tem o cunhado violento que bate na esposa; o pai
alcoólatra que ficou anos fora de casa e praticamente abandonou a família, e
por aí vai a cascata de acusações, culminando com uma revelação sórdida que vai
abalar ainda mais a relação entre Adam e seu irmão mais novo Pawel (Tomasz
Zietek). Ou seja, uma noite em que o espírito de Natal passou bem longe. O filme
é ótimo, tanto que conquistou nada menos do que 9 prêmios no Polish Film Awards
2018 (o Oscar polonês), entre os quais o de Melhor Filme, Melhor Diretor e
Melhor Roteiro.
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