quinta-feira, 2 de novembro de 2023

 

“JOGO DO PODER” (“ADULTS IN THE ROOM”), 2021, coprodução França/Grécia, 2h04m, em cartaz na Netflix, roteiro e direção de Costa-Gavras, cineasta grego naturalizado francês. O veterano Gavras, hoje com 90 anos, é um mestre do cinema político, responsável por grandes clássicos do gênero, como “Z” (1969), “A Confissão” (1970), “Estado de Sítio” (1972), “Missing” (1982), “O Quarto Poder” (1997) e “O Capital" (2012), entre tantos outros. O mais recente, “Jogo do Poder”, é um drama político baseado nas memórias do ex-Ministro de Finanças grego Yanis Varoufakis, descritas no livro “Adultos na Sala: Minha Batalha Contra o Establishment”. Yanis relata o que aconteceu nos bastidores das negociações do governo grego, em 2015, para tirar a Grécia de sua maior crise econômica. À beira da falência, com o risco de fechamento dos bancos, a Grécia começou a negociar com representantes do Eurogrupo, conhecido também como a “Troika Europeia”, formado pelo Banco Central Europeu, Fundo Monetário Internacional (FMI) e a Comissão Europeia. Gavras centraliza seu filme mostrando como foram realizadas essas reuniões, enfatizando a tensão em cada uma delas. O então ministro Yanis Varoufakis estava no cargo há apenas quatro meses no governo de esquerda comandado pelo primeiro-ministro Aléxis Tsípras (Georges Corraface). Ou seja, não tinha muita experiência em negociações desse nível de importância, mas mostrou firmeza em todas as reuniões realizadas em várias capitais europeias. O filme é muito verborrágico, repleto de diálogos, não dá para piscar, é preciso prestar muita atenção. E tudo vale a pena, cada palavra, cada diálogo. Uma verdadeira aula de política econômica internacional. Dessa forma, vale alertar que “Jogo de Poder” não é um filme para iniciantes. Mas é um grande filme, mais uma pequena obra-prima de Costa-Gavras, ainda em ótima forma criativa apesar da idade. O filme foi exibido nos festivais de Veneza e Berlim, com ótima recepção por parte dos críticos e do público. IMPERDÍVEL!              

terça-feira, 31 de outubro de 2023

 

“MORTE A PINOCHET” (“MATAR A PINOCHET”), 2020, Chile, 1h21m, em cartaz no Prime Vídeo, direção de Juan Ignacio Sabatini (da minissérie “La Cacería: Las Niñas de Alto Hospício”), que também assina o roteiro com Enrique Videla e Pablo Paredes. Filmaço político que resgata um fato ocorrido em setembro de 1986 em plena ditadura chilena. Naquele ano, integrantes da Frente Patriótica Manoel Rodriguez, braço armado do partido comunista chileno, promoveram um atentado para matar o general Augusto Pinochet. O grupo terrorista era comandado por Cecilia Magno Camino, também conhecida como Comandante Tamara, que deixou a profissão de psicóloga para ingressar na luta armada. Como se sabe, o atentado não teve o sucesso esperado e muitos guerrilheiros acabaram presos ou mortos. O filme revela em detalhes como foi o planejamento do atentado, o recrutamento de novos militantes e, por fim, a sua frustrada execução. No filme, a comandante Tamara é interpretada por Daniela Ramírez, em grande atuação. Também fazem parte do elenco Julieta Zylberberg, Juan Martín Gravina, Mario Hortan, Gastón Salgado e Cristián Carvajal. Mais um ótimo drama para relembrar um dos fatos mais importantes da história do Chile. Cinema da melhor qualidade.          

domingo, 29 de outubro de 2023

 

“DESEJO PROIBIDO” (“HEAVEN IN HELL”), 2023, Polônia, 1h59m, em cartaz na Netflix, direção de Tomasz Mandes, que também assina o roteiro com Mojca Tirs. Drama romântico e erótico bem ao estilo da trilogia “365 Dias”. Aliás, o diretor é o mesmo, assim como parte do elenco – o casal central também é formado por um italiano e uma polonesa (no caso da trilogia “365 Dias”, Michele Morrone e Anna-Maria Sieklucka). As coincidências não acabam por aqui. “Desejo Proibido” exagera nas longas e frequentes cenas de sexo, bem perto do explícito, um tanto cansativas, na verdade. Mas o que mais iguala este aos outros três é que todos são muito fracos no que se refere às histórias e, principalmente, aos roteiros. Em “Desejo Proibido”, Olga (Magdalena Boczarska), uma respeitada juíza de meia idade, no auge da carreira, se apaixona por um homem bem mais jovem, Max (Simone Susinna), um “zé-ninguém” que mora na praia com um grupo de “zé-ninguéns” metidos a hippies. Viúva há anos, a juíza se entrega ao sexo sem nenhum pudor. Mal sabe ela, porém, que o garanhão era amante da sua filha Maya (Katarzyna Sawczuk). Olha que situação! Como curiosidade, o ator e modelo Simone Susinna foi namorado da cantora Anitta. Aliás, como ator, Susinna é um ótimo modelo, atuando mais com caras, bocas e poses. Enfim, “Desejo Proibido” é só apelação.