“JOGO DO PODER” (“ADULTS IN
THE ROOM”), 2021, coprodução França/Grécia, 2h04m, em
cartaz na Netflix, roteiro e direção de Costa-Gavras, cineasta grego
naturalizado francês. O veterano Gavras, hoje com 90 anos, é um mestre do
cinema político, responsável por grandes clássicos do gênero, como “Z” (1969), “A
Confissão” (1970), “Estado de Sítio” (1972), “Missing” (1982), “O Quarto Poder”
(1997) e “O Capital" (2012), entre tantos outros. O mais recente, “Jogo do Poder”,
é um drama político baseado nas memórias do ex-Ministro de Finanças grego Yanis
Varoufakis, descritas no livro “Adultos na Sala: Minha Batalha Contra o
Establishment”. Yanis relata o que aconteceu nos bastidores das negociações do
governo grego, em 2015, para tirar a Grécia de sua maior crise econômica. À
beira da falência, com o risco de fechamento dos bancos, a Grécia começou a
negociar com representantes do Eurogrupo, conhecido também como a “Troika
Europeia”, formado pelo Banco Central Europeu, Fundo Monetário Internacional
(FMI) e a Comissão Europeia. Gavras centraliza seu filme mostrando como foram
realizadas essas reuniões, enfatizando a tensão em cada uma delas. O então ministro Yanis
Varoufakis estava no cargo há apenas quatro meses no governo de esquerda
comandado pelo primeiro-ministro Aléxis Tsípras (Georges Corraface). Ou seja,
não tinha muita experiência em negociações desse nível de importância, mas
mostrou firmeza em todas as reuniões realizadas em várias capitais europeias. O
filme é muito verborrágico, repleto de diálogos, não dá para piscar, é preciso
prestar muita atenção. E tudo vale a pena, cada palavra, cada diálogo. Uma verdadeira
aula de política econômica internacional. Dessa forma, vale alertar que “Jogo
de Poder” não é um filme para iniciantes. Mas é um grande filme, mais uma
pequena obra-prima de Costa-Gavras, ainda em ótima forma criativa apesar da idade. O
filme foi exibido nos festivais de Veneza e Berlim, com ótima recepção por
parte dos críticos e do público. IMPERDÍVEL!