No
começo de 2005, a jovem holandesa Sophie Van Der Stap descobriu que tinha um tumor
na pleura, inoperável e agressivo. A partir daí, ao invés de entrar em
depressão ou se entregar, ela resolveu enfrentar a doença começando por
escrever um diário. Essas memórias, inicialmente divulgadas através de um blog,
se transformaram num livro de grande sucesso e foram adaptadas para o cinema em
2013, resultando no drama “A GAROTA DAS NOVE PERUCAS” (“Hente Bin ich
Blond”), Alemanha/Bélgica, direção de
Marc Rothemund (“Uma Mulher contra Hitler”). A história mostra a trajetória de
Sophie (Lisa Tomaschewsky) desde ochoque da descoberta da doença, o desespero da família
e as diversas fases do tratamento, incluindo as sessões de quimioterapia e
radioterapia. Tudo de forma quase didática. Também como forma de amenizar o seu
sofrimento, Sophie compra nove perucas (daí o título), cada uma diferente da
outra. Ela chega a dar nome às perucas (Daisy, Platina, Stela, Blondie etc.) e
quando as usa assume uma personalidade diferente. E, nesse contexto, impossível
não destacar o excelente desempenho da atriz alemã Lisa Tomaschewsky, num
primor de interpretação. Apesar do pano de fundo trágico, o roteiro abre espaço
para o humor e o romance, além de momentos comoventes. Sem dúvida, um filme
muito interessante que vale ser conferido.
sexta-feira, 25 de março de 2016
quinta-feira, 24 de março de 2016
Representante
oficial da Islândia na disputa de “Melhor Filme Estrangeiro” no Oscar 2016, “A
OVELHA NEGRA” (“Hrútar”), direção de
Grímur Hákonarson, reúne momentos de puro drama, outros de humor e ainda outros
bastante comoventes. Ambientada numa região do interior
da Islândia habitada por fazendeiros criadores de ovelhas (na Islândia, existem
800 mil ovelhas, enquanto a população não passa de 320 mil habitantes), a história
é centrada em dois irmãos vizinhos que não se falam há 40 anos, Gummi (Sigurour
Sigurjónsson) e Loddi (Theodór Júlíusson). Depois de perder o concurso anual de
ovelhas justamente para o irmão Loddi, Gummi fica inconformado e vai,
secretamente, avaliar a ovelha vencedora, quando desconfia que o animal está
com “scrapie”, uma doença contagiosa. As autoridades de saúde da região
confirmam a doença e exigem que todos os animais sejam sacrificados. Diante da
trágica situação, Gummi ainda tentará manter o seu rebanho. Apesar do contexto
dramático, há espaço para o humor, principalmente no que se refere às atitudes
dos irmãos rabugentos, que só se comunicam por bilhetes, levados pelo cachorro
de Gummi. A cena final é das mais tocantes e comoventes, de arrancar lágrimas. A
simplicidade da história talvez seja o maior trunfo do filme, vencedor da
Mostra “Um Certo Olhar” do Festival de Cannes e exibido por aqui durante a
programação da 39ª edição do Festival Internacional de Cinema de São Paulo.
terça-feira, 22 de março de 2016
O
drama histórico finlandês “LÁGRIMAS DE ABRIL” (“Käsky”), 2008, direção de Aku Louhimies, utiliza
como pano de fundo a guerra civil de 1918 na Finlândia, que matou 37 mil civis
e combatentes. O conflito colocou frente à frente os Vermelhos
(social-democratas apoiados pela Rússia) e os Brancos (de direita, apoiados pelo Império
Alemão). O filme conta a história de um episódio relatado no livro da escritora
Leena Lander. Os Brancos prendem um pelotão constituído por 2.000 mulheres que
lutavam pelos Vermelhos. Todas foram fuziladas e apenas uma sobreviveu, Miina
Malin (a bela Pihla Viitala). Aaro Harjula (Samuel Vauramo), soldado dos
Brancos, se sensibiliza com a situação da prisioneira e resolve assumir a
responsabilidade de levá-la para julgamento na Corte Marcial. A história, a
partir daí, destaca o relacionamento de Miina e Aaro durante a viagem,
culminando com a fase de julgamento, a cargo do juiz Emil Allenberg (Eero Aho,
em brilhante atuação). Exibido em duas ocasiões na Mostra Internacional de
Cinema de São Paulo (2009 e 2015), o filme finlandês é muito bom, alternando ação, suspense e romance, além de uma fotografia esplendorosa. Mais do que isso, relembra um fato histórico pouco conhecido por aqui.
segunda-feira, 21 de março de 2016
“DIPLOMACIA” (“Diplomatie”), 2015, co-produção França/Alemanha, com direção do alemão Volker
Schlöndorff (“O Tambor”). Quando as forças aliadas estavam às portas de Paris,
em agosto de 1944, Hitler deu ordem ao General Dietrich Von Cholitz de destruir
a cidade, dinamitando o Louvre, as pontes do Rio Sena, a Torre Eiffel, a Igreja
de Notre Dame e outros monumentos históricos. Aí entra em cena Raoul Nordling,
Cônsul Geral da Suécia, para tentar convencer Cholitz a não obedecer à ordem do
líder nazista. Esta é uma história de ficção, criada pelo dramaturgo e roteirista
Cyril Geily para ser encenada como uma peça de teatro, o que de fato ocorreu em
2011, com a mesma dupla de atores do filme, Andre Dussollier (Nordling) e Niels
Arestrup (Von Cholitz). Embora a ação se desenvolva praticamente dentro de uma
sala de hotel (Meurice), com os protagonistas dialogando o tempo inteiro, o
filme em nenhum momento fica monótono ou cansativo. Os argumentos utilizados
pelo cônsul sueco para convencer o oficial alemão representam uma verdadeira
declaração de amor a Paris. Por seu lado, Cholitz defende sua posição de subserviente,
pois um soldado deve sempre obedecer às ordens dos seus superiores. Os diálogos
são muito interessantes, de muita erudição. Mas o destaque mesmo é o desempenho da dupla de atores, Dussollier (dos filmes de Alain Resnais) e Arestrup ("O Profeta"), dois monstros sagrados da arte cênica francesa. O filme ganhou o César (Oscar
francês) de Melhor Roteiro Adaptado. Imperdível!
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