“O MAJOR” (“MAЙOP”), 2013, Rússia, escrito e dirigido por Yuri Bykov, é um thriller policial forte e tenso, cuja
história revela a podridão moral e ética de policiais que querem ver longe a
justiça quando a mesma pode atingir um de seus colegas. O chamado corporativismo
que a gente conhece muito bem. O major Sergey Sobolev (Denis Shevod) sai em
alta velocidade pela estrada depois que o avisam que a esposa entrara em
trabalho de parto e estava num hospital. No meio do caminho, ele atropela e
mata um garoto, sendo que a única testemunha é a mãe da vítima, Irina Gutorova (Irina
Nizina). O atropelador liga para um colega, o policial Pasha (papel do diretor
Bykov), e pede ajuda, pois teme ser acusado e preso. A partir daí, os policiais
criam estratégias para livrar Sobolev de um processo, o que inclui apagar
qualquer vestígio de culpa. O pai e a mãe do garoto querem que a justiça seja
feita e, por isso, sofrerão as consequências. O filme é ambientado em qualquer
cidade do interior da Rússia, num cenário desolador e gélido de inverno, o que amplifica
ainda mais o clima pesado que predomina do começo ao fim. O filme é
interessante por ser russo, mas a história não difere de tantas outras que já vimos
em outras línguas.
sábado, 19 de março de 2016
sexta-feira, 18 de março de 2016
“PAIS E FILHAS” (“Fathers & Daughters”), EUA, 2015, direção do italiano Gabrielle
Muccino (“À Procura da Felicidade” e “Sete Vidas”). O elenco é ótimo: Russell
Crowe, Amanda Seyfried, Diane Kruger, Aaron Paul, Jane Fonda, Octavia Spencer e
Bruce Greenwood. Mas o filme... Trata-se de um drama, praticamente dividido em
duas partes. Na primeira, o escritor e vencedor do Prêmio Pulitzer Jake Davis (Crowe)
vive um momento difícil após a morte da esposa num acidente. Jake tenta criar a
filha Katie (Killie Rogers) de 5 anos, da melhor maneira possível, ao mesmo
tempo em que precisa de tempo para escrever mais um livro, pois o dinheiro anda curto. Para piorar, ele começa a sofrer de um tipo de doença neurológica que o faz ter ataques parecidos com
quem sofre de epilepsia. A cunhada Elizabeth (Diane Kruger), irmã da falecida, e
o cunhado William (Bruce Greenwood), um casal de ricaços, quer a guarda da
menina. Essa é uma parte da história. O filme salta vinte anos e aí começa a
segunda parte, que acompanha a trajetória de Katie adulta (Amanda Seyfried), seu
trabalho como psicóloga de crianças problemáticas, seu vício em sexo e as
lembranças do pai, naquela altura do campeonato debaixo de sete palmos. O
grandalhão Russel Crowe não combina com o personagem do escritor. Diane Kruger
está irreconhecível e as cenas que mostram o romance conturbado de Katie com
Cameron (Aaron Paul) são constrangedoras, com diálogos que fariam vergonha a qualquer
novelão mexicano... Muccino tentou fazer um filme para arrancar lágrimas, mas
nem isso conseguiu.
segunda-feira, 14 de março de 2016
“TUDO VAI FICAR BEM” (“Every Thing Will be Fine”), 2014, co-produção Alemanha-Canadá e direção
do alemão Wim Wenders (“Asas do Desejo”, “Paris, Texas”), é um drama pesado e depressivo.
Tudo começa quando o escritor Tomas Eldan (James Franco), em crise existencial
e conjugal, se isola nos cafundós gelados do Canadá para tentar recuperar a
criatividade perdida. No meio desse processo, ele acidentalmente atropela e
mata um garoto que brincava de trenó com o irmão. A tragédia abala não só a mãe
do garoto, Kate (Charlotte Gainsbourg), assim como também o escritor, traumatizado
e se sentindo culpado pelo atropelamento. A história se desenrola por mais 11
anos, período em que Eldan se separa da primeira esposa, Sara (Rachel McAdams),
e já está com a segunda, Ann (Maria-Josée Croze). Acontece que depois do
acidente fatal, Eldan volta a ser criativo e consegue emplacar vários livros de
sucesso, recebendo prêmios e elogios dos críticos literários. Ficou rico. Quando
tudo parece ir às mil maravilhas, surge no cenário um rapaz de 16 anos chamado
Christopher, que nada mais é do que o irmão do menino atropelado por Eldan há
11 anos. O garoto é fã incondicional de Eldan, do qual já leu todos os livros. O escritor terá de se confrontar com Christopher e com o trauma que
parecia ter esquecido. Um certo suspense predomina na parte final do filme,
cujo desfecho só pode ser explicado por algum psicólogo. O filme teve a sua exibição
de estreia, fora de competição, no Festival de Berlim/2015. Confesso que nunca fui muito fã de Wenders, e se depender deste último filme, continuarei não sendo.
O
gênero policial nunca teve grande destaque na vasta filmografia do veterano diretor
francês Claude Lelouch (“Um Homem, Uma Mulher”, “Retratos da Vida”, “Os
Miseráveis”). Em 2007, porém, Lelouch escreveu e dirigiu um ótimo filme
policial: “CRIMES DE AUTOR” (“Roman de Gare”). A trama é inteligente, bem elaborada, com
doses de suspense e humor na medida certa, com direito a uma reviravolta bastante
surpreendente no final. O enredo reúne uma escritora de sucesso, Judith
Ralitzer (Fanny Ardant), um repórter “ghost-writer”, Pierre Laclos (Dominique Pinon), e
uma cabeleireira estressada e neurótica, Huguette (Audrey Dana), abandonada pelo noivo num
posto de estrada. Lelouche teve o mérito de desenvolver a história até o seu
desfecho com poucos personagens e criando situações que se desenrolam num clima
que garante o suspense até o final. Outro mérito de Lelouch diz respeito ao
elenco, encabeçado pela diva Fanny Ardant, ainda no auge da beleza. O
desempenho hilariante da atriz Audrey Dana (hoje também diretora) é outro
destaque, assim como a atuação de Dominique Pinon, ator-fetiche daqueles filmes
esquisitos do diretor Jean-Pierre Jeunet. Quando estreou no Festival de Cannes,
o filme não foi muito bem recebido pela Crítica. Mas eu recomendo, pois é
criativo e muito interessante, além de ter a assinatura de um grande diretor.
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