sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

 


“O ‘W’ DA QUESTÃO” (“W JAK MORDERSTWO”), 2021, Polônia, disponível na plataforma Netflix, 1h44m, roteiro e direção de Piotr Mularuk. A história é baseada no livro homônimo escrito por Katarzyna Gacek, que também colaborou na elaboração do roteiro. Trata-se de uma comédia policial e, ao mesmo tempo, uma sátira àqueles filmes policiais de Hollywood dos anos 60. Toda a ação é ambientada na pequena cidade de Podkowa Lesna, próxima à capital Varsóvia. Magda Borowska (Anna Smolowik) é uma leitora de romances policiais e fã de Agatha Christie. Uma noite, quando passeava com seu cachorro, ela encontra o cadáver de uma mulher no meio do jardim de uma praça. Ao mesmo tempo em que liga para a polícia, ela começa a investigar por conta própria o que teria acontecido. A primeira pista vem de uma correntinha encontrada no pescoço da vítima, na qual encontra-se uma letra W. Por incrível que pareça, Magda tem uma igual. Ao retroceder ao passado, ela lembra que aquela mesma correntinha pertencia à sua antiga amiga de juventude Weronica, desaparecida já há algum tempo. Magda se intromete nas investigações da polícia, mete o bedelho aonde não é chamada e, mesmo assim, consegue ajudar o comissário Jacek (Pawel Domagala) a encontrar algumas pistas. As primeiras suspeitas apontam para um político importante em campanha, um rico empresário, uma esposa traída e até um médium charlatão. Ou seja, muita confusão acontece quanto mais Magda mexe no vespeiro. As referências aos filmes de Alfred Hitchcock ficam logo evidentes para quem conhece o estilo do genial diretor inglês. A própria trilha sonora evoca filmes como “Psicose” e “Um Corpo que Cai”. No mais, o resultado final deste filme polonês é decepcionante. O roteiro é fraco, repleto de furos e, como comédia, também não convence. O elenco, então, nem se fala. “O ‘W’ da Questão” não chega a ofender nossa inteligência, embora dê algumas cutucadas. 


                                                          

quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

 

“BAR DOCE LAR” (“THE TENDER BAR”), 2021, Estados Unidos, produção original Amazon Prime Video, 1h44m, direção de George Clooney, seguindo roteiro de William Monahan. É o sexto filme dirigido por Clooney, cuja história é baseada nas memórias do escritor J.R. Moehringer, vencedor do Prêmio Pulitzer de Jornalismo em 2000. O filme acompanha o amadurecimento de J. R. Maguire da infância (Daniel Ranieri) até a faculdade (Tye Sheridan), entre os anos 70 e 80. Sem um pai e criado somente pela mãe Dorothy Maguire (Lily Raby), o menino se apegou ao tio Charlie (Ben Affleck), bartender do bar The Dickens, em Long Island. J.R. adorava ficar no bar e ouvir os conselhos do tio e dos frequentadores. Agora adulto, J.R. ingressa na faculdade de Direito para agradar a mãe, mas o seu sonho é ser escritor. O filme destaca as amizades de J.R. na universidade e a experiência do primeiro amor, com a bela morena Sidney (Briana Middleton), inconsequente e liberal demais para alguém que almeja um relacionamento sério. J.R. jamais se desligou da família, principalmente de seu tio Charlie, da mãe e do avô (Christopher Lloyd). “The Tender Bar” estreou no BFI London Film Festival e em janeiro de 2022 chegou à plataforma Amazon Prime Video. Além da história sensível, nostálgica e comovente, o filme conta com interpretações magistrais do elenco, principalmente Ben Affleck, indicado ao Globo de Ouro como Melhor Ator Coadjuvante, o veterano Christopher Lloyd e Lily Raby. O melhor, porém, é o estreante Daniel Ranieri como o J.R. menino. Um show de simpatia. Outro destaque é a deliciosa trilha sonora, com Bobby Darin & Johnny Mercer, The Isley Brothers, Parish Hall, Paul Simon e Jackson Browne, entre outros. Resumindo, “The Tender Bar" é um filme muito agradável de assistir. Não perca!


                                                         

terça-feira, 11 de janeiro de 2022

 

“TORPEDO: U-235” (“TORPEDO”), 2019, coprodução Bélgica/Malta/Holanda, 1h42m, disponível na plataforma Netflix, direção de Sven Huybrechts (é o seu primeiro longa-metragem), que também assina o roteiro com a colaboração de Johan Horemans. Baseada em fatos reais, segundo o material de divulgação, a história acontece no auge da 2º Guerra Mundial, quando os serviços secretos das forças aliadas descobrem que Hitler tem a intenção de construir uma bomba atômica. Os aliados, então, decidem unir esforços para construir a bomba primeiro. Para isso, teriam que obter o Urânio-235, encontrado em grande quantidade no solo de alguns países africanos, e enviá-lo para os Estados Unidos, país que tinha o know-how para montar o artefato. O urânio obtido seria transportado por um submarino alemão capturado, tendo como tripulação membros da resistência belga sem nenhuma experiência no mar. Dessa forma, Franz Jäger, capitão do submarino capturado, foi obrigado a treinar a tripulação em um prazo de apenas três semanas. Com o urânio a bordo, o submarino finalmente seguiu viagem, agora sob o comando do capitão Stan (Koen de Bouw), a partir de Uganda (então colônia belga). Durante o trajeto, eles enfrentariam não apenas a hostilidade dos alemães, mas também graves problemas técnicos que por pouco não comprometeram a missão. Confesso que não lembro de ter assistido a um filme ambientado no mar tão bom quanto esse “Torpedo”. O ritmo é alucinante, com muita tensão, as situações se sucedendo sem dar tempo de você piscar. Parece que você está lá no submarino, sofrendo junto. O roteiro também encontrou espaço para o bom humor. Ou seja, você fica aflito mas se diverte. Filmaço!                                                           

segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

 

“A 200 METROS” (“200 METERS”), 2020, disponível na plataforma Netflix, 1h36m, coprodução Jordânia/Palestina/Qatar/Suécia/Itália. O cineasta palestino Ameen Nayfeh acertou em cheio na sua estreia como roteirista e diretor. Além de vários prêmios em festivais mundo afora, seu filme foi escolhido para representar a Jordânia na disputa do Oscar de Melhor Filme Internacional em 2021. O que poderia ser um drama triste e pesado por seu contexto político, Ameen transformou em um filme sensível e comovente. A história é centrada em Mustafa (Ali Suliman) que vive na casa da mãe na Cisjordânia, bem ao lado do muro que a separa de Israel. Salwa (Lana Zreik), a esposa de Mustafa, e os três filhos do casal moram do lado israelense, a 200 metros uma casa da outra, com o muro no meio. Como recusou o passaporte que o tornaria cidadão israelense, Mustafa dispõe de um visto provisório para trabalhar em obras da construção civil em Israel. Ele aproveita essas oportunidades para visitar a família. Achei meio complicado entender essa situação. Mustafa costuma se comunicar com a esposa e as crianças somente por telefone, quando aproveita para brincar com as luzes das casas, resultando nos momentos mais comoventes do filme. Um dia, porém, Mustafa recebe um telefonema de Salwa com a triste notícia de que o filho estava internado em um hospital depois de ter sofrido um acidente. Mustafa se desespera e tenta chegar logo a Israel, mas é impedido porque seu visto provisório havia vencido. Devido a esse imprevisto, ele decide ingressar em Israel clandestinamente, pagando uma fortuna para ser passageiro de uma perua e concordar em viajar mais de 200 quilômetros. Além de passageiros palestinos, Mustafa ganha a companhia de uma jovem fotógrafa alemã, Anne (Anna Unterberger), que está fazendo um documentário sobre a região. O filme se transforma em um road movie repleto de percalços e confusões. “A 200 Metros” é uma aventura física e psicológica, um retrato tocante e de certa forma impactante sobre o cotidiano dos palestinos que, como Mustafa, precisam atravessar a fronteira com Israel para trabalhar e visitar parentes. E que nem sempre são bem-vindos. O filme estreou durante o Festival Internacional de Cinema de Veneza (Itália), recebendo elogios entusiasmados dos críticos e do público. Realmente, um filme de muita qualidade.

                                                             

domingo, 9 de janeiro de 2022

 

“A FILHA PERDIDA” (“THE LOST DAUGHTER”), 2021, coprodução Estados Unidos/Grécia, 2h4m, disponível na plataforma Netflix, filme que marca a estreia da atriz Maggie Gyllenhaal como roteirista e diretora. Irmã do também ator Jake Gyllenhaal, Maggie adaptou a história contada no livro homônimo escrito em 2006 pela romancista italiana Elena Ferrante (é o pseudônimo de uma escritora cuja identidade é mantida em segredo até hoje). A personagem central é Leda (Olivia Colman), escritora e professora de literatura que está passando férias em uma pequena ilha grega perto da cidade de Corinto. Ela queria se isolar, buscar sossego, descansar e meditar. Em um pequeno trecho de praia próximo do resort onde está hospedada, ela vive uma rotina de paz em frente ao mar. Até que chega uma família barulhenta e inconveniente. No meio dela está a jovem Nina (Dakota Johnson), mãe de uma menina mimada à beira do insuportável. Ao observar Nina, Leda começa a relembrar sua própria vida de casada, da qual não tem boas recordações. Em flashbacks, o filme revela a jovem Leda (vivida por Jessie Buckley), mãe de duas meninas e vivendo um casamento tumultuado. Agora na meia-idade, Leda carrega essas tristes memórias com muitos remorsos e vê a si mesmo em Nina, a jovem mãe que vive em crise em seu casamento. Mais uma vez, a atriz inglesa Olivia Colman apresenta uma interpretação primorosa, como já tínhamos visto em vários outros filmes, principalmente “A Favorita", pelo qual ganhou o Oscar de Melhor Atriz em 2019. Surpreendente mesmo é a excelente atuação da atriz irlandesa Jessie Buckley como a jovem Leda. Mesmo sem chegar ao nível delas, a atriz Dakota Johnson também dá conta do recado. Também estão no elenco Ed Harris, Peter Sarsgaard, Paul Mescal, Dagmara Dominczyk, Oliver Jackson-Cohen, Alba Rohrwacher, Panos Karonis e Alexandros Mylonas. “A Filha Perdida” estreou no Festival Internacional de Cinema de Veneza em setembro de 2021, dividindo as opiniões da crítica especializada e do público. Nesse festival, o filme recebeu a premiação como Melhor Roteiro, além de de registrar incríveis 96% de aprovação no rigoroso site de cinema Rotten Tomatoes. Talvez muita gente não tenha entendido a substância da história desse drama psicológico, certamente dirigido às mulheres, principalmente aquelas que são mães, que entenderão perfeitamente o recado. Trata-se de cinema de alta qualidade. Eu gostei muito e recomendo.