segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

 

“A 200 METROS” (“200 METERS”), 2020, disponível na plataforma Netflix, 1h36m, coprodução Jordânia/Palestina/Qatar/Suécia/Itália. O cineasta palestino Ameen Nayfeh acertou em cheio na sua estreia como roteirista e diretor. Além de vários prêmios em festivais mundo afora, seu filme foi escolhido para representar a Jordânia na disputa do Oscar de Melhor Filme Internacional em 2021. O que poderia ser um drama triste e pesado por seu contexto político, Ameen transformou em um filme sensível e comovente. A história é centrada em Mustafa (Ali Suliman) que vive na casa da mãe na Cisjordânia, bem ao lado do muro que a separa de Israel. Salwa (Lana Zreik), a esposa de Mustafa, e os três filhos do casal moram do lado israelense, a 200 metros uma casa da outra, com o muro no meio. Como recusou o passaporte que o tornaria cidadão israelense, Mustafa dispõe de um visto provisório para trabalhar em obras da construção civil em Israel. Ele aproveita essas oportunidades para visitar a família. Achei meio complicado entender essa situação. Mustafa costuma se comunicar com a esposa e as crianças somente por telefone, quando aproveita para brincar com as luzes das casas, resultando nos momentos mais comoventes do filme. Um dia, porém, Mustafa recebe um telefonema de Salwa com a triste notícia de que o filho estava internado em um hospital depois de ter sofrido um acidente. Mustafa se desespera e tenta chegar logo a Israel, mas é impedido porque seu visto provisório havia vencido. Devido a esse imprevisto, ele decide ingressar em Israel clandestinamente, pagando uma fortuna para ser passageiro de uma perua e concordar em viajar mais de 200 quilômetros. Além de passageiros palestinos, Mustafa ganha a companhia de uma jovem fotógrafa alemã, Anne (Anna Unterberger), que está fazendo um documentário sobre a região. O filme se transforma em um road movie repleto de percalços e confusões. “A 200 Metros” é uma aventura física e psicológica, um retrato tocante e de certa forma impactante sobre o cotidiano dos palestinos que, como Mustafa, precisam atravessar a fronteira com Israel para trabalhar e visitar parentes. E que nem sempre são bem-vindos. O filme estreou durante o Festival Internacional de Cinema de Veneza (Itália), recebendo elogios entusiasmados dos críticos e do público. Realmente, um filme de muita qualidade.

                                                             

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