“ARMÊNIA” (“Le
Voyage en Arménie”), 2006, França, direção de Robert Guédiguian, é uma tocante
e muito interessante homenagem ao pequeno país que até pouco tempo atrás era
uma república soviética. A história é centrada em Anna (a ótima Ariane
Ascaride), uma médica que mora em Marselha com o marido Pierre (Jean-Pierre Darroussin)
e a filha Jeanette (Madeleine Guédiguian). Ela descobre que seu pai Barsam
(Marcel Bluwal) tem um grave problema de coração e precisa ser operado. Só que
Barsam, depois de saber do diagnóstico, resolve viajar para sua Armênia natal - uma viagem de despedida? Anna vai atrás dele, sem saber exatamente onde ele está. Nessa busca, Anna conhecerá
personagens bastante interessantes, como um herói da guerra da independência,
Yervanth (Gérard Meylan), e a jovem Schaké (Chorik Griogorian), além de Manouk
(Romik Avinian), um senhor que se apresenta voluntariamente para levá-la de
carro – caindo aos pedaços – para vários lugares. Ao longo de sua busca pelo
pai, Anna – assim como o espectador - vai conhecer um pouco da história, das tradições e
dos valores culturais da Armênia, como também verificar in loco como os armênios vivem nos dias de hoje. Pouca gente sabe,
mas a Armênia foi a primeira nação do mundo a adotar o cristianismo, no ano de
301 dC. Ou o fato de que o Monte Ararat é o símbolo maior do país, mas que,
para tristeza dos armênios, pertence hoje à Turquia. À parte esse contexto, vamos
dizer, histórico, o filme é bastante leve, agradável, bem humorado e, sem
exagero, irresistível. Não perca!
sábado, 3 de janeiro de 2015
sexta-feira, 2 de janeiro de 2015
Apesar
de dramático ao extremo, “ESTRANGEIRA” (“Die Fremde”), 2010, é um ótimo filme alemão. Aliás, foi o candidado
da Alemanha ao Prêmio de Melhor Filme Estrangeiro no Oscar 2011. A história mostra
a jovem Umay (Sibel Kebilli), de 25 anos, vivendo em Istambul com o marido
Kemal (Ufuk Bayraktar) e o filho Cem (Nizam Schiller), de 3 anos. Cansada do
marido violento, Umay foge com o filho para a Alemanha, onde vive sua família –
pais e três irmãos. Ela imaginava encontrar conforto e carinho na casa dos pais
e junto aos irmãos. Ledo engano! Por ter abandonado o marido, Umay é tratada
como se fosse uma prostituta. Se era espancada pelo marido em Istambul, agora é
maltratada pelos pais e pelos irmãos, com direito a apanhar também. Ela foge
pela segunda vez e vai parar numa espécie de abrigo para mães solteiras e
vítimas de violência doméstica. Apesar de tudo o que aconteceu, Umay ainda vai
tentar se reaproximar da família, o que será um grande erro com consequências
trágicas. Dirigido pela austríaca Feo Aladag, o filme tem o mérito de denunciar
o absurdo tratamento que é destinado às mulheres no mundo árabe, onde os
valores culturais admitem até o marido bater na mulher. Numa das conversas que
tem com o pai, Umay justifica sua fuga dizendo que não aguentava mais a violência
de Kemal. O pai responde: “E daí, ele é seu marido. Ele tem esse direito. Além
do mais, um tapinha de vez em quando não faz mal”. Haja Lei Maria da Penha... O
desempenho espetacular da atriz alemã de origem turca Sibel Kebilli valoriza
ainda mais esse ótimo drama alemão.
quinta-feira, 1 de janeiro de 2015
“O LIBERTADOR” (“Libertador”)
é uma coprodução Venezuela/Espanha de 2013, direção de Alberto Arvelo. Trata-se
de uma superprodução (orçada em mais de US$ 50 milhões) que conta a história da
trajetória do líder político e militar venezuelano Simón Bolívar (Edgar Ramirez),
que lutou contra o imperialismo espanhol e foi responsável pela independência
de Venezuela, Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Panamá. Simon era um rico
latifundiário que costumava ir para Paris curtir férias e fazer negócios. É na
capital francesa que ele conhece María Teresa (Maria Valverde), que seria sua
primeira mulher. Só que o casamento não dura muito, pois María Teresa contrai
malária e acaba morrendo. Desconsolado, ele retorna a Paris, onde reencontra um
antigo professor venezuelano, que o convence a voltar para a Venezuela e
começar uma revolução. A partir daí, o filme mostra os eventos que
transformaram Bolívar no maior herói americano, o “Libertador da América”. As
cenas das batalhas são muito bem feitas e comprovam que não houve economia com
locações, figurantes ou indumentária da época. E também com o bom elenco, que
ainda conta com Danny Huston, Erick Wildpret, Juana Acosta, Gary Lewis e Iwan
Bheon. Trata-se de um filme bastante interessante que vai agradar,
principalmente, os espectadores que curtem cinebiografias de personagens
históricos.
Dos
filmes que abordaram ou tiveram como pano de fundo o conflito Palestina/Israel,
“MIRAL”, França/Israel, 2010, talvez seja o mais
esclarecedor. A história, inspirada no romance homônimo escrito pela jornalista
Rula Jebreal, começa em 1947, portanto um ano antes da criaç ão do Estado de Israel. O enredo acompanha a
trajetória de três gerações de mulheres, começando com Hind Husseini (Hiam
Abbass), que naquele ano criou em Jerusalém o Instituto Dar Al-Tifel, destinado
a acolher e educar crianças palestinas refugiadas e órfãs, e terminando com
Miral (Freida Pinto). Paralelamente à história dessas mulheres, o filme destaca,
de forma didática, os fatos que contribuíram para a radicalização do conflito.
Embora o diretor norte-americano Julian Schnabel (“O Escafandro e a Borboleta”
e “Basquiat”) tenha descendência judaica, o filme é claramente a favor da causa
dos palestinos – criação de um estado independente -, e não economiza críticas
aos israelenses, considerados os grandes vilões da história. Quando o filme
estreou, em 2010, no Festival de Veneza, provocou enorme polêmica. Logo depois,
foi exibido numa sessão especial na Assembleia Geral das Nações Unidas, sob
protestos de Israel e do Comitê Judaico Americano. Polêmicas à parte, o filme é
muito bom e merece ser visto por quem curte cinema de qualidade e gosta de
estar bem informado sobre os fatos da história contemporânea.
terça-feira, 30 de dezembro de 2014
Quando
as luzes se acenderam ao final da exibição do drama alemão “NADA
DE MAL PODE ACONTECER” (“Tore Tanzt”),
direção de Katrin Gesse, durante a 38ª Mostra Internacional de Cinema de São
Paulo, em outubro de 2014, a plateia – os que ficaram, pois muitos foram embora
na metade - estava completamente em silêncio. Na verdade, chocada, pois o filme
é angustiante, desagradável demais. É repleto de cenas envolvendo violência,
tortura física e psicológica, sodomia e maus tratos a animais. A história é
centrada no jovem Tore (Julius Feldmeier), pertencente aos Fanáticos de Jesus
(The Jesus Freaks), um movimento punk cristão que existiu na cidade de
Hamburgo. Tore não tem família e mora num abrigo juntamente com outros
integrantes do grupo. Um dia, no estacionamento de um posto de gasolina, ele vê
um motorista que não consegue fazer pegar o motor do seu carro. Tore vai até o
veículo, fecha o capô e faz uma oração. O carro pega na hora. Tore, em seu fanatistmo
religioso, acredita que é abençoado por Deus, quem sabe até o novo Messias. Benno
(Sascha Alexander Gersak), o motorista do carro, convida Tore para morar com
sua família – mulher, uma filha adolescente e um garoto de uns 5 anos. Benno,
porém, é a maldade em pessoa, violento, um verdadeiro demônio. Ele assedia
sexualmente a jovem enteada e encontra em Tore um bom saco de pancadas. Percebendo
os instintos animalescos de Benno, Tore resolve testar sua fé colocando em
prática dois dos principais ensinamentos de Cristo: oferecer a outra face e perdoar
sempre. Segundo ele crê, com Jesus no coração nada de mal pode acontecer. Saber que
a história é baseada em fatos reais talvez seja mais chocante do que o próprio
filme.
segunda-feira, 29 de dezembro de 2014
O fantasma do Alzheimer assombra milhões de famílias no munto inteiro. Só
quem teve um parente ou alguém próximo atingido pela doença sabe de suas consequências - dor, sofrimento e desesperança. No
filme “PARA SEMPRE ALICE” (“Still Alice”), EUA, 2014, direção de
Richard Glatzer, o espectador terá a oportunidade de acompanhar o declínio mental
da dra. Alice Howland (Juliane Moore), conceituada professora de Linguística
que passa a sofrer de um tipo raro de Alzheimer. Lidar com a doença e com a
doente não é tarefa das mais fáceis para o marido John (Alec Baldwin) e os três
filhos Ana (Kate Bosworth), Lydia (Kristen Stewart) e Tom (Hunter Parrish). Para
aumentar ainda mais o drama familiar, um teste revela que um dos filhos tem
100% de chance de também ser atingido pela doença no futuro. A história,
baseada no best-seller da neurocientista Lisa Genova, é muito triste,
principalmente quando acompanha os esforços de Alice para não sucumbir às
armadilhas do Alzheimer. Toda hora Alice se pergunta até quando será a mesma. “Será
que amanhã eu acordarei sendo a mesma Alice?”. Um dos momentos mais tocantes do
filme é quando Alice ministra uma palestra sobre a doença, durante a qual
revela como tenta conviver com a crescente perda da memória. Juliane mostra a
competência de sempre, atuando com a carga de emoção que o papel exige. Kristen
Stewart, a mocinha da Saga Crespúsculo, é outro destaque do elenco. Um filme
para refletir e se emocionar.
Um
filme com emoção, delicadeza e muita sensibilidade. Assim pode ser definido o
drama inglês “NA CADÊNCIA DO AMOR” (“Lilting”), 2013, dirigido pelo cambojano Hong Khaou. O cenário é
Londres. Depois da morte trágica de seu namorado Kai (Andre Leung), o jovem
Richard (o ótimo Ben Whishaw) tenta uma aproximação com a “sogra” Junn (Pei-Pei Cheng),
que vive num asilo e nunca soube da relação homossexual do filho. Ela é uma
senhora tão teimosa a ponto de não falar inglês depois de muitos anos morando na
capital inglesa. No asilo, embora não fale a mesma língua, ela vive um namorico
com Alan (Peter Bowles), um senhor bem-humorado que insiste em levá-la para a
cama. A história do filme é centrada nos diálogos entre Richard e Junn, por
intermédio de uma intérprete, a jovem Vann (Namomi Christie). Richard tem como
objetivo cumprir alguns desejos manifestados por Kai, um deles tirar a mãe do
asilo. Entre as tentativas de Richard de cair nas graças de Junn e as dificuldades dela na convivência com Alan - o que resulta em bons momentos de humor -, o filme destaca algumas cenas em flashbacks mostrando
como era o relacionamento entre o jovem casal gay. O filme estreou no Festival de
Sundance 2014, onde conquistou o Prêmio de Melhor Fotografia. Muito pouco para
um filme tão original e sensível. Pena que o título dado em nossa tradução seja por demais ridículo para um filme tão bom.
Considerado como a grande obra-prima do diretor Aleksandr Sokúrov e do próprio cinema russo e mundial, “ARCA
RUSSA” ("Russkij Kovcheg"), 2002, realmente é de encher os
olhos. O filme é original, criativo e erudito. É todo filmado numa única tomada
(plano-sequência), sem cortes, em seus 97 minutos de duração. Toda a ação se
desenvolvendo no interior do Museu Hermitage, em São Petersburgo, antigo
palácio dos czares e dono de um acervo inestimável de obras de arte. A câmera percorre
os 35 salões do museu na companhia de um aristocrata europeu que funciona como
uma espécie de guia. Ele vai denominando as salas, alguns quadros e esculturas,
identificando seus autores, enquanto a câmera vai captando os detalhes
arquitetônicos dos amplos corredores, peças artísticas e a decoração dos
ambientes. Quando a câmera ingressa em alguns salões, o cenário volta no tempo
e damos de cara com algumas figuras da maior importância da história russa,
como Pedro, o Grande, Catarina, a Grande, Catarina II, a família do Czar
Nicolau e a Czarina Aleksandra. Quem tiver paciência e chegar até ao final terá o
prazer e o privilégio de assistir à reprodução de um baile da corte do Czar Nicolau
II com a participação de 3 mil figurantes, num esmero visual próprio de uma
grande obra de arte. Um dos filmes mais importantes do cinema atual.
Imperdível!
domingo, 28 de dezembro de 2014
“FÉRIAS NA GRÉCIA”
(“Sune I Grekland”), Suécia, 2012, é uma comédia ao estilo daquela série de
filmes intitulada “Férias Frustadas”, com Chevy Chase e Beverly D’Angelo,
grande sucesso na década de 80. Neste filme sueco, o chefe de família é o
contador Rudolf (Morgan Alling), que todos os anos, nas férias, embarca num
trailer com a mulher e os filhos para um lugar chamado Ilha Mosquito. A família
não aguenta mais essa rotina. Quando tudo estava pronto para uma nova e
entediante viagem, o chefe de Rudolf pede a ele que vá representar o escritório
num congresso de contadores na Grécia. Com tudo pago. Rudolf chega em casa e
anuncia a novidade, para a alegria da mamãe Karin (Anja Lundkivist) e dos três
filhos, principalmente o adolescente Sune (William Ringström), que já imagina
grandes aventuras amorosas na Grécia. Só que o chefe de Rudolf resolve ir com a
esposa para o tal congresso e cancela a viagem do seu funcionário. Rudolf não quer decepcionar a família e resolve
assumir as despesas da viagem, endividando-se completamente. Como em “Férias
Frustadas”, a família de Rudolf, incluindo o próprio, se envolve em inúmeras
confusões, o que garante situações hilariantes e boas risadas. A história é baseada no livro "Anderssons in Greece", um clássico da literatura infanto-juvenil sueca, escrito por Anders Jacobsson e Sören Olsson. Trata-se de um filme ideal para curtir
numa sessão da tarde com a família, pipoca e guaraná. Um bom programa para quem não exige muito.
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