terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Quando as luzes se acenderam ao final da exibição do drama alemão “NADA DE MAL PODE ACONTECER” (“Tore Tanzt”), direção de Katrin Gesse, durante a 38ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em outubro de 2014, a plateia – os que ficaram, pois muitos foram embora na metade - estava completamente em silêncio. Na verdade, chocada, pois o filme é angustiante, desagradável demais. É repleto de cenas envolvendo violência, tortura física e psicológica, sodomia e maus tratos a animais. A história é centrada no jovem Tore (Julius Feldmeier), pertencente aos Fanáticos de Jesus (The Jesus Freaks), um movimento punk cristão que existiu na cidade de Hamburgo. Tore não tem família e mora num abrigo juntamente com outros integrantes do grupo. Um dia, no estacionamento de um posto de gasolina, ele vê um motorista que não consegue fazer pegar o motor do seu carro. Tore vai até o veículo, fecha o capô e faz uma oração. O carro pega na hora. Tore, em seu fanatistmo religioso, acredita que é abençoado por Deus, quem sabe até o novo Messias. Benno (Sascha Alexander Gersak), o motorista do carro, convida Tore para morar com sua família – mulher, uma filha adolescente e um garoto de uns 5 anos. Benno, porém, é a maldade em pessoa, violento, um verdadeiro demônio. Ele assedia sexualmente a jovem enteada e encontra em Tore um bom saco de pancadas. Percebendo os instintos animalescos de Benno, Tore resolve testar sua fé colocando em prática dois dos principais ensinamentos de Cristo: oferecer a outra face e perdoar sempre. Segundo ele crê, com Jesus no coração nada de mal pode acontecer. Saber que a história é baseada em fatos reais talvez seja mais chocante do que o próprio filme.

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