Uma
fantasia, uma fábula, um romance? O material de divulgação diz que é comédia, do
que também discordo. Dessa forma, confesso que fiquei em dúvida para definir “TOKYO
FIANCÉE”, 2014, Bélgica, roteiro e direção
de Stefan Liberski. De qualquer forma, é um filme bastante interessante,
criativo, e realmente tem um pouco de fantasia, fábula e romance. A jovem Amélie
(Pauline Etienne, de “A Religiosa”), quando completa 20 anos de idade, resolve
voltar para o Japão, onde nasceu e viveu até os cinco anos. Sua ideia é fixar
residência em Tóquio, conhecer mais da cultura japonesa e dar aulas particulares
de francês para pagar suas despesas. Seu primeiro aluno é Rinri (Taichi Inoue),
de uma família classe média alta. Ao mesmo tempo em que ensina francês a Rinri,
este transmite inúmeras informações sobre o modo de vida dos japoneses. Os dois
visitam lugares tradicionais de Tóquio e das redondezas, em passeios quase
turísticos. Claro que os dois vão se apaixonar e viver um grande amor, até
que... A cultura e as tradições japonesas estão presentes em vários momentos do
filme, tornando-o ainda mais interessante. Mas alerto: não é aquele tipo de
filme que você aplaude de pé ou fica com um sorriso no rosto quando termina.
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016
terça-feira, 9 de fevereiro de 2016
“ENQUANTO HOUVER AMOR” (“And While We Were Here”), 2012, EUA, direção de Kat Coiro, é um drama romanceado ambientado em Nápoles.
É aqui que o violinista norte-americano Leonard (Iddo Goldberg) chega para
trabalhar num concerto com a orquestra sinfônica local. Ele leva a mulher, a
escritora Jane (Kate Bosworth), que está trabalhando num livro sobre as experiências
da sua avó durante a Segunda Grande Guerra. Como o marido se dedica inteiramente aos ensaios, Jane
tem tempo de circular pelos lugares turísticos de Nápoles, sentindo-se solitária e carente. É claro que está prestes a colocar uma peruca de touro no marido. Na paradisíaca Ilha
de Ischia, ela conhece um jovem norte-americano “mochileiro”, Caleb (Jamie
Blackley). Carente de atenção e em crise no casamento, Jane acaba se envolvendo
com Caleb. É o estopim para aumentar ainda mais o conflito no casamento. Não há
dúvida de que Kate Bosworth é uma das atrizes mais competentes e bonitas da
atualidade, como já provou em outros filmes como “Para Sempre Alice”, “A Onda dos
Sonhos” e “Superman: O Retorno”. Mas o filme deixa a desejar, morno e monótono.
Nada que justifique uma indicação entusiasmada.
Charles Chaplin morreu no dia 25 de dezembro de 1977 e foi enterrado no cemitério de Corsier Sur-Vevey, na Suíça, onde o gênio vivia há anos com a família. Poucos dias depois, dois homens roubaram o caixão e tentaram extorquir dinheiro da viúva. A polícia pegou a dupla, que acabou confessando o crime. Todos esses fatos reais são contados em “O PREÇO DA FAMA” (“La Rançon de La Gloire”), França, 2014. Quem teve a infeliz ideia foi Eddy (Benoit Poelvoorde), imigrante belga e ex-presidiário. Seu comparsa foi Osman (Roschoy Zem), imigrante argelino que precisava urgentemente de dinheiro para pagar o tratamento de saúde da esposa, Noor (Nadine Labake). Osman e Noor têm uma filha, Samira (Séli Gmach), que praticamente fica aos cuidados de Eddy. Na verdade, nem Eddy e muito menos Osman possuem perfil de bandidos perigosos. Estão mais para dois desajustados trapalhões. O filme termina com o julgamento da dupla, com resultado bastante inusitado. Estão ainda no elenco Chiara Mastroianni e Peter Coyote. Este talvez seja o filme mais irregular do diretor francês Xavier Beauvois, dos ótimos “Adeus, Minha Rainha” e “Homens e Deuses”. Mas vale assistir para conhecer um dos casos policiais de maior repercussão na época, ainda mais envolvendo o maior gênio que o Cinema já conheceu.
Muito humor, ação e
aventura estão garantidos no filme sueco “O CENTENÁRIO QUE FUGIU PELA JANELA E
DESAPARECEU”, cuja exibição de estreia aconteceu em dezembro de 2013 no
Festival de Berlim - também foi exibido durante a 39ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. No dia de seu aniversário de 100 anos, Allan Karlsson
(Robert Gustafsson) pula a janela da clínica de repouso onde mora e foge por
aí, sem destino. A coisa se complica quando ele se apodera de uma mala sem
saber do seu conteúdo. Além de ser procurado pela polícia, notificada pela
clínica, Allan também será perseguido por uma perigosa gangue. Em sua viagem
sem rumo definido, o velho terá a companhia do abobado Benny (David Wiberg) e
de Julius (Iwar Wiklander). Os três vão parar na casa de Gunilla (Mia
Skäringer), dona de um elefante. Em meio à fuga e a muitas confusões, Allan
ainda recorda de sua participação em vários momentos marcantes do Século XX.
Ele lutou na Guerra Civil Espanhola, ficou amigo íntimo do generalíssimo
Franco, ajudou o físico norte-americano Robert Oppenheimer a desenvolver o
projeto da Bomba Atômica, tomou uma bebedeira com o então vice-presidente Harry
Truman. Como se não bastasse, foi espião durante a Guerra Fria e ainda
conselheiro de Stalin. Tudo bem ao estilo de Forrest Gump. Só por curiosidade,
o nome original do filme é “Hundraaringen Som Klev ut Genom Fönstret och
Fürsvann” (ufa!) e o roteiro foi baseado no livro homônimo escrito por Jonas Jonasson. O filme é muito divertido e movimentado, criativo e inteligente, servindo como um ótimo entretenimento.
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016
Esperava
muito mais de “BROOKLYN”, uma
co-produção Irlanda/Inglaterra/Canadá. Afinal, o filme recebeu três indicações
ao Oscar 2016 (Melhor Filme, Atriz e Roteiro Adaptado). Não que o filme seja ruim.
Longe disso. Mas não passa de um romance açucarado ao estilo dos filmes
baseados nos livros do escritor norte-americano Nicholas Sparks. “Brooklyn”, porém, apesar da alta taxa de
glicose, foi inspirado no livro homônimo escrito pelo romancista irlandês Colm
Tóibin. A história, ambientada nos anos 50, gira em torno de Ellis Lacey
(Saoirse Ronan), uma jovem irlandesa que fica dividida entre dois amores e dois
países. Ellis deixa a irmã, a mãe e a Irlanda e parte para Nova Iorque atrás de
um futuro melhor. Na “Big Apple”, ela se apaixona por Tony Fiorello (Emory
Cohen), descendente de italianos. Uma tragédia fará com que ela volte
temporariamente à Irlanda, onde conhece Jim Farrell (Domhnall Gleeson), um
rapaz refinado e ótimo partido. E agora, Ellis volta para os braços de Tony
nos EUA ou fica em sua terra natal e casa com Jim Farrell? Dá-lhe água com
açúcar... Vou fazer como Maitê Proença, que prometeu ficar nua em público se o Botafogo
fosse rebaixado para a Série B. Se “Brooklyn” ganhar como Melhor Filme, prometo
que tiro a a roupa e coloco a foto no
meu Facebook. Quanto ao Oscar de Melhor Atriz, reconheço que a atriz irlandesa
Saoirse Ronan pode ficar com a estatueta. Ela realmente está ótima. Além da
história romanceada, o filme faz uma homenagem bastante singela e emotiva aos imigrantes
irlandeses que trabalharam na construção civil e ajudaram a erguer todos aqueles
arranha-céus de Nova Iorque.
“LOVE AND MERCY”
(“Amor e Misericórdia”, em tradução literal), 2015, EUA, direção de Bill
Pohlad, é um filme biográfico que explora duas fases da vida do cantor e
compositor Brian Wilson. A primeira, no início dos anos 60, quando liderava a banda
“The Beach Boys”, um fenômeno da música popular que fez tanto sucesso nos EUA quanto os
Beatles. Na segunda fase, o filme dá um salto para 1988, quando Brian Wilson
conhece a vendedora de carros Melinda Ledbetter (a bela Elizabeth Banks),
mulher que mudaria sua vida. O filme destaca a esquizofrenia de Wilson, doença
que o acometeu ainda jovem. Na fase aguda da doença, ele passou a ser tratado
pelo médico Eugene Landy (Paul Giamatti), que o entupia de remédios sem
alcançar nenhum resultado positivo. Na fase jovem, Wilson é interpretado por
Paul Dano, e, na fase adulta, por John Cusack. Ambos, aliás, estão ótimos. O
filme também dedica grande espaço à genialidade de Wilson, que, em 1966, deixou
de acompanhar o grupo numa turnê internacional para se trancar em estúdio e
conceber aquele que seria apontado, mais tarde, como um dos discos mais
importantes da música pop: “Pet Sounds”. Segundo o filme, Wilson teve a inspiração
ao ouvir o disco “Rubber Soul”, dos Beatles, lançado em 1965. Resumindo: o
filme é ótimo.
domingo, 7 de fevereiro de 2016
“INFÂNCIA”, do diretor carioca Domingos de
Oliveira, tem muito de autobiográfico. Dona Mocinha (Fernanda Montenegro), por
exemplo, foi inspirada em Dona Sinhá, avó de Domingos. O filme, baseado na peça
“Do Fundo Lago Escuro”, escrita pelo próprio Domingos em 1977, retrata um dia no
casarão de Dona Mocinha, no bairro de Botafogo. Parte da família de classe média alta está ali reunida:
Conceição (Priscila Rozembaum) e Orlando (Ricardo Kosovski), filhos de Dona
Mocinha, Henrique (Paulo Betti), casado com Conceição e procurador de Dona
Mocinha, além dos primos Rodriguinho e Ricardinho, este último a praga em pessoa. Entre as conversas, muita
lavagem de roupa suja, culminando com a desconfiança da matriarca de que
Henrique teria vendido dois terrenos de propriedade da sogra sem autorização. A
revelação vai desencadear uma crise no casamento de Henrique com Conceição. A
autoritária Dona Mocinha domina o cenário, dando ordens sem parar, além de
recordar seus momentos com José, o marido falecido. Admiradora de Carlos
Lacerda, Dona Mocinha faz questão de reunir toda a família e empregados em
torno do rádio para ouvir as palavras do então jornalista carioca. O elenco
conta ainda com Maria Flor e Nanda Costa. Nem é preciso dizer que Fernanda
Montenegro é o maior destaque do filme.
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