sábado, 17 de abril de 2021

 

“RADIOACTIVE”, 2019, Inglaterra, 1h51, direção de Marjane Satrapi, seguindo roteiro escrito por Jack Thorne. Trata-se da cinebiografia da cientista Marie Curie, cujas descobertas, ao lado do marido Pierre Curie, permitiram importantes avanços tecnológicos. Eles encontraram, por exemplo, dois novos elementos químicos, o rádio e o polônio, que seriam fundamentais para o desenvolvimento da radioatividade. O filme mostra o início do trabalho da cientista polonesa Maria Slodowska, as dificuldades para ser aceita no meio científico de Paris, o casamento com o também cientista Pierre Curie e a incrível descoberta que lhes valeu dois Prêmios Nobel. O filme destaca não apenas as virtudes da descoberta do casal Curie e sua contribuição para a medicina, mas também o seu lado funesto, como a criação da bomba atômica e das usinas nucleares. Para escrever o roteiro, Jack Thorne (“Enola Holmes” e “Extraordinário”) se inspirou no romance gráfico “Radioactive: Marie & Pierre Curie: A Tale of Love and Fallout”, de Lauren Redniss. A diretora franco-iraniana Marjane Satrapi, que além de cineasta, atriz e escritora, também trabalha como ilustradora e romancista gráfica, não teve dificuldade em dirigir a adaptação para o cinema. Ela realizou um excelente trabalho de cenografia, criando com bastante realismo a Paris como era no final do século 19 e começo do século 20, embora as filmagens tenham ocorrido em Budapeste (Hungria). O elenco é mais um trunfo: Rosamund Pike como Marie Curie, Sam Riley como Pierre Curie, Anya Taylof-Joy (da série “Gambito da Rainha”) como Irène, a filha mais velha dos Curie, e Aneurin Barnard como Paul Langevin, assistente e mais tarde amante de Marie. “Radioactive” estreou como atração principal de gala na noite de encerramento do Festival Internacional de Cinema de Toronto/2019 e está disponível na plataforma Netflix. Imperdível!       

quinta-feira, 15 de abril de 2021

 

“A FORÇA DA NATUREZA” (“FORCE OF NATURE”), 2020, Estados Unidos, 1h31m, produção original Netflix, direção de Michael Polisch, seguindo roteiro assinado por Cory Miller. Trata-se de um filme de ação cuja história começa com o detetive Cardillo (Emile Hirsch) em meio a uma missão em Nova Iorque. Ele faz uma besteira e mata quem não devia. Dessa forma, como punição, ele é enviado para trabalhar como policial de rua em San Juan, capital do estado americano de Porto Rico, e sua parceira será a novata Jess Peña (Stephanie Cayo). Em seu primeiro dia de trabalho, a dupla recebe a incumbência de retirar os moradores que se recusam a abandonar um prédio que corria risco por causa da chegada de um furacão. Trata-se de um imóvel simples, de apenas quatro andares. Aqui começa a série de absurdos do deplorável roteiro. Um dos moradores é um negro que cria uma fera – ninguém saberá, até o final, se é um um tigre, um leão ou um leopardo – treinada para matar policiais. Em outro apartamento reside o policial aposentado Ray Barrett (Mel Gibson), que está muito doente. No apartamento, cuidando dele, está sua filha, a médica Troy (Kate Bosworth). Outro morador é um senhor chamado Bergkamp (Jorge Luiz Ramos), cujo pai militou no exército nazista durante a Segunda Grande Guerra. Enfim, um balaio de gatos. Não bastasse a chuva torrencial que acompanha o furacão, chega ao prédio uma gangue de assaltantes comandada por um chefão violento (David Zayas). Os bandidos têm a informação de que um dos moradores do prédio possui uma valiosa coleção de quadros famosos. A confusão está formada. Além de terem que lidar com os moradores teimosos, a dupla de policiais é obrigada a enfrentar os bandidos, que estão fortemente armados. Os furos do roteiro são tão ridículos que nem vale a pena mencionar. É assistir para perceber. As situações são previsíveis demais, constrangedoras. E os diálogos, então, uma ofensa aos neurônios. Não sei porque Mel Gibson topou participar desse desastre – e não estou falando do furacão. Deve estar precisando de grana. Além da esposa Kate Bosworth, também trabalha no filme, num pequeno papel, a filha do diretor, Jasper Polish, todos cúmplices desse abacaxi. Resumo da ópera: “A Força da Natureza” é um verdadeiro atentado à nossa inteligência e, desde já, deve ser colocado na lista dos piores da Netflix.         

 

“O FASCÍNIO” (“IL LEGAME”), 2020, Itália, 1h33, produção original Netflix (estreou dia 2 de outubro de 2020), direção de Domenico Emanuele de Feudis, que também assina o roteiro com a colaboração de Daniele Cosci e David Orsini. Trata-se de um filme de terror sobrenatural que explora possessão, bruxaria e feitiçaria. A história começa com uma jovem sendo submetida a um ritual aparentemente de exorcismo. De início, não há qualquer explicação sobre o motivo, só no desfecho. Alguns anos depois, Francesco (Ricardo Scamarcio) aparece levando sua namorada Emma (Mía Maestro) e a filha dela, Sofia (Giulia Patrignani), para a casa onde vive sua mãe Teresa (Martella Lo Sardo), numa região rural do sul da Itália. A intenção é apresentar Emma como sua futura esposa. Mas tem alguém que não vai gostar da novidade. E esse alguém é uma entidade sobrenatural, que vem não só assombrar a casa, mas também entrar no corpo da pequena Sofia. Haja mandinga para afastar a peste. Com a ajuda de Sabrina (Rafaella D’Avella), sua velha empregada, Teresa inicia uma série de rituais baseados em superstições locais. “O Fascínio” – na Itália a palavra também é entendida como “olho gordo” – é repleto de clichês utilizados em muitos filmes de terror, além de fazer referências a alguns clássicos do gênero, como “O Exorcista” (a mesma cara assustadora da possuída Linda Blair), “O Bebê de Rosemary” (o carrinho de bebê) e “Bruxa de Blair” (as cenas noturnas). O que me decepcionou foi o trabalho do astro italiano Ricardo Scamarcio, que atua no piloto automático e sem qualquer demonstração de que está se esforçando no papel, ao contrário de tantos outros filmes que vi com ele. Para compensar, a atriz argentina Mía Maestro dá conta do recado e praticamente domina o filme. Para quem é fã do gênero e gosta de tomar uns sustos, “O Fascínio” não decepciona.    

 

        

segunda-feira, 12 de abril de 2021

“NOITE NO PARAÍSO” (“NAK WON EUÍ BAM”), 2020, Coréia do Sul, 2h11m, roteiro e direção de Park Hoon-Jung. Não é de hoje que o cinema sul-coreano tem se destacado no cenário internacional, atingindo seu auge com as premiações de “Parasita”, como o Oscar de Melhor Filme em 2020 e a Palma de Ouro em Cannes (2019), entre tantas outras pelo mundo afora. Há muito tempo que venho admirando os filmes sul-coreanos, principalmente os de ação. Por isso, não foi nenhuma surpresa ter gostado tanto de “Noite do Paraíso”, recém-chegado à plataforma Netflix. É uma história de gângsters, de honra e vingança. O personagem principal é Park Tae-Goo (Tae-Goo Um), integrante da gangue chefiada por Yang (Park Ho-San), concorrente no crime com a mais poderosa família mafiosa de Seul. As duas gangues viviam um período de trégua, mas não por muito tempo. Depois que sua irmã e sua sobrinha são mortos em um atentado, Park vai atrás do responsável, justamente o chefão da gangue rival. Depois disso, ele se esconde numa fazenda na remota ilha de Jeju, situada entre a Coreia do Sul, China e Japão. É lá que ele conhece Jae-Yeon (Jeon Yeo-Been), uma jovem problemática que sofre de uma doença terminal e que será a companheira do gângster fugitivo até o final do filme. “Noite no Paraíso” é um filme de muita ação e violência explícita, mas tem seus momentos de calmaria em cenas que poderiam ser descartadas para não alongar tanto a duração. De qualquer forma, é mais um filme de ação sul-coreano de muita qualidade. O filme estreou na programação oficial da 77ª edição do Festival de Cinema de Veneza, recebendo muitos elogios da crítica especializada e do público. Na avaliação do rigoroso site Rotten Tomatoes, o filme recebeu 71% de aprovação, índice muito difícil de se atingir. Resumo da ópera: "Noite no Paraíso" é um filme eletrizante. Vale a pena!                            

        

       

 

“ARRANHA-CÉU: CORAGEM SEM LIMITE” (“SKYSCRAPER”), 2018, Estados Unidos, 1h49m, disponível na plataforma Netflix, roteiro e direção de Rawson Marshal Thurber. Podem falar à vontade que se trata de um filme de ação repleto de clichês e uma história fraca e fantasiosa. Podem até criticá-lo por isso, mas o filme é um entretenimento de primeira, com muitas sequências de ação recheadas de  ótimos efeitos especiais. Eu, que sofro de acrofobia (medo de altura), passei grande parte do filme com arrepios de vertigem. Bem, mas vamos à história. Will Sawyer (o brucutu Dwayne Johnson) é um ex-fuzileiro naval e ex-líder de um grupo de resgate do FBI que numa missão contra terroristas perdeu uma perna numa explosão. Passou então a trabalhar como consultor de segurança especializado em arranha-céus. Anos depois, ao se destacar nesse trabalho, ele é contratado pelo magnata chinês Zhao Long Ji (Chin Han) para criar e coordenar o sistema de segurança de um arranha-céu de mais de 200 andares em Hong Kong. Prestes a ser inaugurado, o prédio é invadido por terroristas, que colocam fogo em um dos andares, sendo que pouco acima moram a mulher e os filhos de Sawyer, que no momento da invasão estava fora do prédio. A partir daí, ele vai tentar de todas as maneiras ingressar no arranha-céu para salvar a família. Um detalhe: a polícia de Hong Kong acha que ele é o culpado pelo incêndio e cerca o prédio para prendê-lo. Dessa forma, a única maneira que Sawyer encontra para ter acesso ao arranha-céu é utilizar um guindaste gigante. Tudo isso com a polícia em seu encalço, além dos terroristas que terá de enfrentar. Ele terá que dar uma de super-herói, com perna mecânica e tudo mais. Desde o início, o filme não economiza na ação e até o desfecho o ritmo é alucinante, de tirar o fôlego. Completam o elenco Neve Campbell, Roland Moher, Hannah Quinlivan e Noah Taylor. Embarque nessa aventura sem medo de ser feliz.