sábado, 24 de fevereiro de 2024

VIDA DUPLA (DOUBLE LIFE), 2023, Canadá, 1h29m, lançado recentemente pela Prime Vídeo, direção de Martin Wood, seguindo roteiro assinado por Michael Hurst e Chris Sivertson. Este suspense conta a história de uma viúva cujo marido, Mark Setter (Niall Matter), um importante empresário, morre de forma misteriosa. Sharon Setter (Pascale Hutton), a viúva, afirma à polícia que desconfia de um possível assassinato. O mesmo pensamento passa por Jo Creuzot (Javicia Leslie), a fogosa amante do falecido, que diz ter visto o amante negociar com um conhecido pilantra no bar em que é atendente. Por um capricho do destino, viúva e a amante do morto reunirão forças para descobrir o que de fato aconteceu, o que acaba complicando o trabalho da detetive Traxler (Carmen Moore), encarregada de investigar o caso. Como um dos clichês mais utilizados pelo cinema, vários suspeitos atravessam o caminho das duas mulheres, que acabam se tornando amigas. Até chegar o desfecho, elas correrão muito perigo. Completam o elenco John Cassini e Vincent Gale. O motivo disso tudo é um pen drive que conteria informações ligando um mafioso a um promotor público. O problema é que o roteiro não explica com clareza esse envolvimento do falecido com o tal pen drive. As cenas de ação são poucas, limitando-se às habilidades de luta de Jo, a amante de Mark, uma morena que impõe respeito não apenas por ser boa de briga (a morenaça Javicia Leslie arrasa). Quem não exigir muito de qualidade cinematográfica pode curtir este suspense canadense sem culpa, pois não chega a ofender nossa inteligência. Resumo da ópera, o resultado final chega perto de decepcionar.             

 

              

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

 

BELFAST, 2021, coprodução Inglaterra/Irlanda do Norte, 1h38m, disponível no Prime Vídeo, roteiro e direção de Kenneth Branagh. Não me conformo, como cinéfilo amador, ter deixado de assistir a esta pequena joia do cinema inglês quando de seu lançamento e superpremiado em vários festivais mundo afora. Baseado nas suas recordações de infância, Kenneth Branagh criou um filme nostálgico, dramático e, ao mesmo tempo, encantador, sensível e bem humorado. Toda a história é contada sob a perspectiva de Buddy (Jude Hill), um garoto esperto de 8 anos que vive com a família, pais e um irmão, em um bairro de trabalhadores de Belfast, capital da Irlanda do Norte. Estamos em 1969, ano tumultuado para os irlandeses do norte, principalmente devido aos conflitos constantes entre católicos e protestantes. Buddy acompanha tudo com aquele interesse infantil aguçado, vivendo seu cotidiano com a mãe (Caitriona Balfe) e o irmão adolescente (o pai trabalha na Inglaterra e só retorna a Belfast duas ou três vezes por mês). O garoto mantém uma ligação forte com o avô (Ciarán Hinds) e com a avó (Judi Dench), relacionamento feito de diálogos delicados e sensíveis. Destaque para o desempenho dos atores principais, o talentoso estreante Jude Hill, a maravilhosa Caitriona Balfe, Jamie Dornan e os veteranos Judi Dench e Ciarán Hinds, todos ótimos em seus papéis. Filmado em preto e branco, com uma fotografia exuberante do cipriota Haris Zambaploukos, “Belfast” pode ser considerado uma crônica familiar e, certamente, o filme mais pessoal do ator e diretor Kenneth Branagh. Indicado a sete categorias no Oscar 2022, conquistou a estatueta com o prêmio de Melhor Roteiro Original. Também conquistou o prêmio BAFTA de Melhor Filme Britânico e ainda o prêmio People’s Choice Award (“Escolha do Público”) no Festival de Cinema de Toronto. Enfim, um filme que merece ser visto por qualquer público. Imperdível!         

 

              

terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

 

O ABISMO (AVGRUNDEN), 2024, coprodução Suécia/Finlândia, 1h43m, em cartaz na Netflix, direção de Ricard Holm, que também assina o roteiro com Robin Sherlock Holm e Nicola Sinclair. Uma falha geológica na área de uma mina exploradora de minério de ferro na cidade de Kiruna – norte da Suécia – provoca desabamentos e abre fendas no solo, causando um grande pânico na população. Na verdade, parte da cidade está afundando (com as devidas proporções, lembra o que está acontecendo em Maceió), como já havia ocorrido na própria Suécia em 1961, na cidade de Dalarna. A experiente Frigga (Tuva Novotny), chefe de segurança da mina, assume a responsabilidade de administrar a situação e sua primeira providência é evacuar a cidade. A segunda, ingressar na mina com uma equipe e avaliar os danos e suas possíveis consequências. O momento não poderia ser pior para a vida particular de Frigga, cujo filho adolescente está desaparecido, a filha namora uma colega de escola e ela mesma vive assediada pelo ex-marido, que não aceita a separação e não quer que a ex leve para casa um novo namorado. Crises familiares à parte, “O Abismo” garante momentos de alta tensão, muito suspense e cenas bastante realistas, garantidas por efeitos especiais bem elaborados. Trocando em miúdos, um bom entretenimento.        

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

 

A AVÓ (LA ABUELA), 2021, Espanha, 1h40m, em cartaz no Prime Vídeo, direção de Paco Plaza, que também assina o roteiro com a colaboração de Carlos Vermut. O cineasta espanhol é especialista em filmes de terror e suspense, tendo em seu currículo sucessos como “A Freira”, “Irmã Morte” e “A Possessão de Veronica”, entre outros. Neste “A Avó”, na minha opinião o melhor, o terror é mais psicológico, embora garanta bons sustos. Garanto: seus pelos da nuca vão se arrepiar. A história tem poucos protagonistas e é praticamente toda ambientada em um apartamento. Despontando para o sucesso na carreira de modelo em Paris, a jovem Susana (Almudena Amor) é obrigada a suspender seus trabalhos em Paris e voltar para Madrid, onde sua avó Pilar (Vera Valdez – veja no final do comentário informações sobre a atriz, nascida no Brasil). Depois que seus pais morreram, Susana foi criada por Pilar e, portanto, resolve cuidar dela. No dia a dia, porém, Susana começa a perceber que sua avó, mesmo doente, parece ter ligação com o sobrenatural, fato ligado ao seu passado, quando teve relacionamento amoroso com outra mulher. Os acontecimentos fantasmagóricos levam Susana a achar que está ficando louca. E dá-lhe sustos. Também estão no elenco Karina Kolokolchykova, Alba Bonnin, Chacha Huang, Maru Valdivielso, Laura Del Sol, Vicky Peña e Marina Campos. Conforme prometi, escrevo sobre Vera Valdez, na verdade nascida no Rio de Janeiro em 1936 como Vera Barreto Leite. Nos anos 50, ela foi para a Europa e lá se consagrou como modelo da Christian Dior, Chanel e Schiaparelli. Na época, chegou a namorar com os cineastas Louis Malle e Roger Vadim. Ao voltar para o Brasil, na década de 60, trabalhou no cinema (“As Cariocas”, “O Homem Nu” e “A Volta do Bandido da Luz Vermelha”. Também fez teatro (“Navalha na Carne”, “Rei da Vela” e outros). Ela casou com Pedro Moraes, filho de Vinícius, com o qual teve a filha Mariana de Moraes. Voltando a falar de “A Avó”, trata-se de um filme que prende a atenção do começo ao fim, garantindo um entretenimento dos melhores – pelo menos para quem gosta de tomar sustos.