“RIVER RUNS RED” (como
ainda não foi exibido por aqui, não ganhou nenhuma tradução; o título, na
tradução literal, ficaria “Rio Corre Vermelho”), 2018, EUA, 1h34m, roteiro e
direção de Wes Miller. O juiz de Direito Charles Coleman (Taye Diggs) é surpreendido
com uma notícia nada agradável. Seu filho foi assassinado por dois policiais,
Von (Luke Hemsworth) e Rory (Gianni Capaldi). Segundo o relatório oficial, ele
teria reagido à abordagem dos policiais. Logo de cara, nos é apresentada a cena
do crime, “preparada” pelos assassinos: uma arma na mão do garoto. Inconformado
e crente que tudo não passou de uma armação, o juiz Coleman tenta convencer as
autoridades municipais de que seu filho não portava arma nenhuma e que foi assassinado
friamente. Como não houve uma resposta satisfatória à sua indignação, o juiz resolve então investigar o caso pessoalmente, até descobrir uma
evidência amplamente favorável à inocência do seu filho. Ou seja, a arma “plantada”
já havia sido utilizada pelos policiais em outro assassinato semelhante, desta vez o do filho de Javier (George Lopez), um imigrante dono de uma oficina mecânica.
Como não há uma resposta concreta da polícia, os dois pais resolvem fazer
justiça com as próprias mãos. Destaque negativo foi constatar no elenco a
figura do ator John Cusack numa ponta – na verdade, uma pontinha – pra lá de
constrangedora. Cusack, de 52 anos, que foi protagonista de ótimos filmes, como
“Alta Fidelidade” e “Matador em Conflito”, entre tantos outros, não merecia um
final de carreira tão triste e frustrante. Pior é que nos materiais de divulgação
seu nome aparece com destaque, o que pode configurar propaganda enganosa. O filme
é fraco e certamente não será exibido por aqui no circuito comercial. De
repente, aparece numa sessão da tarde qualquer. Se aparecer mesmo, pode
dispensar.
sexta-feira, 10 de maio de 2019
quarta-feira, 8 de maio de 2019
“VICE”, 2018,
EUA, 2h14m, roteiro e direção de Adam Mckay. Trata-se de um filme biográfico
baseado na figura de Dick Cheney, que fez carreira no governo norte-americano
começando como chefe de gabinete da Casa Branca nos anos 70 e depois como Secretário da
Defesa de 1989 a 1993, culminando com a vice-presidência na chapa de George W.
Bush, cargo que ocupou com grande desenvoltura e com poderes especiais,
principalmente nas questões de política externa e gestão militar – articulou,
por exemplo, a estratégia para a invasão do Iraque em represália aos atentados
de 11 de setembro de 2001. Cheney provou que ser vice nem sempre é um cargo
decorativo. E o roteiro de Mckay deixa bem claro que ele mandava mais que o
Bush filho. O filme foi realizado de modo a reunir fatos históricos, bastidores
do governo norte-americano e a ascensão vertiginosa de Cheney. Mesmo que o contexto seja sério, Mckay acrescentou uma grande dose de humor ácido e sátira,
numa edição dinâmica e com ritmo alucinante. Um verdadeiro show cinematográfico,
baseado num primoroso e criativo roteiro. O filme recebeu 8 indicações ao Oscar
2019: Melhor Filme, Diretor, Roteiro Original, Edição, Ator, Atriz Coadjuvante,
Ator Coadjuvante e Melhor Maquiagem e Cabelo – só conquistou a estatueta nesta
última categoria. Uma pena e uma grande injustiça. Eu daria o Oscar para Melhor
Diretor, Melhor Ator e Melhor Roteiro Original, no mínimo. O elenco é um
destaque à parte: Christian Bale como Dick Cheney (divulgaram que o ator
engordou mais de 20 quilos para o papel, o que duvido; acredito mais que tenha
havido enchimento das roupas e uma maquiagem pesada; em todo caso, Bale está
sensacional), Steve Carell como Donald Rumsfeld, um político de carreira que
teve um grande prestígio na Casa Branca; Amy Adams como Lynne Cheney; e Sam
Rockwell como o presidente Bush filho, compondo o personagem de uma forma bastante
caricatural. O diretor Adam Mckay, que já tinha em seu currículo bons filmes
como “A Grande Aposta” e “Tudo por Um Furo”, fez mais um gol de placa com “Vice”,
um dos melhores filmes dos últimos anos. Como informação adicional, lembro que
entre os produtores estão os astros Brad Pitt e Will Ferrell, o que dá a ideia
do prestígio do diretor. Não perca de jeito nenhum!
domingo, 5 de maio de 2019
“OBLAWA”, 2012,
Polônia, 1h36m, roteiro e direção de Marcin Krzysztalowicz. Mais um episódio
ambientado durante a Segunda Guerra Mundial, desta vez na Polônia. O ano é
1943. A história é centrada em Otter (Marcin Dorocinski), um soldado que aderiu
à resistência polonesa contra as tropas alemãs que ocupavam o país. Otter era
encarregado de eliminar não só os alemães como também matar os poloneses que
colaboravam com os nazistas. Podia ser amigo ou não, ele assassinava com uma
frieza incrível. O filme inteiro acontece no cenário do acampamento da resistência na
floresta e mostra as dificuldades enfrentadas pelos soldados, que muitas vezes nem
tinham o que comer. Para escrever o roteiro, o diretor Krzysztalowicz se
inspirou nas memórias de seu pai, que pertenceu à resistência polonesa. É a ele
que o cineasta dedica este filme, conforme consta nos créditos finais. “Oblawa”
estreou durante a programação oficial do Festival de Cinema de Gdynia (o Oscar polonês),
sendo premiado pelo Polish Film Awards como Melhor Filme, Melhor Fotografia, Melhor
Design de Som e Melhor Edição de Som. Fora da Polônia, foi exibido pela
primeira vez no Montreal World Film 2012. O filme não é muito agradável de
assistir. É violento, um tanto arrastado, mas bastante impactante. Vale pelo
registro histórico.
“MENINO
BONITO” (“Beautiful Boy”), 2018, EUA, duração de 2 horas, direção
de Felix Van Groeningen. Um sensível e comovente drama centrado na luta de um
pai para livrar o filho mais velho das drogas. É baseado em fatos reais, descritos
nos livros “Beautiful Boy”, de David Sheff (o pai), e “Tweak”, de Nic Sheff (o
filho viciado), adaptados pelo roteirista Luke Davies. No filme de Van
Groeningen, David Sheff é interpretado por Steve Carrell e Nic pelo jovem ator
Timothée Chalamet, responsáveis por grandes atuações (Chalamet foi indicado ao
Globo de Ouro). David Sheff é um jornalista conceituado, colaborador da Revista
Rolling Stone e do New York Times. Seu filho Nic, do primeiro casamento com Vick
(Amy Ryan), entra nas drogas e acaba se viciando em cocaína, anfetaminas e heroína.
Triste ver um menino tão bonito e simpático cair nesse precipício. Aqui vale
destacar o ótimo trabalho desse jovem ator de 23 anos de idade, descendente de
família francesa, Timothée Chalamet, que já havia demonstrado enorme
competência em filmes como “Me Chame pelo seu Nome” e “Lady Bird: A Hora de
Voar”, ambos de 2017. Steve Carrel também dá show de interpretação como o pai
inconformado com a situação do filho. Seu personagem chega a experimentar
drogas para tentar entender o vício de Nic. Embora com uma elevada carga
dramática, “Menino Bonito” reserva momentos de extrema sensibilidade e muitos
deles comoventes, reforçando sua qualidade como adaptação para o cinema. Importante
também destacar o trabalho do diretor belga Felix Van Groeningen em sua estreia
no cinema norte-americano. Van Groeningen foi responsável por “Alabama Monroe”,
de 2012, um filme também espetacular que representou a Bélgica na disputa do Oscar
de Melhor Filme Estrangeiro. Resumo da ópera: “Menino Bonito” é imperdível!
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