sexta-feira, 10 de maio de 2019


“RIVER RUNS RED” (como ainda não foi exibido por aqui, não ganhou nenhuma tradução; o título, na tradução literal, ficaria “Rio Corre Vermelho”), 2018, EUA, 1h34m, roteiro e direção de Wes Miller. O juiz de Direito Charles Coleman (Taye Diggs) é surpreendido com uma notícia nada agradável. Seu filho foi assassinado por dois policiais, Von (Luke Hemsworth) e Rory (Gianni Capaldi). Segundo o relatório oficial, ele teria reagido à abordagem dos policiais. Logo de cara, nos é apresentada a cena do crime, “preparada” pelos assassinos: uma arma na mão do garoto. Inconformado e crente que tudo não passou de uma armação, o juiz Coleman tenta convencer as autoridades municipais de que seu filho não portava arma nenhuma e que foi assassinado friamente. Como não houve uma resposta satisfatória à sua indignação, o juiz resolve então investigar o caso pessoalmente, até descobrir uma evidência amplamente favorável à inocência do seu filho. Ou seja, a arma “plantada” já havia sido utilizada pelos policiais em outro assassinato semelhante, desta vez o do filho de Javier (George Lopez), um imigrante dono de uma oficina mecânica. Como não há uma resposta concreta da polícia, os dois pais resolvem fazer justiça com as próprias mãos. Destaque negativo foi constatar no elenco a figura do ator John Cusack numa ponta – na verdade, uma pontinha – pra lá de constrangedora. Cusack, de 52 anos, que foi protagonista de ótimos filmes, como “Alta Fidelidade” e “Matador em Conflito”, entre tantos outros, não merecia um final de carreira tão triste e frustrante. Pior é que nos materiais de divulgação seu nome aparece com destaque, o que pode configurar propaganda enganosa. O filme é fraco e certamente não será exibido por aqui no circuito comercial. De repente, aparece numa sessão da tarde qualquer. Se aparecer mesmo, pode dispensar.         

quarta-feira, 8 de maio de 2019


“VICE”, 2018, EUA, 2h14m, roteiro e direção de Adam Mckay. Trata-se de um filme biográfico baseado na figura de Dick Cheney, que fez carreira no governo norte-americano começando como chefe de gabinete da Casa Branca nos anos 70 e depois como Secretário da Defesa de 1989 a 1993, culminando com a vice-presidência na chapa de George W. Bush, cargo que ocupou com grande desenvoltura e com poderes especiais, principalmente nas questões de política externa e gestão militar – articulou, por exemplo, a estratégia para a invasão do Iraque em represália aos atentados de 11 de setembro de 2001. Cheney provou que ser vice nem sempre é um cargo decorativo. E o roteiro de Mckay deixa bem claro que ele mandava mais que o Bush filho. O filme foi realizado de modo a reunir fatos históricos, bastidores do governo norte-americano e a ascensão vertiginosa de Cheney. Mesmo que o contexto seja sério, Mckay acrescentou uma grande dose de humor ácido e sátira, numa edição dinâmica e com ritmo alucinante. Um verdadeiro show cinematográfico, baseado num primoroso e criativo roteiro. O filme recebeu 8 indicações ao Oscar 2019: Melhor Filme, Diretor, Roteiro Original, Edição, Ator, Atriz Coadjuvante, Ator Coadjuvante e Melhor Maquiagem e Cabelo – só conquistou a estatueta nesta última categoria. Uma pena e uma grande injustiça. Eu daria o Oscar para Melhor Diretor, Melhor Ator e Melhor Roteiro Original, no mínimo. O elenco é um destaque à parte: Christian Bale como Dick Cheney (divulgaram que o ator engordou mais de 20 quilos para o papel, o que duvido; acredito mais que tenha havido enchimento das roupas e uma maquiagem pesada; em todo caso, Bale está sensacional), Steve Carell como Donald Rumsfeld, um político de carreira que teve um grande prestígio na Casa Branca; Amy Adams como Lynne Cheney; e Sam Rockwell como o presidente Bush filho, compondo o personagem de uma forma bastante caricatural. O diretor Adam Mckay, que já tinha em seu currículo bons filmes como “A Grande Aposta” e “Tudo por Um Furo”, fez mais um gol de placa com “Vice”, um dos melhores filmes dos últimos anos. Como informação adicional, lembro que entre os produtores estão os astros Brad Pitt e Will Ferrell, o que dá a ideia do prestígio do diretor. Não perca de jeito nenhum!          

domingo, 5 de maio de 2019


“OBLAWA”, 2012, Polônia, 1h36m, roteiro e direção de Marcin Krzysztalowicz. Mais um episódio ambientado durante a Segunda Guerra Mundial, desta vez na Polônia. O ano é 1943. A história é centrada em Otter (Marcin Dorocinski), um soldado que aderiu à resistência polonesa contra as tropas alemãs que ocupavam o país. Otter era encarregado de eliminar não só os alemães como também matar os poloneses que colaboravam com os nazistas. Podia ser amigo ou não, ele assassinava com uma frieza incrível. O filme inteiro acontece no cenário do acampamento da resistência na floresta e mostra as dificuldades enfrentadas pelos soldados, que muitas  vezes nem tinham o que comer. Para escrever o roteiro, o diretor Krzysztalowicz se inspirou nas memórias de seu pai, que pertenceu à resistência polonesa. É a ele que o cineasta dedica este filme, conforme consta nos créditos finais. “Oblawa” estreou durante a programação oficial do Festival de Cinema de Gdynia (o Oscar polonês), sendo premiado pelo Polish Film Awards como Melhor Filme, Melhor Fotografia, Melhor Design de Som e Melhor Edição de Som. Fora da Polônia, foi exibido pela primeira vez no Montreal World Film 2012. O filme não é muito agradável de assistir. É violento, um tanto arrastado, mas bastante impactante. Vale pelo registro histórico.         


“MENINO BONITO” (“Beautiful Boy”), 2018, EUA, duração de 2 horas, direção de Felix Van Groeningen. Um sensível e comovente drama centrado na luta de um pai para livrar o filho mais velho das drogas. É baseado em fatos reais, descritos nos livros “Beautiful Boy”, de David Sheff (o pai), e “Tweak”, de Nic Sheff (o filho viciado), adaptados pelo roteirista Luke Davies. No filme de Van Groeningen, David Sheff é interpretado por Steve Carrell e Nic pelo jovem ator Timothée Chalamet, responsáveis por grandes atuações (Chalamet foi indicado ao Globo de Ouro). David Sheff é um jornalista conceituado, colaborador da Revista Rolling Stone e do New York Times. Seu filho Nic, do primeiro casamento com Vick (Amy Ryan), entra nas drogas e acaba se viciando em cocaína, anfetaminas e heroína. Triste ver um menino tão bonito e simpático cair nesse precipício. Aqui vale destacar o ótimo trabalho desse jovem ator de 23 anos de idade, descendente de família francesa, Timothée Chalamet, que já havia demonstrado enorme competência em filmes como “Me Chame pelo seu Nome” e “Lady Bird: A Hora de Voar”, ambos de 2017. Steve Carrel também dá show de interpretação como o pai inconformado com a situação do filho. Seu personagem chega a experimentar drogas para tentar entender o vício de Nic. Embora com uma elevada carga dramática, “Menino Bonito” reserva momentos de extrema sensibilidade e muitos deles comoventes, reforçando sua qualidade como adaptação para o cinema. Importante também destacar o trabalho do diretor belga Felix Van Groeningen em sua estreia no cinema norte-americano. Van Groeningen foi responsável por “Alabama Monroe”, de 2012, um filme também espetacular que representou a Bélgica na disputa do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Resumo da ópera: “Menino Bonito” é imperdível!