Baseado
em fatos reais, o drama húngaro/romeno “Aglaja”, 2012, direção de Kristina Deák, faz uma bela homenagem ao mundo do circo,
de tanta tradição nos países do Leste Europeu, principalmente na Romênia – o famoso
circo Stankowich, por exemplo, foi fundado por romenos. A homenagem fica mais
evidente quando o filme mostra os artistas nos bastidores do circo, uma vida nada fácil, cheia
de sacrifícios, muito treinamento duro e acidentes - muitas vezes trágicos - de percurso. A história,
situada nos anos 70, é narrada in off
por Aglaja, filha de dois artistas de
circo, a trapezista Sabine (Eszter Onodi) e o palhaço Tandarica (Zsolt Bogdán).
O filme acompanha a trajetória do casal
e da filha desde a fuga da Romênia, para escapar da polícia do ditador Nicolae
Ceausescu, até seu périplo por circos em várias capitais europeias. Numa delas,
onde é proibido o trabalho infantil, Aglaja é separada dos pais e encaminhada a
um internato. O filme avança 10 anos e mostra Aglaja, que se tornou uma bela
jovem aos 15 anos de idade, saindo do internato para se encontrar com a mãe, na
época conhecida em toda a Europa pelo número acrobático em que fazia
malabarismos nas alturas içada pelos cabelos. Por causa dessa atração, Sabine ficou
famosa como “A Mulher dos Cabelos de Aço”. Um acidente com Sabine, porém, vai
colocar Aglaja de volta ao picadeiro. As duas atrizes que interpretam Aglaja - Babette
Javor aos 5 anos, e Piroska Moga aos 15 - são excelentes. Mas o maior destaque
é mesmo Eszter Onodi, que faz Sabine. O filme foi exibido aqui no Brasil pela
primeira vez na Mostra “Geração Praça Moscou: O Cinema Húngaro”, em São Paulo,
em junho de 2013. Um filme que merece ser descoberto por quem gosta de cinema
de qualidade.
sábado, 7 de junho de 2014
sexta-feira, 6 de junho de 2014
“Elena” é um
drama russo produzido em 2010 e dirigido por Andrey Zvyagintsev (de “O Retorno”).
O enredo gira em torno de Elena (Nadezhda Markina), uma enfermeira aposentada que
vive, há 10 anos – seu segundo casamento - com Vladimir (Andrey Smirnov), um
rico homem de negócios de Moscou. Sergei (Aleksey Rozin) é o filho de Elena, um
preguiçoso que passa o dia sentado no sofá tomando cerveja e vendo TV. Não quer
nada com o trabalho, embora tenha que sustentar mulher e um filho adolescente.
Sergei vive às custas da mãe, que todo mês vai até a periferia de Moscou
entregar o dinheiro de sua aposentadoria ao filho malandro. Por causa dessa
rotina de anos, Elena vive às turras com o marido, que critica a atitude da
mulher dizendo que ela transformou o filho num acomodado e vagabundo. Ela
defende o filho com unhas e dentes, dizendo que ele é vítima da crise econômica.
Vladimir sofre um infarto e, enquanto se recupera, decide escrever seu
testamento. Ele comunica suas intenções a Elena. A filha de Vladimir, Katerina
(Elena Lyadova), será a grande beneficiada. Elena acha que seu filho também
deve ser incluído no testamento. A partir daí, o filme passa a ter um clima de
suspense policial e fica melhor ainda. É impossível não enxergar nas atitudes da
superprotetora Elena uma evidente analogia com a “Mãe Rússia” e seu caráter
assistencialista. “Elena” foi o
grande destaque da 35ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, além de ter
conquistado o Prêmio Especial do Júri na Mostra “Um Certain Regard” no Festival
de Cannes 2011.
quinta-feira, 5 de junho de 2014
“O Homem Duplicado” (“Enemy”),
2013, é um filme canadense baseado em livro do escritor português José
Saramago. Conta a história de Adam Bell (Jake Gyllenhaal), professor
universitário, que um dia descobre, assistindo a um filme, que tem um sósia
perfeito. Pelos créditos, Adam conclui que seu sósia é o ator Anthony St.
Claire (papel também de Gyllenhaal, claro). Aí ele não sossega enquanto não
encontrar o outro pessoalmente. O relacionamento entre os dois vai envolver
ainda a esposa de Adam, Helen (Sarah Gadon), e a namorada de Anthony, Mary
(Mélanie Laurent). Vai dar uma confusão maluca, mas nada de comédia. É tudo
levado muito a sério pelo diretor Denis Velleneuve, dos ótimos “Incêndios” e “Os
Suspeitos”, este último também com Gyllenhaal, que se mostra mais uma vez um
excelente ator. Com muita sutileza nos gestos e expressões, Gyllenhaal faz com
que o espectador consiga identificar, sem muito esforço, quando ele é Adam e
quando ele é Anthony. Isabella Rossellini, numa pequena ponta, faz a mãe de
Adam. O filme foi massacrado pela maioria dos críticos e também não conseguiu
muita simpatia do público, haja vista o resultado fraco das bilheterias. Não é
um filme tão ruim assim, mas também não é tão bom para ser recomendado. Não deixa, porém, de ser um filme interessante, diferente, com um ótimo elenco e uma história, embora surreal, criativa e instigante.
terça-feira, 3 de junho de 2014
Se
você pretende assistir a um filme para relaxar e se divertir, esqueça “O
Homem que Virá” (“L’Uomo che Verrà”), Itália, 2009, direção de Giorgio Diritti. Trata-se
de um drama pra lá de pesado que conta a história do Massacre de Marzabotto,
fato ocorrido em setembro de 1944, no qual soldados da SS nazista executaram cerca
de 800 camponeses da região de Marzabotto, nas colinas de Bolonha, naquele que é considerado um dos maiores crimes de guerra cometidos até hoje. Em termos
cinematográficos, porém, é um filme de altíssima qualidade. Toda a história é
vista e contada sob a ótica de uma menina de 8 anos, Martina (Greta Zuccheri
Montanari), cuja família é numerosa e paupérrima. Cansados da ocupação dos
soldados alemães, o que incluía ceder hospedagem, as mulheres e os já escassos alimentos,
os camponeses formam um grupo de partizans
para combater os nazistas. Depois de algumas baixas, os alemães resolvem partir
para a retaliação, o que envolve a execução em massa - e sem distinção - de crianças,
mulheres, idosos, deficientes, enfim, quem não for alemão. Embora muito bem
feitas, as cenas de execução são chocantes de tão realistas. Mas o filme também
tem algumas cenas comoventes, como aquela em que Lena (Maya Sansa), que está
grávida, toca na barriga de uma imagem da Virgem Maria, também grávida, o que dá a entender que a esperança daquela gente tão sofrida está no "Homem que Virá".
segunda-feira, 2 de junho de 2014
“Ilo Ilo”, 2012,
Singapura, primeiro filme do diretor Anthony Chen. É um drama que tem como pano
de fundo a crise asiática no final dos anos 90. O ano é 1997. Teck (Tian
Wenchen) e sua esposa Hwee Leng (Yann Yann Yeo) trabalham fora e passam maus
bocados com o filho Jiale (Koh Jia Ler), um garoto de 10 anos terrível que sempre
apronta alguma no colégio ou em casa. Hwee está grávida e cansada, pois também
cuida dos serviços caseiros. Ela tem o gênio forte e é comum destratar o marido,
além de não ter a mínima paciência para lidar com o filho. Para aliviar Hwee, o casal decide,
então, contratar uma empregada filipina, Teresa (Angeli Bayani). Aos poucos,
Teresa consegue “domar” o menino. Ambos vão criar um laço de amizade que
deixará a mãe de Jiale com ciúmes. Quando parece que a situação vai melhorar,
Teck perde o emprego de vendedor e também o seguinte, de vigilante. A condição
financeira da família fica insustentável e o filme assume uma dramaticidade que
poderá tocar fundo em quem já passou ou passa por situação semelhante. “Ilo Ilo” conquistou o Prêmio “Caméra d’Or”,
destinado a cineastas estreantes, no Festival de Cannes 2013. Também representou
Singapura como candidato a Melhor Filme Estrangeiro no Oscar 2014. Ah, Ilo Ilo
é uma cidade localizada nas Filipinas e onde a babá do diretor nasceu. Ele quis
homenageá-la com o título. Um belo filme que merece ser conferido.
“7 Caixas” (“7
Cajas”), 2012, é um bom filme de ação e suspense, humor e aventura. E, acreditem,
paraguaio. Aliás, o maior sucesso de bilheteria até hoje naquele país. Um feito
e tanto para uma indústria que produziu, até hoje em toda a sua história,
apenas 25 longas de ficção. O filme tem como locação o Mercado 4, um conjunto
de barracas, lojas e boxes que ocupa grande parte do centro de Assunção. Víctor
(Celso Franco) tem 17 anos e trabalha como carregador (carretillero), ajudando os clientes a transportar mercadorias. Um
dia, o funcionário de um açougue o contrata para transportar sete caixas sem
revelar seu conteúdo. Aí começa uma série de confusões que irão colocar em
risco a vida de Víctor, que se vê caçado por bandidos, pela polícia e pelo
pessoal que o contratou para levar as caixas. Aliás, como nas ruas do mercado não
há espaço para carros, o jeito foi criar/improvisar as cenas de perseguição com
os carrinhos utilizados pelos carregadores, uma das bem boladas gozações da dupla
de diretores Juan Carlos Maneglia e Tana Schémbori. O filme é bastante criativo,
mantém um bom ritmo de ação do começo ao fim. Os bandidos são caricatos e atrapalhados.
Nem o desfecho trágico consegue estragar o bom humor do filme. Pode ver que você vai se divertir.
“Rota de Fuga”
(“Escape Plan”), 2013, EUA, dirigido por Mikael Hafstrom, reúne os dois grandes
astros dos filmes de ação de Hollywood, Sylvester Stallone e Arnold Schwarzenegger. Os dois “velhinhos”
ainda impõe respeito, além de dar conta de correr, bater e apanhar. A história
é fantasiosa, mas com esses dois astros tudo é permitido. Stallone é Ray
Breslin, que trabalha para uma empresa que vende tecnologia de segurança para
presídios. A função de Breslin é ser preso e depois fugir de penitenciárias de
segurança máxima. Em oito anos, conseguiu escapar de 14. Um gênio da fuga. Um
dia, porém, ele é sequestrado, sedado e levado para uma prisão que ninguém sabe
que existe, uma tal de Prisão Internacional, comandada na base da violência por
Willard Hobbes (Jim Caviezel) e pelos seus guardas – na verdade, mercenários – altamente treinados.
É lá que Breslin conhece Emil Rottmayer (Schwarzenegger). Em meio a socos e
pontapés, torturas, rápidas temporadas em solitárias e algumas piadinhas, os
dois vão se aliar para tentar fugir. O elenco ainda conta com Sam Neil,
Vincente D’Onofrio, Amy Ryan, Vinnie Jones e a belíssima Caitriona Balfe. Para
quem não exige muito e gosta de filmes de ação, o entretenimento é garantido!
domingo, 1 de junho de 2014
“O Segredo – Pecado em Família”
(“Perfect Parents”), de 2006, dirigido por Joe Ahearne, um drama inglês
que mistura suspense, assassinatos e chantagens com temas como religiosidade,
família e educação. Não é entretenimento de fácil absorção. Stuart (Christopher
Ecleston) e sua esposa Alison (Susannah Harker), ateus de carteirinha, querem
colocar a filha Lucy (Madeleine Garrood), de 10 anos, num colégio público católico
dirigido por freiras. Só que precisam cumprir algumas normas exigidas pela
instituição, como, por exemplo, serem católicos praticantes e terem batizado a
filha. Eles conseguem o aval do padre Thomas (David Warner) mediante o
pagamento de propina. Há um intermediário no negócio, Ed (Brendan Coyle), um cidadão
aparentemente correto, mas nas sombras um psicopata e chantagista. As mentiras
do casal serão descobertas graças às denúncias de uma mãe invejosa cuja filha
não foi aceita no colégio católico. Duas pessoas serão assassinadas e outra ainda
será alvo de uma tentativa. No filme, ainda há espaço para muitas discussões de cunho religioso, o
que nos leva a refletir sobre questões como fé, perdão e solidariedade.
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