quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

“EM BUSCA DE VINGANÇA” (“Aftermath”), EUA, 2016, direção de Elliott Lester (“Blitz” e “Nightingale”), com roteiro de Javier Gullón (“O Homem Duplicado”). O título nacional dá a entender que vem pancadaria grossa, ainda mais que o ator principal é Arnold Schwarzenegger. Ledo engano. Já foi o tempo em que o brucutu austríaco encantava plateias no mundo inteiro distribuindo socos e tiros em bons filmes de ação. Hoje, aos 70 anos, não tem mais a mobilidade para encarar uma briga. Nesse drama, ele vive Roman Melnik, um imigrante russo que trabalha na construção civil. Às vésperas do Natal, ele espera a volta de sua esposa e de sua filha grávida que retornavam de Kiev. Ao buscá-las no aeroporto, ele recebe a trágica notícia: o avião onde elas estavam colidiu com outro, matando dezenas de pessoas, incluindo sua esposa e a filha. Enquanto Melnik tenta se recompor do choque, o filme passa a acompanhar o drama do controlador de tráfego aéreo Jake Bonaos (Scoot McNairy), responsabilizado pelo acidente e obrigado a mudar de cidade e até mesmo de identidade. Roman vai fazer de tudo para encontrá-lo e parte em busca de vingança. A história toda é baseada em fatos reais, ou seja, o acidente ocorrido no dia 1 de julho de 2002 no espaço aéreo da Alemanha, onde se chocaram um Boeing 757 cargueiro e um Tupolev com dezenas de crianças russas. O inquérito concluiu que houve erro dos controladores de voo. Talvez  Schwarzenegger não tenha sido a melhor escolha para o papel, mas o carisma do ator acaba compensando.             

terça-feira, 2 de janeiro de 2018



“INEXPLICÁVEL” (“Unspeakable”) foi produzido pelo Channel 4 da Inglaterra e exibido no dia 5 de novembro de 2017. Trata-se de um drama que contém um conselho bastante importante – mais do que um conselho, um alerta: não acredite em toda mensagem enviada para o seu celular, principalmente as anônimas. A história é centrada em Jo (Indira Varma), que passa a viver um dilema terrível depois de receber uma mensagem anônima pelo celular. Segundo o ou a  remetente, seu namorado Danny (Luke Treadaway), alguns anos mais moço, estaria tendo um caso com Katie (Nina Sorrentino), sua filha de 11 anos. Mesmo não querendo acreditar, Jo fica desesperada com a mensagem e não sossega enquanto não descobrir toda a verdade, nem que para isso tenha de confrontar seu namorado, seu ex-marido Des (Neil Maskeil) e a própria filha. Todo o suspense engendrado pelo roteirista e diretor David Nath culmina num desfecho bastante previsível, o que torna essa produção televisiva pouco recomendável.  

domingo, 31 de dezembro de 2017

“FLORES” (“Loreak”), 2015, Espanha, direção de Jon Garaño e José Mari Goenaga. Trata-se do primeiro filme espanhol inteiramente falado em basco. Além disso, foi selecionado para representar a Espanha na disputa do Oscar 2016 de Melhor Filme Estrangeiro. Merecia melhor sorte, pelo menos estar entre os cinco finalistas, pois o filme é muito bom. Talvez o seu maior trunfo seja o primoroso roteiro, elaborado pelos diretores – com a colaboração de Aitor Arregi – para contar uma história extremamente sensível. Ane (Nagore Aranburu), uma mulher de meia idade, está fragilizada pela indiferença do marido e, para piorar, recebe a notícia do seu médico informando que acabara de entrar numa menopausa precoce. Ao mesmo tempo, passa a receber flores de algum admirador anônimo, o que de certa forma faz com que recupere o ânimo e passe a se sentir melhor. Numa cena tocante dentro de um ônibus lotado, ela fica olhando os homens imaginando qual deles ela gostaria que fosse o seu admirador. Numa segunda vertente da história, Lourdes (Itizar Ituño) vive uma crise no casamento com Beñat (Josean Bengoetxea) por conta da intromissão constante da sogra Tere (Itziar Aizpurn) em sua rotina doméstica. Tere fica xeretando a vida íntima do casal e ainda interfere na decoração da casa, o que deixa Lourdes furiosa. Beñat assiste a tudo sem tomar partido. Ele é colega de trabalho de Ane num canteiro de obras, responsável pela operação de um guindaste e passa o dia nas alturas. Com um binóculo, ele costuma bisbilhotar tudo o que se passa na área, inclusive os passos de Ane. Um dia, para consternação geral, Beñat morre num acidente de carro. Semanas depois, ao depositarem flores no local do fatídico acidente, a mãe e a esposa de Beñat percebem que mais alguém faz o mesmo. Tere logo descobre quem deposita as flores. Lourdes demora a descobrir. A reação de ambas em relação à pessoa é completamente diferente. As três mulheres comandam o filme inteiro, ressaltando o maravilhoso desempenho das atrizes que as interpretam, motivando o crítico Luiz Zanin, do Estadão, a afirmar que “Loreak revela-se uma obra de alma feminina”. Não dá para acreditar que um filme tão bom não tenha sido exibido por aqui no circuito comercial. Só o viu quem esteve no 25º Cine Ceará – Festival Íbero-Americano de Cinema, realizado em junho de 2015. Imperdível!