“FLORES” (“Loreak”), 2015, Espanha, direção de Jon Garaño
e José Mari Goenaga. Trata-se do primeiro filme espanhol inteiramente falado em
basco. Além disso, foi selecionado para representar a Espanha na disputa do
Oscar 2016 de Melhor Filme Estrangeiro. Merecia melhor sorte, pelo menos estar
entre os cinco finalistas, pois o filme é muito bom. Talvez o seu maior trunfo
seja o primoroso roteiro, elaborado pelos diretores – com a colaboração de Aitor
Arregi – para contar uma história extremamente sensível. Ane (Nagore Aranburu),
uma mulher de meia idade, está fragilizada pela indiferença do marido e, para
piorar, recebe a notícia do seu médico informando que acabara de entrar numa menopausa
precoce. Ao mesmo tempo, passa a receber flores de algum admirador anônimo, o
que de certa forma faz com que recupere o ânimo e passe a se sentir melhor.
Numa cena tocante dentro de um ônibus lotado, ela fica olhando os homens
imaginando qual deles ela gostaria que fosse o seu admirador. Numa segunda
vertente da história, Lourdes (Itizar Ituño) vive uma crise no casamento com
Beñat (Josean Bengoetxea) por conta da intromissão constante da sogra Tere (Itziar
Aizpurn) em sua rotina doméstica. Tere fica xeretando a vida íntima do casal e
ainda interfere na decoração da casa, o que deixa Lourdes furiosa. Beñat assiste
a tudo sem tomar partido. Ele é colega de trabalho de Ane num canteiro de obras,
responsável pela operação de um guindaste e passa o dia nas alturas. Com um
binóculo, ele costuma bisbilhotar tudo o que se passa na área, inclusive os
passos de Ane. Um dia, para consternação geral, Beñat morre num acidente de
carro. Semanas depois, ao depositarem flores no local do fatídico acidente, a
mãe e a esposa de Beñat percebem que mais alguém faz o mesmo. Tere logo
descobre quem deposita as flores. Lourdes demora a descobrir. A reação de ambas
em relação à pessoa é completamente diferente. As três mulheres comandam o
filme inteiro, ressaltando o maravilhoso desempenho das atrizes que as
interpretam, motivando o crítico Luiz Zanin, do Estadão, a afirmar que “Loreak
revela-se uma obra de alma feminina”. Não dá para acreditar que um filme tão
bom não tenha sido exibido por aqui no circuito comercial. Só o viu quem esteve
no 25º Cine Ceará – Festival Íbero-Americano de Cinema, realizado em junho de
2015. Imperdível!
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