domingo, 31 de dezembro de 2017

“FLORES” (“Loreak”), 2015, Espanha, direção de Jon Garaño e José Mari Goenaga. Trata-se do primeiro filme espanhol inteiramente falado em basco. Além disso, foi selecionado para representar a Espanha na disputa do Oscar 2016 de Melhor Filme Estrangeiro. Merecia melhor sorte, pelo menos estar entre os cinco finalistas, pois o filme é muito bom. Talvez o seu maior trunfo seja o primoroso roteiro, elaborado pelos diretores – com a colaboração de Aitor Arregi – para contar uma história extremamente sensível. Ane (Nagore Aranburu), uma mulher de meia idade, está fragilizada pela indiferença do marido e, para piorar, recebe a notícia do seu médico informando que acabara de entrar numa menopausa precoce. Ao mesmo tempo, passa a receber flores de algum admirador anônimo, o que de certa forma faz com que recupere o ânimo e passe a se sentir melhor. Numa cena tocante dentro de um ônibus lotado, ela fica olhando os homens imaginando qual deles ela gostaria que fosse o seu admirador. Numa segunda vertente da história, Lourdes (Itizar Ituño) vive uma crise no casamento com Beñat (Josean Bengoetxea) por conta da intromissão constante da sogra Tere (Itziar Aizpurn) em sua rotina doméstica. Tere fica xeretando a vida íntima do casal e ainda interfere na decoração da casa, o que deixa Lourdes furiosa. Beñat assiste a tudo sem tomar partido. Ele é colega de trabalho de Ane num canteiro de obras, responsável pela operação de um guindaste e passa o dia nas alturas. Com um binóculo, ele costuma bisbilhotar tudo o que se passa na área, inclusive os passos de Ane. Um dia, para consternação geral, Beñat morre num acidente de carro. Semanas depois, ao depositarem flores no local do fatídico acidente, a mãe e a esposa de Beñat percebem que mais alguém faz o mesmo. Tere logo descobre quem deposita as flores. Lourdes demora a descobrir. A reação de ambas em relação à pessoa é completamente diferente. As três mulheres comandam o filme inteiro, ressaltando o maravilhoso desempenho das atrizes que as interpretam, motivando o crítico Luiz Zanin, do Estadão, a afirmar que “Loreak revela-se uma obra de alma feminina”. Não dá para acreditar que um filme tão bom não tenha sido exibido por aqui no circuito comercial. Só o viu quem esteve no 25º Cine Ceará – Festival Íbero-Americano de Cinema, realizado em junho de 2015. Imperdível!     

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