quarta-feira, 26 de agosto de 2015

“O FRANCO-ATIRADOR” (“THE GUNMAN”), 2014, co-produção França/Espanha, proporciona um bom programa para quem curte filmes de ação e suspense. A história (baseada no livro “The Prone Gunman”, de Jean-Patrick Manchette): na época em que era um eficiente matador de aluguel, Jim Terrier (Sean Penn), assassinou uma alta autoridade do Congo. O crime ocorreu a mando de um inescrupuloso empresário interessado na exploração de minérios e ouro no país africano. Anos depois, os envolvidos no atentado começam a ser executados, numa evidente ação do tipo “queima de arquivos”. Quando chega a vez de Jim, porém, a tarefa não será nada fácil. Ele lutará para não ser morto e, ao mesmo tempo, tentará descobrir quem entregou o seu grupo. A médica Annie (a atriz italiana Jasmine Trinca), ex-namorada de Jim, também correrá perigo depois de se envolver com Felix (Javier Bardem), um dos membros do grupo responsável pelo atentado anos antes. Do Congo, o cenário muda para Londres e Barcelona. Mesmo aos 55 anos, Sean Penn mostra uma invejável forma física, explorada em demasia durante o filme. Em quase todas as cenas lá está ele sem camisa, esbanjando músculos e a barriga “tanquinho”. Apesar de tudo, Senn é ótimo ator (ganhou dois Oscars, por “Sobre Meninos e Lobos” e “Milk – A Voz da Igualdade”), mas talvez muito feio para fazer papel de mocinho e ainda ser par romântico com a bela Jasmine Trinca. Um contraste e tanto. O filme tem muita ação, o que é a especialidade do diretor francês Pierre Morel (de “Busca Implacável”). Ótimo programa para acompanhar um potão de pipoca.   

 

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Como espectador comum, discordo da grande maioria dos críticos profissionais que elogiaram o drama “MANGLEHORN” e o trabalho do ator Al Pacino. O filme é um abacaxi dos mais azedos, sonífero puro. E Pacino interpreta um dos personagens mais chatos do cinema nos últimos anos, Angelo Manglehorn, um chaveiro que, em sua vida particular, é um homem recluso, antissocial, amargurado, rancoroso e em estado crônico de mau-humor. Resumindo: antipático ao extremo. Ele vive se lamentando com as lembranças de uma antiga paixão, Clara, que ninguém explica quem foi ou que fim levou. Nem uma mulher ainda bonita como Dawn (Holly Hunter), consegue despertar o interesse de Angelo. Ela dá todas as dicas de que está a fim de uma cama a dois, mas ele prefere falar da gata Fannie e de Clara, seu antigo amor. Angelo não se dá nem com seu próprio filho Gary (Chris Messina). Como em seus últimos papeis, Al Pacino (vide “O Último Ato” – “Humbling”, no original) exagera na interpretação, beirando o histriônico. E quem sofre com tudo isso é o espectador. O filme, dirigido por David Gordon Green, concorreu ao Leão de Ouro no Festival de Veneza 2014 e, merecidamente, não ganhou. Como disse, e repito, o filme é muito chato. O grande Al Pacino, desta vez, ficou pequeno.  
Em 1978 e 1979, os assassinatos de jovens mulheres praticados na região de Oise chocaram a França. Mais ainda depois da revelação de que o assassino era o próprio policial encarregado de investigar as mortes. Essa história real foi transformada em 2013 no ótimo suspense “NA PRÓXIMA, ACERTO NO CORAÇÃO” (“La Prochaine fois je Viserai le Coeur”) por Cédric Anger, responsável pelo roteiro e direção. Na vida real, o nome do assassino era Alain Lamare. No filme, foi modificado para Franck Neuhart (Guillaume Canet). O título do filme foi inspirado numa frase dita pelo psicopata para uma de suas vítimas. O roteiro de Cédric destaca o lado obscuro da mente do policial, na verdade um desequilibrado mental, psicótico e totalmente perturbado. Ele praticava seus crimes nos dias de folga. No trabalho, mostrava-se um policial eficiente e também discreto, acima de qualquer suspeita. O clima de suspense predomina desde o primeiro minuto, reforçado por uma fotografia sombria e uma trilha sonora que aumenta a tensão nas cenas de maior impacto, como fazia Hitchcock. O ator Guilhaume Canet tem uma atuação impressionante, personificando com perfeição o policial psicopata. O filme é muito bom. Mais um gol de placa do cinema francês. Imperdível!