“NUNCA
FIRME, NUNCA PARADO” (“NEVER STEADY, NEVER STILL”) – a tradução literal
é minha, pois o filme não chegou a ser exibido por aqui e, portanto, não tem
título em português – 2017, Canadá, 110 minutos, primeiro longa-metragem escrito
e dirigido por Kathlee Hepburn. Trata-se de um drama familiar bastante pesado,
lento e muito triste. O clima melancólico é acentuado ainda mais pelo frio
reinante e os cenários de neve (a história é ambientada numa remota comunidade
às margens do lago Stuart, ao norte da Colúmbia Britânica, no Canadá). O drama
é centrado em Judy (Shirley Henderson), uma mulher por volta dos cinquenta anos
de idade que sofre do Mal de Parkinson
em estágio avançado. Para as tarefas diárias, como tomar banho, se vestir, cozinhar
e tomar os remédios, ela conta com a ajuda do marido Ed (Nicholas Campbell) e de
seu filho Jamie (Théodore Pellerin), de 19 anos. Se o sofrimento de Judy já é
grande com a doença, fica ainda pior depois de um evento trágico envolvendo seu
marido e da ida do filho para um distante canteiro de obras. Ou seja, Judy terá
que se virar sozinha. A atuação impressionante da atriz escocesa Shirley
Henderson é o grande trunfo desse bom drama canadense, repito, muito, mas muito triste. O filme estreou no Toronto International Filme Festival 2017 e recebeu 8 indicações ao Canadian Screen Awards 2018, incluindo Melhor Filme, Melhor Roteiro Original e Melhor Atriz.
quinta-feira, 2 de maio de 2019
terça-feira, 30 de abril de 2019
“QUE
DEUS NOS PERDOE” (“QUE DIOS NOS PERDONE”), 2016, Espanha, 2h7m,
roteiro e direção de Rodrigo Sorogoyen. Drama policial cuja tema central é a
investigação de vários crimes cometidos em Madrid por um sádico serial killer,
que escolhe como suas vítimas mulheres de mais de 70 anos. Além de espancá-las
até a morte, o assassino, como toque final, ainda estupra as idosas. Boa gente
o cara. A história é ambientada em 2011 numa Madrid caótica, com manifestações de protesto violentas nas
ruas por parte dos ativistas do Movimento 15-M e às vésperas da visita oficial do Papa
Bento XVI à Espanha. A polícia madrilhenha encarrega os detetives Velarde
(Antonio de La Torre) e Alfaro (Roberto Álamo) pela investigação dos
assassinatos das idosas – as cenas dos corpos mutilados são chocantes. Ao mesmo
tempo em que acompanha os trabalhos da dupla, o filme reserva um bom espaço
para compor e revelar as personalidades completamente diferentes dos dois policiais.
Velarde é minucioso, atento aos mínimos detalhes das cenas dos crimes, observa
mais do que fala. Há muito tempo que é considerado um gênio da polícia. Por
outro lado, Alfaro é falante, truculento, resolve as discussões na base da
porrada e muitas vezes parece ter um parafuso a menos. A gagueira de Velarde rende alguns bons momentos de humor, assim como a truculência de Alfaro. Até o desfecho, o clima
de suspense segue num ritmo quase que alucinante, tornando este policial
espanhol um bom entretenimento. Faltou, porém, uma explicação plausível para a cena
final, deixando uma pergunta no ar: Como Velarde descobriu o paradeiro do criminoso? Para mim, esta é a maior falha do roteiro de Sorogoyen, embora não prejudique o resultado
final. “Que Deus nos Perdoe” também é o nome de uma música cantada pela fadista
portuguesa Amália Rodrigues, incluída na trilha sonora do filme quando os créditos finais aparecem na tela.
domingo, 28 de abril de 2019
“PRAÇA
PÚBLICA” (“Place Publique”), 2018, França, 1h39m, quinto longa-metragem
dirigido pela atriz, roteirista e cineasta Agnès Jaoui. Mais uma vez, ela
contou com a colaboração, no roteiro e no elenco, do ator Jean-Pierre Bacri, com
o qual foi casada até 2012. Como é do estilo de Jaoui, “Praça Pública” é uma
comédia de costumes, gênero que é especialidade do cinema e do teatro franceses
– lembrando que foi Moliére quem inventou o gênero. Em “Praça Pública”, toda a
trama acontece durante a festa de inauguração da nova casa (open house) de Nathalie (Léa Drucker),
uma bem-sucedida empresária do mundo artístico parisiense. A casa está situada
nos arredores de Paris e Nathalie convida meio-mundo da nata artística
parisiense, incluindo várias celebridades. O convidado mais badalado é Castro (Jean-Pierre
Bacri), um famoso apresentador de TV, em torno do qual gravitam,
além dos bajuladores habituais, sua ex-mulher Hélène (Agnès Jaoui), sua filha
escritora Nina Meurisse) e sua atual namorada Vanessa (Helena Noguerra). Entre
caçadores de autógrafos, tipos esquisitos e excêntricos, gente querendo
aparecer, brigas de casais, um vizinho furioso e uma garçonete que, em vez de
servir, fica fazendo selfies com as
celebridades, o filme transcorre com muito humor até o final inusitado. Assim
como foi inusitado o começo, com uma cantora francesa – não descobri qual, mas
acho que foi Jacqueline François – cantando “Garota de Ipanema”. Se é ela
mesmo, a gravação é de 1964. “Praça Pública” foi exibido na programação oficial
do 20º Festival Internacional de Cinema do Rio de Janeiro, em novembro de 2018.
Resumo da ópera: trata-se de mais um bom filme de Agnès Jaoui. Uma comédia bem
divertida e inteligente.
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