sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Gerard Butler já provou que é bom ator. Com competência, atuou em filmes de ação (“300”, “Invasão à Casa Branca”, “Invasão a Londre”), em filmes românticos (“P.S. Eu Te Amo”) e comédias como “Caçador de Recompensa”, ao lado de Jennifer Aniston. No drama “UM HOMEM DE FAMÍLIA” (“A FAMILY MAN”), 2016, o ator escocês encarou um papel mais sério e conflituoso, o de um recrutador (“headhunter”) corporativo inescrupuloso de Chicago, Dane Jensen, que joga sujo, manipulando currículos e fornecendo informações falsas. Seu chefe, Ed Blackridge (Willem Dafoe) é um tirano obcecado por resultados e exigente com sua equipe, a ponto de obrigar o pessoal a trabalhar depois do expediente e aos finais de semana. Jensen entra nesse ritmo e pouco se dedica à esposa Elise (Gretchen Mol) e aos três filhos, o que provoca discussões que colocam o casal a toda hora à beira de uma crise conjugal. Ele diz que se dedica tanto a arrumar emprego para muita gente que se considera “um verdadeiro herói americano”. A situação fica pior quando Blackridge anuncia que vai se aposentar em três meses e que indicará seu sucessor entre Jensen e Lyn Vogel (Alison Brie), dependendo do desempenho de cada um até o final daquele período. Somente depois que Ryan (Max Jenkins), seu filho mais velho, fica gravemente doente é que Jensen começa a mudar os seus conceitos. Dirigido por Mark Williams – seu filme de estreia como diretor – e escrito por Bill Dubuque (“O Juiz” e “O Contador”), “Um Homem de Família” pode ser visto apenas como um filme mediano, sem muitos atrativos para merecer uma recomendação entusiasmada.                                              

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

O suspense francês “NOCTURAMA”, 2015, escrito e dirigido por Bertrand Bonello,  explora um tema de bastante evidência neste início de século: os atos terroristas. No caso, ataques em Paris praticados por sete jovens, que explodem prédios públicos simbólicos dos poderes político e financeiro do país, assassinam executivos de bancos e incendeiam carros e até a estátua de Joana D’Arc, ao lado do Louvre. Não ficou claro, pelo menos para mim, qual a motivação dos cinco rapazes e duas moças. Não são muçulmanos – apenas dois ou três são descendentes de árabes – e não têm qualquer ideologia política.  São apenas jovens perdidos na vida, sem perspectiva de futuro numa Europa em plena recessão, talvez se rebelando contra uma sociedade injusta e um modelo econômico que privilegia apenas os ricos. Nada é esclarecido. O filme é elaborado como se tivesse duas partes, antes - o planejamento - e após os atentados. Depois de cometê-los, eles se escondem à noite numa grande loja de departamentos sem saber o que fazer quando o dia amanhecer. Com exceção do desfecho, que é movimentado, o restante do filme é bastante entediante. Bertrand Bonello é cultuado pelos críticos profissionais desde que dirigiu “L’Apollonide – Os Amores da Casa de Tolerância” e “Saint Laurent”). Nas entrevistas coletivas que concedeu à imprensa, ele garante que o projeto de “Nocturama” surgiu bem antes da onda de atentados que atingiu Paris em novembro de 2015, o mesmo acontecendo com as filmagens. A polêmica em torno do filme chegou ao Festival de Cannes 2016, que o retirou da programação. Dessa forma, ele estreou no Festival de Toronto e depois foi exibido no Festival Internacional de Cinema do Rio de Janeiro, em outubro de 2016. No Festival de Mar Del Plata, foi o vencedor do prêmio de Melhor Fotografia. É um filme pesado, longe de um entretenimento agradável. Talvez seja interessante apenas por apresentar uma estética bastante inusitada.                                             

terça-feira, 22 de agosto de 2017

Representante oficial da Grécia no Oscar 2015 para disputar a categoria “Melhor Filme Estrangeiro”, “LITTLE ENGLAND” (“MIKRA ANGLIA”), escrito e dirigido por Pantelis Vougaris, é uma adaptação do romance da escritora grega Ioanna Karystiani – na vida real, esposa do diretor. A história é toda ambientada na Ilha de Andros, cujos habitantes têm uma relação muito próxima com o mar. Os homens, em geral, trabalham nos navios seja como oficiais ou tripulantes, vivem viajando o tempo inteiro, enquanto suas esposas os aguardam – impossível não associar com a música “Mulheres de Atenas”, do Chico Buarque, que trata justamente dessa espera das mulheres por seus homens. O centro da história é a trajetória da família Santaferou desde o início dos anos 30 até o final da década de 40 do século passado. O patriarca da família é Savvas (Vasilis Vasilakis), capitão de navio que há 30 anos percorre os mares do mundo, com pouco tempo para visitar a esposa Mina (Aneza Papadopoulou) e as filhas Orsa (Pinelopi Tsilika) e Moscha (Sofia Kokkali). Desde crianças, Moscha e Orsa liam com orgulho as cartas do pai descrevendo os países que visitava. Mina criou as meninas com todo rigor e, quando chegou a hora de casá-las, faz tudo para encontrar os maridos certos, obrigando-as a aceitá-los – ambos, claro, capitães de navio. Orsa casa com um homem que não ama. Seu grande amor é Spyros (Andreas Konstantinou). Por outro lado, Moscha está feliz da vida com seu casamento, mas nem tudo será um mar de rosas. Embora o tom seja assumidamente novelesco, o roteiro é muito bem elaborado. A fotografia, o excelente elenco e os cenários deslumbrantes também merecem destaque. Enfim, um ótimo programa.                                         

domingo, 20 de agosto de 2017

“A IDADE DAS SOMBRAS” (“Mil-jeong”, título original, ou “Age of Shadows”, como foi lançado em países de língua inglesa), 2016, Coréia do Sul, 2h21m, escrito e dirigido por Jee-Woon Kim ("História de Duas Irmãs', “O Último Desafio” e “Eu vi o Diabo”). A história é ambientada no início da década de 20, quando os japoneses ocupavam a Coréia (o país ficou sob o domínio do Japão de 1910 a 1945). A narrativa é centrada num plano dos membros da resistência coreana de contrabandear uma grande quantidade de explosivos de Xangai (China) para Seul e cometer atentados contra as autoridades militares japonesas. A peça-chave do plano é o policial japonês Lee Jung-Chool (Song Hang-Ho), encarregado de se infiltrar e identificar as lideranças da resistência. Coreano de nascimento, Jung-Chool fará um jogo duplo até o desfecho da história, servindo a cada um dos lados do conflito. Trata-se de uma superprodução do cinema sul-coreano, um emocionante filme de espionagem repleto de ação e um suspense de tirar o fôlego. A sequência inicial, durante a qual um dos membros da resistência é perseguido pelas ruas de Seul por soldados japoneses é simplesmente espetacular. Tudo funciona muito bem, desde a impecável reconstituição de época, o roteiro e as cenas de ação realizadas num ritmo frenético, até a fotografia e a trilha sonora, com direito a Ravel e Louis Armstrong. O filme foi o representante oficial da Coréia do Sul ao prêmio de “Melhor Filme Estrangeiro” no Oscar/2017. Deixe de lado qualquer preconceito contra o cinema asiático e embarque nessa grande aventura. Vale a pena!