Gerard Butler já provou que é bom ator. Com
competência, atuou em filmes de ação (“300”, “Invasão à Casa Branca”, “Invasão
a Londre”), em filmes românticos (“P.S. Eu Te Amo”) e comédias como “Caçador de
Recompensa”, ao lado de Jennifer Aniston. No drama “UM HOMEM DE FAMÍLIA” (“A
FAMILY MAN”), 2016, o ator escocês encarou um papel mais sério e conflituoso, o de um
recrutador (“headhunter”) corporativo
inescrupuloso de Chicago, Dane Jensen, que joga sujo, manipulando currículos e fornecendo
informações falsas. Seu chefe, Ed Blackridge (Willem Dafoe) é um tirano
obcecado por resultados e exigente com sua equipe, a ponto de obrigar o pessoal
a trabalhar depois do expediente e aos finais de semana. Jensen entra nesse
ritmo e pouco se dedica à esposa Elise (Gretchen Mol) e aos três filhos, o que
provoca discussões que colocam o casal a toda hora à beira de uma crise
conjugal. Ele diz que se dedica tanto a arrumar emprego para muita gente que se
considera “um verdadeiro herói americano”. A situação fica pior quando Blackridge
anuncia que vai se aposentar em três meses e que indicará seu sucessor entre
Jensen e Lyn Vogel (Alison Brie), dependendo do desempenho de cada um até o
final daquele período. Somente depois que Ryan (Max Jenkins), seu filho mais
velho, fica gravemente doente é que Jensen começa a mudar os seus conceitos.
Dirigido por Mark Williams – seu filme de estreia como diretor – e escrito por
Bill Dubuque (“O Juiz” e “O Contador”), “Um Homem de Família” pode ser
visto apenas como um filme mediano, sem muitos atrativos para merecer uma
recomendação entusiasmada.
sexta-feira, 25 de agosto de 2017
quinta-feira, 24 de agosto de 2017
O suspense francês “NOCTURAMA”, 2015, escrito
e dirigido por Bertrand Bonello, explora
um tema de bastante evidência neste início de século: os atos terroristas. No
caso, ataques em Paris praticados por sete jovens, que explodem prédios
públicos simbólicos dos poderes político e financeiro do país, assassinam
executivos de bancos e incendeiam carros e até a estátua de Joana D’Arc, ao
lado do Louvre. Não ficou claro, pelo menos para mim, qual a motivação dos
cinco rapazes e duas moças. Não são muçulmanos – apenas dois ou três são descendentes
de árabes – e não têm qualquer ideologia política. São apenas jovens perdidos na vida, sem
perspectiva de futuro numa Europa em plena recessão, talvez se rebelando contra
uma sociedade injusta e um modelo econômico que privilegia apenas os ricos. Nada é esclarecido. O
filme é elaborado como se tivesse duas partes, antes - o planejamento - e após os atentados. Depois
de cometê-los, eles se escondem à noite numa grande loja de departamentos sem saber
o que fazer quando o dia amanhecer. Com exceção do desfecho, que é movimentado,
o restante do filme é bastante entediante. Bertrand Bonello é cultuado pelos
críticos profissionais desde que dirigiu “L’Apollonide – Os Amores da Casa de
Tolerância” e “Saint Laurent”). Nas entrevistas coletivas que concedeu à
imprensa, ele garante que o projeto de “Nocturama” surgiu bem antes da onda de
atentados que atingiu Paris em novembro de 2015, o mesmo acontecendo com as
filmagens. A polêmica em torno do filme chegou ao Festival de Cannes 2016, que
o retirou da programação. Dessa forma, ele estreou no Festival de Toronto e
depois foi exibido no Festival Internacional de Cinema do Rio de Janeiro, em
outubro de 2016. No Festival de Mar Del Plata, foi o vencedor do prêmio de
Melhor Fotografia. É um filme pesado, longe de um entretenimento agradável.
Talvez seja interessante apenas por apresentar uma estética bastante inusitada.
terça-feira, 22 de agosto de 2017
Representante oficial da Grécia no Oscar 2015 para
disputar a categoria “Melhor Filme Estrangeiro”, “LITTLE ENGLAND” (“MIKRA
ANGLIA”), escrito e dirigido por Pantelis Vougaris, é uma adaptação do romance da
escritora grega Ioanna Karystiani – na vida real, esposa do diretor. A história
é toda ambientada na Ilha de Andros, cujos habitantes têm uma relação muito
próxima com o mar. Os homens, em geral, trabalham nos navios seja como oficiais
ou tripulantes, vivem viajando o tempo inteiro, enquanto suas esposas os
aguardam – impossível não associar com a música “Mulheres de Atenas”, do Chico
Buarque, que trata justamente dessa espera das mulheres por seus homens. O
centro da história é a trajetória da família Santaferou desde o início dos anos
30 até o final da década de 40 do século passado. O patriarca da família é
Savvas (Vasilis Vasilakis), capitão de navio que há 30 anos percorre os mares
do mundo, com pouco tempo para visitar a esposa Mina (Aneza Papadopoulou) e as
filhas Orsa (Pinelopi Tsilika) e Moscha (Sofia Kokkali). Desde crianças, Moscha
e Orsa liam com orgulho as cartas do pai descrevendo os países que visitava.
Mina criou as meninas com todo rigor e, quando chegou a hora de casá-las, faz
tudo para encontrar os maridos certos, obrigando-as a aceitá-los – ambos,
claro, capitães de navio. Orsa casa com um homem que não ama. Seu grande amor é
Spyros (Andreas Konstantinou). Por outro lado, Moscha está feliz da vida com
seu casamento, mas nem tudo será um mar de rosas. Embora o tom seja assumidamente novelesco, o roteiro é muito bem elaborado. A fotografia, o excelente elenco e os
cenários deslumbrantes também merecem destaque. Enfim, um ótimo programa.
domingo, 20 de agosto de 2017
“A IDADE
DAS SOMBRAS” (“Mil-jeong”, título original, ou “Age of Shadows”, como foi
lançado em países de língua inglesa), 2016, Coréia
do Sul, 2h21m, escrito e dirigido por Jee-Woon Kim ("História de Duas Irmãs', “O Último Desafio” e “Eu vi
o Diabo”). A história é ambientada no início da
década de 20, quando os japoneses ocupavam a Coréia (o país ficou sob o domínio
do Japão de 1910 a 1945). A narrativa é centrada num plano dos membros da
resistência coreana de contrabandear uma grande quantidade de explosivos de
Xangai (China) para Seul e cometer atentados contra as autoridades militares japonesas.
A peça-chave do plano é o policial japonês Lee Jung-Chool (Song Hang-Ho), encarregado
de se infiltrar e identificar as lideranças da resistência. Coreano de
nascimento, Jung-Chool fará um jogo duplo até o desfecho da história, servindo
a cada um dos lados do conflito. Trata-se de uma superprodução do cinema
sul-coreano, um emocionante filme de espionagem repleto de ação e um suspense
de tirar o fôlego. A sequência inicial, durante a qual um dos membros da
resistência é perseguido pelas ruas de Seul por soldados japoneses é
simplesmente espetacular. Tudo funciona muito bem, desde a impecável
reconstituição de época, o roteiro e as cenas de ação realizadas num ritmo
frenético, até a fotografia e a trilha sonora, com direito a Ravel e Louis Armstrong.
O filme foi o representante oficial da Coréia do Sul ao prêmio de “Melhor Filme
Estrangeiro” no Oscar/2017. Deixe de lado qualquer preconceito contra o cinema
asiático e embarque nessa grande aventura. Vale a pena!
Assinar:
Postagens (Atom)