“A
GUERRA DOS SEXOS” (“Battle of the Sexes”), 2017, EUA, baseado em
fatos reais, relembra um acontecimento esportivo que repercutiu em todo o mundo.
Em 1973, a tenista Billie Jean King, então ocupando a primeira colocação no
ranking mundial, reclamou publicamente que as tenistas profissionais ganhavam
muito menos do que os seus correspondentes masculinos. Billie referia-se,
principalmente, aos prêmios destinados aos tenistas vencedores de torneios
oficiais. Com um grupo de outras
tenistas de primeira linha, ela rompe com a Associação de Tenistas dos Estados
Unidos e decide organizar um torneio próprio. Aproveitando a situação, o
ex-campeão Bobby Riggs (Steve Carell), mesmo aos 55 anos, decide desafiar qualquer tenista profissional
mulher, gabando-se de que os homens são muito mais poderosos. O desafio transforma-se
num grande evento chamado “A Batalha dos Sexos”. Riggs enfrenta primeiro a
tenista Margaret Court, na época uma das melhores do mundo, e a vence com
grande facilidade. Depois da vitória, Riggs, com seu jeito fanfarrão e
exibicionista, dá declarações humilhando as tenistas, vangloriando-se de ser um
tenista aposentado e com 55 anos. E que nenhuma mulher poderia vencê-lo. Billie
Jean King resolve encarar esse desafio e enfrentar Riggs. O filme é dedicado
aos bastidores de todos esses eventos, principalmente o que rolou antes da
partida entre Riggs e Billie. Há também espaço para revelar o romance ardente
entre Billie e sua cabeleleira Marilyn Barnett, sendo que a tenista era casada
com Larry King, seu treinador. Aliás, as cenas de sexo entre Billie (Emma Stone,
de “La La Land”) e Marilyn (a inglesa Andrea Riseborough) são bastante
ardentes. Ainda estão no elenco Austin Stowell, Bill Pullman, Elizabeth Shue, Sarah Silverman e Alan Cumming. O roteiro foi escrito por Simon Beaufoy e o filme dirigido por Jonathan
Dalton e Valerie Faris, os mesmos do ótimo “Pequena Miss Sunshine”, de 2006. O
filme tem uma levada de comédia e é bem agradável de assistir.
sexta-feira, 28 de setembro de 2018
quarta-feira, 26 de setembro de 2018
“1945”, Hungria,
2017, direção de Ferenc Törok, que também escreveu o roteiro juntamente com Gábor T. Szántó. A história é inspirada no conto “Hazatérés”, escrito pelo
próprio Szántó. Em agosto de 1945, enquanto os moradores de um vilarejo no
interior da Hungria preparam-se para o casamento do filho do prefeito (na verdade,
1º secretário, já que foi nomeado pelos comunistas russos), dois judeus
ortodoxos – pai e filho – chegam à estação de trem com dois grandes baús. A
notícia da chegada daqueles visitantes misteriosos logo chega ao ao pessoal do
vilarejo e vai tumultuar de vez os preparativos do casamento. Todo mundo fica
desesperado, pois acreditam que os judeus retornaram para recuperar seus imóveis
e pertences - no início da Segunda Guerra Mundial, em alguns países da Europa, muitos
judeus foram denunciados e levados pelos nazistas para os campos de
concentração, e seus bens acabaram sendo tomados pelos cidadãos locais. No
vilarejo, o clima de tensão aumenta cada vez mais, culminando com vários
eventos trágicos. O desfecho reserva para o espectador uma grande surpresa, na
verdade muito comovente. Embora com elogios, os críticos especializados
reagiram com uma certa frieza à primeira exibição do filme no 67º Festival de
Berlim, mas eu não. Adorei, achei sensacional, uma pequena obra-prima. Irresistível
e simplesmente imperdível!
segunda-feira, 24 de setembro de 2018
“GAUGUIN
– VIAGEM AO TAITI” (“Gauguin – Voyage de Tahiti”), 2017,
França, roteiro e direção de Edouard Deluc (seu segundo longa-metragem).
Trata-se de um drama biográfico centrado na vida do pintor francês Paul Gauguin,
que ficou famoso com seu estilo pós-impressionista, mas só depois de morrer
como indigente, em 1903. O filme de Deluc é ambientado em 1891, quando Gauguin
sai de Paris para morar no Taiti, uma das mais importantes ilhas da então
Polinésia Francesa. Na capital francesa, o pintor vivia um momento de falta de
inspiração, não ligava para a família e passava as noites bebendo nos cabarés.
Num desses momentos de boemia, Gauguin fala para um amigo: “Estou sufocando.
Não há paisagem nem rosto que mereça ser pintado aqui”. Ao tomar a decisão de
viajar para o Taiti, Gauguin tenta convencer a esposa e os filhos a irem com
ele, sem sucesso. Ele então parte sozinho. No Taiti, ele conhece a jovem nativa
Tehura, que será sua esposa e tema de suas telas mais importantes. Na
realidade, Tehura tinha 13 anos quando casou com o pintor, mas no filme ela
aparece adulta. Para sobreviver, Gauguin trabalha como estivador, o que irá
piorar ainda mais sua frágil saúde. Gauguin, como todo artista, tinha um gênio
difícil, era violento, egocêntrico e, ao mesmo tempo, amargurado. O ritmo lento
da narrativa não prejudica a história, principalmente pelo excelente desempenho
do ator francês Vincent Cassel e da atriz Tuheï Adams, além de uma fotografia
exuberante explorando as cores e a natureza selvagem do Taiti, onde as
filmagens aconteceram. Enfim, um filme que deve agradar não apenas os fãs de
Gauguin, mas os amantes da pintura em geral. Por aqui, antes de chegar ao circuito comercial, o filme foi exibido como uma das principais atrações do Festival Varilux de Cinema Francês 2018.
domingo, 23 de setembro de 2018
O drama holandês “LAYLA M.”, 2016, escrito e dirigido
pela diretora holandesa Mijke de Jong, é um dos filmes mais esclarecedores
sobre o pensamento, o comportamento e os ideais que norteiam os jovens a se
engajar numa organização terrorista. A jovem Layla nasceu e vive em Amsterdam
com a família de imigrantes marroquinos. Ela é uma garota radical invocada,
gosta de bater boca e desafiar qualquer ordem, inclusive na sua família. Ela é
radical no que diz respeito à religião muçulmana, seguindo os preceitos do
Alcorão à risca. Ao participar de uma campanha pela Internet incentivando as mulheres muçulmanas a continuar usando a burca - proibida na Holanda -, ela desperta a atenção de grupos extremistas,
incluindo o jovem jihadista Abdel (Ilias Addab), com o qual se casará. Para
acompanhar o marido numa missão na Jordânia, Layla abandona a família e resolve
também ingressar numa célula islâmica terrorista. Na Jordânia, porém, ela
sofrerá na pele o tratamento machista que é dedicado a toda mulher casada com
um muçulmano. Em todo caso, ela resolve encarar a situação e passa a ajudar uma
equipe humanitária num campo de refugiados da Síria. O filme é muito bom, tanto
que foi selecionado pela Holanda como seu representante oficial na disputa do Oscar 2018 de
Melhor Filme Estrangeiro. Além disso, participou da seleção oficial de
festivais como o de Toronto, Chicago e Londres, sendo vencedor do Prêmio
Especial do Júri no Filadélfia Film Festival.
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