sexta-feira, 28 de setembro de 2018


“A GUERRA DOS SEXOS” (“Battle of the Sexes”), 2017, EUA, baseado em fatos reais, relembra um acontecimento esportivo que repercutiu em todo o mundo. Em 1973, a tenista Billie Jean King, então ocupando a primeira colocação no ranking mundial, reclamou publicamente que as tenistas profissionais ganhavam muito menos do que os seus correspondentes masculinos. Billie referia-se, principalmente, aos prêmios destinados aos tenistas vencedores de torneios oficiais.  Com um grupo de outras tenistas de primeira linha, ela rompe com a Associação de Tenistas dos Estados Unidos e decide organizar um torneio próprio. Aproveitando a situação, o ex-campeão Bobby Riggs (Steve Carell), mesmo aos 55 anos, decide desafiar qualquer tenista profissional mulher, gabando-se de que os homens são muito mais poderosos. O desafio transforma-se num grande evento chamado “A Batalha dos Sexos”. Riggs enfrenta primeiro a tenista Margaret Court, na época uma das melhores do mundo, e a vence com grande facilidade. Depois da vitória, Riggs, com seu jeito fanfarrão e exibicionista, dá declarações humilhando as tenistas, vangloriando-se de ser um tenista aposentado e com 55 anos. E que nenhuma mulher poderia vencê-lo. Billie Jean King resolve encarar esse desafio e enfrentar Riggs. O filme é dedicado aos bastidores de todos esses eventos, principalmente o que rolou antes da partida entre Riggs e Billie. Há também espaço para revelar o romance ardente entre Billie e sua cabeleleira Marilyn Barnett, sendo que a tenista era casada com Larry King, seu treinador. Aliás, as cenas de sexo entre Billie (Emma Stone, de “La La Land”) e Marilyn (a inglesa Andrea Riseborough) são bastante ardentes. Ainda estão no elenco Austin Stowell, Bill Pullman, Elizabeth Shue, Sarah Silverman e Alan Cumming. O roteiro foi escrito por Simon Beaufoy e o filme dirigido por Jonathan Dalton e Valerie Faris, os mesmos do ótimo “Pequena Miss Sunshine”, de 2006. O filme tem uma levada de comédia e é bem agradável de assistir.                                                                                                  
 

quarta-feira, 26 de setembro de 2018


“1945”, Hungria, 2017, direção de Ferenc Törok, que também escreveu o roteiro juntamente com Gábor T. Szántó. A história é inspirada no conto “Hazatérés”, escrito pelo próprio Szántó. Em agosto de 1945, enquanto os moradores de um vilarejo no interior da Hungria preparam-se para o casamento do filho do prefeito (na verdade, 1º secretário, já que foi nomeado pelos comunistas russos), dois judeus ortodoxos – pai e filho – chegam à estação de trem com dois grandes baús. A notícia da chegada daqueles visitantes misteriosos logo chega ao ao pessoal do vilarejo e vai tumultuar de vez os preparativos do casamento. Todo mundo fica desesperado, pois acreditam que os judeus retornaram para recuperar seus imóveis e pertences - no início da Segunda Guerra Mundial, em alguns países da Europa, muitos judeus foram denunciados e levados pelos nazistas para os campos de concentração, e seus bens acabaram sendo tomados pelos cidadãos locais. No vilarejo, o clima de tensão aumenta cada vez mais, culminando com vários eventos trágicos. O desfecho reserva para o espectador uma grande surpresa, na verdade muito comovente. Embora com elogios, os críticos especializados reagiram com uma certa frieza à primeira exibição do filme no 67º Festival de Berlim, mas eu não. Adorei, achei sensacional, uma pequena obra-prima. Irresistível e simplesmente imperdível!                                                                                              
 

segunda-feira, 24 de setembro de 2018


“GAUGUIN – VIAGEM AO TAITI” (“Gauguin – Voyage de Tahiti”), 2017, França, roteiro e direção de Edouard Deluc (seu segundo longa-metragem). Trata-se de um drama biográfico centrado na vida do pintor francês Paul Gauguin, que ficou famoso com seu estilo pós-impressionista, mas só depois de morrer como indigente, em 1903. O filme de Deluc é ambientado em 1891, quando Gauguin sai de Paris para morar no Taiti, uma das mais importantes ilhas da então Polinésia Francesa. Na capital francesa, o pintor vivia um momento de falta de inspiração, não ligava para a família e passava as noites bebendo nos cabarés. Num desses momentos de boemia, Gauguin fala para um amigo: “Estou sufocando. Não há paisagem nem rosto que mereça ser pintado aqui”. Ao tomar a decisão de viajar para o Taiti, Gauguin tenta convencer a esposa e os filhos a irem com ele, sem sucesso. Ele então parte sozinho. No Taiti, ele conhece a jovem nativa Tehura, que será sua esposa e tema de suas telas mais importantes. Na realidade, Tehura tinha 13 anos quando casou com o pintor, mas no filme ela aparece adulta. Para sobreviver, Gauguin trabalha como estivador, o que irá piorar ainda mais sua frágil saúde. Gauguin, como todo artista, tinha um gênio difícil, era violento, egocêntrico e, ao mesmo tempo, amargurado. O ritmo lento da narrativa não prejudica a história, principalmente pelo excelente desempenho do ator francês Vincent Cassel e da atriz Tuheï Adams, além de uma fotografia exuberante explorando as cores e a natureza selvagem do Taiti, onde as filmagens aconteceram. Enfim, um filme que deve agradar não apenas os fãs de Gauguin, mas os amantes da pintura em geral. Por aqui, antes de chegar ao circuito comercial, o filme foi exibido como uma das principais atrações do Festival Varilux de Cinema Francês 2018.                                                                                    
 

domingo, 23 de setembro de 2018


O drama holandês “LAYLA M.”, 2016, escrito e dirigido pela diretora holandesa Mijke de Jong, é um dos filmes mais esclarecedores sobre o pensamento, o comportamento e os ideais que norteiam os jovens a se engajar numa organização terrorista. A jovem Layla nasceu e vive em Amsterdam com a família de imigrantes marroquinos. Ela é uma garota radical invocada, gosta de bater boca e desafiar qualquer ordem, inclusive na sua família. Ela é radical no que diz respeito à religião muçulmana, seguindo os preceitos do Alcorão à risca. Ao participar de uma campanha pela Internet incentivando as mulheres muçulmanas a continuar usando a burca - proibida na Holanda -, ela desperta a atenção de grupos extremistas, incluindo o jovem jihadista Abdel (Ilias Addab), com o qual se casará. Para acompanhar o marido numa missão na Jordânia, Layla abandona a família e resolve também ingressar numa célula islâmica terrorista. Na Jordânia, porém, ela sofrerá na pele o tratamento machista que é dedicado a toda mulher casada com um muçulmano. Em todo caso, ela resolve encarar a situação e passa a ajudar uma equipe humanitária num campo de refugiados da Síria. O filme é muito bom, tanto que foi selecionado pela Holanda como seu representante oficial na disputa do Oscar 2018 de Melhor Filme Estrangeiro. Além disso, participou da seleção oficial de festivais como o de Toronto, Chicago e Londres, sendo vencedor do Prêmio Especial do Júri no Filadélfia Film Festival.